XIII Semana de Humanidades

 

De 04 a 08 de julho de 2005

 

OBJETIVO

 

A XIIII Semana de Humanidades tem por objetivo congregar e divulgar o trabalho de pesquisadores (professores, funcionários e alunos) do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da comunidade científica em geral.

 

ATIVIDADES PROGRAMADAS

 

. Exposição de Painéis (com coquetel e apresentações artísticas)

 

. Cerimônia de Abertura

 

. Coquetel de lançamento de livros e revistas

 

. Palestra de abertura

 

. Grupos de Trabalho

 

. Minicursos e Oficinas

 

. Mostra de Vídeos

 

. IV Colóquio Humanitas

 

. Outros eventos propostos pelos professores do CCHLA


Exposição de Painéis

Exposição de Painéis (com coquetel e apresentações artísticas): segunda-feira, 04 de julho, de 13h30 às 17h, no Setor de Aulas II.

. Os expositores de Painéis – professores, alunos e funcionários da UFRN – deverão fazer sua inscrição na sala 119 do CCHLA ou pelo e-mail: humanidades@cchla.ufrn.br , até o dia 17 de junho, sendo necessário apenas a apresentação do resumo em disquete e em papel (máximo 300 palavras). Incluir também: nome(s) do(s) expositor(es) – máximo de dois –; nome(s) do(s) autor(es); vínculo com a instituição (se aluno, professor ou funcionário); Departamento; título do trabalho e e-mail.

. Os painéis deverão ser impressos no seguinte formato: aproximadamente 1,20 m de altura e 0,90m de largura. Eles serão afixados com linhas de nylon e ganchos, presos à parede. A instalação será feita pelo próprio expositor, com auxílio da Coordenação, entre 12h30 e 13h30, na segunda-feira, 04 de julho, no Setor de Aulas II. Os painéis serão recolhidos pelos próprios expositores ao final da apresentação (17h). A lista de presença será assinada no local acima determinado, onde também serão entregues os certificados.

Cerimônia de Abertura

.COQUETEL DE LANÇAMENTO DE LIVROS E REVISTAS:

O Lançamento de livros e revistas do CCHLA ocorrerá na segunda-feira, 04 de julho, 17h30 no hall da BCZM, seguido de coquetel. Constarão nesse evento publicações de professores, funcionários e alunos do CCHLA, a saber:

1. Geografia : ciência do complexus: ensaios transdisciplinares. Aldo Aloísio Dantas da Silva e Alex Galeno (orgs.).

2. Espaço, Políticas de Turismo e Competitividade. Maria Aparecida Pontes da Fonseca

3. Letras no Éter. Flávio Rezende

4. “Chiclete eu misturo com banana: carnaval e cotidiano de guerra em Natal (1920-1945)”. Flávia de Sá Pedreira

5. Múltipla palavra: ensaios de literatura. Joselita Bezerra da Silva Lino e Francisco Ivan da Silva (orgs).

6. Dialegoria – a alegoria em Grande sertão: veredas e em Paradiso. Joselita Bezerra da Silva Lino.

7. Do gramofone ao satélite - evolução do rádio paraibano. Moacir Barbosa de Sousa.

8. Dicionário da língua portugesa arcaica. Zenóbia Collares Moreira Cunha.

9. Humor e crítica no teatro de Gil Vicente. Zenóbia Collares Moreira Cunha.

10.Comédias na vida privada: teatro de Gil VicenteZenóbia Collares Moreira Cunha.

11. Lógica deôntica paraconsistente: paradoxos e dilemas. Ângela Maria Paiva Cruz.

12. Quatro Vezes Lula Lá (CD-ROOM). Marcelo Bolshaw.

13. Geografia: Rio Grande do Norte. Maria Luiza de Medeiros Galvão.

14. A penúltima versão – do Seridó – uma história do regionalismo no Seridó”. Muirakitan Kennedy de Macedo.

15. (Des)alinho: Ensaios de História Cultural e Social. Cátia Regina de Pontes Confessor (Org.).

16 Os Guerreiros das Dunas: A História na visão dos Potiguares. Emanoel Amaral e outros.

17. Geração Alternativa ou um alô pra Helô. João Batista de Morais Neto.

18. Viva a diferença, com direitos iguais. Elizabeth Mafra Cabral Nasser

19. A renovação do conto: emergência de uma prática oral. Maria de Lourdes Patrini

20. Brasil Urbano. Márcio Moraes Valença e Edésio Fernandes (Orgs.).

21. Revista Vivência, n.28.

22. Letras e Imagens do Bem. Flávio Rezende (Org).

. PALESTRA DE ABERTURA (com apresentação do Grupo Takasax - grupo de Sax com Bateria da EMUFRN).

Data: 04 de julho (segunda-feira), às 19h

Local: Biblioteca Central Zila Mamede

“A arte de ensinar Filosofia com a Arte”

Palestrante: Charles Feitosa*

Pretendo apresentar os pressupostos teóricos do meu livro Explicando a Filosofia com Arte. Trata-se de uma introdução à filosofia para leigos de todas as idades. O livro não é nem uma história, nem uma enciclopédia da filosofia, mas uma aproximação ao pensar, através de temas, questões e problemas, com o apoio de obras de arte. Os pressupostos teóricos de Explicando a Filosofia com Arte serão desenvolvidos segundo a idéia de Uma "filosofia pop", projeto no qual venho trabalhando desde 2001 e que Envolve a associação de conceitos com imagens, em uma linguagem acessível e bem-humorada, sem perder contudo o rigor e a densidade inerentes à filosofia.

* Doutor em Filosofia pela Universidade de Freiburg, Alemanha, está empenhado desde 2002 no projeto de uma "Filosofia Pop", que envolve a associação de conceitos com imagens, em uma linguagem acessível e bem humorada, sem perder o rigor e a densidade inerentes à Filosofia. Professor e pesquisador na Pós-graduação em Artes Cênicas da UNIRIO, atua principalmente nas áreas de estética e de fenomenologia. É também co-organizador dos simpósios internacionais de Filosofia “Assim Falou Nietzsche”.

Grupos de Trabalho

Grupos de Trabalho (GTs): terça-feira e quarta-feira, 05 e 06 de julho, de 14h às 18h (com exceção de GTs de Psicologia, que acontecerão pela manhã), nos auditórios do CCHLA e nas salas do Setor de Aulas II.

. Os GTs reunirão apresentações de trabalhos sobre um mesmo tema. O GT será realizado em dois dias, num total de 8 horas.

Minicursos e Oficinas

Minicursos e Oficinas: quinta-feira, 07 de julho, de 14h às 18h, nos auditórios do CCHLA e nas salas do Setor de Aulas II.

. Os Minicursos (de natureza teórica) e as Oficinas (de natureza prática) terão a duração de aproximadamente 4h/a.

. Poderão se inscrever nos Minicursos/Oficinas todos os interessados. As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas na sala 119, do CCHLA, durante o período de 11 de maio a 24 de junho. É necessário fornecer as seguintes informações: nome completo, e-mail e/ou telefone para contato, Departamento e/ou instituição de origem. O aluno poderá se inscrever em apenas UM minicurso ou oficina.

Mostra de Vídeos

Mostra de Vídeos: quarta-feira e quinta-feira, 06 e 07 de julho, de 18h às 19h, no Auditório do CONSEC (2º andar do CCHLA). Diariamente, após a projeção, serão realizados debates junto com o público. A programação será divulgada oportunamente.

Programação

Quarta feira (1º dia)

Abertura Curta Potiguar Luzes da Idade - Jairo das Chagas Vieira (Premiado)

O Senhor do Engenho - Bertrand Lira(16 min.)

Cruzeiro do Sul - Bruno Santos ( 10 min.)

Devaneio do Olhar - Elizete Arantes ( 10 min.)

Ioga ou Yoga - Michelle Peluchera(5 min.)

Ponta Negra: um bairro em transformação - Lisabete Coradini, Bruno Lima ( 5min.)

Debate com a presença dos diretores.

Quinta feira (2º dia)

Curta Potiguar Profissão de Morte - Marcelo Barreto

Diário de uma nota. Edileuza Martins (5 min.)

A feira de São Jose do Mipibu. SandraNogueira (5 min.)

As singularidades de Dadi no teatro de bonecos no RN - Maria da Graça Cavalcanti e Wani Pereira ( 5 min.)

Toque de radio . Alexandre Ferreira dos Santos (17 min.)

Gaia Companhia de dança - Izabelita de Brito e Ana Claudia Viana ( 27 min.)

Debate com a presença dos diretores.


IV Colóquio Humanitas

IV Colóquio Humanitas: terça-feira, 05 de julho, de 09h às 12h no Auditório do CONSEC (2º andar do CCHLA).

 

Educação e Autonomia

Prof. Manfredo Oliveira* (Filósofo e Professor de Filosofia da UFC).

O processo educativo é sempre situado no seio de uma configuração determinada da existência humana. Qual o princípio de articulação de nosso contexto sócio-histórico? As sociedades modernas são prioritariamente sociedades sistêmicas, já que os mecanismos centrais de constituição da vida social são aqui os subsistemas sistêmicos, ou seja, o econômico e o administrativo. Na realidade aqui só o próprio sistema possui autonomia. Neste contexto, toda a problemática da autonomia foi pensada a partir do indivíduo entendido como egoísta racional. O ensaio pretende questionar este fundamento da autonomia e abrir a perspectiva para uma autonomia pensada a partir da relação do reconhecimento do outro o que abre espaço para uma educação voltada para a complementaridade, a sociabilidade e a fraternidade.

* Doutor em Filosofia pela Universidade Ludwig-Maximilian de Munique na Alemanha. Professor Titular de Filosofia na Universidade Federal do Ceará. Publicações mais importantes: Subjektivität und Vermittlung. Studien zur Entwicklung des transzendentalen Denkens bei I.Kant, E.Husserl und H.Wagner, W.Fink Verlag, Munique, 1973; Filosofia Transcendental e Religião. Ensaio sobre a Filosofia da religião em Karl Rahner, Ed.Loyola, São Paulo, 1984; A Filosofia na crise da Modernidade, São Paulo, 1989; Ética e racionalidade moderna, Ed.Loyola, São Paulo, 1993; Ética e Práxis histórica, Ed.Ática, São Paulo, 1995; Ética e Economia, Ed.Ática, São Paulo, 1995; Tópicos sobre a Dialética, Ed.Edipucrs, Porto Alegre, 1996; F.J.S.Teixeira/M.A de Oliveira(org.), Neoliberalismo e Reestruturação Produtiva. As novas determinações do mundo do trabalho, São Paulo, 1996 A reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea, Ed.Loyola, São Paulo, 1996; Diálogos entre Razão e Fé, Paulinas, São Paulo, 2000; Correntes Fundamentais da Ética Contemporânea (Org.), Ed. Vozes, Petrópolis, 2000; Desafios éticos da globalização, Paulinas, São Paulo, 2001; Para além da fragmentação, Ed. Loyola, São Paulo, 2002; Oliveira M./Almeida C. (org.) O Deus dos Filósofos Modernos, Petrópolis: Vozes, 2002; Oliveira M. /Almeida C.(org.), O Deus dosFilósofos Contemporâneos, Petrópolis: Vozes,2003; Oliveira M./ Aguiar A O/ Andrade e Silva Sahd L. F. N. de(org.), Filosofia . Política Contemporânea, Petrópolis: Vozes, 2003; Dialética hoje. Lógica, metafísica e historicidade, São Paulo: Loyola, 2004.

I COLÓQUIO DE ESTUDOS BARROCOS DA UFRN

COORDENAÇÃO:

Prof. Dr. Francisco Ivan da Silva

Profª Dra Joselita Bezerra da Silva Lino

Data: 04, 05 e 06 de julho de 2005

Horário: 8h às 12h

Local: Auditório da BCZM

Realização: CCHLA – Departamento de Letras – PPGEL – NAC – UFRN

O I Colóquio de Estudos Barrocos da UFRN tem como temática a presença do Barroco na poesia moderna brasileira e na América, numa visada que vai da Arquitetura à Literatura, centrando-se fundamentalmente no Barroco Moderno e sua assimilação na arte de Haroldo de Campos, tradutor e teórico decisivo dos conceitosmodernos de Barroco na Cultura Brasileira. Daí que este Colóquio está intensionalmente colado a uma exposição nacional das obras e objetos do acervo particular de Haroldo de Campos, a ter lugar na Galeria do NAC – Núcleo de Arte e Cultura da UFRN, no Centro de Convivência no período de 07 de julho a 05 de agosto de 2005.

Expositores:

Profª Dra. Joselita Bezerra da Silva Lino (UFRN)

Prof. Dr. Francisco Ivan da Silva (UFRN)

Prof. Ms. Armando Sérgio dos Prazeres (UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI-SP E USJT-SP – UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU-SP)

MESA REDONDA: Repertórios culturais e violência cotidiana: um desafio para as ciências sociais no Brasil hoje.

Coordenador:

Edmilson Lopes Júnior

Departamento de Ciências Sociais

Data: quarta-feira, 06 de julho de 2005

Horário: 9h

Local: Consecão

Os repertórios culturais subjacentes a ausência de reconhecimento do/a outro/a no Brasil contemporâneo traduzem-se num aumento da intolerância em relação aos diferentes e aos pobres. A banalização da violência e a reivindicação, por diversos setores da sociedade, de um recrudescimento da atuação do aparato policial contra os pobres são expressões muito concretas dessa situação. Como, a partir da perspectiva analítica das ciências sociais, dar sentido ao caos contemporâneo? Mobilizando aparatos metodológicos diversos, e filiações teóricas múltiplas, os componentes da mesa procurarão incidir sobres essas questões, tendo como ponto de partida a preocupação de esboçar as conexões entre cultura e violência na sociedade brasileira contemporânea.

PARTICIPANTES DA MESA:

ProfºAlípio de Sousa Filho (Departamento de Ciências Sociais)

Profº Edmilson Lopes Júnior (Departamento de Ciências Sociais)

Profª Norma Missae Takeuti (Departamento de Ciências Sociais)

MESA REDONDA: Quatro Vezes Lulala

Coordenador:

Marcelo Bolshaw Gomes

Departamento de Comunicação Social

Data: quinta-feira, 07 de julho de 2005

Horário: 9h

Local: Consecão

Elaborado a partir do projeto de pesquisa 'A Imagem Pública de Lula no horário eleitoral nas quatro campanhas à Presidência', parte de meu doutoramento pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFRN, orientado pelo professorDoutor José Antônio Spinelli. A pesquisa deseja narrar a trajetória políticadeLuis Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores nas quatro eleições presidenciais que marcaram o período de democratização do País: 1989, 1994, 1998 e 2002. Osprogramas do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral servem como simples 'suportesdiscursivos', como momentos privilegiados das campanhas e estratégias mais gerais (que incluem outros suportes como a mídia impressa, as entrevistas em telejornais, os debates ao vivo, etc) e não como fatores determinantes das intenções de voto e do comportamento eleitoral.

Debatedores convidados: professores Jose Spinelli e João Emanuel, do Departamento Ciências Sociais.

MESA REDONDA: a melancolia e o moderno texto literário

Coordenadora:

Profa. Dra. Joselita Bezerra da Silva Lino

Base de Pesquisa: Estudo da Modernidade

Data: sexta-feira, 08 de julho de 2005

Horário: 9h

Local: Consecão

A melancolia, como se sabe, não era, em sua origem, exatamente um determinado estado de ânimo, mas um dos quatro humores que se podiam encontrar no corpo humano, segundo a doutrina estabelecida por Hipócrates no século V a.C., que foi transmitida através de Galeno à Idade Média e ao Renascimento, tanto na cultura árabe como na cristã. A melancolia é um estado que também acompanha os pensadores e os homens letrados. Marcilio Ficino, grande humanista florentino, leva a cabo em De Vita Triplici uma extraordinária reabilitação da envilecida condição (a partir dos seus estudos sobre a doutrina do humor hipocrático), ao considerar o temperamento melancólico com seus inevitáveis aspectos sombrios e atormentados, genuínos ecaracterísticos dos criadores e homens de estudo. Ficino respalda seus argumentos nas considerações de Aristóteles e Platão sobre o tema. De Platão, seu mestre, toma a teoria dos furores, ou seja, da loucura criativa, que, de acordo com a doutrina platônica, possuem os vates e os profetas. De Aristóteles resgata um fragmento (Problemata XXX, 1º), em que o estagirita postulava de maneira transparente uma conexão entre o humor melancólico e o talento singular para as artes e as letras. Com a finalidade de validar ainda mais seus argumentos, Ficino pesquisa a tradição astrológica, que colocava o melancólico sob o signo de Saturno, recuperando a face mais amável da influência desse planeta. Saturno, com efeito, tinha um duplo caráter: por um lado, era o deus benigno da abundância, da atividade e da realização; por outro, era o negro deus dos abismos, devorador das riquezas e de crianças. Na Idade Média, predominou o aspecto negativo de Saturno (juntamente com o da melancolia), porém Ficino e o humanismo em geral resgataram seu outro lado: a melancolia, sob o influxo do signo de Saturno, seria compreendida como uma força mais positiva, influenciando a criatividade do gênio moderno, cindido dolorosamente entre a exultação e o desespero.

Componentes da mesa:

-A Quinta História de Amor: a angústia da linguagem em Clarice Lispector

Francineide Santos de Oliveira Santos (PPgEL -UFRN)

-Várias “Joanas” em uma só: a melancolia criativa em Perto do Coração Selvagem

Daniel da Silva Portugal (PPgEL -UFRN)

-A cegueira melancólica em Saramago

Kalina Alessandra R. de Paiva (PPgEL - UFRN)

-A melancolia em A asa esquerda do anjo de Lia Luft

Adriana Vieira de Sena

-Nuvem-nada: a melancolia em Grande sertão: veredas e em Paradiso

Joselita Bezerra da Silva Lino – UFRN

 

MESA REDONDA: Narração e imagem em Guimarães Rosa

Coordenadora:

Profa. Dra.Joselita Bezerra da Silva Lino

Projeto de pesquisa – A alegoria em Guimarães Rosa

Base de Pesquisa: Estudo da Modernidade

Data: sexta-feira, 08 de julho de 2005

Horário: 15h

Local: Consecão

Na travessia - literária e existencial – o que interessa ao narrador rosiano não é a chegada, a finalização do caminhar, mas o jogar infinito com os rastros, traços, letras, signos e palavras que se desdobram na dobra neo-barroca. Ouve-se na voz desse narrador, a conversa infinita, sem a esperança do fim e da salvação.A experiência passada propicia a memória e a meditação que tece a narração e não alinha os fatos. O contar transfigura o texto em textura do mundo, criando uma linguagem encantatória feita de poesia, essa irmã tão incompreensível da magia (Guimarães Rosa), num jogo entre o elemento imagético-simbólico da linguagem e seu lado semiótico.

Componentes da mesa:

 

-“As margens da alegria e sua escritura sensorial”

Robeilza de Oliveira Lima

 

-“Toda Substância do mundo...”

Fernanda Michelle de Araújo

Ana Roberta de Rocha Moreno

 

-“O claro e o escuro em A Benfazeja

Maria Tânia Florentino

 

-“Para trás não há paz”

Joselita Bezerra da Silva Lino

 

EXPOSIÇÃO: A Casa de Pedra em Pium: um lugar de memórias

Coordenadora:

Julie Antoinette Cavignac

Promoção: Projeto Tapera: em busca dos lugares de memória

Departamento de Antropologia - DAN

Pró-reitoria de Extensão - Universidade Federal do Rio Grande do Norte -

UFRN

Local: corredor do Departamento Antropologia - CCHLA

Em Pium, localidade situada no município de Nísia Floresta, no Estado do Rio Grande do Norte, existe uma "casa de Pedra", ruínas de um imponente monumento histórico colonial. Tombada pelo serviço do patrimônio histórico estadual, desde 1990, a "casa de Pedra" tem resistido à ação do tempo. No entanto, apesar da sua importância histórica, tal monumento se constitui em um importante sítio arqueológico ainda inexplorado. Inscrita no projeto de extensão TAPERA: EM BUSCA DOS LUGARES DE MEMÓRIA, a exposição propõe chamar a atenção tanto para um monumento histórico esquecido quanto para a necessidade de uma valorização da cultura e da memória local. Para tanto é necessário a realização de estudos arqueológicos e etnográficos, com o fito de valorizar o passado e a cultural locais, pelo conhecimento e rememoração da vida dos grupos que aqui viveram e que continuam vivendo atéhoje.

Participantes:

Carlinda Augneide Gomes - UFRN

Julie Antoinette Cavignac - DAN/ UFRN

Luiz Antonio de Oliveira - DAN/ UFRN

Roberto Airon - DH / UFRN

 

EXPOSIÇÃO: "Infâncias"

Coordenação e Curadoria:

Vicente Vitoriano

Obras dos membros do Grupo Universitário de Aquarela e Pastel - GUAP. 5 a 15 de julho.

Local: hall da Chefia do Departamento de Artes, no setor de aulas do DEART.

Abertura: 5 de julho, às 10 horas.

Depois de explorar a cultura popular em 2004, na exposição "Populário" (que vai itinerar pelo Rio Grande do Norte em 2005), O GUAP mergulha em 2005 nas memórias da infância, uma pesquisa individual desenvolvida pelos membro do grupo. Os subtemas preponderantes são a paisagem (meio ambiente), o brinquedo e a escola.

Artistas participantes:

Ana Rique

Catarina Neverovski

Dagmar Medeiros

Fátima Dantas

Gerlúzia Alves

Ivanilda Costa

Socorro Evangelista

Vandeberg Medeiros

Vicente Vitoriano

Wicliffe Costa

EXPOSIÇÃO: Fotográfica

Coordenadora:

Lisabete Coradini

Departamento de Antropologia

Local: hall de entrada do CCHLA

Projeto 1. Labirintos

Autor: Lucas Fortunato

10 fotografias em cores, de tamanho 30 x 20 cm

Resultado de derivas psicotopológicas, a instalação artística intitulada “Labirintos” foi realizada no setor de aulas teóricas II da UFRN, no mês de abril do ano corrente. Os autores, Lucas Fortunato e Edson Gonçalves Filho, inspirados por reflexões de teor artístico-filosófico, utilizando-se de materiais achados no campus universitário, materializaram a obra criando um ambiente psicogeográfico repleto de imagens e possibilidades de interação física-geográfica e interpretação cognitiva. Tratou-se, antes de mais nada, de um chamado à participação crítica criadora efetiva daqueles que ali se dispusessem a apreciar e refletir. O espaço construído foi desviado por um manequim cercado de grades e arames, além de portas enterradas no solo, construindo uma espécie de labirinto, dispondo portas como possibilidades de escolhas – seria isso? – talvez. Ou então não – podendo ser uma forma de pôr em crise a própria idéia de “escolha”. Configura-se, enfim, como uma sofisticada e inovadora (aqui?) manifestação artística – que toma a forma de resistência cultural em que se prima pelo questionamento, levantamento de perguntas, para além da cultura do espetáculo que a todo momento nos fornece respostas, a partir das quais, em nossa atitude de escolhê-las, conduzimos nossos desejos e crenças, nossas condutas.

Projeto 2. Natureza e Cultura? O esclarecimento e o progresso!

Autor: Lucas Fortunato

10 fotografias em cores, de tamanho 30 x 20 cm

Goethe certa vez falou que a arquitetura é uma espécie de musicalidade que se torna concreta em sua materialização. Debord, já no século XX, tratou do urbanismo, não mais como uma mera arquitetura abstrata ou artística; pensou tal disciplina no contexto do fenômeno cultural do espetáculo. Segundo ele, o espetáculo chega a se constituir na socialidade das cidades modernas de capitalismo desenvolvido, na qual a reificação de uma atitude de passividade perante a condição sócio-vital do humano torna possível a colonização de todas as esferas da vida pela da economia separada: a máquina de fim em si mesmo de acumulação de dinheiro. Aí, neste complexo fenomênico que abarca praticamente toda a terra, se inscreve também a máquina acadêmica, a universidade, a UFRN. O mito do progresso, que já aponta no horizonte de nossas sociedades há cerca de três mil anos, fornece a base a partir da qual a consciência coletiva de nossa cultura pensará e almejará concreções de práticas que se constituirão ou se efetivarão como um poder pastoral – no nosso caso específico, por exemplo, o Estado. O aumento da demanda de candidatos a universitários propicia a reivindicação de novas vagas nas universidades públicas. Daí porque a idéia de esclarecimento como o anseio do homem dominar a natureza a partir de seu conhecimento propiciado pela razão pode ajudar-nos a clarear nossas impressões quanto à recente prática do desmatamento do bosque de eucaliptos no setor de aulas teóricas II do campus da UFRN. Para a construção de um novo bloco de salas de aulas, mais de duas dezenas de seres foram mortos, ou como podem dizer: “retirados”. O presente trabalho visa retratar in-pressões de uma cosmologia de espaços lisos, como luzes que fogem ao olhar mais condicionado, diria cronometrado, regrado, concreto, ordenador, cyber-estriado.

Projeto 3: Vila de Ponta Negra Des(Re)velada

Autora: Eduarda de Lima Andrade

10 fotografias em cores e preto e branco, de tamanho 30 x 20 cm

Numa perspectiva antropológica que usa como instrumento de análise para sua reflexão a fotografia (meio utilizado para regatar a memória individual e coletiva), essa exposição tem como objetivo mostrar como a Vila de Ponta Negra- Natal, espaço que antes da urbanização era conhecido também como Vila dos Pescadores, vem sofrendo transformações sócio-espaciais. No espaço em que antes apenas atividades artesanais e pesqueiras eram desenvolvidas, hoje apresenta-se como palco de relações características de um pólo turístico.

 

EXPOSIÇÃO: Mini Mostra de Arte de Otávio Rabêlo “Single #1”

Coordenação e Curadoria:

Professor Wicliffe da Costa Andrade

Departamento de História

Obras do início da carreira do pintor ,escultor e poeta Otávio Rabêlo.

Local: espaço interno da BCZM

Abertura: segunda-feira, 04 de julho.

 

A exposição pretende mostrar alguns trabalhos da Neovanguarda, cuja rebeldia está em contestar, através da arte, os caminhos que a humanidade está dando a si mesma. O artista ironiza a política, a guerra e o consumo desenfreado. Luta em favor das questões sócio-ambientais e da não-violência. Inspirado em consagrados artistas do Século XX, como o alemão Beuys, o suíço Jean Tinguely, associado às técnicas da Pop Art Americana dos anos 1950 e inconformado com as questões da atualidade, Otávio Rabêlo traduz o pensamento do homem que é obrigado a viver num mundo informatizado e anseia por melhores condições para a existência de sua própria espécie.

 

Exposição: “VENDENDO A FEIRA”

Coordenação:

Profª Zildalte Macêdo

Departamento de Arte

Local: Departamento de Arte

Data: 04 a 08 de julho de 2005

“VENDENDO A FEIRA” traz o registro fotográfico de uma atividade bastante antiga, a feira livre. Esta que congrega e concentra a cultura de um povo, expressando o seu modo de se relacionar com o mundo, confere identidade a uma sociedade que hoje se entrega às malhas do fenômeno da globalização, ao capitalismo e ao processo de multiculturalização, findando pelo apagamento das tradições culturais identidárias de uma sociedade. Fruto de um projeto desenvolvido pelos alunos da disciplina de Fotografia, do Curso de Educação Artística, “Vendendo a Feira” nos leva a refletir sobre nossas raízes, nossas tradições, nossa cultura, nossa identidade que sucumbe diante da dominação do capitalismo, da troca indecente de nossa cultura pela cultura imposta pela hegemonia de uma elite de dominação cultural. De certa forma estamos vendendo, trocando, barganhando nossos valores culturais. “Vendendo a Feira” representa através de imagens fotográficas, o registro do olhar dos alunos e nos convida a refletir: estamos vendendo nosso patrimômio cultural? Lambedor, carne-de-sol, rapadura, galo cantor, cheiro verde, graviola,rapa-côco, peixe serra, bolo da moça, caju, lamparina, caranguejo, tapioca, boldo, panela de barro, camarão, buchada, milho verde, arruda, macaxeira, jerimum, arupemba, fumo de rolo, ... Chegue freguesa. Moça bonita não paga, mas também ...

Autores:


Adriene do Socorro Chagas

Ângela Elvira Barbosa da P Mendes

Carlos Freire de Barros

Clarissa Fernandes Monte Torres

Claudia Leite Guedes

Cristiane do Nascimento Lopes

Diana de Souza Sisson

Diego Franco Maciel de Medeiros

Elizama Ada de Oliveira Andrade

Érica Fabiana Costa da Silva

Flaviane Augusta Bezerril

Gibson Machado Alves

Gilbson Tavares Cabral

Gustavo Lourenço dos Santos Neto

Irmã Conceição P da Câmara M de Castro

Ivone Maria da Glória Alves Nogueira

José Salviano Bezerril Nogueira

Karinna Silva França

Keila Fonseca e Silva

Lucicleide Alexandrino da Silva

Luiz de Siqueira Menezes Filho

Luziane Kamila Costa Campos

Ricardo Pinto Paiva

Silvia Alves Pereira

Tânia Maria Fernandes Silva

Ubirandilma Maia de Medeiros

Zildalte Macedo


CIRANDA POÉTICA

Coordenadora:

Maria do Socorro de Oliveira Evangelista

Data: segunda-feira, 04 de julho

Horário: 17h.

Local: Setor de Aulas, II

A interferência poética, objetiva divulgar a Poesia no meio estudantil. Contamos com a participação da Academia Feminina de Letras, a Associação das Escrituras e Poetas do Brasil, AJABE, Associação dos Poetas Vivos e Afins – RN, Poetas do Departamento de Artes e do Departamento de Letras da UFRN. Objetivos: divulgar a Arte Poética; integrar a Poesia a clientela; em especial estudantil e público em geral.

Relação dos Poetas participantes.


Ágda Maria Mousinho Zerôncio

Alzir Oliveira.

Américo Fernando Rosado Maia

Américo Pita

Ana Heloisa Rodrigues Maux

Ana Maria Cascudo

Cecília O. Câmara.

Cíntia Gushiken

Cleudia Bezerra Pacheco

Elli Eduardo de Lima.

Fênix Serália Galvão Nunes

Francisco Ivan

Gilberto Freire de Melo

Gildegerse Bezerra Avelino

Haydeé Nóbrega Simões

Henrique Eduardo de Oliveira

Hermenegilda Isabel de Moura

Hilda Melania soares costa

Ilza Matias

Ivanilda Pinheiro da Costa

Jania Maria Souza da silva

João Carlos da silva Lopes

Jonas Canindé Ribeiro da Cunha

Jose Antonio Martins neto

Josenildo Brasil

Judith Pereira Medeiros Cavalcante

Kalina Alessandra Rodrigues Paiva

Leda Batista Gurgel de Melo

Leda Marinho Varela da Costa

Lúcia Helena Pereira

Marcio de Lima Dantas

Marcos Antonio Neves Costa Sobrinho

Maria Aldenita de Sá Leitão Fonseca de Souza

Maria Antonieta Bittencourt Dutra de Souza

Maria Conceição Lira de Paiva

Maria das Dores Lucina Fernandes

Maria de Fátima Bezerra

Maria de Fátima Oliveira

Maria do Rosário Lima

Maria do Socorro de Oliveira Evangelista

Maria Eugênia Montenegro

Maria Rosineide Otaviano da Silva

Maria Teixeira Campus

Marluce Galvão Brandão

Nísia Pimentel Torres Galvão

Nivaldete Ferreira da Costa

Pedro Grilo Neto

Sheyla Maria Batista Ramalho

Vicente Vitoriano Marques Carvalho

Vitória dos Santos Costa

Weid Sousa da Silva.

Welshe Elda Tonhozi de Noronha

Xavier lima

Zélia Maria Freire

Zelma Bezerras Furtado de Medeiros

Zenóbia Colares Moreira Cunha


CONCURSO DE PAINÉIS TEMÁTICOS DE ARTES

Organizador:

Prof. Dr. Tassos Lycurgo, Departamento der Artes

Da Inscrição: até o dia 17 de junho, no Departamento de Artes da UFRN.

Das Regras para o Painel: O número de autores pode variar de um a três. O formato pode variar de 0,50m x 0,50m até 1m x 1,20m. Pode ser confeccionado em qualquer material e através de qualquer técnica. Os painéis devem necessariamente abordar um dos temas a seguir: Tema (1): Relações entre Arte e Educação; Tema (2): Relações entre Arte, Expressão e Comunicação; ou Tema (3): Estética. Da Afixação dos Painéis: Os painéis temáticos de artes devem ser afixados pelo(s) autore(s) no prédio do DEART no dia 04.07.2005 das 14h00min às 15h30min. Do Julgamento: O julgamento será feito por uma Comissão de Professores do DEART, que levará em conta os seguintes critérios: a) originalidade da abordagem; b) capacidade de síntese da idéia; e c) sofisticação plástica do painel.

Comissão Julgadora: Luciano Barbosa, Maria Helena Costa e Vicente Vitoriano (Todos do DEART). Prêmios: R$100,00, R$75,00 e R$50,00 (em bônus para serem usados na Loja da Impressão) para os três primeiros colocados, respectivamente.

MOSTRA ARTÍSTICA

Coordenadora:

Maria do Socorro de Oliveira Evangelista

Data: 02 a 08 de Julho

Horário: 08h às 11h e das 14hàs 17h

Local: Departamento de Artes – UFRN

A Mostra de Arte Didática Expressiva visa levar ao expectador linguagens técnicas expressivas na área das artes visuais, em sala de aula para o Ensino de Arte. A mostra se realizará no espaço de Exposição piso térreo e superior do Departamento de Artes incluindo técnicas mistas expressivas para o emprego das artes plásticas, exercício pratico, além de outras linguagens como mostra de máscaras e bonecos inseridos no contexto do ensino de artes. Nossa proposta é integrar estas práticas e leituras teóricas, ao Ensino Pesquisa Extensão. Objetiva despertar a criatividade do aluno, e valorizar a arte, a cultura e as tradições folclóricas regional. A mostra apresenta praticas realizadas em Projetos de Extensão, tais como: Moda e Estilismo do DEARTE objetivando construir este teor artístico em processo criativo para maior divulgação da Moda / Estilismo como profissão de integração social. O Projeto de Extensão Dança de Salão do DEARTE apresentará aulas de Dança nos dias 4° e 6° às 19:00 tendo como proposta divulgar á arte da Dança de Salão como uma prática artística de expressão, importante para coordenação motora e realização pessoal, na linguagem de expressão do corpo. OBS: A Mostra Artística está composta das atividades relacionadas. 1. Mostra de técnicas didáticas de iniciação as artes plásticas. 2. Mostra de mascaras que falam culturas. 3. A moda do Universo Infantil. (Desfile). 4. Mostra: moda no século XX.

Relação dos Participantes da Mostra Artística:


Adriana do Nascimento Barbosa

Alice Correa Gomes

Alucilde de Castro V. Neto

Amanda Maria Carvalho da Cunha

Ana Gabriela Gurgel Assunção

Ana Katarina Florêncio Apolinário

Ana Raquel Fernandes Lopes

Andréa Gurgel de Freitas

Andréia Carmen Cunha Oliveira

Camila de Lima Carvalho

Carlos Ribeiro Sales

Carmem Dalyann Texeira Lima

Carolina Chaves Gomes

Celina Dias Andrade

Clara Ovídio de Medeiros Rodrigues

Claudia Regina Moura Freire

Cláudio Rodrigo Lopez Figueira

Clelio de Carvalho Lourenço

Cristiane Rocha Botarelli

Cristina Limeira

Danielle Aline Rocha Dantas

Deborah Freitas de Medeiros

Diego Andrade da Silva Filgueira

Douglas Almeida Bueno

Edifranklin Marck de Mesquita

Edilva Gomes Pedrosa Galvão

Edval de Deus Barbosa

Elíria Rocha de Morais

Elizabeth da Silva Ferreira

Emanuella Nobre V. Rodrigues

Euclides Texeira Neto

Francielio Jerônimo Feitosa Gomes

Francisca Maré Lucena de Araújo

Francisco Assis Gomes da Silva.

Geísa Pereira Alves

Gislanne do Nascimento Silva

Gleycilanne do Nascimento Silva

Humberto de Araújo Dantas.

Igor Bertoldo Leca

Ilma Gevira de Carvalho Soares

Inaldo Nunes de Souza Junior

Isaac Samir Cortez de Melo

Janeide Dayane Cruz Araújo

Jéssica Oliveira de Pádua

Jéssica Valéria Alves Bezerra

Joana Morais Sobrinho

João Diniz Serrão

Jordana Mamede Galvão Cunha

Juliana da Silva Gonçalves

Kristiane Lima de Morais

Laise Helena Nóbrega Barreto

Lídia Alves Silva

Lívia de Santana Oliveira

Lucilene Ferreira de Oliveira

Luzia Sampaio Atayde

Manuela Santos Dantas

Marcela de Melo Germano da Silva

Marcos Antonio Neves C. Sobrinho

Maria da Glória de Lima Carvalho

Maria de Fátima Medeiros de Lira

Maria do Rosário Lima.

Maria do Socorro de Oliveira Evangelista

Maria Ferreira Lucas

Maria Gorete Lira Damasceno

Maria Suerda Dantas

Marina Rocha Meire

Mario César Gomes

Melina Gabriella França de Araújo

Milene Carla Rodrigues Silva

Milene Cristine Amarsicano Zabala

Nadja Patrícia Pereira de Paiva

Narjara Medeiros Cavalvanti

Priscila Rodrigues Bezerra

Raquel Quinderé Carneiro

Renata Sayão Lobato D. Moreira

Rosa Marieta Paiva Pimenta de Melo

Rosangela Moura da Silva

Rubens Lucio da Silva Barbosa

Sanderson Tinoco da Silva

Sandra Patrícia Cipriano

Séphora Medeiros Brilhante

Sérgio Valério Mendonça da Silva

Sigrid Hultin.

Tereza Cristina Bezerra Pereira

Thiago Souto Galvão

Tiago Augusto de Castro F. Pereira

Uilo Azevedo de Andrade

Valéria Araújo Ferreira da Silva

Valéria de Aquino Martins

Vivian da Cunha Batista

Wendell Licius Fonseca Queiroz

Wernher Medeiros Soares de Sousa

Wicleffe Costa


JORNAL HUMANIDADES

JORNALEXPERIMENTAL DO CURSO DE COMUNICAÇÃO – HABILITAÇÂO JORNALISMO – PUBLICADO DURANTE A SEMANA DE HUMANIDADES

COORDENADORA : Profª Kênia Beatriz Ferreira Maia

FORMATO:1 Folha A3 dobrada

IMPRESSÂO : Fotocopiadora

TIRAGEM : 1.000 exemplares

TAMANHO : 4 (oito) páginas

PERIODICIDADE : Excepcional, restrito à Semana de Humanidades. Cinco edições.

JUSTIFICATIVA

A Semana de Humanidades é de grande importância para reafirmar o compromisso de extensão e de pesquisa do CCHLA. O curso de Comunicação – habilitação em Jornalismo enseja participar da divulgação das atividades do evento.

A produção de um jornal que será distribuído durante a Semana de Humanidades também cumpre a função de proporcionar aos estudantes de Comunicação – habilitação em Jornalismo –, em especial dos matriculados na disciplina Jornalismo Científico, um treinamento adequado para que possa colocar em execução os conhecimentos teóricos obtidos nas disciplinas de caráter técnico-profissionalizante e de articular a teoria e a prática.

 

OBJETIVOS E METAS

Produzir e editar cinco números de um jornal experimental divulgando as atividades da Semana de Humanidades.

Proporcionaraos estudantes de Comunicação – habilitação em Jornalismo uma forma de simulação das situações profissionalizantes, da rotina de trabalho de uma redação jornalística.

Inserir os estudantes de Comunicação – habilitação em Jornalismo no jornalismo científico

 


Calendário

quarta-feira, 11 de maio

Divulgação da lista de GTs, Minicursos e Oficinas na página eletrônica.

Início do período de inscrição de painéis (resumo).

Início do período de inscrição de alunos nos Minicursos e Oficinas.

Último dia para apresentação de propostas de novos eventos para a XIII Semana de Humanidades.

sexta-feira, 17 de junho

Último dia para envio de resumos dos trabalhos a serem apresentados nos GTs.

Último dia para apresentar solicitação para lançamento de livros e revistas.

Último dia para os Coordenadores de GTs e ministrantes de Minicursos e Oficinas apresentarem requisição de cópias xerográfica e transparências.

Encerramento do período de inscrição de painéis (resumo).

sexta-feira, 24 de junho

Último dia para os Coordenadores de GTs informarem a lista completa de trabalhos selecionados para o GT.

Encerramento do período de inscrição de alunos nos Minicursos e Oficinas.

 segunda-feira, 04 de julho

Montagem dos Painéis: 12h30 às 13h30, no Setor de Aulas II.

Exposição de Painéis (com coquetel e apresentações artísticas):13h30 às 17h, no Setor de Aulas II.

Cerimônia de Abertura:

. Lançamento de livros e revistas: 17h30, no hall do Auditório da Biblioteca Central Zila Mamede.

. Palestra de abertura 19h, na Biblioteca Central Zila Mamede.

terça-feira, 05 de julho

Grupos de trabalho (GTs): 14h às 18h, nos auditórios do CCHLA e salas do Setor de Aulas II.

quarta-feira, 06 de julho

Grupos de trabalho (GTs): 14h às 18h, nos auditórios do CCHLA e salas do Setor de Aulas II.

Mostra de vídeos: 18h às 19h, no auditório do CONSEC, 2º andar do CCHLA.

quinta-feira, 07 de julho

Minicursos e Oficinas: 14h às 18h, nos auditórios do CCHLA e salas do Setor de Aulas II.

Mostra de vídeos: 18h às 19h, no auditório do CONSEC, 2º andar do CCHLA.

sexta-feira, 08 de julho

Novos eventos: 14h às 18h, nos auditórios do CCHLA e salas do Setor de Aulas II.

 

OS PRAZOS ESTABELECIDOS NO CALENDÁRIO SERÃO SEGUIDOS RIGOROSAMENTE

Coordenação da XIII Semana de Humanidades

Diretor do CCHLA: Márcio Moraes Valença

Coordenadora Geral: Profa. Dra. Ângela Maria Paiva Cruz

Coordenadora dos GTs: Profa. Dra. Ângela Maria Paiva Cruz

Coordenadora dos Minicursos e Oficinas: Dra. Marineide Furtado Campos

Coordenador dos Painéis: Prof. Dr. Adriano Lopes Gomes

Coordenadora da Mostra de Vídeos: Profa. Dra. Lisabete Coradini

Coordenador do IV Colóquio Humanitas: Prof. Dr. Alípio Souza Filho

Coordenadora do Lançamento de Livros e Revistas: Profa. Dra. Ângela Maria Paiva Cruz

Coordenadora da Programação Cultural: Valdélia Maria Gurgel de Queiroz

Coordenadora de Revisão: Profa. Sandra Cristina Bezerra de Barros

Secretaria: Sara Raquel Fernandes Queiroz de Medeiros e Rosana Silva de França

Assessor de Comunicação: Jornalista Flávio Rezende

Observações Finais

. Todos os certificados de apresentadores de trabalho nos GTs serão entregues pelos presidentes de mesa (Coordenadores de GTs) ao final de cada dia de trabalho. Não serão concedidos certificados para co-autores nem para orientadores de trabalhos de graduandos e pós-graduandos, apresentados nos GTs.

. Todos os certificados de alunos de Minicursos e Oficinas serão entregues pelos respectivos professores ao final do curso.

. Os certificados dos Coordenadores de GTs e professores de Minicursos e Oficinas serão entregues junto às pastas.

. Cada participante de GT, MC, Oficina ou Painel receberá apenas UM certificado em cada modalidade de atividade, correspondente ao trabalho apresentado.

. Os certificados de participação nos GTs serão entregues apenas para quem assinar a lista. Estes só serão distribuídos entre 8 e 31 de agosto de 2005, data em que a secretaria da XIII Semana de Humanidades será encerrada.

. Se os ministrantes de Minicursos/Oficinas e Coordenadores de GT necessitarem de cópias xerográficas, transparências, TV/vídeo, deverão procurar a Coordenação da XIII Semana de Humanidades até o dia 17 de junho.


Exposição de Painéis (com coquetel e apresentações artísticas): segunda-feira, 04 de julho, de 13h30 às 17h, no Setor de Aulas II.

. Os expositores de Painéis – professores, alunos e funcionários da UFRN – deverão fazer sua inscrição na sala 119 do CCHLA ou pelo e-mail: humanidades@cchla.ufrn.br, até o dia 17 de junho, sendo necessário apenas a apresentação do resumo em disquete e em papel (máximo 300 palavras). Incluir também: nome(s) do(s) expositor(es) – máximo de dois –; nome(s) do(s) autor(es); vínculo com a instituição (se aluno, professor ou funcionário); Departamento; título do trabalho e e-mail.

. Os painéis everão ser impressos no seguinte formato: aproximadamente 1,20 m de altura e 0,90m de largura. Eles serão afixados com linhas de nylon e ganchos, presos à parede. A instalação será feita pelo próprio expositor, com auxílio da Coordenação, entre 12h30 e 13h30, na segunda-feira, 04 de julho, no Setor de Aulas II. Os painéis serão recolhidos pelos próprios expositores ao final da apresentação (17h). A lista de presença será assinada no local acima determinado, onde também serão entregues os certificados.

ATENÇÃO

No caso de co-autoria, apenas autor(es) apresentador(es) – máximo de dois – receberá(ão) certificado(s). Será aceita apenas uma inscrição de painel por expositor. Ao final da exposição, será servido um coquetel.

 


Lista de Painéis


P-01: A Festa do Rosário: memória, festa, identidade e religião

Autora/Expositora:

Adriene do Socorro Chagas

Vínculo institucional: discente UFRN

Departamento: Ciências Sociais/Antropologia

e-mail: adoraflink@gmail.com

A memória socialmente construída carrega uma história vivida e muitas vezes encoberta pela história oficial. Este projeto de pesquisa intenta conhecer, através de narrativas orais, a memória dos fiéis da Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Martins, Zona Oeste do Estado do RN, para entender como essa igreja, reconhecidamente a mais antiga da cidade, não alçou a categoria de padroeira do referido município.

P-02: Grupo de Estudos Psicologia e Saúde (GEPS): Uma Contribuição para uma especialidade em construção.

Autoras:

Aline Francisca de Oliveira (expositora)

Eulália Maria Chaves Maia (expositora)

Neuciane Gomes da Silva

Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde.

Departamento de Psicologia.

O Grupo de Estudos Psicologia e Saúde (GEPS) é uma Base de Pesquisa oficialmente reconhecida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, tendo como filosofia o modelo de saúde em que a visão biopsicossocial do indivíduo é salientada. Tem como meta prioritária o compromisso com a Humanização da Saúde, a Ética e o Desenvolvimento Humano em toda a sua dimensão. O GEPS encontra-se localizado no Laboratório de Psicologia (LabPsi) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) na cidade de Natal e está voltado para as atividades de ensino, pesquisa e extensão. A referida Base mantém intercambio com outras instituições na área de saúde, tais como a Asociación Latinoamericana de Psicologia de La Salud (ALAPSA), e o Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia da Saúde (Nêmeton, São Paulo), além de outras instituições de Saúde locais, como o Hospital Universitário Onofre Lopes, o Hospital de Pediatria e A Maternidade Escola Januário Cicco em Natal-RN, e o Hospital Universitário Ana Bezerra, na cidade de Santa Cruz-RN; desenvolvendo projeto de pesquisas em conjunto, haja vista que as universidades devem ter como parâmetro o cultivo da produção do conhecimento a partir de uma fundamentação teórico-metodológica. Suas linhas de pesquisa incluem temáticas como: sono e ansiedade, terceira idade, obesidade, Oncologia, morte, entre outras que estejam associadas ao campo de atuação do profissional em Psicologia da Saúde. Com essa proposta, o GEPS objetiva contribuir para o avanço científico do campo de conhecimento psicológico, sobretudo no que diz respeito à inclusão desse saber em instituições de saúde, notando o avanço que essa área de atuação tem alcançando nos últimos anos.

P-03: A criança e sua concepção acerca da morte: um estudo piloto

Autoras/expositoras:

Daniella Antunes Pousa Faria

Eulália Maria Chaves Maia

Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde.

Programa de Pós-Graduação em Saúde

O processo de significação da morte nos seres humanos sofreu inúmeras mudanças ao longo dos séculos. Embora na atualidade os adultos ocidentais insistam em manter a crença de que a criança nada sabe sobre o assunto, e que o contato desta com a morte poderia trazer danos ao desenvolvimento infantil, autores que estudam este tema são enfáticos ao afirmar que a criança desde uma idade bem precoce já tem conhecimento da morte, e que o esforço desta para compreendê-la é extremamente importante para a formação de sua consciência e afetividade. Tendo-se em vista estas questões a presente pesquisa teve como objetivo avaliar a concepção de morte de 10 crianças com câncer. Para isto se utilizou uma entrevista semi-dirigida, realizada de forma lúdica através de brinquedos. A partir da presente pesquisa concluiu-se que o conceito de morte nas crianças avaliadas não acompanha o desenvolvimento deste conceito apontado pelos autores, e que a presença da patologia parece não ter maiores influências quantitativas para a aquisição deste conceito, e de seus critérios do pensamento formal. Acredita-se ainda que a aquisição do conceito de morte na infância está mais relacionado à experiência de vida da criança do que a idade cronológica. Portanto, o que vem de fato influenciar na construção do conceito de morte nestas crianças é a vivência de cada sujeito e aquisição dos instrumentos culturais.

P-04: IDENTIDADE DE GÊNERO DAS MULHERES TRABALHADORAS RURAIS DA AGROVILA PARAÍSO DO MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL DO GOSTOSO

Autora:

Frânslie Quinto Bezerra (expositora)

Aluna Especial do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social / Mestrado Departamento de Ciências Sociais/UFRN

E-mail: franslie@uol.com.br

Orientadora: Eliana Andrade da Silva – Professora doutoranda do Departamento de Serviço Social do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFRN. E-mail: andradelili@yahoo.com.br

Na área rural muito se fala de Reforma Agrária, desenvolvimento sustentável e agricultura familiar. As mulheres do campo participam do processo de luta pela terra, trabalham na casa, na roça e contribuem com boa parte da produção de alimentos no Brasil. Entretanto as relações entre homens e mulheres se dão de forma desigual. O trabalho da mulher não é valorizado nem reconhecido pela sociedade. Desta forma uma série de medidas tem que ser realizada para o enfrentamento da desigualdade de gênero. Uma delas é a organização das mulheres em grupos nos assentamentos. Foi o que as mulheres da Agrovila Paraíso do município de São Miguel do Gostoso/RN fizeram. O trabalho que ora exponho, impulsionado apartir de observações quanto ao grupo, tem o objetivo de analisar a identidade de gênero e a organização das mulheres de Paraíso. Para o embasamento teórico, foram utilizados material bibliográfico, entrevistas, dados documentais e observações sobre o grupo e a Agrovila. A presente análise aborda a desigualdade de gênero e as formas particularizadas que a mesma tem sobre as mulheres trabalhadoras rurais. Seja no acampamento ou no assentamento, na casa, na roça ou no sindicato os espaços e as relações são desiguais entre homens e mulheres. A formação de um grupo de mulheres para o enfrentamento dessas questões, vem mostrar o potencial das mulheres trabalhadoras rurais na luta por seus direitos.

P-05: Luís da Câmara Cascudo em “As batalhas contra o tempo”: a biografia histórica de um erudito brasileiro (1898-1986).

Autores/expositores:

Francisco Firmino Sales Neto

João Carlos Vieira da Costa Cavalcanti da Rocha

E-mail: netoabc@bol.com.br

Alunos de graduação do Departamento de História - UFRN.

Este projeto tem por objetivo compreender como se formou a subjetividade do erudito potiguar Luís da Câmara Cascudo, de modo a entender as regras de produção dos seus discursos acerca da cultura popular nordestina. Como parte integrante deste projeto, o presente trabalho se propõe a interrogar e problematizar a biografia deste homem que lutou toda a sua vida contra a corrosão inexorável do tempo sobre as coisas e os seres, pois, ao longo de toda sua produção intelectual, sempre quis “preservar” toda a riqueza histórica e cultural do homem nordestino, diante da aceleração da história e, conseqüentemente, da perda das tradições. Portanto, respaldados pelos novos referenciais teóricos - metodológicos do gênero biográfico, realizamos um diálogo com as várias versões que foram produzidas para a biografia de Luís da Câmara Cascudo, seja por ele próprio, seja por aqueles que o tomaram como objeto de memória para, assim, compreendermos a multiplicidade de sujeitos que o compõe.

P-06: Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável

Expositores:

Diego Mendes da Silva

Leonildo Noberto de Medeiros

Núcleo Local da Unitrabalho/UFRN

Departamento de Ciências Sociais/UFRN

E-mail: unitrabalho@cchla.ufrn.br

Autores:

Profa. Dra. Eleonora Bezerra de Melo Tinôco Beuagrand

Rizoneide Souza Amorim

Iane Rocha Przewodowska Ferreira

O Projeto Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável desenvolvido pelo Núcleo Local da UNITRABALHO/UFRN atua, em ações de promoção e apoio a empreendimentos solidários, tendo como público prioritário trabalhadores adultos, excluídos do mercado formal de trabalho, desempregados, subempregados, marginalizados e de baixa renda da Região Metropolitana de Natal/RN, visando com isso criar condições concretas de superação do ciclo vicioso da pobreza. OBJETIVOS: A Incubadora da UNITRABALHO/UFRN objetiva valorizar a Economia Solidária como alternativa de inclusão econômica e de acesso à cidadania. Incubação de Empreendimentos Econômicos Solidários, sob a forma de pequenas unidades de produção, cooperativas, empresas de autogestão e outras modalidades; Assegurar a adequada inserção em cadeias produtivas desses empreendimentos econômicos solidários; Formação de quadros técnicos e agentes de promoção da Economia Solidária, no interior das unidades de incubação, com vistas a aprimorar sua atuação em organizações públicas e privadas, ou diretamente juntos aos empreendimentos. Potenciar a geração de trabalho e renda para as pessoas diretamente envolvidas; Desenvolver um padrão de qualidade para viabilização sustentável dos empreendimentos solidários;METODOLOGIA:A metodologia de trabalho da incubadora consiste em um processo que vai desde a organização do grupo até a sua inserção no mercado. Orienta os grupos nas áreas de planejamento, gestão, qualificação profissional e assessorias jurídica e contábil. Fornece apoio e orientação ao grupo, através de reuniões e visitas ao local de moradia e trabalho, levantando as capacidades e demandas, segundo uma série de etapas, a fim de construir em conjunto um Plano de Negócios.

P-07: A IMPORTÂNCIA DA FOTOGRAFIA COMO REGISTRO HISTÓRICO NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

AUTORA:

Sandra Maria Regis de Sousa Lins

Aluna do Curso de Pedagogia. CCSA/UFRN

Prefeitura Municipal da Cidade do Natal

Programa Geração Cidadã – Brasil Alfabetizado

E-mail Sandrarlins@ig.com.br

O trabalho de fotografia foi desenvolvido em salas de aula de Alfabetização de Jovens e Adultos, do Programa Geração Cidadã da UFRN, em parceria com a Prefeitura Municipal de Natal, na zona Norte desta cidade, no período de agosto de 2004 a fevereiro de 2005. Enquanto bolsista, do Núcleo de Pesquisa em EJA, atuando na função de articuladora pedagógica, coordenando turmas do Programa, busquei levar para os educandos uma linguagem que possibilitasse um novo olhar a respeito da fotografia, percebendo as distintas épocas, semelhanças, diferenças, mudanças, sociedade, cultura, costumes, valores, política, imbricadas nela, a qual despertou uma visão crítica. O objetivo desse labor foi proporcionar aos educandos o reconhecimento da imagem fotográfica como veículo de informação e comunicação, servindo como fonte de registro histórico social de uma determinada época. A metodologia constou de uma exposição fotográfica, discussão sobre a temática, pesquisa em revistas, leitura de imagens, elaboração e apresentação de seminários explicativos sobre os planos da fotografia e sua relevância para nossa história. O resultado proporcionou aos alunos um novo olhar sobre a fotografia, reconhecendo-a como uma linguagem comunicativa e informativa singular dos acontecimentos históricos e sociais de uma determinada época.

P-08: CONDIÇÕES DE TRABALHO E BURNOUT EM PROFESSORES DE PSICOLOGIA: um estudo de caso em uma Instituição de Ensino Superior

Autora/expositora:

Silvânia da Cruz Barbosa

Mestre em Psicologia.

mail silv.barbosa@gmail.com

Esta pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior e teve como objetivo central investigar a incidência da síndrome de burnout em professores de psicologia, relacionando-a com as condições de trabalho. O universo da pesquisa era constituído por 40 professores; deste total, 26 participaram, compondo uma amostra representativa de 65%, sendo 50% homens e 50% mulheres; 46,15% eram casados e 38,46% estavam entre solteiros e separados; 61,54% possuíam o título de mestre, 23,07% eram especialistas e 15,38% doutores. Para o desenvolvimento do estudo, aplicaram-se os seguintes instrumentos de coleta dos dados: um questionário padronizado, denominado MBI para avaliar o burnout; um questionário aberto e uma ficha sócio-demográfica. As respostas ao questionário aberto foram categorizadas, mediante a aplicação da técnica de análise de conteúdo (temática), recomendada por Bardin (1995). Os resultados desse tratamento e as respostas ao MBI foram lançados na forma de banco de dados do SPSS for Windows (Statistical Package for Social Science for Windows) versão 1.0 e em seguida se procedeu com a aplicação das análises estatísticas. Os principais resultados encontrados no estudo indicam que a categoria pesquisada apresentou baixos escores nos fatores despersonalização (0,51) e exaustão emocional (1,18) e elevado escore no fator realização profissional (4,83), indicando a não incidência de burnout. Sobre as condições de trabalho, os dados revelaram que 100% da amostra considerou que trabalhava sob condições precárias (80,8%) e péssimas (19,2%); com elevada carga de trabalho (57,7%), relacionamento frio e distante com os colegas de trabalho (53,8%) e em clima de conflito (23,1%). Os resultados conduzem a concluir que, apesar de claramente insatisfeitos com as condições de trabalho, os professores de psicologia não apresentaram sintomas de burnout, podendo esta situação estar sendo sustentada no alto nível de realização pessoal e no valor que estes profissionais atribuem ao trabalho que realizam.

P-09: A Fotografia como estimulo da memória

Autora/Expositora:

Zildalte Macêdo

Professora do DEARTE

Departamento de Arte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

E-mail: zildalte@bol.com.br

O uso da imagem fotográfica na pesquisa social ganha cada vez mais espaço pela sua condição de documento visual e possibilidade de análise. Registro do mundo visível, a fotografia traz em si não só a descrição do explícito, mas também a história que antecedeu à sua gênese, desencadeando lembranças contidas na memória daquele que a interpreta. A leitura da imagem fotográfica deve ser pensada em todos os seus aspectos simbólicos, a partir dos significados contidos na sua composição. A pesquisa teve como objetivo analisar retratos de uma família tradicional do município de Jardim do Seridó, RN, compreendendo o processo de formação dos retratos da memória. O trabalho foi desenvolvido através do uso de retratos e narrativa oral do informante. Os retratos foram organizados em mapas de análise e discutidos em três categorias: segunda realidade, primeira realidade e análise da pesquisadora. Concluiu-se assim que a fotografia é um recurso estimulador de lembranças que se retratam e se reconfiguram através da leitura da imagem fotográfica, no caso em estudo, dos retratos de família.

P-10: A MÍSTICA COMO ELEMENTOS DIFERENDIADOR NA FORMAÇÃO DE MONITORES PROFESSORES EM ÁREAS DE REFORMA AGRÁRIA DO MST.

Autora/Expositora:

Maria José Nascimento Soares

UFRN/UFS

marjonaso@ufs.br

A mística é um dos elementos que estamos estudando como uma estratégia metodológica para fortalece o processo formativo no Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), especialmente, quando utilizada para chamar a atenção dos monitores professores acerca da desigualdade social existente entre os homens, numa possibilidade de compreender o contexto atual, do qual a injustiça social deve ser um eixo motivador a fim de garantir uma formação diferenciada para formar o novo homem. Pretendemos recuperas os estudos teóricos sobre a idéia de mística em BOFF (1979); BOGO (2003, 2002); STÉDILE; FERNANDES (2000) e outros. A mística se faz presente no processo educativo como forma de manter viva a luta e recuperar pensamentos de pessoas que lideram e deram sua vida pela reforma agrária no Brasil e no mundo. Assim sendo, se estabelece novas relações que se consolidam no coletivo dos assentados, pois, a mística quando operacionalizada na cotidianeidade do assentamento permite aos sujeitos envolvidos à conquista de direitos sociais, mediante um processo educativo contínuo promovido nas áreas de assentamento de Reforma Agrária. Destarte, a mística é impulsionadora da conquista de direitos individuais e coletivos que foram usurpados ao longo desse processo histórico, numa perspectiva de refletir sobre o sentimento demonstrado por aqueles que lutam e continuam lutando em prol da desigualdade social.

P-11: A RODA DOS EXPOSTOS NA HISTÓRIA DO BRASIL

Autor/expositor:

Thiago do Nascimento Torres de Paula

thiagotorres2003@yahoo.com.br

Michele Silva Santos

micheless@io.com.br

Graduandos em História / UFRN

Este trabalho é parte de uma pesquisa sobre crianças abandonadas na Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, na capitania do Rio Grande do Norte, na segunda metade do século XVIII. Especificamente temos como intenção, apresenta uma discussão que serve de referencial teórico para as nossas investigações no âmbito local, tendo como base Maria Luiza Marcílio, Renato Pinto Venâncio e Miriam Lifchitz Moreira Leite. Partindo do principio que a cidade do Natal nunca teve uma Misericórdia e nem muito menos uma Roda de expostos, é queremos apresentar uma síntese de caráter panorâmico sobre uma das mais antigas instituições da nossa história. A Roda como organização de amparo às crianças expostas resistiu ao três regimes, surgida no período colonial, se difundiu durante o Império e entrando em crise durante a Republica, só desaparecendo necessariamente em meados do século XX. Sendo assim queremos demonstrar, um pouco da história do assistencialismo a infância desvalida no ultimo pais do mundo a abolir o sistema de Rodas.

P-12: A SOCIOLOGIA NA FORMAÇÃO DO TÉCNICO AGRÍCOLA

Autora/expositor:

Joanice e Silva Miranda

Orientador: Prof. Dr. João Maria Valença de Andrade

Programa de Pós-graduação em Educação

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ensino e Formação Docente

Este estudo tem como objetivo analisar a importância e a influência da disciplina Sociologia na formação e no exercício da profissão de Técnico Agrícola. Busca explicitar conexões entre os conteúdos trabalhados naquela disciplina, sua prática pedagógica e o exercício das atividades desta profissão. Para tanto, optaremos por uma linha teórico-metodológica que permita uma análise da atuação do Técnico Agrícola, dos conhecimentos (conteúdos ou temas) adquiridos no Ensino Técnico pela disciplina Sociologia, da forma como as aulas eram dadas e sobre a importância da disciplina em si no Curso Técnico. O trabalho será desenvolvido com os ex-alunos da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) – localizada no município de Macaíba/RN – que estudaram Sociologia nos períodos intermitentes em que esta disciplina esteve presente no currículo do Ensino Técnico Agrícola, tomando-se como referência os ex-alunos que ainda exercem a profissão nesta área. Os procedimentos metodológicos privilegiados são a pesquisa documental nos arquivos da escola e a entrevista aos ex-alunos do Ensino Técnico na EAJ.

P-13: AS CONTRADIÇÕES SOCIOESPACIAIS EM GUAMARÉ-RN

Autor/expositor:

Josué Alencar Bezerra

Mestrando do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia da UFRN

josue@ufrnet.br

Ademir Araújo da Costa

Orientador e professor do Departamento de Geografia da UFRN

ademir@ufrnet.br

Na tentativa de compreender as desigualdades socioespaciais presentes na maioria dos centros urbanos brasileiros, tem-se procurado uma maior ponderação na relação Estado/Sociedade, na qual as políticas públicas vêm como resposta institucional às demandas sociais e às pressões políticas. Quando nos deparamos com a realidade brasileira, observamos na maioria das vezes, o esquecimento do poder público diante de questões de ordem social. Tal postura tem gerado graves problemas a alguns elementos de sustentação de uma população, como a saúde e a educação. Nesse sentido, tomamos como referência o estado do Rio Grande do Norte, mais precisamente, a porção central do litoral setentrional, por apresentar um quadro socioeconômico preocupante em seu território. Alguns municípios desta região são historicamente conhecidos por gerar bastante recursos para o estado, entretanto, o município de Guamaré não expressa em seu território os recursos provenientes das receitas municipais auferidas. Em Guamaré percebemos a ausência de equipamentos e serviços fundamentais para a melhoria da qualidade de vida de sua população. Embora saibamos que esta situação apresenta-se comumente em várias cidades deste porte no Brasil, no caso de Guamaré, a situação deve ser analisada de forma diferente. Assentado no perímetro da Bacia Petrolífera Potiguar, segunda maior produtora do país, Guamaré está voltado para a atividade que abriga o Pólo Industrial, sendo assim, um dos maiores recebedores de royalties da Petrobras no estado. A idéia de que o município tomaria o rumo do “desenvolvimento” com a chegada da Petrobras desapareceu, visto a frente à realidade local frente à arrecadação do município que ultrapassa a quantia de um milhão de reais/mês. A aplicação dos recursos oriundos destas potencialidades, com o auxílio de políticas públicas eficientes podem favorecer o despertar para o desenvolvimento em Guamaré. Para isso, resta saber por que o município não apresenta um diferencial em termos de qualidade de vida.

P-14: BASE DE PESQUISA: Cultura, Política e Educação

Autores/Expositores:

Geovânia da Silva Toscano

E-mail: geovania_toscano@ig.com.br

Itamar de Morais Nobre

E-mail: nobre@ufrnet.br

Alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFRN

A Base de Pesquisa: “Cultura, Política e Educação” coordenada pelos Professores Dr. José Willington Germano e Dra. Vânia de Vasconcelos Gico, é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte originou-se em torno de um grupo de professores que se constituiu para realizar um Levantamento e Catalogação de Fontes da Historia da Educação do Rio Grande do Norte. A partir dos trabalhos realizados por esse grupo, em 1993, se constituiu a Base de Pesquisa: “Educação e Sociedade”, aprovada pelo Comitê Conjunto CNPq/UFRN e passou a fazer parte dos Diretórios dos Grupos de Pesquisa do Brasil. Optou-se pela temática Educação e Sociedade pelo reconhecimento da importância das questões relativas à Educação para o estudo e a compreensão da realidade social em varias direções. Em 1998, iniciou-se a reorganização do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, da UFRN, e a Base de Pesquisa reestruturou-se, nesse momento, para ampliar seu alcance, passando, no amo 2000, a identificar-se como Base de Pesquisa: Cultura, Política e Educação. Atualmente, comporta as Linhas de Pesquisa: Organização Social e relações de Trabalho; Política, Cultura e Comunicação; Políticas Sociais e Educacionais; Sociedade, Dinâmicas Culturais, e Memória e, o Grupo de Estudos Boa-Ventura.

P-15: CIÊNCIA JURÍDICA, COMPLEXIDADE E DIGNIDADE HUMANA

Autora/Expositora:

Lenices Moreira Raymundo

Doutoranda do programa de pós-graduação em Ciências Sociais e pesquisadora do grupo de estudos da complexidade –GRECOM

lenicesm@terra.com.br

Maria Conceição Xavier de Almeida

Docente do programa de pós-graduação em Ciências Sociais, coordenadora do grupo de estudos da complexidade - GRECOM

Trata-se de pesquisa que está sendo desenvolvida a partir do método transdisciplinar e dialógico da complexidade com o intuito de contribuir para a construção de caminhos que viabilizem a realização da dignidade humana, através da compreensão da ciência jurídica no contexto da sociologia, da ética, da filosofia e do próprio direito positivo, voltando-se para a concepção do pluralismo jurídico em relação dialógica e de complementaridade com o monismo jurídico. Para alcançar tal intento, perfazemos um diálogo entre a teoria pura do direito, de Hanz Kelsen, a teoria tridimensional do direito, de Miguel Reale e a proposição do pluralismo jurídico em face à crise paradigmática sustendada por Boaventura de Souza Santos, incluindo uma abordagem jurisprudencial mediante análise de acórdãos do Supremo Tribunal Federal sobre a aplicação do princípio da dignidade humana. Propõe-se uma reflexão sobre a possível introdução da epistemologia da complexidade como novo paradigma para a compreensão e aplicação do direito, enquanto ciência social e cultura humanística, buscando transpor os limites do monismo jurídico, o qual fundamenta a concepção positivista do direito, ainda dominante na prática jurídica atual. A epistemologia da complexidade, ora propugnada, encontra respaldo nos estudos realizados por Morin, o qual considera que o conhecimento epistemológico complexo deve ao mesmo tempo detectar a ordem (leis e determinação) e a desordem, e reconhecer as interações entre ordem e desordem, em relação de complementaridade, na busca da religação entre ciência e consciência complexa e da construção da sociologia do conhecimento científico, capaz de auto-interrogar-se e auto-refletir-se, já que "ciência sem consciência é apenas a ruína do homem". (MORIN, 2003, p. 11) Consideramos que o sistema organizacional do pensamento complexo em muito pode contribuir para construção de uma ciência jurídica aberta, pluralista, capaz de transpor a concepção positivista do direito, que o impede de melhor exercer sua função social.

P-16: “ERA UM SONHO DESDE CRIANÇA”: O SIGNIFICADO DA DOCÊNCIA ENTRE PROFESSORES DOS MUNICÍPIOS DE UMBUZEIRO E REMÍGIO.

Autor/Expositor:

Jameson Ramos. Campos

Especialista em Educação. Professor do Dpto. De Filosofia e Ciências Sociais da UEPB.

jamesoncampos@ig.com.br

Esta pesquisa foi desenvolvida entre os professores da rede pública dos municípios paraibanos de Umbuzeiro e Remígio, cursistas do Programa de Pedagogia em Serviço oferecido pela Universidade Estadual da Paraíba, e teve como objetivo investigar, por um lado, as motivações que conduziram estes profissionais a ingressar na carreira do magistério e nela permanecer até hoje e, por outro, a compreensão que estes docentes têm de sua profissão. Acreditamos que os motivos para a escolha da profissão e a visão peculiar que eles têm da mesma entram aqui como determinantes fundamentais, embora não únicos, a orientar a sua prática docente. A pesquisa foi realizada com 35 professores cursistas do município de Remígio e 38 do município de Umbuzeiro e, para tanto, foram aplicados questionários abertos e uma ficha sócio-demográfica como instrumentos de coletas de dados. Os primeiros resultados encontrados indicam que a escolha da profissão docente está associada a dois tipos distintos de motivações: ora associada à vocação, ao gosto de trabalhar com criança e a uma espécie de sonho acalentado desde a infância – visão que eu chamo aqui de romântica – ora à falta de opção de trabalho ou como obra do acaso. (Vieira, 2002). Os dados ainda apontam para o fato de que, mesmo assumindo a profissão docente por um acaso ou por necessidade, parte destes profissionais acabaram por se “afeiçoar à profissão”, às crianças para as quais lecionam e terminaram por gostar da profissão, passando a exercê-la com “amor”. As motivações para ingresso na profissão e a maneira como eles concebem a docência, indicam que os requisitos fundamentais para o exercício do magistério são o amor e a dedicação às crianças, o carinho, o zelo e o cuidado quase materno.

P-17: Estudantes do Ciclo Básico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: uma avaliação de seus hábitos e de sua qualidade de sono.

Expositores:

Ádala Nayana de Sousa

Liliane Pereira Braga.

Departamento de Psicologia / CCHLA / UFRN.

E-mail: camomilapsi@hotmail.com

Autores:

Ádala Nayana de Sousa (Graduanda), Liliane Pereira Braga (Graduanda), Caroline Araújo Lemos (Graduanda), Camomila Lira Ferreira (Graduanda), Katie Moraes de Almondes (Pós-Graduanda), Neuciane Gomes da Silva (Professora), Eulália Maria Chaves Maia (Professora).

A qualidade de sono envolve critérios como início de sono precoce, menos interrupções e menos despertares durante o sono, cuja avaliação ruim pode trazer problemas como diminuição de concentração e atenção, prejuízos no desempenho, fadiga e irritabilidade. Podem contribuir para esses problemas hábitos de sono considerados ruins, como fumar, ingerir substâncias psicoestimulantes, barulho e muita iluminação onde se dorme. Objetivou-se identificar e avaliar os hábitos e a qualidade de sono de 95 estudantes da UFRN, que cursavam o primeiro período de 15 cursos: Pedagogia, Ciências Econômicas, Direito, Administração, Turismo, Ciências Biológicas, Farmácia, Medicina, Odontologia, Enfermagem e Obstetrícia, Engenharia Química, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia da Computação, e Arquitetura e Urbanismo. Utilizou-se: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, Índice de Qualidade de Sono de Pittsburg, e Questionário de Hábitos de Sono. Resultados evidenciam o escore médio de 5,64±2,53, que indica uma qualidade de sono ruim para os estudantes, já que tal média encontra-se acima de 5,0. A partir da análise dos hábitos de sono, percebeu-se que 51,7% deles não têm barulho no quarto, 76,8% afirmam não haver nada no quarto que incomode e 100% mantém no quarto aparelho de televisão, som, computador e material de leitura. Na amostra, mais de 80% bebem refrigerante e ingerem chocolate freqüentemente. Quanto ao sono, 64,2% asseguram que, às vezes, tem dificuldade iniciar o sono, e 80% dizem que, às vezes, apresentam sonolência diurna. Assim, infere-se que a falta de um horário regular de dormir e acordar, que se soma aos hábitos de sono ruins, associa-se à qualidade de sono ruim e conseqüente irregularidade do padrão do ciclo sono-vigília presente nesses estudantes. Com isso, faz-se necessário promover melhoras em alguns hábitos de sono, a fim de evitar os malefícios para a saúde já relatados.

P-18: FEIRA LIVRE DE CAICÓ/RN: MUDANÇAS E PERSISTÊNCIAS

Expositor e Autor:

Marcos Antônio Alves de Araújo

Titulação: Graduando em Geografia na UFRN/CERES/CAMPUS DE CAICÓ. E-mail: marcoserido@yahoo.com.br

Co-autor (a):

Ione Rodrigues Diniz Morais

Titulação: Professora Doutora do Departamento de História e Geografia, da UFRN/CERES/CAMPUS DE CAICÓ

E-mail: ionerdm@yahoo.com.br

As feiras livres municipais, incrustadas, mormente, nos espaços centrais dos aglomerados urbanos, se constituem como uma prática econômica e cultural, historicamente tecida na maioria das cidades nordestinas, onde compradores e vendedores, oriundos de áreas distantes e da própria localidade, se reúnem semanalmente, para estabelecerem as atividades de compra, venda e permuta dos diversos produtos. Nesse sentido, ancorado nas discussões, problematizações e inspirações teóricas de Paul Claval, Milton Santos e Eduardo Pazera, objetivamos perscrutar e analisar as transformações na dinâmica sócio-espacial da Feira Livre da Cidade de Caicó/RN, entendendo sua historicidade e sua hodierna organização espacial, bem como, as práticas sócio-culturais que ora, ressignificam-se, ora resistem aos processos ditos “modernos”. Para desenvolvermos esse estudo, realizamos entrevistas com vários agentes sociais, sobretudo, caicoenses que vivenciaram, conviveram, freqüentaram e freqüentam as feiras livres de Caicó. Devido à pesquisa está em fase embrionária, os resultados e considerações são apenas parciais, flexíveis a alterações. Assim, por meio de algumas observações feitas in loco, podemos constatar que a Feira Livre de Caicó, realizada durante os sábados, está organizada e enxertada, atualmente, em dois espaços distintos da área central do tecido urbano. Ademais, evidenciamos que a Feira Livre dessa urbe, mesmo mudando de espaço, ainda se constitui como o lugar do encontro, dos costumes, das tradições, das conversas, das sociabilidades e das múltiplas territorialidades contracenadas pelos atores sociais de Caicó e de outras cidades circunvizinhas.

P-19: FLOGS: CULTURA E ESPAÇO NA INTERNET

Autor/Expositor:

Bruno de Oliveira Lima

Aluno do Departamento de Antropologia

Os flogs viraram mania no mundo da Internet. Os brasileiros foram os que mais adentraram nesse novo tipo de site e hoje já contabilizam cerca de 50% de toda a população "flogueira" do mundo. É comum as muitas tribos virtuais postarem nos fotologs, são várias imagens que retratam as suas identidades culturais particulares. O painel que pretendo apresentar é uma tentativa de mostrar as fotos postadas pelos jovens nos flogs, para que se possa fazer uma analise apurada deste "fato social", já que, os flogs são maneiras de fazer, agir e pensar de uma coletividade, apresentam uma complexa rede de relações sociais e são sobre tudo espaços de sociabilidade no campo do privado de do público, construídos pelos homens da chamada pós-modernidade. Nesse contexto, abordarei as questões referentes ao Ciberespaço e a Cibercultura através do painel.

P-20: GRUPO DE ESTUDOS BOA-VENTURA

Autores/Expositores:

Alcides Leão Santos Júnior

Lenina Lopes Soares Silva

Alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFRN alcidesleao@hotmail.com

 

O Grupo de Estudos Boa-Ventura, coordenado pelos Professores: Dr. José Willington Germano e Dra. Vânia de Vasconcelos Gico, é vinculado à Base de Pesquisa: Cultura, Política e Educação, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, surgiu da convergência e do desejo dos participantes em aprofundar estudos sobre globalização, multiculturalismo, educação, política memória, imagem e sociedade. Como a obra de Boaventura de Sousa Santos engloba todos esses conceitos, decidiu-se por estudá-la de forma sistemática, empreendendo-se esforços para manter um dialogo aberto e flexível com suas idéias. Objetiva-se discutir essas idéias visando compreender seu itinerário teórico-metodológico, mediante a interpretação do seu pensamento, para assim, promover reflexões acerca dos conceitos que venham a ser apropriados pelo Grupo. A metodologia adotada possibilita a troca de saberes subjacentes às idéias em estudo. O Grupo reúne-se mensalmente, para discussão das leituras e planejamento de atividades com a perspectiva de atingir as metas, entre elas: publicação da produção do Grupo e a promoção de seminários e mesas redondas sobre as temáticas estudadas.

P-21: Horários Acadêmicos de Estudantes do Ciclo Básico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Fortes Sincronizadores Ambientais?

Expositores:

Caroline Araújo Lemos

Camomila Lira Ferreira

Departamento de Psicologia / CCHLA / UFRN.

E-mail: camomilapsi@hotmail.com

Autores:

Ádala Nayana de Sousa (Graduanda), Liliane Pereira Braga (Graduanda), Caroline Araújo Lemos (Graduanda), Camomila Lira Ferreira (Graduanda), Katie Moraes de Almondes (Pós-Graduanda), Neuciane Gomes da Silva (Professora), Eulália Maria Chaves Maia (Professora).

O ciclo sono-vigília é sincronizado por fatores internos e externos. Os sincronizadores ambientais desempenham um papel crucial nesse ciclo no homem, na medida que os horários e demandas sociais, determinam os horários de sono, interferindo nesse padrão. Tais interferências podem acarretar prejuízos à saúde, como a privação de sono, que ocasionando diversos efeitos maléficos, como irritabilidade, diminuição da vigilância, atenção e concentração. Assim, objetivou-se avaliar o ciclo sono-vigília de estudantes do 1º ano das áreas Biomédica, Humanística e Tecnológica da UFRN. O trabalho foi realizado com 106 estudantes voluntários, utilizando-se de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, Ficha de Identificação, Diário de Sono, Questionários de Hábitos de Sono, de Identificação de Cronotipo e de Qualidade de Sono. Os 28 estudantes de Biomédica possuem médias de início de sono de 23:30±00:50 e duração de 07:24±01:04. Essas médias passam a ser 23:43±01:04 e 07:35±01:14, respectivamente, nos 44 estudantes de Humanística. Já os 34 estudantes de Tecnológica possuem médias de início de sono de 23:35±01:01 e duração de 07:19±00:43. Observou-se que esses estudantes apresentaram índices de qualidade de sono de 5.4, 6.3 e 5,0, respectivamente, ou seja, índices considerados ruins, já que estão maiores ou igual ao 5,0. Isso pode estar relacionado ao padrão irregular de sono presente em todas as áreas. Observou-se que a amostra de todas as áreas apresentou qualidade de sono ruim, o que pode estar relacionado a um padrão irregular de sono. Dessa forma, infere-se que os horários e as demandas acadêmicas funcionam como fortes sincronizadores durante a semana, pois os menores desvios padrões apontam uma maior homogeneidade nos horários, algo que não acontece durante o fim de semana, no qual os horários associam-se ao lazer. Cabe, portanto, uma maior atenção sobre os fatores que influenciam o sono irregular e a qualidade de sono ruim apresentados pelos estudantes.

P-22: MODA E CORPO

Autora/Expositora:

GeísaPereira Alves (mestranda)

Instituição: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/DAN/CCHLA/UFRN

Associadogeralmente ao conceito de vestir, o de moda vem do latim “modus” que significa modo, maneira. Surgiu na europa ocidental quando as roupas em função do contexto histórico sugeriam a diferença dos sexos. A moda como conceito começou a partir do nascimento e do desenvolvimento do mundo ocidental. Só a partir do final da idade média e do início do renascimento foi possível fazer um reconhecimento apurado da ordem própria da moda como sistema, com suas transformações incessantes, suas diferenças e suas extravagâncias. Neste aspecto sob uma análise ampla, podemos afirmar que a imposição coletiva da moda permite uma certa relação de autonomia individual se tratando da aparência, dessa forma engendra-se uma certa relação inédita entre a célula individual e regra social, que se interligam e promovem o próprio dinamismo da moda. O movimento hedonista iniciando na américa do norte e na europa e 1960 e 1970 com a liberação sexual, a liberdade individual é largamente divulgada e hoje podemos notar uma nova produção corporal e novas formas de construção corporal presentes nas práticas e representações das camadas médias urbanas, que vêm tomando status de moda. Procurando refletir sobre este tema, priorizamos neste momento o estudo do auto controle da aparência física, cabendo ainda investigar os processos que levam os indivíduos a incorporarem as normas desta nova estética. Teremos como suporte teórico para este estudo as reflexões de Marcel Mauss (1950) sobre as técnicas do corpo, neste contexto ele afirma: “ (...) esses hábitos ou técnicas do corpo não variam apenas de acordo com cada indivíduo e suas imitações, mas também de acordo com as sociedades, as educações, as convenções, as modas e os prestígios” (p. 67). Analisando este tema figura também o trabalho organizado pela antropóloga Mirian Goldenberg (2002) ao analisar o corpo e moda no Rio de Janeiro.

P-23: Nas cercanias do Mundo Novo: apontamentos acerca da prática sócio-espacial promovida pelos agricultores.

Autoras:

Jossylúcio Jardell de Araújo (expositora)

Discente do Curso de Geografia, da UFRN, CERES

jossylucio@yahoo.com.br

Evaneide Maria de Melo

Ione Rodrigues Diniz Morais

Discentes do Curso de Geografia, da UFRN, CERES

Neste projeto pretende-se compreender a dinâmica sócio-espacial promovidas pelos agricultores assentados na Fazenda Mundo Novo, que é gerenciado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN. Para palmilhar tal perspectiva de leitura, foi indispensável à aplicação de questionários pré-elaborados direcionados aos agricultores e a empresa responsável – EMPARN. De igual importância foi o nosso suporte teórico-metodológico, centrado nas leituras de Stuart Hall, Roberto Lobato Corrêa, Rogério Haensbaert e Olavo de Medeiros Filho. Com a ida ao campo, um mundo se descortina, seja ele representado nas vivências, no ato de plantar, colher ou mesmo nas relações estabelecidas com a terra, que passam por (re) elaborações que ganham contornos particulares, expressos pelo movimento migratório , ou na relação com a estrutura física montada – sem o uso de cercas. Acreditamos que nosso trabalho não encerra a discussão, mas que ela abre horizontes para novos olhares e reflexões.

P-24: O “ideal de amor romântico” e suas demandas: possibilidade de sofrimento?

Autora/Expositora:

Vergas Vitória Andrade da Silva (expositora)

Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFRN

Orientadora: Norma Missae Takeuti

A idéia romântica de amar tem sido parte essencial da cultura ocidental. A experiência amorosa apresenta valor central na vida dos indivíduos. Tornou-se o centro de muitas expectativas, isso porque, dentre outras coisas, o amor é apresentado como umas das poucas coisas que podem nos fazer feliz. Ele foi colocado numa aura perfeita e eterna. Contudo, o amor romântico exige uma série de cumprimentos de papéis e demandas que seriam difíceis de serem efetivados em sua prática pelos amantes. A busca de realização deste ideal afetivo-sexual pressupõe regras de condutas contraditórias e difíceis de seguir. Nessa dinâmica, a perspectiva da não-realização do “sonho romântico” acarretaria a alguns sofrimentos. Neste sentido, o presente trabalho visa focar as principais representações e expressões do sofrimento amoroso que decorriam das contradições geradas pelas demandas exigidas pelo ideal de amor romântico, através da trajetória de vida amorosa de homens e mulheres que vivenciam relacionamentos íntimos amorosos.

P-25: "O ATENDIMENTO AOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE CAICÓ: ASPECTOS DE UMA REALIDADE".

Autora/expositora:

Hennybeth Soares da Silva

Graduanda em pedagogia.UFRN/ CERES/ DESE - RN

e mail: hennybeth@yahoo.com.br

Nazineide Brito

Co-autora Professora Ms.UFRN/ CERES/ DESE -RN

e-mail: nazi@seol.com.br

O conceito sobre a educação oferecida aos alunos com necessidades especiais modificou-se ao longo do tempo. A educação que antes acontecia em instituições segregadas passou com o tempo a ser oferecida em instituições do sistema regular, estando esta concepção inserida na nova LDB (9.394/96). Porém, apesar dos avanços, a realidade ainda é distante de um atendimento de qualidade. Problemas como a falta de estrutura física adequada e a ausência de formação específica dos professores em relação à educação especial, são ainda gritantes em nosso país. Este trabalho visa apresentar a realidade dos aspectos físicos e pedagógicos oferecidos pelas escolas da educação infantil da rede privada aos alunos especiais. Para a efetivação desse trabalho, foram realizados estudos bibliográficos, e em seguida, deu-se início as entrevistas com os professores e gestores das escolas. Para a coleta de dados foram utilizados questionários, entrevistas e observações, depois, sendo todos analisados. A partir da análise, afirmamos que estão matriculadas na educação infantil, cerca de 1.391 crianças, sendo 26 especiais. Na maior parte das escolas a estrutura física é precária, precisando de reformas, já o acompanhamento pedagógico específico é oferecido na maior parte fora da instituição, através da APAE. Percebemos, portanto, que essas escolas, mesmo com alguns aspectos melhores do que as escolas públicas, não deixam de apresentar necessidades de modificações tanto na parte física como na pedagógica; a falta de orientação, capacitação e formação específicas dos demais profissionais da área, continuam sendo falhas que precisam ser melhoradas. Já o aspecto físico, carece de modificações na construção de rampas arquitetônicas, banheiros, carteiras e materiais específicos que garantam a permanência desses alunos nessas instituições. Neste sentido a inclusão de crianças de 0 a 6 anos de idade nessas escolas, ainda caminha a passos lentos, precisando de melhorias para a sua efetivação.

P-26: “O Médico Diante do Paciente Suicida”

Expositores:

Beatriz Furtado Lima

E-mail: beatrizflima@terra.com.br

Juliana Gouveia Costa

Estudante de Psicologia/UFRN

E-mail: E-mail: juligouveia@gmail.com

Autores:

Beatriz Furtado Lima, David Emmanuel M. Ferreira, Juliana Gouveia, Luciana Fernandes Matias, Maíra Trajano Costa, Mariliz Viegas Nôga, Renata Oliveira, Vera Saraiva

Orientador: Elza Dutra

O suicídio é um assunto complexo, multifatorial, carregado de preconceitos e causador de grande impacto psico-social. Lidar com o suicídio pode gerar sentimentos de frustração e impotência nos médicos, pois podem se sentir fracassados na sua atuação profissional. Este trabalho teve como objetivo investigar como os médicos lidam com pacientes suicidas, tendo em vista que se tratam de profissionais que lutam para salvar vidas. A pesquisa foi realizada em janeiro de 2004 com médicos de três hospitais de Natal, totalizando 54 questionários com 25 questões abertas e fechadas. As perguntas focalizaram aspectos da profissão, sentimentos em relação à morte e aos pacientes suicidas e outras questões sobre suicídio (encaminhamento, causas, sinais, prevenção). Na análise dos dados, criamos categorias para representar e correlacionar as respostas das questões abertas. Percebemos que a maioria dos médicos se sente reflexiva diante de pacientes suicidas. Encontramos uma contradição e certa resistência ao dizerem que lidar com a morte influencia de alguma forma sua vida, levando-os a valorizá-la mais, e ao relataram que lidar com pacientes que tentaram se matar não causa nenhuma influência em suas vidas. Questionados sobre o que acham que leva alguém a cometer suicídio, responderam que as principais causas são distúrbios psiquiátricos, problemas familiares, problemas amorosos ou dificuldades interpessoais. Citaram comportamentos agressivos, depressão e tristeza como os mais freqüentes sinais que poderiam indicar um possível ato suicida. Os médicos supõem ser possível a prevenção do suicídio, mostrando-se condizentes com a concepção de suicídio como uma doença, o que os levam a encaminhar tais pacientes a psiquiatras. Concluímos que a morte e o suicídio são temas difíceis e delicados, em especial para os médicos, os quais lutam pela vida constantemente, sendo assim seria interessante para eles um suporte psicológico para melhor lidarem com essas questões e com seu trabalho.

P-27: OS LAÇOS QUE ENTRELAÇAM A MEMÓRIA E A EDUCAÇÃO

Autoras/Expositoras:

Alenuska Karine de Medeiros Ferreira

Discente do Curso de Pedagogia, da UFRN, CERES

Rousejacley Pereira de Araújo Silva

Discente do Curso de História, da UFRN, CERES

rousejacley@yahoo.com.br

O projeto de pesquisa "A História da Educação pela via da Memória e da Literatura", vem desenvolvendo no decorrer de seus estudos um trabalho de organização e sistematização das fontes para o estudo da História da Educação. Objetiva também possibilitar a realização de palestras e reflexões, de modo à aproximar a pesquisa aos alunos e pesquisadores de outros cursos/áreas. Para realizá-la utilizamo-nos da metodologia da história oral como recurso para o recolhimento de narrativas através de gravação de entrevistas, como registros de informações de populares. Também nos valemos de obras literárias e versos de cordel como fontes de estudo. Operacionalmente, demos início à criação de um banco de dados, que foi precedido de uma campanha de arrecadação de livros e cartilhas antigas que foram catalogados e arquivados. Podemos concluir que os dados coletados são de grande relevância para a formação do corpo da pesquisa, o que confirma o constructo de um conhecimento sustentado em variadas fontes que se entrecruzam nas fronteiras entre história, memória e literatura. Dispomos de um acervo considerável de entrevistas com professores e pessoas da comunidade que, na ocasião, narraram sobre seu tempo de escola realçando detalhes da cultura, usos, costumes e hábitos que compunham a rotina de práticas desenvolvidas no cotidiano escolar.

P-28: POLIFONIAS DO EDUCAR: VOZES QUE RESSOAM DO SILÊNCIO

Marinalva Pereira de Araújo

Graduanda do Curso de Pedagogia da UFRN/CERES/DESE/CAICÓ-RN

Marrypy2000@yahoo.com.br

Antônio Lisboa L. de Souza

Prof. Dr. da UFRN/CERES/DESE/CAICÓ-RN (Orientador)

Quando os sonhos parecem perdidos, a maré traz perspectivas de articulação nos fazeres que valorizam a aprendizagem escolar, sob conversas que dão lugar às vozes caladas num silêncio de uniformidades. Os diálogos dos educadores vêm constituir o curso de pedagogia realizado através do Programa de formação em nível superior dos professores da Educação Básica (PROBÁSICA). No compromisso de desvendarmos os efeitos desta formação, detemo-nos na turma de 1998, perscrutamos os discursos colhidos em questionários, sentamos em conversas informais e finalmente analisamos as opiniões, ancorados nos teóricos: Edgar Morin, Paulo Freire e Perrenoud. Relações travadas inferem a polifonia dialógica que faz bater e culminar em conflitos, por excelência condutores da construção mediante interesses coletivos dos profissionais. O diálogo como instante de reflexão sobre competências, ocasião onde se traçam marcas que aventam mudança nos modos de fazer, na relação com todos os membros da comunidade escolar. Emergem dos escombros ânsias de maior participação e de continuidade da formação. A formação em pedagogia-PROBÁSICA transcende ao mero diploma e constrói ímpetos de reflexão do educador sobre suas ações, deixando florescer um mar de possibilidades na produção do conhecimento pedagógico, onde o ensino passa a ser cerne de inquietações, onde o professor abre-se à invenção e à construção nos diálogos, rumores de inovação nas ações educativas.

P-29: POLÍTICAS PÚBLICAS, ESPAÇO E EMPREGO EM ÁREAS PERIFÉRICAS: O “Programa de Desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Norte” em questão

Autor/Expositor:

Jean Henrique Costa

E-mail:jeanhenriquecosta@bol.com.br

Aluno do departamento de Ciências Sociais/UFRN

O turismo enquanto atividade sócio-espacial compreende em sua dinâmica direta e indireta o fato de necessitar de intensa mão-de-obra para as diferentes ocupações existentes em sua cadeia produtiva. Isto posto, tem-se que o entusiasmo acrítico com que o turismo é tratado se tornou nestes últimos anos impressionante. Com a famosa metáfora “indústria sem chaminés” a atividade tem se propagado como nunca, isto com a ajuda de mecanismos governamentais, empresariais e os incessantes esforços da mídia na divulgação turística. Em decorrência disso, cresce também o número de políticas públicas e empreendimentos voltados à atividade. Encontra-se atualmente um discurso apologético acerca do turismo enquanto gerador de empregos e desenvolvimento local. Em razão disso, estas políticas públicas são justificadas pela importância que a atividade possui pelos seus pontos positivos. No entanto, não se questiona a qualidade dos empregos gerados pela atividade turística, que se caracterizam por serem mais precários do que os demais empregos existentes no setor de serviços, devido fundamentalmente ao seu caráter sazonal. No RN, em particular o recorte espacial dado pelos municípios do PRODETUR/RN I, observa-se uma assimetria quanto as interações espaciais entre as cidades que compõem tal programa. Em Natal, município que caracteriza tal assimetria, observa-se a maior parte dos empregos formais, investimentos privados e públicos. Natal neste contexto “discrepante” funciona como o produto principal e espacialmente como o centro das questões sobre turismo no Estado. Dado este fato, os cinco demais municípios que compõem o programa se constituem enquanto sub-produtos da cidade capital, onde a precarização das relações de trabalho se acentua ainda mais nestes municípios “secundários”. Decorrente deste fato, tenta-se saber, em que medida políticas públicas de turismo (PRODETUR/RN I) têm sido eficazes para a geração de empregos nos municípios constituintes do programa, quais as características destes empregos e como os mesmos se distribuem espacialmente nestes municípios?

P-30: Recursos estratégicos da linguagem em propagandas de cerveja

Autora/Expositora:

Elis Betânia Guedes da Costa

Kaline Juliana de Souza Feitosa

UFRN-CERES

O presente trabalho é o resultado de um projeto de pesquisa interdisciplinar, realizado no campus de Currais Novos, envolvendo alunos de Letras e Administração. Para realização de tal estudo seguimos uma abordagem qualitativa, objetivando descrever e analisar a linguagem e os mecanismos lingüísticos utilizados como forma de persuasão em propagandas de cerveja entre os anos de 1994 e 2004. Dessa forma, partimos da hipótese que a linguagem utilizada em tais textos recorreria a determinados mecanismo como: figuras de linguagem, ambigüidade e repetição, entre outros objetivando a indução sobre o consumidor. O “corpus” constitur-se-a de vinte propagandas coletadas aleatoriamente em revistas informativas. Foi constatados que nos textos em questão a formação discursiva é por excelência persuasiva, já que se fixa num jogo parafrástico , onde o conjunto de efeitos retóricos envolve o interlocutor, criando efeitos que sejam capazes de atrair sua atenção.

P-31: RIACHO DOS NEGROS: AS BATALHAS COTIDIANAS EM TRAMAS HISTÓRICAS E TEIAS DE MEMÓRIA

Autora/Expositora:

Joelma Tito da Silva

Bolsista Propesq

Orientador: Prof. Joel Carlos de Souza Andrade

Este trabalho de pesquisa problematiza o cotidiano da comunidade dos Negros do Riacho, grupo remanescente da experiência negra escrava formado há mais de um século na zona rural da cidade de Currais Novos/RN. No trabalho efetivo com as fontes, colhidas durante a pesquisa de campo participante, bem como na análise das inspirações teóricas traçamos o perfil da comunidade a partir das suas artes de fazer diárias que incidem sobre formas astuciosas e táticas de sobrevivência. Mergulhados em espaços de marginalidade e de escassez material, os negros do Riacho constituem homens comuns, ordinários, estigmatizados, transformados em museu da escravidão e da miséria, são sujeitos que criam formas de prosseguir, de caminhar, de morar, de casar, de crer, de festejar etc. Teórico/metodologicamente esta pesquisa inspira-se nas discussões acerca do cotidiano problematizadas por Michel de Certeau. A partir de Clifford Geertz desenvolvemos uma descrição densa do grupo, percebendo aquele espaço enquanto lugar investido de historicidade, de símbolos, de subjetividades. Problematiza-se assim a cultura enquanto texto marcado por articulações humanas, o Riacho enquanto um espaço inscrito por gestos, fazeres e dizeres cotidianos, historicamente tramados, mnemonicamente tecidos.

P-32: Ritmos, tons, gostos e sons do Patrimônio Imaterial em Carnaúba dos Dantas

Autor/Expositor:

Helder Alexandre Medeiros de Macedo

E-mail: heldermacedo@katatudo.com.br

Programa de Pós-Graduação em História - CCHLA - UFRN

Grupo de Estudos em Patrimônio e Arqueologia do Seridó - GEPS

Apresenta os resultados parciais do Projeto Carnaúba dos Dantas: Inventário do Patrimônio Imaterial de uma Cidade do Sertão do Rio Grande do Norte - PRONAC 043906, vinculado ao Ministério da Cultura e financiado pela PETROBRAS. Esse projeto objetiva desenvolver um levantamento acerca do patrimônio imaterial do município de Carnaúba dos Dantas, localizado na microrregião do Seridó, Sertão do Rio Grande do Norte, que resultará na montagem e publicação de um inventário, além de sua divulgação nos estabelecimentos de ensino estaduais e municipais de educação. Decorrentes desta finalidade principal realizamos pesquisa sobre o folclore (rituais e festas, religiosidade e saber popular), manifestações culturais (literatura, música, artes plásticas, artes cênicas), práticas culturais coletivas e seus espaços (mercados, feiras, santuários e praças); o preenchimento de fichas de registro baseadas na metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) do IPHAN e composição do respectivo inventário com as principais manifestações da cultura imaterial local; e brevemente realizaremos a publicação dos resultados da pesquisa e sua difusão nas instituições de ensino locais através de workshops destinados aos docentes e mini-cursos e oficinas destinados aos discentes. As ações que propomos encontram validade na medida em que contribuirão para o conhecimento, a preservação e a difusão dos saberes e dos fazeres de Carnaúba dos Dantas, que se constituem enquanto patrimônio imaterial do Rio Grande do Norte e, porque não dizer, do país. Trata-se de discussão recente na legislação brasileira (o Decreto 3551 que institucionaliza o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial data de 2001), porém, que evidencia o quanto é perigoso esquecermos de, pelo menos, registrar e difundir uma forma de patrimônio cultural que está viva no imaginário e na própria dinâmica da sociedade brasileira, a da imaterialidade, composta dos saberes e dos fazeres, das formas de expressão, dos lugares de sociabilidade e das festas e celebrações.

P-33: UM SITE PARA A PLANETARIZAÇÃO

Autor/Expositor:

Néri Andréia Olabarriaga Carvalho

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

E_mail: nériolabarriaga@yahoo.com.br

Orientadora: Maria das Graças Pinto Colelho

A idéia do trabalho surgiu a partir do Documento Jacques Dellors, que evidencia a utilização de metodologias inovadoras no sistema acadêmico em face influência das Novas Tecnologias na Educação. É um instrumento digital com arquitetura em rede, que visa não só as possibilidades técnicas de fusão entre capacidade de armazenagem de informação com modos de acesso e escala de abrangência, mas sim, a necessidade que vem sendo sentida da utilização do mesmo, não em seu simples contexto de utilização pedagógica ou de legitimação do consumo, mas pelas possibilidades de reflexão que fornecem quando bem empregadas, sobre as informações disponibilizadas em um ambiente cultural e educativo suscetível de diversificar as fontes de conhecimento e do saber (Delors, 2003) e contribuir no processo educativo numa perspectiva inclusiva à formação do indivíduo. Esta ferramenta consiste no desenvolvimento e implantação de uma ferramenta digital (site) sobre conteúdos de caráter Ambiental, que será elaborado e alimentado a partir das produções acadêmico-científicas disponíveis, onde projetos, pesquisas, experiências desenvolvidas e em andamento, bem como outras informações pertinentes ao tema serão evidenciadas. Como aporte teórico-metodológico, utilizamos a revisão bibliográfica, análise de conteúdo documental, pesquisa de campo e entrevistas semi-estruturadas. O objetivo é de possibilitar a democratização de informações de qualidade, como um serviço institucional de fonte para a comunidade Universitária, que tenha por propósito desenvolver pesquisas; assim como apoiar o pesquisador e fomentar as atividades relacionadas ao compartilhamento da informação científica através da Internet. Com este instrumento, buscamos também cooperar no exercício e formação da cidadania e na preservação do Meio Ambiente, não só do Estado, mas propor troca de idéias e experiências de trabalhos e atitudes no âmbito Internacional, desempenhando um papel articulador em relação aos demais programas, Órgãos, Entidades e segmentos que atuam nesta área.

P-34: Visões imaginárias de Caicó/RN: aproximações entre lembranças e esquecimentos.

Autoras/Expositoras

Evaneide Maria de Mélo (Graduanda em Geografia, no Centro de Ensino Superior do Seridó, Campus de Caicó/RN, bolsista de Iniciação Científica PPPg/, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte )- evamelo81@yahoo.com.br

Doutora Eugênia Maria Dantas (Professora do Departamento do História e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, do Centro de Ensino Superior do Seridó, Campus de Caicó/RN)

A Geografia Cultural trata a paisagem como um “texto”, onde se pode efetuar múltiplas leituras dos processos naturais, sociais e culturais. Nesta perspectiva, objetivamos ler as paisagens urbanas da cidade de Caicó/RN, durante o período que se estabelece de 20 a 50, do século XX, tendo como suporte de leitura as fotografias em preto e branco, de José Ezelino da Costa e nos jornais que circularam na cidade na mesma temporalidade. A compreensão da paisagem requer a aproximação das fontes, das imagens, das visões de mundo, dos discursos, que compõem uma infinidade de cartografias da ação humana em um dado espaço-temporal. Neste sentido, nos lançamos a busca de pistas nos primeiros jornais que circularam na cidade de Caicó/RN, às fontes jornalísticas, ao acervo fotográfico de José Ezelino da Costa e a leitura de autores como Michel Foucault, Boris Kossoy e Edgar Morin. A partir dos primeiros contatos com as fontes iconográficas promovidas pelo projeto de pesquisa “Fotografia e Complexidade: itinerários norte-rio-grandenses”, aparece às informações iniciais referentes à paisagem citadina, sendo possível compreendermos que a cidade de Caicó/RN, no período que se estende de 1920 a 1950, possuía uma fisionomia que beirava o silêncio, a calmaria e o recato no espaço urbano. Consideramos também a Avenida Seridó era o palco de moradia da “melhores” famílias da cidade, bem como, o lugar da troca comercial. Confiamos que a leitura da paisagem é possível pela aproximação, pela ligação, pela trama, pela ampliação, pela redução, pelo diálogo entre as fontes documentais, numa escala que se projeta de maneira interconectada se estabelecendo dentro e para além do foco visual.

P-35: A Importância da Atuação do serviço Social junto aos Grupos de Apoio do CECAN - Centro Avançado de Oncologia.

Autoras:

Anna Paula Alcântara da Silva

Vivianne Wênia Ferreira Damasceno

vivianwfd@hotmail.com

FACEX – Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão do RN

Serviço Social

Este Trabalho demonstra uma ampla reflexão e conhecimento do atendimento oncológico da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer, com ênfase na Unidade II, O Centro Avançado de Oncologia (CECAN). Neste discurso mostram-se os Grupos de Apoio que existem na referesrida instituição, como também a importância dos mesmos para os pacientes, sendo estes Grupos um complemento para o tratamento, uma forma de se obter maiores conhecimentos sobre a enfermidade, formas de enfrentamento, direitos que lhe são assistidos, entre outros. A coleta de dados foi realizada na referida instituição, a partir de três encontros com entrevistas semi-estruturadas aos próprios pacientes que se encontravam na sala de espera da Radioterapia. A partir dos resultados, obtemos que 50% dos pacientes que fazem tratamento no CECAN não têm conhecimento algum sobre os Grupos de Apoio e de Acolhimento que compõe essa unidade, 20% disseram que já ouviram falar, mas não freqüentavam por falta de interesse, 25% julgavam importante e tinham comparecido a pelo menos 1 (uma) reunião e 5% não freqüentavam por dificuldade de deslocamento. Destaca-se ainda a atuação do profissional de Serviço Social nesta área, sendo este capacitado a trabalhar nas relações humanas, contribuindo com a inserção social do paciente com câncer, garantindo sua cidadania através de informações sobre os direitos cabíveis a essas pessoas.

P-36: A Complexidade humana nos espaços das bandas de música do Seridó norteriograndense

Ronaldo Ferreira de Lima

Professor da Escola de Música (UFRN)

Mestrando do Programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Pesquisador do Grupo de estudos da Complexidade-GRECOM/UFRN.

ronaldo@musica.ufrn.br

O painel é fruto de pesquisa de mestrado ainda em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, sob a orientação da Profa. Dra. Maria da Conceição de Almeida. Apresenta em imagens e títulos a inserção de crianças e jovens em duas bandas de música localizadas no Seridó norteriograndense: a banda Hermann Gmainer do Projeto Aldeias SOS de Caicó e a Filarmônica 24 de outubro de Cruzeta. A história da formação do músico instrumentista do sertão norteriograndense está relacionada com a própria história das bandas de música. Elas têm se constituído ao longo dos tempos em espaço de preservação cultural e de integração do indivíduo ao seu espaço social, de modo que, esse espaço, está construído com base na sensibilidade potencial, emergida e compartilhada no campo de uma experimentação coletiva. A idéia central e conceitual que une o trabalho dessas duas comunidades é a aposta na formação do indivíduo não apenas como músico-instrumentista, mas como homem complexo, polifônico, engajado em sociedade.

P-37: ARTE DO ARTESANATO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES E FAZERES DO EDUCADOR E EDUCANDO.

Autores:

Eline Lúcio da Silva

Tadeuza T. B. Saraiva

Programa geração cidadã – reduzindo o analfabetismo

Programa Brasil alfabetizado

O presente trabalho objetivou possibilitar a construção do conhecimento a partir do processo de produção artesanal a fim de socializar e contribuir para o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos alfabetizadores e alfabetizandos. Através de ateliês procuramos viabilizar a interação com materiais e procedimentos específicos em artes plásticas. A formação da autoconfiança, o reconhecimento, reelaboração e transformação no sentido de ampliar as competências do alfabetizador e alfabetizando. Metodologia: Exposição oral, acerca da relevância do artesanato na educação de jovens e adultos; observação e análise das formas do materiais; utilização dos elementos da linguagem artística, tais como: linha, forma, volume, cor e tamanho, entre outros elementos; pesquisa e utilização de materiais a partir de releituras e aplicabilidade das técnicas orientadas pelos ministrandos; socialização; interação. Perante as diversa situações de aprendizagem abordando a arte na educação, ressaltamos que o resultado do trabalho possibilitou a construção dos saberes em que os partícipes puderam resignificar algumas concepções limitadas acerca da arte bem como a superação de inibições, o reconhecimento de sua potencialidade e aplicando suas competências mediante as interações, tornando-se, assim, sujeitos conscientes e protagonistas de sua cultura.

P-38: Manifestações discursivas da estrutura argumental

Autoras/Expositoras:

Luciana Araújo de Medeiros

Bolsista de Iniciação Científica – CNPq/PIBIC

Departamento de Letras/CCHLA/UFRN

Nedja Lima de Lucena

Bolsista de Iniciação Científica – CNPq/PIBIC

Orientadora: Profa Dra Maria Angélica Furtado da Cunha

Este trabalho, orientado pelo quadro teórico da Lingüística Funcional, visa estabelecer relações entre a transitividade verbal descrita pela gramática tradicional e a proposta desenvolvida por funcionalistas. Para isto, foram analisados dados do Português do Brasil registrados no Corpus Discurso & Gramática: A língua falada e escrita na cidade do Natal (Furtado da Cunha, 1998), produzidos por estudantes da 8a série do ensino fundamental II e por estudantes do 3º grau. Foram coletadas 6595 orações, entre dados de fala e de escrita, em diversos tipos textuais, tais como: narrativa de experiência pessoal, narrativa recontada, descrição de local, relato de procedimento e relato de opinião. Através da codificação de 12 tipos de estrutura argumental, observamos que a classificação de um verbo muda de acordo com a oração em que ele se encontra. Para a gramática tradicional, a transitividade é uma propriedade inerente ao verbo, isto é, aquele que é classificado como transitivo direto não assumirá o papel de transitivo indireto ou intransitivo, e vice–versa. Todavia, os dados reais mostram que a distinção entre os tipos verbais classificados não é categórica. A codificação preliminar dos dados mostrou que há uma maior ocorrência de verbos transitivos diretos (principalmente com objeto direto explícito), tanto na expressão oral como na escrita dos informantes. Os verbos que apresentam menor ocorrência são os verbos transitivos indiretos (especialmente os que não apresentam objeto explícito). Outra observação importante é que os verbos de movimento com objeto direto se apresentam em número maior do que os que apresentam sintagma preposicionado, contrariamente à expectativa inicial.

P-39: Painel R.E.C (Rádio Experimental de Comunicação)

Autora/Expositora:

Cleidiane Vila Nova Santos

Aluna do curso de Rádio e TV da UFRN

E-mail: cleidivilanova@yahoo.com.br

A R.E.C é uma das atividades do Projeto “Toque de Rádio”, vinculado a Base de Pesquisa “Comunicação, Cultura e Mídia” do Curso de Comunicação Social, orientada pelo professor Adriano Lopes Gomes. Esse Projeto de Extensão tem por objetivo fomentar e divulgar o veículo de comunicação Rádio, possibilitando atividades práticas e de pesquisa. A R.E.C, já na sua terceira edição, tem por objetivo também, dinamizar as atividades acadêmicas em cujo contexto os alunos tenham a oportunidade de ampliar a criação de produtos que possam ser veiculados no rádio, tais como jingles, textos, programação jornalística e musical, reportagens, produção de pauta e etc.

P-40: A ARTE RUPESTRE COMO EXPRESSÃO COMUNICATIVA DA CULTURA NA COMUNIDADE DE CARNAÚBA DOS DANTAS/RN

Autora/Expositora:

Gerlúzia de Oliveira Azevedo Alves

Pesquisadora do GRECOM/UFRN; Especialista no Ens. de Arte; Mestranda em Ciências Sociais/UFRN.

As populações humanas que constituíram suas singularidades culturais antes do período da escrita alfabética fizeram das imagens seu código de comunicação predominante. Num artifício de duplicar os utensílios, os animais e o próprio indivíduo, essas populações acabaram por nos legar uma forma de comunicação cujos contextos e detalhes foram e continuam sendo um enigma necessitando de apreensão. Sabemos que os sítios arqueológicos, encontrados no Rio Grande do Norte, trazem sinais cada vez mais remotos, comprovando a passagem do homem pelo território do nosso Estado, a exemplo da região do Seridó, onde encontramos vestígios entre 6 a 12 mil anos. Esses vestígios, narram a evolução de uma cultura. Um campo particularmente promissor para estudarmos as estruturas semiológicas, porque elas refletem evidentemente, o presente dos seus autores e os grafismos de uma expressão voluntária e consciente de comunicação das populações primeiras. Nessa perspectiva, o homem relaciona-se com objetos e fenômenos que fazem parte do seu entorno e, para compreender e apreender o mundo real ou imaginário, utiliza-se de recursos como a linguagem, o gesto e a representação gráfica dessa linguagem e desse gesto. Partindo destes argumentos, buscamos a construção, a partir da leitura das imagens, de campos de compreensão do cotidiano e da história de grupos culturais que nos antecederam. Como num jogo de quebra-cabeça, a diversidade das imagens rupestres compõe um mosaico que perfaz uma totalidade aberta, mas possível de ser retotalizada pelos conjuntos iconográficos. Ao tomar o bricoleur – que constrói o seu projeto a partir de materiais que encontram a sua disposição – como parâmetro, a pesquisa parte das imagens deixadas nas rochas, para articular indícios do que pode ter sido a configuração da cultura e a cosmovisão dos habitantes, temporários, da área conhecida hoje como Complexo xique-xique que se localiza próximo a cidade de Carnaúba dos Dantas/RN. O discernimento de aspectos da arte rupestre, entendendo-a como forma de comunicação que expressa o cotidiano de nossos antepassados, costumes, crenças e valores simbólicos da cultura, é uma forma de elucidar e interpretar, também, nossa própria história.

P-41: A MORTE E O MORRER NO SERIDÓ SÉCULOS XVIII E XIX

Autora/Expositora:

Alcineia Rodrigues dos Santos

neiasantos@bol.com.br

Mestranda em Ciências Sociais – UFRN/CCHLA

Orientador: Prof. Dr. Alípio de Souza Filho

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes/UFRN.

As pesquisas sobre a morte, desde muito tempo, vêm conquistando grande proporção na historiografia européia, especialmente pela França, berço dos estudos sobre as representações humanas em torno do finitude da vida. Com o advento da terceira geração dos Annales, autores como Michel Vovelle, Pierre Chaunu e Philippe Áries tornaram-se propulsores dessa revolução historiográfica, permitindo que temáticas pouco problematizadas adquirisse um espaço significativo, é o caso da morte e das representações em torno do ato de bem morrer, estudos que ganharam maior visibilidade a partir de 1975 com a publicação da obra Essais sur L’historie de la mort en Ocident do historiador Philippe Áries. Em se tratando de Brasil, o contato com o livro A morte é uma festa de João José Reis foi fundamental para discutirmos a questão da preocupação com a boa morte, rituais analisados pelo autor partindo do exemplo da Bahia, com o exemplo da destruição do Cemiterada Campo Santo construído para abrigar os mortos . Seguindo esse exemplo, nossa pesquisa busca compreender as atitudes perante a morte no Seridó dos Séculos XVIII e XIX a partir dos registros de óbitos e testamentos da Freguesia de Sant’Ana, focalizando o lugar da morte neste espaço, bem como, as preocupações e os ajustes de contas deste para com o outro mundo.

P-42: Painel Toque de Rádio

Autora/Expositora:

Rita de Cássia Machado Amaral

Aluna do curso de Rádio e TV da UFRN

E-mail: ritaradialismo@yahoo.com.br

Toque de Rádio é um projeto vinculado à base de pesquisa Comunicação, Cultura e Mídia e se apresenta como uma proposta de atividade acadêmica do curso de Comunicação Social - habilitações em Jornalismo e Radialismo da UFRN - , cuja intenção é de dinamizar uma das áreas reconhecidamente pouco explorada no tocante à pesquisa de natureza experimental: o rádio. Resulta, pois, da necessidade de se promover o Rádio como um veículo relevante ao exercício dos futuros profissionais da área. Este projeto tem por objetivo implantar um grupo de estudos e práticas experimentais em Rádio; criar uma rádio de caráter experimental (R.E.C) em que os participantes do grupo possam exercitar técnicas pertinentes à locução e linguagem do Radialismo e dinamizar as atividades acadêmicas em cujo contexto os alunos tenham a oportunidade de ampliar a criação de produtos que possam ser veiculados no Rádio, tais como Jingles, textos, programação jornalística e musical, reportagens, produção de pautas, etc.

P-43: Ciência-Espiritualidade: conversas com pacientes terminais.

Expositora/Autora:

Maria Tereza Penha de Araújo Silva

Auna do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais

Orientador: Prof. Dr. Orivaldo Pimentel Lopes Júnior

Departamento de Ciências Sociais

E-mail: tecapenha@bol.com.br

Analisa-se de que maneira o diálogo entre a ciência e a espiritualidade pode contribuir no tratamento de pacientes terminais, tendo como sujeitos pacientes em estado terminal, internados, do Hospital Professor Luiz Soares, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, utilizando-se o depoimento como material empírico. Partindo-se de reflexões acerca do discurso desses sujeitos, busca-se compreender, através de seus depoimentos, como o espírito humano age diante da proximidade da morte; ou seja, compreender os seus momentos de conflito. Como fundamentação teórica, para reflexão e discussão dos casos, pretende-se utilizar a teoria da complexidade, além de conceitos sobre espiritualidade, relacionando-os às questões de vida e morte dos pacientes terminais em âmbito hospitalar e a condução da ciência no sentido explicativo dessa problemática. A metodologia adotará a análise qualitativa e a coleta de dados será realizada por meio de entrevistas semi-abertas.

P-44: De Ponta Negra a Black Point

Autoras/Expositoras:

Eduarda Cristina de Lima Andrade (bolsista PIBIC),

Suzana Cardoso Silva (bolsista PPG/UFRN).

Base de pesquisa NAVIS (Núcleo de Antropologia Visual).

Orientação: Profa Lisabete Coradini

Filiação Institucional: Curso de Ciências Sociais – habilitação em antropologia.

A partir da fotografia e relatos de jovens e antigos moradores da Vila de Ponta Negra, objetivamos analisar criticamente as transformações do espaço público, como também as práticas sociais e culturais em constante reconfiguração. Focalizamos a rua principal da Vila, também a rua Erivan França (rua da praia) e a chamada rua do Salsa. Utilizamos a comparação de fotos de épocas diferentes, imagens do passado e do presente para identificar as mudanças no espaço e a afetação do caráter turístico e presença do estrangeiro no bairro. Observamos transformações da paisagem - em urbana - e depois - da paisagem urbana de Ponta Negra - cujas mudanças ocorrem em ritmo cada vez mais veloz. Este trabalho é parte de um projeto maior que privilegia o uso da imagem na pesquisa social, com pretensão de discutir as teorias e metodologias da relação entre imagem, cidade e memória.

P-45: DOMINGO NA PRAÇA: UM CONTEXTO PARA A MANIFESTAÇÃO LÚDICA

Autores/expositores:

Gabriela Dalila Bezerra Raulino

Graduanda de Jornalismo, Departamento de Comunicação Social

e-mail: gabrielaraulino@yahoo.com.br

Vítor Nishimura Guerra

Este trabalho é resultado de uma pesquisa desenvolvida no Projeto Cultural Domingo na Praça, Natal-RN. É um evento que acontece em lugar seguro, aconchegante e arborizado oferecendo, mensalmente, apresentações gratuitas - musicais, teatrais, folclórica, exposições artesanais – para pessoas de todas as idades, classes sociais, culturas e gostos. Nesse contexto, objetivou-se identificar a manifestação do fenômeno lúdico nas diferentes pessoas que vivenciam o projeto. Para isso, se trabalhou elementos como a identificação do perfil dos freqüentadores; os motivos que os levam ao evento; e a caracterização desse projeto cultural, evidenciando as diversas formas de manifestação do lúdico proporcionada por este projeto. A coleta de dados foi feita por meio de observação direta, acesso a registros documentais concedidos pelos organizadores do projeto (panfletos, premiações, publicações na imprensa), aplicação de questionários e entrevistas semi-estruturadas. A partir da análise dos resultados, constata-se que a manifestação do lúdico se deu de formas distintas, tanto nos diferentes freqüentadores – de acordo com idade, sexo e até estado civil –, quanto nos diferentes momentos onde ele pode ser vivenciado - na sensação de acolhimento do ambiente, nas apresentações artístico-culturais, na degustação das comidas e na vivência do interesse social. Mesmo com toda variação, a manifestação da essência lúdica traduziu-se em duas vertentes principais: como sentimento dionisíaco alcançado pela fuga da rotina, ou em uma dimensão mais “complexa”, proporcionando um maior conhecimento do homem a partir da sua interação lúdica com o meio. Sendo assim, após a constatação de tais evidências, aponta-se para a necessidade de criação de espaços com tais características, que proporcionam a emancipação e o autoconhecimento de todos os atores sociais participantes do projeto supracitado.

P-46: PROJETO VIV’ARTE

Expositora/Autora:

Edízia Lessa

Aluno Especial do Departamento de Artes

Departamento de Artes

E-mail: edizia@terra.com.br

O Projeto Viv’Arte realiza um trabalho voltado para a Arte junto a pacientes e acompanhantes da Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer, abrangendo técnicas de expressão corporal e plásticas visando contribuir não somente para o desenvolvimento de habilidades e aptidões, mas principalmente propiciando uma prática inegavelmente terapeutizante. Reconhecendo que a utilização de atividades artísticas beneficia o estado físico e emocional do paciente oncológico que sob tensão e estresses causados pela problemática do câncer necessitam renovar aspectos da sua vida, reorganizando-se internamente para lidar construtivamente com as dificuldades advindas da doença e seu tratamento, o projeto visa possibilitar ao paciente onco-hematológico e seu familiar: o minimizar do estresse, auxiliando-os no processo de integração de si mesmo e no equilíbrio emocional, proporcionando uma prática terapeutizante; auxiliar no desenvolvimento do potencial criativo e pessoal; e o contato com ansiedades, medos e conflitos internos. Através de oficinas, o Viv’Arte caminha por duas vertentes: Jogos Teatrais e Ateliê de Artes. Na Oficina de Jogos Teatrais focamos o momento da entrega ao jogo e não a encenação propriamente dita, buscando desenvolver a auto-expressão, a espontaneidade e a integração. Já o Ateliê de Artes, através de técnicas de pintura, desenho, modelagem, e afins, buscamos o contato, as descobertas de um fazer artístico que propicie o nosso objetivo maior que é o amenizar de tensões. Idealizado pela Arte Educadora Edízia Lessa, aluna especial do Departamento de Artes da UFRN, o Projeto Viv’Arte realiza suas atividades desde outubro de 2004 na Casa Durval Paiva de Apoio a Criança com Câncer, neste conjuntamente com a psicóloga Jacqueline Gomes, ambas funcionárias desta; no ambulatório da Liga Norte Rio Grandense Contra o Câncer; e na pediatria do Hospital Luiz Antônio desta capital.

P-47: A PEDAGOGIA COMO FERRAMENTA EM UM PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E HUMANO

Autor/Expositor:

Kenilson Cabral de França – Pedagogia/UVA

Maria Isabelle Costa Pereira – Serviço Social/FACEX

Profa. Dra. Marineide Furtado Campos – Orientadora - AWUniversity

O presente trabalho vem abordar a pedagogia e o multiculturalismo no mundo, com o objetivo de repensar o mesmo tendo em vista os conflitos na atualidade por imposições de valores e significados como ameaça às populações menos favorecidas, pois vemos a todo instante os conflitos entre os povos, devido à falta de respeito uns com a cultura dos outros, assim como em nossa sociedade onde as pessoas não respeitam as diferentes étnicas, de religião, política e cultural, é partindo desse pressuposto que a cultura ganha forma de comportamento incluindo-se nas manifestações dos hábitos sociais de um povo.

P-48: ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA GARANTIA DOS DIREITOS PARA AS MULHERES MASTECTOMIZADAS

Autora/Expositora:

Patrícia Cristiane Soares Guimarães

Célia Maria Câmara

Liga Norte-Riograndense Contra o Câncer – LNRCC

Centro Avançado de Oncologia – CECAN.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Este trabalho é um projeto de intervenção a ser desenvolvido no Centro Avançado de Oncologia – CECAN, unidade II da Liga Norte Rio-Grandense Contra o Câncer – LNRCC, realizado como exigência curricular do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, na disciplina Seminário de Estágio I e Inserção em Processos de Trabalho I. O projeto tem como objetivo levar informações sobre a hospitalização e os direitos sociais das mulheres com câncer de mama que vão passar por mastectomia como também, promover ações que possibilitem a estas usuárias uma melhor qualidade de vida. Para tanto, fazeremos um levantamento bibliográfico sobre a temática, entrevista para delimitar as necessidades sociais das pacientes mastectomizadas e a elaboração e distribuição de um folder informativo.

P-49: INÊS DE CASTRO, UM SÍMBOLO DE GRAÇA E DE AMOR

Autora/Expositora:

Dra Marineide Furtado Campos

PhD – American World University

Busca-se neste trabalho fazer uma exposição sobre o que representa Inês de Castro para a história de Portugal, uma vez que esse ano de 2005 comemora-se os 650 anos de sua morte. Ela, por ter sido amante de D. Pedro I de Portugal, foi assassinada em 1355, tornou-se um dos maiores mitos daquele país e lembrada por Camões no Canto III de “Os Lusíadas”, como a “...mísera e mesquinha, que depois de morta foi rainha...”.

P-50: SEGREGAÇÃO SOCIAL NA TERRA DO SAL: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES HABITACIONAIS DOS EX-SALINEIROS DA CIDADE DE MACAU/RN.

Autor/Expositor:

João Batista Carmo Júnior.

E-mail: arqcarmo@ig.com.br

Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Historicamente a atividade salineira representou o principal fator gerador de emprego e renda para a população residente na cidade de Macau/RN. Inicialmente realizada nos moldes artesanais, esse modo de produção perdurou até a primeira metade século XX. Até que no final da década 60, deu-se a mecanização das salinas no Rio Grande do Norte, colocando assim, em xeque as formas tradicionais de produção, extração, empilhamento e tranporte do sal. Como resultado deste processo, verificou-se a monopolização e desnacionalização das empresas de sal, assim como um grande impacto sócio-econômico sem precedente na cidade, observado a partir do desemprego em massa dos salineiros – maõ-de-obra desqualificada, substituída pela máquina e pelo técnico especializado. Sem alternativa grande parte dessa mão-de-obra desempregada migrou para outras cidades, estados e regiões do país. Já aqueles que permaneceram, procuraram se dedicar a outras atividades como a construção civil, e principalmente, a pescaria. Pela condição humilde e desfavorecida resultado dos baixos salários a que eram submetidos, os salineiros ocuparam, em péssimas condições de habitabilidade, os bairros periféricos da cidade de Macau. Este trabalho teve como objetivo analisar as condições habitacionais dos ex-salineiros da cidade de Macau/RN, procurando compreender e relacionar tais condições com a formação e consolidação da industria salineira local e o seu rebatimento na configuração do espaço urbano. Para tanto, realizou-se um mapeamento e levantamento físico e fotográfico, além da aplicação de questionários sócio-econômico em 50 (Cinqüenta) habitações de ex-salineiros residentes em Macau.

P-51: EXTREMOZ: UM OLHAR HISTORIOGRÁFICO

Autoras/Expositoras:

Eliane Moreira Dias

Aluna de especialização em Arquivo Memória e História

Departamento de História

elainern@uol.com.br

Rosa de Lima Câmara Guaignier

Aluna de graduação em Antropologia/Departamento de Antropologia

O presente trabalho analisa a historiografia norte–rio-grandense, produzida no século XX, observando quais as informações existentes sobre o município de Extremoz, quais os autores que tratam de sua história, se eles citam as fontes que utilizaram e em que época cada um produziu sua obra. Utilizamos para isso bibliografias que tratam da história dos municípios do Rio Grande do Norte, que trabalham temáticas da história do estado, que são específicas sobre o município de Ceará-Mirim, e ainda as que tentam fazer uma síntese da história norte-rio-grandense. Tivemos acesso a essas bibliografias no Instituto Histórico e Geográfico. Percebemos que em cada uma, são abordados diferentes aspectos da história de Extremoz, mas há predominância de alguns temas, como por exemplo, da igreja construída pelos jesuítas, hoje em ruínas; das lendas sobre a lagoa e de como era o município no período colonial, uma vez que Extremoz foi a primeira vila da Capitania do Rio Grande. Dessa forma, observamos que a produção historiográfica que inclui Extremoz é repetitiva, temos a impressão de que poucos autores consultaram as fontes. Os autores que abordam a história de Extremoz nem sempre são pesquisadores atuantes. Outros produziram suas obras em um período que ainda não era prática comum entre os historiadores informarem as fontes de onde retiraram os dados, por isso acreditamos, ser esse um dos motivos de não haver referência em algumas bibliografias. Sendo assim, analisar alguns pontos dessa produção historiográfica, nos fez perceber ainda mais, o quanto à história é subjetiva, como os pesquisadores são filhos de seu tempo, mas isso não invalida o valor da história, e sim a torna mais instigante para investigarmos sua produção.

P-52: NOS LIMITES DA EXISTÊNCIA: REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA DE SER PSICÓLOGO EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA.

Autora/Expositora:

Sílvia Raquel Santos de Morais Perez

Professora do Depto.de Psicologia UFRN

Email: silviamorays@yahoo.com.br

Orientadora: Elza Dutra - Programa de Pós-graduação em Psicologia/UFRN

Email: Dutra.e@digi.com.br

O câncer continua a ser uma doença temida pela humanidade; não raro, é considerado como sinônimo de morte, sofrimento e estigma. Ocorrendo na infância, esse significado parece adquirir uma conotação ainda mais intensa, tendo em vista o sentimento de piedade e perplexidade diante da precocidade do evento. A co-existência psicólogo-criança com câncer adquire, portanto, um sentido permeado por incógnitas, medos e fantasias. Diante disso, nosso objetivo foi compreender esta experiência de co-existência a partir da Abordagem Fenomenológico-Existencial, do método Fenomenológico e da narrativa. Foram realizadas nove entrevistas com psicólogos atuantes nos serviços de oncologia pediátrica de Natal-RN. Observamos que a experiência e o cuidado são norteadores do saber-fazer clínico, sendo atravessados pelas implicações de dez temáticas-chaves: história de inserção na OP e suas implicações; percepções sobre a criança com câncer; problematizações sobre a morte e a angústia em OP; expressão de sentimentos paradoxais; sentido do trabalho psicológico em OP; maternidade e suas implicações na OP; recursos necessários ao cuidado de si e do outro; fé e religiosidade como recursos de enfrentamento do câncer infantil; necessidade de uma equipe de trabalho integrada e percepções sobre a formação do psicólogo. Cuidar dessas crianças adquire o sentido de lição de vida, uma vez que o câncer desfaz a ilusão de imortalidade, lançando o psicólogo à sua condição de ser-para-a-morte. Não se trata apenas de vivenciar a angústia e a iminência de morte, mas, sobretudo, de ressignificá-las em prol de um aprendizado contínuo e de atendimentos de qualidade. Os resultados sugerem aprofundamento das temáticas a fim de que novas possibilidades de sentido possam emergir, dando margem a reflexões sobre o saber-fazer clínico e a formação profissional em Psicologia.

P-53: O RESGATE DA ARARUNA: UMA EXPERIÊNCIA DE VALORIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DO RN

Autoras/Expositoras:

Alda Martiniano Lima

Departamento de Educação

E-mail: aldinha7@yahoo.com.br

Ana Paula Martiniano Lima – UFRN

Carla Regina de Oliveira - UFRN

A importância de resgatar nossa arte, história e cultura está em valorizar e preservar este patrimônio para que através do conhecimento do passado possamos oferecer às gerações presentes e futuras um elo de ligação com a herança folclórica deixada por nossos antepassados. Objetivando propiciar às crianças assistidas pelo PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, Núcleo de Pirangi de Dentro – Parnamirim-RN, o conhecimento, a valorização e a preservação do folclore, foi desenvolvido um projeto que visou pesquisar, resgatar expandir e expressar a riqueza do patrimônio histórico e cultural do RN. Aplicando uma metodologia participativa, o estudo começou na roda de conversa, momento de livre expressão onde cada um pôde relatar sua experiência e conhecimento sobre a arte e cultura do Estado. Constatamos que eles pouco conheciam sobre o assunto e, a partir de então, passamos à pesquisa e resgate da nossa história. Este estudo permitiu-nos o contato com as danças típicas do RN, despertando em nós o desejo de criar um grupo onde pudessem manter vivas as tradições através da dança, em especial a araruna. Como resultados observamos uma mudança de comportamento significativa no sentido de apreciação e valorização às manifestações culturais, bem como contribui para elevar a auto-estima dessas crianças. Concordamos em dizer que a valorização e a preservação de um patrimônio acontece pelo conhecer.

P-54: ANÁLISE DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO CONCEITUAL DE TERRITÓRIO COM OS PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Autores/Expositores:

Francisco Vitorino de Andrade Júnior

vitorino_andrade@yahoo.com.br

Francisco Cláudio Soares Júnior.

Apoio: CAPES

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Programa de Pós-Graduação em Educação

Este trabalho objetivou apreender o grau de conceitualização dos professores acerca do conceito de território e intervir com situações de reflexões críticas para acompanhar e analisar o processo de elaboração do conceito de território dos professores das 3ª e 4ª séries do ensino fundamental. Para tanto, propusemos uma intervenção com os professores no intuito de possibilitar a ressignificação dos seus conhecimentos e construção do referido conceito na área da Geografia. A pesquisa foi realizada em uma escola pública municipal de Ceará Mirim/RN, com a colaboração de seis (6) professores, os quais lecionavam nas 3ª e 4ª séries do ensino fundamental. Os aportes teórico-metodológicos que norteia este trabalho de pesquisa são os estudos de Vigotski sobre o processo de formação e desenvolvimento de conceitos, a metodologia qualitativa do tipo colaborativa e a concepção crítica da Geografia. As análises dos “extrait” dos conhecimentos prévios dos professores evidenciaram que se encontravam em grau de conceitualização dos pseudoconceitos atrelados a dimensões do campo perceptível e norteados pelas concepções tradicional, humanística e cultural da Geografia (positivismo e fenomenologia) restringindo o significado de território ao Estado-Nação ou ao lugar de moradia dos homens. Isso explicitou a necessidade de desencadear um processo de intervenção através de situações sociais e deliberadas de aprendizagem que se constituiu através das sessões reflexivas realizadas com os professores-colaborado. Diante da nossa intervenção no processo de elaboração conceptual, que se efetivou através das sessões reflexivas, ficou evidente a cada momento que os significados de território dos professores adquiriram graus mais elevados de generalidades. Assim, eles passaram a elaborar abstrações por meio de análises e sínteses que permitiram identificar aspectos (conceitos-atributo – relações sociais, relações de poder e delimitação física) essenciais a apreensão do conceito em foco.

P-55: MATEMÁTICA APLICADA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Autora/Expositora:

Sayonara Medeiros Borges

sayofisica@zipmail.com.br

Aluna do Curso de Aperfeiçoamento em Ensino de Ciências Naturais e Matemática

Utilizando como notação figuras geométricas em alto relevo, firmadas com cola sobre folha de papel ofício, trabalhamos as operações de somar e subtrair em expressões algébricas no intento de oferecer em ambiente educacional inclusivo uma opção visando tornar significativa a aprendizagem de matemática. O objetivo maior do método desenvolvido é permitir a integração mais efetiva entre alunos videntes e alunos com necessidades especiais, sobretudo aqueles com deficiência visual. Visamos assim, promover o ensino de matemática tornando-o mais democrático, atrativo e socialmente interativo.

P-56: POESIA E RELIGIOSIDADE NA OBRA DE WALFLAN DE QUEIROZ

Autor/Expositor:

João Antônio Bezerra Neto

E-mail: juanbn@bol.com.br

Departamento de Letras

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Entre os poetas do Rio Grande do Norte que, desde os anos cinqüenta, vinham participando intensamente da cena literária em Natal, figura Walflan de Queiroz como um dos mais representativos de uma vertente modernista. Nascido na cidade serrana de São Miguel, Walflan estreou, em 1960, com o livro de poemas O tempo da solidão. A grande surpresa da presença desse poeta, a sua marca indelével deixada para sempre na poesia norte-rio-grandense é justamente a sua inspiração religiosa a qual se apresenta sob a forma de um sincretismo, ampliando a imagística à custa de símbolos bíblicos e de símbolos extraídos das principais religiões do mundo. O poeta de A colina de Deus (1967), desenvolve significativamente uma tautologia, ou seja, evoca um Deus por meio de diversas formas, resultando numa variedade de expressões para indicar a mesma divindade. Com efeito, o próprio poeta esclarece a sua compreensão do Ser Supremo e suas relações com a poesia: “Nos poemas que se seguem, procurei amar a Deus de uma forma pessoal. Escrevi-os, mergulhando meu ser, nas humildes fontes da salvação”. De outra parte, trata-se de uma poesia em que coexistem elementos indicadores, ao mesmo tempo, de uma busca metafísica de respostas para a sua angústia existencial e um lirismo amoroso de caráter idealizado e visionário. O nosso painel tem como objetivo mostrar através de uma seleção de poemas a expressão do sagrado e os referenciais estéticos presentes nos livros do autor. Assim, buscamos fornecer uma visão panorâmica e concisa da sua obra.

P-57: O USO DO PRAD COMO UM INSTRUMENTO PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Autor/expositor:

Ilton Araújo Soares

Aluno e bolsista voluntário da Base de Pesquisa Espaço e Poder.

Departamento: Geografia

e-mail: iltonet@yahoo.com.br

A atividade de mineração é uma das principais responsáveis pela extração de recursos naturais para atender as demandas humanas. Entretanto é também uma das atividades que mais degradam o meio ambiente, principalmente quando a extração mineral se dá em minas a céu aberto, onde a cobertura vegetal e a camada de solo são retiradas para que se possa lavrar o minério. Nesse sentido, torna-se necessário a implantação de tecnologias que mitiguem os impactos causados por esses empreendimentos. Um dos instrumentos utilizados para recuperar estas áreas é o PRAD – Programa de Recuperação de Áreas Degradas, que consiste numa série de técnicas que visa reabilitar áreas que sofreram alterações de suas características naturais, através de planos preestabelecidos, restabelecendo sua cobertura vegetal e proporcionando um novo uso para aquele sítio. Tendo como suporte a perspectiva do desenvolvimento sustentável pretendemos neste trabalho mostrar o PRAD como uma técnica para recuperação de áreas degradas, usando como exemplo a atividade de mineração, em que, amparados na bibliografia especializada, mostraremos estudos de casos de empresas minerais que utilizam o PRAD em suas atividades extrativas como um instrumento para a exploração sustentável dos recursos naturais.

P-58: A IMPORTÂNCIA DO ENSINO PÚBLICO DE QUALIDADE PARA O INGRESSO NAS UNIVERSIDADES

Autoras/Expositoras:

Rhadamila Valeska Pereira da Silva

Estudante do curso de pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú. Cursando o 4ºperíodo.

Maria Santana Borges

Estudante do curso de pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú. Cursando o 4ºperíodo.

E-mail: rhadamila@yahoo.com.br

Fazendo uma análise sobre a educação percebemos que há um grande déficit de alunos provenientes da rede pública de ensino que obtém ingressos nas Universidades Federais Brasileira. Esta realidade perpassa em todo o território nacional. A deficiência do ensino público é a causa principal desta problemática. No Rio Grande do Norte a realidade da rede pública de ensino é bastante caótica, o quadro de professores nas escolas é reduzido, falta material de todo o tipo, desde o giz até a merenda. Acrescenta-se a esta questão a desarticulação que assola os adolescentes e jovens estudantes, os mesmos não se percebem como sujeitos portadores de direitos, assumindo uma postura passiva diante da realidade educacional. Em virtude desta questão realizamos em Abril de 2005 uma pesquisa social cujo título “A importância do ensino público de qualidade para o ingresso nas Universidades” em duas determinadas escolas da rede pública de ensino. Este trabalho propõe demonstrar a experiência de campo, os objetivos, a metodologia e os resultados alcançados como também as possíveis alternativas para melhorar o ensino público na atualidade.

P-59: A INSERÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO ESCOLAR:uma intervenção possível e necessária

Autoras/Expositoras:

Rosângela Maria P. Basílio da Costa (acadêmica do curso de graduação em Serviço Social)

rosângelamariapimenta@bol.com.br

Suzanny Bezerra Cavalcante (acadêmica do curso de graduação em Serviço Social)

suzanny.bezerra@bol.com.br

Orientadora:

Eliana Andrade da Silva (Profª. Ms. em Serviço Social)

Universidade Federal Do Rio Grande do Norte – Departamento de Serviço Social

O Serviço Social no campo da educação não surgiu recentemente, embora seja um campo de atuação ainda restrito para os Assistentes Sociais. Inicialmente a atuação dos profissionais estava direcionada à resolução de problemas que dificultavam o processo educativo, hoje, além disso, o Serviço Social promove o encontro da educação com a realidade social, através da abordagem totalizante das dificuldades e necessidades dos educandos no âmbito escolar, interligando a política educacional com as demais políticas públicas. Assim, este trabalho tem por objetivo desvendar o universo da política de assistência educacional não somente como dever moral do Estado, mas, sobretudo, como dever legal e direito do cidadão, viabilizados pelo profissional de Serviço Social em consonância com o Código de Ética Profissional, o Estatuto da Criança e Adolescente e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Nessa direção, erige-se um novo paradigma de intervenção para o Serviço Social no âmbito escolar, concretizado pela implementação de trabalhos sócio-educativos, através de oficinas temáticas, a fim de tratar das expressões da questão social e fornecer elementos às camadas estudantis acerca da significação e do enfrentamento dessas expressões em seu cotidiano e, principalmente, explicitar qual seu papel enquanto agente demandatário de políticas públicas e mobilizador de reivindicações dessas mesmas políticas. Ressalta-se ainda que a inserção do Assistente Social pode se dar em organizações de ensino públicas, filantrópicas e privadas, haja vista que as expressões da questão social afetam todas as camadas sociais. Portanto, este profissional está apto a inserir-se numa equipe interdisciplinar, o que significa buscar seu espaço sócio ocupacional na educação para subsidiar o trabalho pedagógico e auxiliar a escola a concretizar seu objetivo maior: a educação global do cidadão. Como resultado dessa pesquisa, constata-se que o Serviço Social é uma profissão legítima na garantia dos direitos sociais, tornando-se possível e necessária no universo escolar.

P-60: A MOTIVAÇÃO DO ALUNO PARA A APRENDIZAGEM: UM DESAFIO PARA O ENSINO

Autoras/Expositoras:

Luana de Lima Patrício

Bolsista de Iniciação Científica - PIBIC/CNPq,

Base de Pesquisa: Currículo, Saberes e Práticas Educacionais

CCSA/DEPED/UFRN

luana.patrício@ig.com.br

Márcia Maria Gurgel Ribeiro

Profa. Do PPGEd/UFRN e Vice-Coordenadora da Base

A motivação é um fator psico-social que dá início, dirige e integra o comportamento de aproximação ou rejeição entre as pessoas, envolvendo as experiências culturais, capacidades físicas e o contexto ambiental impulsionando a participação e co-participação no âmbito educacional na busca do crescimento emocional, intelectual e social do indivíduo. Para isso, é necessário refletir sobre estratégias de motivação para aprendizagem que se materializem no currículo do professor em sala de aula e no despertar da curiosidade e do interesse dos alunos pela escola, pelo conhecimento e pelo saber, compreendendo como utilizá-lo em suas relações sociais e históricas. O estudo compreende uma investigação qualitativa partindo de observações do cotidiano da sala de aula, marcado pela desestimulação dos alunos com a escola e com a atividade de estudar. Com base nessas observações, podemos apontar a necessidade de repensar a ação educativa do professor tendo em vista o crescimento de cada indivíduo em sua vida motivacional superando os fatores que levam à desestimulação e desinteresse do educando.

P-61: “A NEOFOBIA ALIMENTAR EM HUMANOS”

Expositora:

Bianca Tavares Rangel

Aluna da pós-graduação - Mestrado

Autor(es):

Bianca Tavares Rangel

Nívia de Araújo Lopes

Luis Wagner F. Guimarães

Rochele Castelo Branco

Orientador(as):

Dra Maria Emilia Yamamoto & Dra Fívia de Araújo Lopes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento de Fisiologia

O comportamento de escolha alimentar em humanos é essencial para que um indivíduo possua uma dieta segura. Como uma espécie onívora, convivemos, assim, com o dilema de provar alimentos novos, mas com suficiente cautela quanto à ingestão de itens potencialmente tóxicos. Dessa forma, alguns indivíduos apresentam o comportamento de neofobia alimentar, caracterizado pela relutância em ingerir alimentos não familiares. Este trabalho consistiu de dois experimentos para observar a reação a alimentos novos dos indivíduos. Participaram do primeiro experimento 42 estudantes, 31 mulheres e 11homens que foram testados em situação padronizada, em duplas. Foram oferecidos três alimentos, um conhecido (C), um desconhecido (D) e um desconhecido, mas com condimentos familiares (F). A maioria dos participantes ingeriu primeiro C. Homens recusaram significativamente menos os alimentos do que as mulheres, porém recusaram principalmente F, enquanto as mulheres recusaram principalmente D. o segundo experimento foi realizado com 264 voluntários (155 mulheres e 109 homens), havia 4 pastas – guaca-mole, ervas finas, tapenade e queijo com ervas - que foram combinadas duas a duas e eram oferecidas a cada sujeito uma dessas combinações. Depois, o experimentando respondia a um questionário dizendo se conhecia ou não os alimentos oferecidos. Os resultados demonstraram que 63% dos indivíduos escolhiam o alimento familiar, sendo que esta preferência apenas foi significativa para o sexo feminino – 68% apresentaram comportamento neofóbico. Os dois experimentos revelaram uma tendência a neofobia alimentar nos humanos. Ambos demonstraram que as mulheres são mais neofóbicas que os homens. Apesar dos alimentos consumidos terem uma origem segura e do fato de que os indivíduos do primeiro experimento conheciam os experimentadores, o comportamento neofóbico persiste. Considera-se, então, que a neofobia é uma tendência biológica que evoluiu devido às suas vantagens adaptativas.

P-62: A PERCEPÇÃO AMBIENTAL NO CAMPUS UNIVERSITÁRIO

Autora e Expositora:

Cíntia Camila Liberalino – aluna no 5º período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN – cintiacamila@interjato.com.br

Autoras:

Cíntia Camila Liberalino

Marcelli Monteiro Meira Bastos

Tâmara Batista Fontenelle

 

(Alunas do 5º período do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN)

Orientadora:

Maria Dulce P. Bentes Sobrinha

Profa. Dra. do Depto. de Arquitetura da UFRN

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a expressão da imagem coletiva do Campus Universitário da UFRN a partir da percepção dos seus usuários. Baseado na metodologia de Kevin Lynch, o estudo foi desenvolvido na disciplina de Fundamentos Sociais e Ambientais da Arquitetura e Urbanismo 03 no período 2004.2. Foram realizadas 20 entrevistas e mapas mentais, visando a identificação dos elementos classificados como formadores da imagem das cidades. São as vias, os limites, os bairros, os pontos nodais e os marcos. Estes elementos foram analisados dentro das categorias identificadas pelo autor que correspondem à legibilidade, identidade, estrutura, significado e imaginabilidade. Foi visto que quanto à legibilidade, a imagem formada foi de uma extensa área verde que possui edifícios espalhados e desarticulados. A identificação apresentou-se de forma clara como um local mal cuidado que possui muito mato e edifícios antigos. Quanto à análise da estrutura acrescenta-se a relação entre a paisagem natural percebida como exuberante (Parque das Dunas) e a paisagem construída vista como mal cuidada. A predominância dos depoimentos em relação ao significado foi a idéia de local de estudo, trabalho e relações sociais que para os entrevistados deixam a desejar em relação à segurança. Por fim, sobre a questão da imaginabilidade, predominou a imagem de uma grande área verde com edifícios acinzentados e espalhados pelo terreno. Os elementos propostos por Lynch são formadores da imagem mental na medida em que possuem importância prática ou emocional. Apesar dos pontos negativos, o Campus é tido como valioso e importante na vida das pessoas que o freqüentam. É um templo de saber, cultura e relações sociais, e estes aspectos estão acima de todas as imagens físicas descritas.

P-63: A POESIA DE CHICO ANTONIO – UM OLHAR ETNOGRAFICO

Autor/Expositor:

Flávio Rodrigo Freire Ferreira

Aluno regularmente matriculado no curso de graduação de Ciências Sociais – CCHLA – UFRN

Email: flaviorodrigoff@yahoo.com.br

Orientadora: Prof.: Dra. Julie Antoinette Cavignac (Professora Adjunta do Departamento de Antropologia – CCHLA – UFRN).

Departamento de Antropologia

O presente trabalho tem como objetivo expor uma síntese da vida e obra do poeta popular Chico Antonio. Nascido na cidade de Pedro Velho, na região agreste do RN, Chico Antônio foi “descoberto” em 1929, por Mario de Andrade, em suas viagens etnográficas. Após este encontro, os cocos de Chico Antônio, coletados pelo autor de Macunaíma, foram publicados na sua obra O Turista Aprendiz. Tal exposição pretende, portanto, resgatar a memória deste importante personagem da cultura popular do Estado.

P-64: A VIOLÊNCIA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, ENTRE 2001 A 2003

Autor/Expositor:

Aldeny Thania Dutra Garrett Borges

e-mail: thania_borges@interjato.com.br thaniadborges@yahoo.com.br

Departamento Pós-Graduação em Serviço Social

Orientador – Prof. Dr.João Dantas Pereira

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Analisando a violência, destacam-se alguns problemas que favorecem sua proliferação. Na escola pública, por exemplo, encontram-se as mais agravantes defasagens. Há uma dialética entre a expectativa dos alunos em relação à escola e o que ela pode oferecer. Outro problema é a falta de ocupação e emprego, associada às condições pobreza da maioria da população. Na capital do Estado, NATAL, cidade turística, a elitização da sociedade local contribui para o consumismo excessivo, que já é cultura no país. A par disso, não se pode esquecer a falta de diálogo e a ausência de limites aos jovens e adolescentes no lar, bem como uma educação capaz de formar um cidadão cumpridor dos seus direitos e deveres. Apesar da violência no Estado não apresentar dados alarmantes, em relação aos índices verificados no país, é uma situação preocupante, na medida em que há um crescimento gradativo dos óbitos por causas violentas. Este trabalho tem como objetivo verificar e divulgar a evolução da violência no Estado, entre 2001-2003, através de dados obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Os referidos dados assinalam que o Estado tem contribuído para o crescimento da violência, uma vez que apresenta os seguintes índices no total de óbitos por violência entre 2001 e 2003: 1072,1107 e 1179, respectivamente. A distribuição desses óbitos por sexo mostra que o masculino tem maior representatividade nas ocorrências registradas. Esses dados justificam a importância do tema. A magnitude e a dimensão do fenômeno violência no país apontam para uma mudança no comportamento familiar, bem como uma atenção especial, sobretudo por parte das instituições públicas no enfrentamento da violência. O sucesso da ação dessas instituições, entre outras, passa necessariamente pela implementação de parcerias que favoreçam, aos jovens, atividades de ocupação e/ou de inserção no mercado de trabalho, cada vez mais competitivo e seletivo.

P-65: A INFÂNCIA E A VIOLÊNCIA FÍSICA INTRAFAMILIAR

Autor/Expositor:

Leonardo Cavalcante– UFRN (aluno da graduação em psicologia)

Orientadora: Rosângela Francischini – UFRN (professora do departamento de psicologia)

E-mail: leocaramello@yahoo.com.br

O Estatuto da Criança e do Adolescente especifica que a criança é um sujeito em momento especial de desenvolvimento e que deverá estar protegida de toda forma de violência que possa prejudicar esse desenvolvimento. Reconhecer o caráter de “especial” atribuído à condição de/do ser criança, tributário, implica em assumir a necessidade de práticas sociais igualmente especiais. Família, escola e instituições socializadoras mobilizam-se no sentido de serem agentes na efetivação dos direitos estabelecidos pelo referido Estatuto. Entretanto, a realidade de uma parcela de crianças é permeada por variadas formas de violência, dentre estas a violência-física. Como essas crianças concebem sua própria “condição de infância?” O que justifica a prática de violência por membros de sua família? A partir dessas reflexões realizamos esta investigação, procurando compor uma concepção de infância considerando os sentidos e valores que essa população atribui à sua condição. Participaram da pesquisa sete crianças, na faixa etária de 7 a 12 anos, sobre as quais haviam sido encaminhadas denúncias de violência intrafamiliar ao SOS Criança, do município de Natal/RN. Realizou-se entrevistas, produção e interpretação de desenhos e a história de Pinóquio, como desencadeadores do discurso das crianças. A partir da Análise do Conteúdo identificou-se condições que configuram o ser criança para os sujeitos .Também investigou-se o papel que a criança ocupa nesse espaço e à avaliação que faz em relação ao julgamento e às atitudes do adulto quando elas agem de forma considerada errada por este. Constata-se a concepção de que o julgamento dos adultos é o correto; justificando, portanto, atitudes de violência por eles. Esses sentidos refletem, em alguma extensão, os valores que estão presentes no cotidiano dessas crianças e que são internalizados por elas como sendo as únicas formas de resolução de questões que permeiam o cotidiano nas famílias. Merecem, portanto, atenção dos profissionais ocupados dessa população.

P-66: “A LOJA DA IMPRESSÃO” TRABALHA EM EQUIPE?

Apresentadoras:

Anna Rivênia A. Ferreira, Isabelle Silva do Nascimento

Professora: Cândida Melo

(Estudo de Caso)

E-mail: anarivenia@yahoo.com.br

Departamento de Psicologia

O trabalho em equipe é almejado para o bom desempenho da organização. Uma equipe é constituída por indivíduos trabalhando em conjunto com um objetivo em comum, devendo apresentar bom nível de integração e realização. O presente estudo foi realizado na “Loja da Impressão” – empresa de médio porte que trabalha com material de serigrafia, sinalização, artístico, artesanal e escolar – com o objetivo de investigar se a organização trabalhava em equipe. Foi utilizado como referencia o modelo de equipe de alto desempenho calcado nas quatro competências que a caracterizam: Cooperação, Visão compartilhada, Liderança, e Resultado. As quatro competências são igualmente importantes e a ausência de uma delas pode comprometer a formação da equipe. No processo de análise dos dados, percebeu-se que informações relevantes na interpretação não se encaixavam em nenhuma das quatro competências, sendo necessária a criação de duas novas categorias: Identificação com loja; e Condições de trabalho. Os dados foram coletados através de entrevista individual semi-aberta e por focus group, aplicados com os empregadores e colaboradores, respectivamente. Os dados foram interpretados pelo método qualitativo de análise do conteúdo. Inferimos que apesar de possuir potencialidades para trabalhar em equipe – como cooperação, liberdade para comunicação entre o empregado e a gerencia e ambiência agradável – a loja ainda não contempla todas as competências necessárias para tal. Observou-se que a missão e a visão de crescimento da empresa não é compartilhada por todos, existe dificuldade na passagem de informações prejudicando o funcionário e a empresa, a liderança composta por três pessoas não está definida causando divisão, e existência de uma alta rotatividade que prejudica a integração do grupo, impossibilitando a concretização da equipe. Observa-se que não há uma equipe integrada, existe dois grupos trabalhando, corroborando a não efetivação da equipe. Assim pode-se concluir que a empresa possui potencial para desenvolver o trabalho em equipe.

P-67: CAUSALIDADE: UM CONCEITO SIGNIFICATIVO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA

Autoras/Expositoras:

Maria Luciana Almeida de Souza

Francisca Lacerda de Góis

Maria Luciana Almeida de Souza – Bolsista de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq – Base de Pesquisa: Currículo, Saberes e Práticas Educacionais CCSA/DEPED/UFRN lucianaufrn@hotmail.com ; Francisca Lacerda de Góis Profa. do DEPED/UFRN.

O presente trabalho faz parte do Projeto de Pesquisa O Ensino da História através de Conceitos: uma perspectiva para a formação continuada dos professores. Tem como objeto de estudo o conceito de causalidade e sua importância para o ensino/aprendizagem da História. Seu objetivo é refletir junto aos professores com os quais trabalhamos no referido Projeto de Pesquisa, o conceito de causalidade por eles já internalizados. Nos últimos anos, a História vem passando por uma importante evolução em sua configuração como disciplina científico-acadêmica. Internamente, a produção historiográfica tem se renovado e se revestido no sentido de encontrar novas abordagens, novos rumos, novos problemas, enfim, novos campos de investigação. No entanto, apesar dos significativos avanços, ainda predominam os velhos sistemas mecânicos/memorísticos. Esta forma de se proceder ao processo ensino/aprendizagem da História, contribui para reforçar o raciocínio causal. Os acontecimentos históricos não podem ser explicados de maneira simplista e a História não deve ser explicada a partir da identificação das causas longínquas e imediatas dos fatos históricos. É preciso compreender que, muito mais importante que as relações causais é a compreensão de sentido das mudanças, permanências, continuidades, descontinuidades dos acontecimentos históricos, ou seja, a compreensão das complexas inter-relações que interferem nos processos de mudança social. O estudo prevê uma adequada utilização dos métodos quantitativo e qualitativo reconhecendo as contribuições de cada um na compreensão do estudo, facilitando uma negociação entre hipóteses e categorias que orientam a pesquisa e os dados. Inserida na Base de Pesquisa Currículos, Saberes e Práticas Educativas do Departamento de Educação, a qual adota princípios de pesquisa colaborativa visando contribuir para a construção/desconstrução/reconstrução, com os professores, de significados históricos e culturais sobre os conhecimentos escolares e as práticas educativas no Ensino Fundamental.

P-68: A CONSTRUÇÃO DA COERÊNCIA PELA RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS VERBAL E NÃO-VERBAL NO GÊNERO TEXTUAL TIRINHA

Autora/Expositora:

Olga Carla Espínola da Hora e Souza

Professora de Língua Portuguesa da Escola Agrícola de Jundiaí

e-mail: olgacarla@yahoo.com.br

Neste trabalho abordaremos a coerência textual a partir da análise da integração dos níveis verbal e não-verbal na construção do sentido de um texto do gênero tirinha. Em tela, uma tirinha do artista americano Bill Watterson, com os personagens Calvin e Haroldo. No nosso objeto de estudo, veremos que é na relação de interação entre os níveis verbal e não-verbal que o sentido do texto é construído. Mostraremos que com a leitura apenas do nível verbal o leitor não consegue identificar com precisão algumas informações necessárias, apesar de a idéia principal do texto ser mantida. Na verdade, é no nível não-verbal, com a organização das imagens, que o sentido do texto se completa. É também nesse nível que o texto se encaixa na metarregra da progressão (CHARROLES, 1978), o que garante a coerência textual e propicia uma leitura mais precisa.

P-69: CERÂMICA ARTESANAL DE SANTO ANTÔNIO DO POTENGI: ELEMENTOS QUE CONSTITUEM A TRADIÇÃO.

Autor/Expositor:

Nilton Xavier Bezerra

Mestrando do curso de Pós-graduação em Antropologia Social / UFRN

Orientador: Prof. Dr. Luís Carvalho de Assunção

Participante da Base de Pesquisa sobre Cultura Popular da UFRN

bezerranilton@ig.com.br

No Rio Grande do Norte, a atividade artesanal é geradora de economia, envolve um número expressivo de pessoas e é diversificada em suas matérias-primas e tipologias. Como referência do artesanato local, a cerâmica supriu as necessidades primárias nos utilitários domésticos, adquiriu feição devocional nas figuras religiosas, foi brinquedo nos divertimentos infantis e, por fim, ganhou status de puro ornamento. A opção por Santo Antônio justifica-se por sua representatividade como um dos centros mais significativos de produção da cerâmica artesanal no Estado. Nasceu lá a famosa bilha em forma de galo, símbolo da cidade do Natal e que se transformou em ícone do artesanato e da arte potiguar. Para o embasamento conceitual, parto da concepção de que a cultura é simbólica e passível de análise crítica. Evidencio o objeto artesanal como elemento da cultura material e simbólica, através do qual é possível desenvolver uma investigação sobre os modos de vida existentes nas sociedades. Os princípios metodológicos consistirão basicamente no desenvolvimento de material etnográfico elaborado mediante entrevistas escritas e gravadas com os ceramistas, na observação direta e interpretação da realidade local e no registro através de recursos visuais que complementem os dados da pesquisa. Como objetivos centrais, pretendo examinar de que maneira é mantida a tradição da manufatura de objetos cerâmicos em Santo Antônio, refletir sobre as possíveis relações entre artesanato e tradição, discutir o processo histórico-cultural da produção da cerâmica local e salientar na contemporaneidade as manifestações responsáveis pela visibilidade da tradição no artesanato potiguar, justificando também a importância do saber fazer como exemplo de patrimônio imaterial.

P-70: CONFABULANDO: OUVINDO E CONTANDO FÁBULAS NA ESCOLA INFANTIL

Autoras/Expositoras:

Analice Cordeiro dos Santos Victor

Professora -NEI/UFRN

joeanalice@bol.com.br

Claúdia Limeira de Sena

Bolsista - NEI/UFRN

Em nossa prática de professoras de educação infantil procuramos dar à história não só o lugar de significações dos sonhos e imaginação da criança, mas também um espaço favorável ao seu desenvolvimento cognitivo, pois ouvir histórias possibilita a construção de conceitos como de cultura, civilização e de tempo histórico. Sistematizamos, então, junto a nossa turma, constituída por vinte e uma crianças com idades de seis e sete anos, um trabalho com a leitura de fábulas. Essas histórias milenares retrataram em seus personagens certas atitudes humanas, como a disputa entre fortes e fracos, a esperteza, a ganância, a gratidão, a inveja, o ser bondoso, o não ser tolo. Têm, também, como características aconselhar, transmitir algum ensinamento, fazer uma crítica, que geralmente aparecem no texto como a “moral da história”. Para esse estudo definimos como objetivos: refletir os valores/lições transmitidos/as pelas fábulas; produzir coletivamente um conceito para essas histórias percebendo suas características – narrativa curta, personagens/animais, transmitir ensinamento; conhecer dados biográficos de alguns fabulistas – Esopo, La Fontaine e Lobato. Os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento do estudo foram - ouvir e ler fábulas; reescrever em grupo a que mais gostou, ilustrando-a através da confecção de uma maquete; organizar uma linha do tempo com os fabulistas estudados; pesquisar junto às famílias as fábulas conhecidas e seus assuntos; produzir coletivamente uma fábula. Acreditamos que o trabalho relatado nos permite reafirmar a idéia de que contar e ouvir história é uma atividade que deve ser constante na rotina da escola infantil, pois contribui com os diferentes aspectos do trabalho pedagógico. Aspectos que vão desde oferecer subsídios para a criança lidar com questões relacionadas às suas emoções e imaginação como, também, ajudá-la a desenvolver-se intelectual e socialmente.

P-71: LENDAS INDÍGENAS: REVELANDO A ARTE DE SER E VIVER DE UM POVO

Autora/Expositora:

Maria Dulcilene de Lima

Professora – NEI/UFRN

Sirleide Silva de Oliveira Souza

Professora – NEI/UFRN

Orientadora: Analice Cordeiro dos Santos Victor – Nei/Ufrn

nei@ufrn.br

Este trabalho relata a experiência vivenciada junto a uma turma de Educação Infantil constituída por crianças na faixa etária de 4 a 5 anos. O interesse em aproximar a turma da cultura indígena surgiu da curiosidade suscitada no grupo ao ouvir a leitura de algumas lendas contadas pela professora na roda da história. Para esse estudo foram definidos como objetivos: estabelecer relações entre o modo de ser e viver do índio de ontem e hoje; perceber a influência da cultura indígena no nosso modo de se alimentar, falar, vestir; favorecer a ampliação e estruturação da linguagem oral. Adotamos na realização desse trabalho os seguintes procedimentos metodológicos: leituras das lendas: como nasceu a primeira mandioca, como nasceram as estrelas a lenda de amor de Naipi e Tarobá e como nasceram o sol e a lua,entre outras; conversas com profissionais que estudam a temática indígena, construção de painéis, releituras de obras de arte, reescrita e produção de textos coletivos, dramatização. Refletindo acerca da realização desse trabalho, percebemos que o índio distante da nossa realidade tornou-se real e presente, despertando o interesse das crianças em saber mais sobre o modo de viver desse povo, o que sem dúvida contribuiu para que todos – professoras e alunos – ampliassem seus conhecimentos acerca da cultura indígena e, também com a valorização da diversidade cultural.

P-72: DADI: REVISITANDO O UNIVERSO DO TEATRO DE BONECOS NO RN

Maria das Graças Cavalcanti Pereira

galnatal@hotmail.com

Graduando do Depto. de História, Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.

Orientadora: Wani Fernandes Pereira

Professora Doutora, Museu Câmara Cascudo, GRECOM, UFRN, Natal/RN.-Orientadora

O tema tem por referência um projeto de pesquisa que registra como fato cultural a descoberta de uma Calungueira, fazedora de bonecos, também conhecidos como mamulengueiros, titereteiros ou João Redondo. Trata-se de Maria Ieda de Medeiros (64 anos) conhecida por Dadi, residente em Carnaúba dos Dantas RN. Para dar conta do itinerário artístico de Dadi e sua história de vida, fizemos uso de uma diversidade de estratégias: registro etnográfico, fotográfico e videográfico, de todo o cotidiano da artesã, coletando histórias e enredos criados, coleta da matéria-prima , etapas da confecção dos bonecos. Da pesquisa bibliográfica destacamos obras que tratam de uma genealogia dos bonequeiros no Rio Grande do Norte, de uma conceituação dessa arte entendida como "da tradição", de uma estética do arcaico. São os autores: Deífilo Gurgel (1999), Hermilo Borba Filho (1966), Altimar de Alencar Pimentel (1971),além do suporte teórico:Hobsbawm(1997),LeGoff(1998),Halbwachs(1973),EcléaBosi(1994),JanaínaAmado(2000),e outros. Dos dados obtidos e em fase sistematização final podemos reiterar: a identificação até o momento da artesã, como única mulher fazedora de bonecos num universo tradicionalmente masculino; autodidata e fazedora de ex-votos - também conhecidos como “milagres”, Dadi não se torna santeira, envereda pelo caminho do lúdico, dedicando-se ao conceber e paramentar seus bonecos ou calungas, à arte do riso, ao jogo da sátira. Ao longo da pesquisa, adquirimos uma coleção de bonecos, para o acervo do Museu Câmara Cascudo/UFRN, em consonância com a política patrimonialista da instituição, procedendo seu estudo e documentação. A conclusão de um portfólio, que conta uma breve história de vida e obra da artesã, servirá como apresentação junto às leis de incentivo à cultura, para publicação de um livro-catálogo, com o registro dessa manifestação da cultura da tradição, dentre outras estratégias como: CD-Rom, Vídeo, permite ampliar o conhecimento de novos atores e suas singularidades, atualizando e ampliando o universo de bonecos e bonequeiros no RN.

P-73: ABUSO SEXUAL INFANTO-JUVENIL: PODEMOS MUDAR ESSE QUADRO

Kátia Maria Nascimento Patriota

Delma Dias de Morais Batista

Acadêmicas do Serviço Social

E-mail: delma_batista@yahoo.com.br

O presente trabalho teve como base inicial, a análise institucional do Centro de Referência Programa Sentinela Natal/RN, localizado à rua Mipibu nº 440, no bairro de Petrópolis, onde por um espaço de quatro meses, observamos o fazer profissional da Assistente Social e a dinâmica do atendimento daquela instituição. Nas sucessivas observações, percebemos que a intervenção poderia se dar na divulgação do Programa Sentinela junto aos professores das escolas públicas municipais e estaduais de Natal. Obtivemos a informação de que seriam visitadas as escolas da rede pública dos bairros de maior incidência de qualquer tipo de violência sexual, cujos atendimentos foram feitos no Sentinela. Percebendo a necessidade de divulgação do trabalho da instituição em que estamos inseridas como estagiárias do Serviço Social, direcionamos nosso trabalho interventivo, dando suporte ao Serviço Social, através de palestras aos professores sobre Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil. Foram utilizados como subsídios: um folder com informações sobre o tema abordado e locais onde podem ser feitas as possíveis denúncias; uso de transparências; aplicação de questionário. Entendendo a escola como instituição socializadora do indivíduo, cuja função não é apenas transmitir conhecimentos, mas transformá-los e adequá-los a realidade vivida pelo aluno, percebemos a importância dessa parceria com os professores. Considerando que é na a escola onde distúrbios familiares podem ser refletidos e percebidos pelo professor, em virtude do seu contato diário com crianças e adolescentes, divulgar o Programa Sentinela é uma forma de proporcionar ao referido público, um desenvolvimento saudável e a garantia de seus direitos preservados no Estatuto da Criança e do Adolescente.

P-74: “DE LEGISLADOR A PRODUTOR” – (NATAL, 1889 – 1964) DOIS MOMENTOS DA INTERVENÇÃO ESTATAL NA QUESTÃO DA MORADIA

Expositoras;

Aliny Fábia da Silva Miguel

Graduanda, Depto. de Arquitetura - UFRN; Bolsista PIBIC/CNPq/UFRN; Base de pesquisa: Estudos do Habitat do Depto. de Arquitetura – UFRN aliny_arq_urb@yahoo.com.br

Ana Paula Campos Gurgel

Graduanda, Depto. de Arquitetura - UFRN; Bolsista voluntária; Base de pesquisa: Estudos do Habitat do Depto. de Arquitetura – UFRN

Autor (es):

Caliane Christie de Oliveira Almeida Silva

Mestranda em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos/USP; Pesquisadora na Base de Pesquisa: Estudos do Habitat do Depto. de Arquitetura - UFRN ane_arquitetura@hotmail.com

Orientador:

Angela Lúcia de Araújo Ferreira

Profa. Dra. do Depto. de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN angela@ct.ufrn.br

Em decorrência da Revolução Industrial e da conseqüente necessidade de mão-de-obra para a indústria, as cidades do final do século XVIII viram-se diante de um significativo aumento populacional que ocasionou na adequação do espaço físico para atender às novas exigências de moradia. O ideário de cidade moderna constituído nesse momento e difundido pelo mundo, chegou ao Brasil no final do século XIX. Em Natal essa nova concepção veio incorporar e reforçar os anseios de modernidade das elites locais. Neste contexto, a questão habitacional, antes “responsabilidade” da iniciativa privada, ao ser vista como empecilho à concretização desse ideal, tornou-se foco importante das políticas públicas. Compreender as características e os significados destas intervenções no processo de produção da moradia em Natal é o objetivo deste trabalho. A partir das falas e discursos oficiais que as justificaram, e das ações concretizadas no setor, assim como através de revisão bibliográfica e pesquisa documental (periódicos locais e documentos oficiais), foi possível sistematizar dois momentos específicos de intervenção pública. O primeiro, delimitado da Proclamação da República até o final da década de 20, caracterizou-se pela elaboração e implementação de legislação rigorosa, muitas vezes punitiva e excludente, e relacionada a concepção e adequação de moradias, verbalizadas pelo código de posturas, arraigado aos princípios higienistas. O segundo, que se estende da Revolução de 30 à criação do Banco Nacional da Habitação – BNH (1964), apresentou o Estado como criador das condições de uso e produção habitacional, através da criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões - IAP´s (1933) e da Fundação da Casa Popular – FCP (1946). O delineamento desse panorama histórico das intervenções neste setor, no período de 1889 a 1964, fornece elementos para entender não somente a evolução do parque habitacional de Natal, como também as mudanças na postura do Estado frente a questão da moradia social.

P-75: DESMISTIFICANDO O TRATAMENTO DE RADIOTERAPIA E OS DIREITOS SOCIAIS DO PACIENTE COM CÂNCER

Autoras:

Jussara Keilla Batista do Nascimento – DESSO – UFRN

sarasocial@uol.com.br

Luciana Freire Gavazza – DESSO – UFRN

lucianagavazza@ig.com.br

Orientadoras: Prof. Ms. Sheila Pedrosa – DESSO – UFRN

Assistente Social Sinara Françoise – Liga Norte Riograndense Contra o Câncer – LNRCC

Apresenta a Liga Norte Riograndense Contra o Câncer – LNRCC, em particular o Centro Avançado de Oncologia – CECAN, como também as atividades desenvolvidas pelo Serviço Social na referida organização. No tocante ao Serviço Social, identifica algumas dificuldades que perpassam o fazer profissional no que se refere a garantir a viabilidade do tratamento, expresso principalmente através do considerável índice de pacientes faltosos. Os principais indicadores das faltas são as dificuldades com o transporte, o agravamento do estado clínico, o medo do tratamento pela mistificação que perpassa a temática do câncer e a falta de acompanhante. Identifica que essas dificuldades se dão pelo desconhecimento do tratamento e dos direitos sociais que garantem sua realização. Apresentadas as justificativas, oferece algumas propostas de intervenção no sentido de auxiliar as ações realizadas pelo Serviço Social para reafirmar os direitos sociais do paciente e viabilizar a continuidade do tratamento. Mostra como a realização de momentos alternativos de informação, como o grupo de acolhimento realizado pela equipe multidisciplinar – serviço social, enfermagem, psicologia e nutrição - oficinas sociais, distribuição de folders ou cartilhas informativas, bem como o atendimento individualizado contribui para a desmistificação do tratamento de radioterapia, aumentando o conhecimento do paciente a cerca do tratamento, da sua importância e dos direitos sociais. Neste sentido, esclarece o que é o tratamento, como é realizado e quanto tempo dura em média. Leva ao conhecimento dos pacientes direitos como o saque do FGTS, a licença para auxílio doença, a renda mensal vitalícia, a aposentadoria por invalidez, a isenção do imposto de renda na aposentadoria, a quitação de financiamento habitacional, a viabilização de transporte para o tratamento, bem como o acesso a exames e medicamentos e as vias que se deve seguir para solicitá-los, reafirmando por fim o direito a saúde, aqui expresso pelo tratamento oncológico radioterápico.

P-76: “ENFIM, HENFIL: HUMOR EM QUADRINHOS NA RESISTÊNCIA A DITADURA”.

Autores/Expositores:

Armando Pinheiro de Araújo Junior e Fabiano Moura de Souza.

Alunos do Departamento de História.

armando.pjunior@gmail

piatan_ufrn@hotmail.com

O tema da exposição tem por objeto de estudo a vida e a representação de Henrique de Souza Filho, o Henfil. Através de reproduções de fotos pessoais e charges de cunho crítico e satírico aos ditames da sociedade brasileira e internacional no período compreendido entre as décadas de 60 a 80. Tendo como base a sua atuação como chargista em vários seguimentos da imprensa e principalmente no “Pasquim”. Tem a exposição o intento de resgatar a memória de um artista de destaque na oposição ao período ditatorial militar, assim como a sua atuação na campanha para de eleições Diretas Já. O painel também mostrará aspectos da vida pessoal do artista, aspectos estes que se entrelaçam com sua posição de crítico, ressaltando também o período em que morou na cidade do Natal, Rio Grande do Norte.

P-77: ESCRITA: SUA HISTÓRIA E SEU PAPEL NA VIDA DO HOMEM

Expositores:

Adriana Rodrigues Gomes Matrícula: 20002230-6

E-mail: adrikkarg@bol.com.br

Departamento de Letras

O homem tem muitas necessidades, entre as quais estão a de se expressar e a de se comunicar socialmente, ambas relacionadas. Um dos meios de comunicação e expressão criados por ele foi a escrita, a qual levou milênios para chegar a sua forma alfabética. Partindo dessa constatação, focalizam-se as modificações tanto internas quanto externas dos sistemas (códigos) de escrita ao longo da história, as dúvidas levantadas a partir dos anos de 1960 quando pesquisadores de diversas áreas do conhecimento se juntam para discuti-la, revelando-se ser, então, o tema da escrita uma questão muito mais complexa. Esses questionamentos põem em xeque os pressupostos profundamente aceitos e compartilhados em relação ao seu domínio como, por exemplo, aquele que sabe escrever tem acesso a uma elite privilegiada. Diante disso, procura-se compreender a influência da escrita nas instituições e atividades de diversas áreas quando os documentos escritos passam a ter um papel fundamental, assim como as transformações que ocorrem nas sociedades quando um número relevante de pessoas sabe ler e escrever.

P-78: ESTUDO ETNOBOTÂNICO NAS COMUNIDADES INSTALADAS ÀS MARGENS DO RIACHO ÁGUAS VERMELHAS (PARNAMIRIM/RN), COMO SUBSÍDIO PARA CONSERVAÇÃO E RECOMPOSIÇÃO DA MATA CILIAR

Alídia Hernandes Ribeiro

Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Maria Iracema Bezerra Loiola

Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia – UFRN.

A ocupação dentro do município de Parnamirim iniciou-se de fato após o final da Segunda Guerra Mundial. Desde então os cursos d`água em geral vem sofrendo uma série de agressões, como a remoção da mata ciliar (que causa assoreamento do seu leito), deposição de lixo e esgoto, entre outras, devido a ocupação de suas margens. Esse processo vem ocorrendo, pois, alem da ausência de políticas publicas durante a ocupação do local, verifica-se o desconhecimento da importância do riacho como fonte de recurso mineral e biológico. Antagonizando todo esse processo de devastação, que ocorre em toda Bacia do Rio Pirangi, cerca de 5ha encontram-se bastante preservados desde 1950 como propriedade particular e que, desde 1998, foi transformada na Área de Proteção Ambiental (APA) Hidrominas Santa Maria, que se localiza as margens do riacho Águas Vermelhas. No sentido de dar subsídio à conservação e recomposição da mata ciliar, duas linhas de trabalho foram iniciadas: o levantamento florístico e a realização de entrevistas em um dos bairros que compõem a comunidade ribeirinha do caso (Vale do Sol). Para coleta de material botânico, foram realizadas 12 excursões onde foram registrados 85 taxa, ressaltando-se que esta etapa ainda encontra-se em andamento. A análise comparativa preliminar da flora evidenciou a similaridade com outras áreas já inventariadas no Rio Grande do Norte, presença de espécimes que são tidos como medicinais em outros Estados, e plantas com grande potencial ornamental e paisagístico. A realização de entrevistas conta com 100 depoimentos até a presente data. E estudo dos dados coletados revela entre os entrevistados, o desconhecimento do que é uma APA e da existência de uma na proximidade de suas residências. Mostra também que a grande maioria não utiliza nenhum recurso proveniente da mesma, apesar do uso de medicamentos fitoterápicos.

P-79: CONSTRUINDO VALORES POSITIVOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL A PARTIR DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME DE DOWN.

Expositores:

Elaine Munic Torres Ferreira – Aluna do curso de Pedagogia – UFRN

Marianne da Cruz Moura – Aluna do curso de Pedagogia – UFRN

Autores:

Dominique Cristina Souza de Sena – Aluna do curso de Pedagogia – UFRN

Elaine Munic Torres Ferreira – Aluna do curso de Pedagogia – UFRN

Marianne da Cruz Moura – Aluna do curso de Pedagogia – UFRN

Departamento de Educação – DEPED

mariannemoura@hotmail.com

O presente trabalho foi desenvolvido em 2004.1, como parte das exigências para conclusão da disciplina Introdução a Educação Especial, no curso de Pedagogia/UFRN. Objetivou analisar como está sendo feita a inclusão de crianças com Síndrome de Down no Núcleo de Educação Infantil (NEI), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A pesquisa, empreendida com base em princípios qualitativos, envolveu um estudo bibliográfico, a coleta de dados através de entrevistas com educadores e uma observação não-participativa em três classes. Constatamos que, embora a instituição venha desenvolvendo um trabalho de Educação há vinte e cinco anos, somente a partir de 1989 começou a incluir educandos com necessidades educativas especiais em suas classes, entre elas as crianças que apresentam Síndrome de Down. Atualmente, estudam na escola seis crianças com Síndrome de Down (nos níveis III, IV e V). Para desenvolver um trabalho efetivo com esses alunos, os professores se reúnem constantemente para estudar e discutir conteúdos e estratégias relevantes para o aprimoramento da prática pedagógica. Observamos que, através do relacionamento diário das crianças em geral, os laços de amizade e companheirismo se fortalecem, fazendo desaparecer os traços da diferença, ensinando a todos a se relacionarem de forma igualitária, derrubando assim possíveis barreiras de preconceito. A inclusão, portanto, beneficia tanto as crianças normais, quanto as que apresentam Síndrome de Down, fazendo-as crescer na sua aprendizagem e construir valores positivos.

P-80: ESTUDOS DE ELEMENTOS DE COESÃO E COERÊNCIA

TEXTUAIS A PARTIR DA ANÁLISE DE CHARGES

Expositores:

Fabíola Barreto Gonçalves (UFRN)

E-mail: baby4jc@yahoo.com.br

GILMARA FREIRE AZEVEDO (UNP)

E-mail: gilmara02@yahoo.com.br

As perspectivas atuais de ensino de leitura e interpretação de textos primam pela atenção ao ensino dos mecanismos de Coesão e Coerência Textuais como fundamentais no processo de atribuição de sentidos dos textos e os livros didáticos há algum tempo registram essa realidade. As charges têm sido um recurso muito utilizado nessa perspectiva de ensino. O uso da linguagem verbal e não-verbal também concorrem para a construção de sentidos na utilização desses recursos em sala de aula. Trabalhar com Linguagem verbal e não-verbal nos possibilitar mostrar aos alunos que o significado das palavras não está apenas nelas mesmas e que as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares, a entoação são também importantes: são os elementos não verbais da comunicação. A comunicação verbal é plenamente voluntária já o comportamento não-verbal pode ser uma reação involuntária ou um ato comunicativo propositado, mostrando que um evento comunicativo é composto também da interação dessas duas linguagens. É dentro dessa abordagem que propomos trabalhar com exposição de painéis, oferecendo uma interpretação de charges em três níveis de leitura. O primeiro superficial, um segundo intermediário e por fim, o nível profundo, nos quais elencaremos os elementos de Coesão e Coerência Textuais, bem como a linguagem verbal e não-verbal e a contribuição deles para a construção e/ou recuperação de sentidos do texto.

P-81: FOTOGRAFIA E INTERSUBJETIVIDADE

Diego André da Silva Filgueira

Bolsista de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq – Base de Pesquisa: Currículo, Saberes e Práticas Educacionais CCSA/DEPED/UFRN

diego_f04@yahoo.com.br

Jefferson Fernandes Alves

Prof. Dr. do DEPED/UFRN

O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa Educação do Olhar e Prática Docente: fotografia e deficiência visual. Tem como objetivo compreender o papel mediador da fotografia no processo intersubjetivo da constituição do sujeito, assim como apreender os processos intersubjetivos desencadeados pelos professores do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte (IERC) nos contextos de interações e vivências em torno do fotográfico e analisar as atividades pedagógicas propostas pelos professores do IERC que estimulem a constituição de contextos e situações intersubjetivas, a partir da mediação fotográfica. A fotografia pode ser entendida como um jogo interativo que contempla o sujeito que fotografa, aquilo ou aquele que é fotografado e aquele que aprecia o resultado fotográfico. Essa interatividade permite que os sujeitos envolvidos no processo fotográfico façam uma re(visão) contínua da imagem que fazem de si mesmos. E é no campo da intersubjetividade, no olhar do outro sobre si que construímos nossa própria imagem. Nesse caso, pensar a fotografia como reveladora de imagens internas, considerando a prática docente com alunos portadores de cegueira e visão-subnormal, implica em uma perspectiva que ultrapasse os limites biológicos da visão em favor de um entendimento mais alargado do olhar como uma faculdade multisensorial de perceber e ser percebido. Ao trazer a fotografia para a sala de aula como mediadora dos processos intersubjetivos contamos também com outras linguagens, sobretudo, a verbal e a corporal, como componentes intersemióticos que concorram para a revelação de imagens por parte dos não-videntes, a partir da intervenção pedagógica dos professores.

P-82: FUNDESCOLA: um estudo sobre a descentralização financeira em Escolas de Natal e Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte.

Daniela Cunha Terto

Graduanda em Pedagogia

daniela_ct@pop.com.br

Shirmênia Kaline da Silva Nunes

Graduanda em Pedagogia shiufrn@yahoo.com.br

Orientadora: Profª Drª Magna França - Profª do Departamento de Educação da UFRN

magna@ufrnet.br

O estudo aborda a política de descentralização financeira no cenário educacional brasileiro, para o Ensino Fundamental e as suas diretrizes para a implantação do FUNDESCOLA nas unidades de ensino nos municípios de Natal e Mossoró. Verificou-se o resultado de sua implementação por meio das varáveis: índice de matrícula e rendimento escolar, quantidade de recursos, vantagens e obstáculos à implementação da descentralização financeira. Seu desenvolvimento ocorreu por meio de uma revisão bibliográfica (FRANÇA; SOARES; TOMMAZI) bem como análises de diagnósticos realizado nas escolas pesquisadas. No plano empírico, serviu como fonte substancial a análise dos dados coletados que mostrou-se fator determinante para situar a experiência no contexto da descentralização financeira, recorreu-se, também, aos documentos elaborados pela Secretaria de Educação do estado. Durante a pesquisa, constatou-se que posterior ao FUNDESCOLA, efetivado em 1999, houve um decréscimo nos índices de abandono no município de Natal, entre 2000 a 2003, entretanto, detectamos que os índices de reprovação crescem em 1999, 2002 e 2003. O município de Mossoró, por sua vez, possui o índice de matriculados maior na rede estadual, mesmo com a municipalização do ensino fundamental. Observou-se, também, que embora a rede estadual detenha esse maior índice de matrículas, o índice de abandono oriundo da escola municipal sempre superou a estadual. Os índices de reprovação oscilam após o Fundo, mas, com crescimento considerável em 2003 na rede estadual. Enfim, a implementação do FUNDESCOLA não tem assegurado uma melhora na educação pública como um todo, nos aspectos estudados, de acesso e rendimento escolar percebeu-se que não tem contribuído para alguns de seus fins: uma política promotora de equidade social em face de uma nova realidade educacional e a de promover o acesso e a qualidade de ensino.

P-83: MODA, CONSUMO E MÍDIA DEFININDO COMPORTAMENTOS

Autora:

Evaneide Lúcia Pereira César de Souza

Aluna do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais

UFRN – Nível: mestrado

E-mail: evacesar@yahoo.com.br

O presente estudo discute a questão do consumo contemporâneo, a partir da sua associação com mídia televisiva e com a publicidade a ela vinculada. Discorre sobre conceitos como consumo, moda, publicidade, televisão e indústria cultural, a partir de relevantes contribuições, e procura ressaltar que o conteúdo da televisão, bem como o das campanhas publicitárias, estimulam o desejo, induzem à ação da compra, e com isso, definem padrões de comportamento. O trabalho apóia-se em dados coletados de uma amostra representativa de 256 questionários, aplicados junto à população feminina que freqüenta o Shopping Cidade Jardim.

P-84: MULHERES: as diversas situações de vulnerabilidade

Adaciara de Fátima Dias Soares (aluna do curso de Serviço Social)

E-mail: ciarinha2000@yahoo.com.br

Percilene Gonçalves de Sá (aluna do curso de Serviço Social)

E-mail: percilene.sa@bol.com.br

Departamento de Serviço Social

Base de Pesquisa Sociabilidade e Relações Sociais

Este trabalho constitui-se em uma análise da situação de pobreza na realidade brasileira associada às relações de gênero. Trata-se de uma reflexão, a partir de uma perspectiva de gênero, acerca do contexto de precariedade sócio-econômica no país. Representa uma contribuição no âmbito dos debates sobre a temática de gênero e desigualdade social, apesar de ser apenas um recorte analítico, considerando a amplitude dos aspectos que envolvem essa discussão. Tem o propósito de apresentar elementos que possibilitem a apreensão do contexto de vulnerabilidade em que estão inseridas as mulheres, destacando fatores como renda, atividades ocupacionais, chefia familiar e raça. Pretende explicitar como se expressam as diferenças entre os sexos, tendo em vista os papéis estabelecidos tradicionalmente para homens e mulheres. Foi elaborado mediante a análise de dados estatísticos, obtidos através de órgãos responsáveis pela pesquisa e divulgação de informações sócio-econômicas. Está fundamentado em estudos de autores que abordam o tema da pobreza e sua correlação com as questões de gênero. Constatou-se, diante dos dados contemplados, que os níveis de pobreza no Brasil são extremamente elevados e que esse quadro acentua-se ao ser observada a realidade da mulher, sobretudo por sua presença na sociedade ainda ser marcada pelo preconceito e discriminação. Evidenciou-se, como já foi citado, que há alguns aspectos preponderantes para o agravamento dos índices de pobreza da população feminina. Dentre esses, podem ser destacados: as discrepâncias entre rendimentos de mulheres e homens; o fato de as mulheres trabalharem, mais comumente, em ramos de atividades precarizados; as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, que exercem a chefia familiar, para conciliar a dupla jornada de trabalho; e a influência do sexo e da raça na delimitação da desigualdade social. A realidade analisada, portanto, demonstra que a problemática da pobreza no Brasil configura-se também como uma questão de gênero.

P-85: NECESSIDADES INFANTIS EM PARQUES DE PRÉ-ESCOLAS: RESULTADOS DO PAINEL INTERATIVO DA XII SEMANA DE HUMANIDADES (2004)

Autora/Expositor:

Odara de Sá Fernandes

Orientadora: Gleice Azambuja Elali

Departamento de Psicologia

e-mail: odarasf@yahoo.com.br

Diversos estudos enfatizam a relação do homem com o ambiente como um dos aspectos de extrema importância para a formação humana. As pesquisas na área de Psicologia Ambiental revelam as implicações desta relação para o desenvolvimento da criança e para o planejamento de espaços lúdicos. Visto que a escola consiste no ambiente por excelência infantil, onde as crianças passam importantes momentos de suas vidas e desenvolvem as suas primeiras habilidades sociais e intelectuais, ela costuma ser o principal foco de estudo dessas investigações. Porém, poucos estudos têm analisado a influência nos comportamentos infantis dos espaços abertos das escolas, como os pátios e parques. Este trabalho objetiva discutir a opinião de estudantes e professores universitários em relação ao que se deve ter nesses ambientes para que se possa favorecer o desenvolvimento da criança. A pesquisa foi realizada na UFRN, durante a XII Semana de Humanidades. Foi montado um painel interativo, no qual os visitantes podiam deixar sua opinião sobre a seguinte questão: o que é importante ter em um parque de pré-escola? Nossos resultados revelam que os respondentes consideram o espaço e os equipamentos dos parques infantis das escolas como sendo de grande importância no processo de desenvolvimento, aprendizagem e socialização da criança. A maior parte da respostas enfatiza a necessidade de grande espaço para atividade livre, como também a presença de árvores, areia e brinquedos (playground). Além disso, a segurança foi citada algumas vezes como sendo um elemento fundamental. Foi relatada, também, a necessidade de brinquedos seguros, areia limpa, bancos confortáveis, entre outros aspectos. Essas opiniões demonstram como os espaços abertos, nas escolas, são importantes e como vários aspectos do ambiente físico podem favorecer ou não o desenvolvimento saudável da criança. Dessa forma, estudos da relação criança-espaço são essenciais para subsidiar o planejamento de espaços mais favoráveis ao desenvolvimento infantil.

P-86: CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

Autora/Expositora:

Yalle Fernandes dos Santos

yalles@yahoo.com

Orientadora: Magda Dimenstein

magdad@uol.com.br

Programa de Pós graduação em Psicologia/UFRN

Desde os anos 1990 enfatiza-se a reestruturação da atenção psiquiátrica vinculada à atenção primária em saúde e constituição de redes de apoio social que dêem suporte aos indivíduos em sofrimento psíquico. No Brasil, esta questão é pode efetivar-se com a inserção das equipes de saúde nas comunidades, através do Programa Saúde da Família (PSF). Este propõe uma atuação baseada na integralidade das ações, concebendo o indivíduo de forma sistêmica e elegendo a família como locus de intervenção. Nesse sentido, o cuidado é pensado como integralidade, significando a capacidade de ouvir o usuário, acolher sua demanda, articular conhecimentos na solução dos problemas e na construção de projetos terapêuticos individualizados. Este trabalho buscou mapear a demanda de saúde mental que chega à unidade de saúde do PSF nas comunidades de Nordelândia e Boa Esperança, no Distrito Sanitário Norte de Natal/RN. Utilizamos como ferramenta metodológica um questionário semi-estruturado que visa mapear o histórico de uso de psicotrópicos e internação em instituições psiquiátricas dos moradores dessa comunidade. O instrumento foi aplicado na residência dos participantes, com o auxílio dos agentes comunitários de saúde. Entrevistamos 34 mulheres e 25 homens, na faixa etária predominante de 31 a 50 anos. O uso de psicotrópicos é muito elevado - 47 sujeitos os utilizam -, sendo mais usados os neurolépticos e ansiolíticos. Vimos que 23 entrevistados foram internados em hospitais psiquiátricos, a maioria das internações são involuntárias. Os serviços substitutivos em saúde mental são desconhecidos por 56 dos entrevistados. Tais dados nos mostram a necessidade de uma rede de saúde integrada, que ofereça resolutividade e ações de referência e contra-referência entre o nível primário e os serviços substitutivos em saúde mental, de forma que os sujeitos não precisem recorrer aos hospitais psiquiátricos.

P-87: ENVELHECIMENTO E QUALIDADE DE VIDA – CENTRO DE SAÚDE DE CANDELÁRIA.

Autora/Expositora:

Ana Jarves de Lucena Fernandes Gonçalves

Micarla Duarte de Lima

micarlarn@hotmail.com

UFRN/CCSA/DESSO.

Apresenta uma análise acerca da implementação do projeto de intervenção, desenvolvido no Centro de Saúde de Candelária, pelas estagiárias Ana Jarves e Micarla Duarte, no período de setembro a dezembro de 2004. Esboça as atividades realizadas, os resultados alcançados assim como também expõe a dinâmica que envolveu todo o processo de implementação do projeto de intervenção elaborado pelas estagiárias em um primeiro momento de aproximação e observação na instituição. Contextualiza os aspectos pertinentes ao idoso como expressão da questão social e demanda para o Serviço Social. Também relata a importância de se trabalhar com esse segmento, em meio aos esteriótipos que a sociedade dissemina: “inativos”, “incapazes”, “apáticos”, etc. As ações ora desenvolvidas foram respaldadas na perspectiva de igualdade e de garantias de direito, onde foram ministradas palestras, oficinas e atividades lúdicas, contemplando aspectos pertinentes a Qualidade de Vida na III idade. Os resultados foram satisfatórios para os atores envolvidos: idosos, estagiárias e instituição, sendo perceptível na receptividade e nas atividades dos idosos, assim como através de seus depoimentos. Considera-se que o trabalho desenvolvido no Centro de Saúde de Candelária, com o grupo de idosos, contemplou as perspectivas e o empenho dedicado pelas estagiárias, como também realização pessoal das mesmas.

P-88: NOVAS CONFIGURAÇÕES DO ATIVISMO ANTI-AIDS

Autor/Expositor:

Maio Spellman Quirino de Farias

e-mail: spellman@uol.com.br

Orientadora: Magda Dimenstein

Universidade Federal do Rio Grande do Norte-RN

Nos anos 80 atuar contra a aids, institucionalmente, na sociedade civil, significava brigar, voluntária e caritativamente, por mais leitos em hospitais, por políticas públicas em HIV/AIDS e fazer visitas domiciliares e hospitalares às pessoas que viviam e conviviam com a doença. Entretanto, esse cenário de luta vem mudando desde o inicio dos anos 90, com a consolidação da parceria do movimento antiaids com o Estado. Tal parceria trouxe um dilema para as entidades da sociedade civil: são elas apenas executoras das políticas governamentais ou assumem o papel de propositores efetivos de políticas públicas? Desde então, ativismo contra a aids passou a significar execução de projetos e considera-se que esse modo de funcionamento institucional antiaids tem problemas porque constrói uma estratégia básica para despolitizar o Terceiro Setor. As ONGs/AIDS não apenas consolidam a reestruturação moderna do capital como afastam-se da atividade de rua. Todas essas questões acima levantadas levaram-nos a mapear esta nova estrutura ONGuiana que rompeu com o caráter caritativo, assumindo uma gestão semi-governamental e empresarial que visa sustentabilidade para gerenciar a aids. A pesquisa foi iniciada com as visitas, previamente agendadas, à instituição Grupo de Apoio à Vida-GAV na cidade de Campina Grande-PB. Aplicou-se entrevista semi-estruturada com 06 voluntários/técnicos da referida entidade. Nosso objetivo foi investigar a prática do ativismo antiaids, identificar as concepções de ativismo antiaids e conhecer como os atores sociais avaliam as práticas. Resultados preliminares indicam que a concepção de ativismo presente entre os entrevistados refere-se à execução de projetos através das parcerias ONGs e órgãos financiadores, abrangendo a participação nos fóruns de discussões, governamentais ou não. Observou-se diferença entre ativismo e militância, bem como a criação de estratégias de ativismo e não de militância na instituição pesquisada.

P-89: NOVAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS: A FÁBRICA SEM FÁBRICA

Autora/Expositora:

Joumara Araújo

joumaramil12@yahoo.com.br

Sunamita Nunes de Oliveira

sunamitan@yahoo.com.br

Orientador: Profº Paulo Ney Silva Bulhões

Pesquisa sobre Novas Estruturas Organizacionais. Enfatiza a FÁBRICA SEM FÁBRICA, que foi tema de trabalho acadêmico da disciplina Organização & Métodos do curso de Biblioteconomia. Introduz conceitos de marca, patente, consumidor, produção, mercado, estrutura, departamento e segmentação, ampliando o entendimento da Estrutura de uma Empresa que implanta esta forma de atuar no mercado. Fala do surgimento das Fábricas, e, logo em seguida, da visita efetuada às empresas: Botton, Supermercados Carrefour e Rede Mais. Define, segundo CRUZ (2002), que a implantação da FÁBRICA SEM FÁBRICA é uma questão de sobrevivência das empresas que participam no pool de produção. Objetiva esclarecer o funcionamento da operação: FÁBRICA SEM FÁBRICA, onde sua finalidade maior é reduzir custos por meio de segmentação por especialização, ou seja, a empresa que investe em tal ferramenta, está pronta para a concorrência; opera um produto mesmo sem produzi-lo, estando com vantagem a mais no mercado. Utiliza como metodologia entrevista aplicada a gerentes nas empresas visitadas. Usa perguntas-chave, levando ao entendimento da atuação dessa operação, como uma Nova Estrutura de Organização, fazendo que elas tenham diferencial no mercado. Obteve resultados a partir das definições de CRUZ (2002), sendo, o seu contexto, no geral, uma abordagem na tentativa de sobrevivência de muitas empresas que participam no pool de produção. Tem em vista que essas empresas estão investindo numa estratégia nem tampouco recente, de conquistar mercado ante a concorrência. Justifica o porquê dessas empresas aderirem a essa Nova Estrutura Organizacional: investir nesse ramo de produção sem ter que produzir o produto é ganhar uma vantagem a mais no mercado.

P-90: O ENSINO DA GEOGRAFIA: LEMBRANÇAS DE PROFESSORES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.

Autores/Expositores:

Glauciana Timbó Ferreira

Bolsista de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq – Base de Pesquisa: Currículo, Saberes e Práticas Educacionais CCSA/DEPE/UFRN

gal-eu@hotmail.com

Francisco Cláudio Soares Júnior

Prof. do PPGEd e DEPED/UFRN

O ensino da Geografia possui uma história social que se encontra diretamente articulada aos processos de desenvolvimento do modo de produção capitalista. Este vincula formas de pensar geográfico às suas necessidades de extorção de valores capitalistas através da apropriação dos produtos elaborados no campo das ciências, artes e tecnologias, fazendo uso deles para reproduzir os interesses da sua lógica produtiva no interior da sociedade e da escola. Nesse sentido os conteúdos dos conceitos geográficos possuem uma carga política-ideológica que expressam os interesses da fase do capital que particulariza um determinado tempo histórico. Daí a necessidade de estudarmos as formas de transmissão-assimilação dos saberes geográficos ao longo da história, no intuito de apreendermos os processos de cristalização dos ideários de explicação da realidade concreta, nas instituições escolares num dado contexto histórico-social. Portanto, faz-se necessário ressaltarmos a importância do processo de apreensão teórico-metodológico das práticas de ensino dos conhecimentos geográficos na escola, nos espaços-tempos da sua evolução histórica, através da produção dos saberes sistematizados pelos professores no fluxo dos seus processos de formação docente e nos ofícios de ensinar. A pesquisa se define como um estudo qualitativo do tipo colaborativo que abrange um levantamento de dados sobre as histórias de vida de professores inscritos no curso de Pedagogia - PROBÁSICA (2004.2) do município de Ceará-Mirim. Esta nortea-se em alguns princípios do enfoque dos relatos de vida fundamentados em teóricos como: Nóvoa (1992 1995); Bueno (1998); Bosi (1994); Alves (1998); Catani (2003); Goodson (1995); Vygotsky (2001). Objetivamos com essa investigação, fazermos uma reflexão sobre o ensino da Geografia na escola pública de Ceará-Mirim/RN através do estudo das lembranças de professores e práticas pedagógicas (presente/passado) materializados no espaço escolar.

P-91: O Estresse entre profissionais da área da saúde: a educação em foco

Autores/Expositores:

Emeline das Neves de Araújo Lima

e-mail: emelinelima@aol.com

Aluna da graduação do curso de Odontologia da UFRN;

Celene de Figueiredo Diniz

Médica do Hospital Walfredo Gurgel;

Orientadora:

Profª. Drª. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves. 4

Profª. Adjunta do departamento de Odontologia da UFRN.

Departamento de Odontologia

O presente trabalho tem por objetivo fazer uma revista crítica da literatura visando discutir o efeito do trabalho relacionado à saúde para as condições psicofisiológicas do trabalhador, bem como enfatizar a importância da educação no cotidiano das ações. Com embasamento nos estudos realizados, procurou-se elucidar as características e principais sintomas dos transtornos mentais que mais acometem essa classe, como o estresse; bem como outros efeitos decorrentes da vida pessoal. O estresse é a resposta do organismo frente a diversos mecanismos que produzem tensão e agressão. Pôde-se observar, em relação ao sexo, uma relevante diferença, com predominância dessas patologias entre mulheres, sendo justificado pela situação atual da participação feminina no mercado de trabalho. A associação do trabalho doméstico com o assalariado é um fator que agrava de forma imperativa essa significância. Entre os fatores de risco presentes no ambiente de trabalho, sobretudo em clínicas e hospitais, pôde-se inferir os seguintes: calor, ruído, esforço físico, posições forçadas, além de trabalho intenso e repetitivo, o que promove indiscutivelmente um alto nível de alteração psicológica. Por outro lado, existem também fatores protetores que podem amenizar essa incidência sendo, dentre outros, uma grande habilidade profissional, satisfação no trabalho e criatividade, levando assim a um equilíbrio entre as demandas ocupacionais e as características pessoais. Uma excessiva carga de trabalho é responsável pelo estado de fadiga, o que também tem efeito significativo para o aparecimento de transtornos como depressão e ansiedade, tidos como os mais freqüentes em meio aos trabalhadores da saúde. Portanto, é notada a imensa importância de um estudo mais apurado acerca dos fatores que regem a presença de problemas neurológicos como estresse em meio aos trabalhadores da saúde, no sentido de favorecer a compreensão das atividades educativas e preventivas nessa área.

P-92: O PERFIL DOS ENFERMEIROS DA REDE PÚBLICA E PRIVADA

Expositores:

Emanuela de Oliveira Justino (Graduanda de Psicologia-UFRN)

Joel Lima Júnior (Pesquisador Voluntário/GEPS-UFRN)

Depto. de Psicologia / CCHLA.

E-mail: joellijr@ig.com.br

GRUPO DE ESTUDOS: PSICOLOGIA E SAÚDE.

Autores:

Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN), José Hélder Franco Aquino (Graduando/UFRN); Soraya Guilherme Cavalcanti (Graduanda/UFRN); Ariane Cristiny da Silva Fernandes (Graduanda/UFRN); Larissa Mascarenhas Souza (Graduanda/UFRN).;Felipe Serquiz Elias Pinheiro (Graduando/UFRN); Ana Suzana Pereira de Medeiros (Graduanda/UFRN).

Atualmente, percebe-se uma maior atenção para a questão do bem-estar dos profissionais de saúde e dos pacientes nas instituições, e dessa forma uma maior ênfase na abordagem da humanização como elemento fundamental para a aquisição deste. Logo, observa-se uma nova exigência para os elementos que compõem o cenário da saúde, uma vez que o diálogo, a escuta e o olhar assumem nova importância dentro desse novo paradigma. Sendo assim, ao conceber a equipe de saúde como principal elemento no processo de implementação da assistência, optou-se por desenvolver a presente pesquisa (em andamento) que visa inicialmente identificar o perfil dos profissionais de enfermagem da rede pública e privada, bem como analisar como fatores sócio-econômicos interferem na qualidade dos serviços prestados por estes profissionais. Os dados foram coletados através de um questionário em dois hospitais da cidade de Natal–RN e analisados pelo programa estatístico SPSS. Diante dos questionários aplicados (N 30), (90 %) dos sujeitos são do sexo feminino, com idade entre quarenta e um e cinqüenta anos, e renda mensal entre um e cinco salários mínimos. (66%) desses profissionais atuam em apenas uma instituição e trabalham em média quarenta horas semanais. Percebeu-se ainda que os (30 %) que possuem pós-graduação são do sexo feminino e ganham entre seis e dez salários mínimos. Os profissionais do sexo masculino atuam em mais hospitais que os do sexo feminino, possivelmente devido à dupla jornada de trabalho enfrentada pela mulher. Notou-se também que o salário não acompanha o aumento da carga horária de trabalho. Sendo assim, verifica-se a importância de se encontrar novas e eficazes estratégias que visem melhores condições não só para usuários como também para a equipe de saúde, uma vez que a qualidade das relações mantidas no ambiente de trabalho está intrinsecamente ligada a fatores sócio-econômicos da categoria profissional.

P-93: O PROFISSIONAL DE SAÚDE E A ANSIEDADE PERANTE O PACIENTE ONCOLÓGICO NAS DIVERSAS FASES DE DESENVOLVIMENTO HUMANO.

Expositores:

Mônica Morgado Horta Monteiro de Oliveira

Graduação em psicologia da UFRN

Autores:

Daniella Antunes Pousa Faria (pós-graduação CCS), Ádala Nayana de Sousa (Graduanda/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento de Psicologia / Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde / CCS / UFRN.

A presente pesquisa visou identificar em relação a qual fase do desenvolvimento humano (criança, adolescente, adulto, e idoso) do paciente terminal com câncer, o profissional de saúde se sente mais ansioso ao realizar seu trabalho, e qual a percepção destes profissionais acerca deste resultado. Para identificar estas variáveis se utilizou como instrumentos uma entrevista dirigida, realizada no próprio hospital, com os profissionais que lidam diretamente com pacientes terminais de diversas fases do desenvolvimento humano. Participaram desta pesquisa 22 profissionais de saúde, de ambos os sexos, do Hospital Luiz Antônio que lidam com pacientes terminais com câncer. A análise dos resultados foi realizada através da freqüência de respostas. Como resultado obtivemos que 91,31% dos profissionais pesquisados afirmam se sentir ansiosos quando lidam com pacientes terminais, os demais, ou seja, 8,69% não se percebem ansiosos ou com sentimento diferenciado quando se trata de pacientes em estágio terminal. Destes 91,31%, 65,21% apontam a criança como sendo a fase mais difícil de se lidar, pois as crianças os remetem a seus filhos. Além disso, afirmam que quando se trata desta faixa etária eles ainda estão no início da vida e não merecem morrer; 8,72 % afirmam se sentir mais ansiosos com adolescentes, e descrevem como motivo para este sentimento o fato do adolescente ter consciência de que vai morrer e pelo fato destes geralmente ficarem bastante agressivos nesta situação, o que faz com que o profissional se sinta mais ansioso; e 4,34% afirmam que se sentem mais ansiosos com idosos, por considerarem que a “pessoa quando velha fica mais fraca”; por fim, 13,04 afirmam não conseguir identificar em qual faixa etária se sentem mais ansiosos.

P-94: A RELAÇÃO ENTRE IDADE E O VALOR DE REALIZAÇÃO EM TRABALHADORES DE BAIXA INSTRUÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Expositor/Autor:

Leonardo Braga Galvão Alexandre

Email: leobrutus@hotmail.com

Estudante da graduação do curso de Psicologia)

Co-autora:

Sandra Souza da Silva Chaves (Doutoranda em Psicologia UFRN/UFPB)

Email: sandrasschaves@yahoo.com.br

Sabe-se da aceitação do conceito de valores como princípios que guiam a vida de uma pessoa, sendo metas desejáveis e transituacionais, variando em grau de importância. Assim, eles direcionam a ação das pessoas mediante os processos de socialização sejam eles na escola, na família, entre amigos etc.. É utilizado para este trabalho o valor de realização proposto por Schwartz, sendo a busca do sucesso pessoal e da competência. Atende a interesses individuais, originando-se nas necessidades de interação grupal. Buscou-se nesse projeto de pesquisa estabelecer uma relação entre a idade dos trabalhadores da construção civil de baixa instrução e o escore atribuído ao valor de realização pelos mesmos. Sendo a hipótese levantada quanto maior a idade dos participantes maior o valor de realização. O perfil da população pesquisada é predominantemente masculino, constata-se um baixo grau de escolarização e baixos índices salariais. O trabalho caracteriza-se como perigoso, devido aos riscos que estão submetidos no ambiente laboral. Participaram da pesquisa 80 sujeitos. O instrumento utilizado foi a Adaptação do Inventário de Valores Humanos, constando 55 itens e ficha sócio-demográfica. A coleta realizou-se em unidades de construção de uma empresa natalense. A aplicação dos questionários foi coletiva. As respostas foram inseridas no programa Statistical Package for Social Science. A amostra foi dividida em dois grupos: grupo um (idade entre 19 e 31 anos) grupo dois (acima de 31 e abaixo de 60 anos) depois, foram correlacionadas as variáveis desses grupos. Para o grupo um foi possível estabelecer uma correlação significativa entre as variáveis, porém, inversa, ou seja, quanto maior a idade, menor a preocupação com a busca do sucesso pessoal. Para o grupo dois, apesar de direta, a correlação não foi significativa. Para o grupo um, tem-se que quando jovens estes trabalhadores visualizam este trabalho como algo temporário até conseguirem um emprego melhor.

P-95: A auto-ajuda e o processo psicoterápico de acordo com os estudantes de psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Autor/Expositor:

Murielle de Araújo Gomes

Tatiana Minchoni

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Este estudo parte da preocupação de se conhecer a opinião dos alunos de psicologia em relação aos mais diversos veículos de auto-ajuda, um instrumento que possui uma crescente demanda direcionada atualmente. O principal objetivo é traçar um panorama da utilização de auto-ajuda e da prática de psicoterapia pelos estudantes de psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, bem como mensurar a associação entre esses dois processos. São investigados itens como a utilização de auto-ajuda pelos entrevistados, bem como a prática de psicoterapia, os veículos disponíveis mais comuns, os motivos que levam ao uso da auto-ajuda, as expectativas daqueles que recorrem a algum tipo de auto-ajuda, a forma que os estudantes de psicologia vêem a auto-ajuda associada à psicoterapia, entre outros.entre outros. A metodologia utilizada consistiu de um questionário individual contendo 9 questões abertas e fechadas, elaborado com base em um questionário piloto aplicado na Universidade Potiguar. A pesquisa contou com uma amostra de 180 questionários respondidos, constituída de 137 mulheres e 43 homens. Os resultados indicaram que a utilização de auto-ajuda pelos entrevistados não é comum, uma informação abaixo das expectativas dos pesquisadores visto que a auto-ajuda tem sido bastante divulgada atualmente. Dentre os motivos que levam à busca da auto-ajuda, os mais citados foram autoconhecimento e curiosidade/interesse. Quanto ao tipo do recurso mais utilizado de auto-ajuda, os livros tiveram destaque, o que pode ser relacionado com a grande divulgação desse material, apresentando-se até como os livros mais vendidos. Apesar de ser formada por estudantes de psicologia, a amostra apresenta um pequeno número de alunos que estão passando por um processo psicoterápico, resultado um tanto preocupante, posto que os futuros psicólogos precisam entender o processo no qual o paciente estará inserido, o que é condição fundamental para a atuação profissional.

P-96: A IMAGEM ATRIBUÍDA PELA COLEÇÃO MOSSOROENSE DE DIX-SEPT ROSADO: HISTÓRIA, VALORES E IDEAIS

Autor:

Alessandro Teixeira Nóbrega

aluno do Mestrado de História/UFRN

alessandro@uern.br

Orientadora: Prof. Drª Margarida Dias (Departamento de História da UFRN)

Este trabalho é uma pesquisa desenvolvida no programa de Mestrado em História da UFRN e que surgiu da reflexão sobre a construção do espaço de Mossoró, através da Coleção Mossoroense. Objetiva estabelecer os valores e ideais atribuídos a imagem de Dix-sept Rosado pela Coleção e sua identificação com a construção do espaço do lugar, no caso aqui de Mossoró. O trabalho é desenvolvido através de entrevistas e levantamento bibliográfico para análise do discurso escrito da Coleção sobre Dix-sept, além da observação das festas cívicas. A pesquisa está em andamento. Mas já é possível observar um dos traços de construção do espaço de Mossoró através da identificação de sua história com a imagem ou valores atribuídos a Dix-sept Rosado pela Coleção Mossoroense.

P-97: “A INSURGÊNCIA DA ARTE NO COTIDIANO”

Autor/Expositor:

Wernher Medeiros Soares de Sousa

Aluno do Curso de Artes Plásticas

Departamento de Artes/UFRN

E-mail: wernher@interjato.com.br

Propõe-se observar como o ser humano se utiliza da arte como forma de uma melhoria de seu status individual e de sua integração social. Análise de depoimentos de artistas e pessoas comuns sobre artes: “eu como arte, vivo arte”, Rosa Costa, bailarina. Formas exemplificativas de expressões e comunicação artísticas: .a.Grafismos e pichações: denunciação das desigualdades sociais. .b. Arte no cotidiano: tatuagens. .c. As “máquinas” e a arte.

P-98: A Teoria Atômica de Leucipo de Mileto e Demócrito de Abdera

Autora/Expositora:

Gleba Coelli Luna da Silveira

Curso de Filosofia

Acreditamos que Leucipo tenha nascido em Mileto, porém há quem afirme que este possa ter nascido em Eléia ou Abdera. Leucipo teve como seus contemporâneos Anaxágoras, os sofistas e Sócrates. Para alguns seu mestre foi Zenão, e para outros foi Melisso. Com freqüência encontramos Leucipo associado a Demócrito. De acordo com Aristóteles, Leucipo era o criador da teoria dos átomos, sendo que esta, depois foi desenvolvida e elaborada por Demócrito. A Leucipo é atribuída a autoria de duas obras: “A Grande Ordem do Mundo” e “Sobre o Espírito”. Acredita-se que esta ultima tenha sido somente uma parte da primeira. Assim, Demócrito foi discípulo e sucessor de Leucipo na direção da escola de Abdera.

P-99: Análise da realização do plural na fala Potiguar

Autora/Expositora:

Luciana de França Lopes

(Aluna e voluntária do Projeto ALiRN)

Universidade Potiguar –UnP

Departamentos de Letras

Este trabalho investiga a realização do plural de palavras terminadas em –ão, -l, -au, e –éu no falar do Estado do Rio Grande do Norte. O objetivo desta pesquisa é analisar a realização do plural, nas terminações citadas, em diferentes pontos do estado. Nesta pesquisa foi utilizada a questão relativa ao número de substantivos do questionário morfossintático do Atlas Lingüístico do Brasil (ALiB), com dados colhidos através dos inquéritos definitivos realizados em alguns municípios do nosso estado, incluindo a capital, os quais fazem parte da rede de pontos do Projeto Atlas Lingüístico do Rio Grande do Norte (ALiRN). Os inquéritos foram realizados com informantes selecionados a partir de critérios estabelecidos pelo Comitê Nacional do Projeto ALiB: nível escolaridade (superior e fundamental), ambos os sexos, e duas faixas etárias (18 – 30 anos e acima de 45 anos). Os dados obtidos através desta investigação confirmam a hipótese que nos guiaram nesta pesquisa, de que a variante de prestígio é utilizada principalmente por pessoas de nível de escolaridade mais elevado.

P-100: ASSISTÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA NA PERSPECTIVA DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: UM NOVO CAMINHO GARANTIRÁ UMA NOVA REALIDADE?

Autora/expositora:

Mariane Araújo Mendes Pereira (Discente)

Orientadora: Eliana Andrade da Silva

Departamento de Serviço Social (CCSA)

E-mail: marianeamp@yahoo.com.br

Introdução: O protagonismo dos Conselhos no debate da Assistência Social, fez com que o governo Lula incorporasse na agenda governamental, a proposta de redesenhá-la, a partir da discussão e implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS); baseado na Constituição de 1988 e na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Essa atitude visa garantir que essa política pública ultrapasse o caráter caritativo e fragmentado, através da mudança de enfoque do individuo para a família, considerando a universalidade que essa se propõe. Objetivo: O referido trabalho visa discutir os limites e possibilidades da nova Política Nacional da Assistência Social, a fim de analisar se as mudanças preconizadas nessa, se reduziram ao âmbito institucional ou se efetivamente, garantirão ao usuário a efetivação e ampliação dessa política, visando o horizonte da garantia de direitos. Metodologia: Pesquisa bibliográfica, documental e observação participante. Resultados parciais: Constata-se que a nova Política Nacional da Assistência Social é uma consolidação da proposta de universalização da assistência social como direito social garantindo os avanços da Constituição e da LOAS. Observamos também, a sensibilização, mobilização e incorporação dessa proposta pela sociedade civil, conselhos municipais e federal, e profissionais da área de assistência. Entretanto, apesar da construção desse novo caminho, persistem velhos problemas, como a indefinição do co-financiamento, a falta de recursos humanos, diversidades regionais, entre outras, que só serão abolidos com uma postura ousada, e até arriscada politicamente, pois vai de encontro à cultura pública do país.

P-101: CAUSOS DE BOTIJAS: HISTÓRIAS E MEMÓRIAS SOBRE O SOBRENATURAL EM CARNAÚBA DOS DANTAS

Autor/Expositor:

Thiago Stevenny Lopes

Departamento de História e Geografia, CERES, UFRN

Esp. Helder Alexandre Medeiros de Macedo

Orientador heldermacedo@katatudo.com.br

Programa de Pós-Graduação em História, CCHLA, UFRN

Este trabalho emergiu do Projeto Carnaúba dos Dantas: Inventário do Patrimônio Imaterial de uma Cidade do Sertão do Rio Grande do Norte - PRONAC N° 043906 e tem como objetivo a investigação a respeito das histórias sobre botijas contadas pelos moradores de Carnaúba dos Dantas (zona urbana e rural) e como essas histórias vieram a contribuir para a reafirmação do imaginário dos mesmos narradores. Justificamos a edição da pesquisa tendo em vista as discussões que o patrimônio imaterial tem levantado, tanto na historiografia, como nos estudos patrimoniais, com relação à participação ativa de grupos minoritários ou marginalizados na construção das histórias locais. Enfatizamos, também, que a rememoração dessas histórias dá visibilidade a esse patrimônio - oral, material e imaterial - pertencente aos carnaubenses. Ainda levantamos um interesse pessoal a respeito da forma como essas histórias vieram a inserir visões fantasiosas de mundo na imaginação dos moradores do município. A metodologia está baseada na leitura e discussão do referencial teórico - ancorado no conceito de memória discutido por Jacques Le Goff, Ecléa Bosi e Maurice Halbwachs - e no de patrimônio cultural, cujos aportes são levantados por Françoise Choay, Maria Cecília Londres Fonseca, Carlos Lemos e Roque de Barros Laraia. Seguiu-se o reconhecimento da colônia de narradores - que agrupa os mais antigos moradores - e coleta das entrevistas, sendo utilizadas para este trabalho apenas as que já se apresentam digitadas, revisadas e que se relacionam ao tema em questão. Viajar pelas memórias dos narradores nos permitiu compreender como as narrativas em torno de tesouros enterrados, no mundo rural e na paisagem citadina, contribuem para que se pense a relação entre medo, religiosidade popular e crença na existência do sobrenatural presentes no tecido mnemônico desses indivíduos.

P-102: CORPORALIDADE: Representações e sexualidade do corpo feminino

Autor/Expositor:

Honório, Maria das Dores (dorahonorio@ig.com.br)

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Esta comunicação apresenta pesquisa em andamento que tem como objetivo investigar a construção de representações de corpo e sua relação com a sexualidade, em adolescentes de 14 a 17 anos, do sexo feminino, de camadas populares. Partindo da concepção de corpo como uma construção cultural e social específica de cada cultura, sociedade e/ou classe social, pretendemos investigar essa construção, localizando significados/representações do corpo e sua relação com a sexualidade enquanto linguagem na construção de gênero.

P-103: Cuidado: o que estudantes universitários fazem com o meio ambiente?

Autor/Expositor:

Thiago F. Pinheiro

Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa-Ambiente/UFRN

Bolsista de Iniciação Científica do Pppg/CNPq

Curso de Psicologia/UFRN

E-mail: thiagopinheiro@hotmail.com

Co-autor: José Q. Pinheiro (orientação)

A crescente preocupação com os níveis atuais de destruição do meio ambiente tem gerado uma maior atenção aos temas ecológicos por parte dos pesquisadores e das pessoas em geral. Este trabalho se propõe a explorar um aspecto importante do posicionamento pró-ecológico que, no entanto, tem sido pouco estudado: o cuidado ambiental. Nosso grupo de pesquisa aplicou um questionário em 355 universitários da cidade de Natal, RN com a intenção de investigar o posicionamento das pessoas em relação a cuidar ou não do ambiente e o tipo de ação que elas qualificam como atividade de cuidado ecológico. O grupo de respondentes foi composto por 229 mulheres e 126 homens, de universidade pública e privada, com média de idade de 22,7 anos (DP = 5,05). Cerca de metade dos universitários (53,2%) afirmaram realizar alguma atividade de cuidado ambiental, dentre os quais a maioria foi constituída por mulheres (69%). Houve associação significativa da prática de cuidado ambiental com deixar contato para participar de campanhas ecológicas e com a postura pró-ecológica medida por escalas consagradas na literatura. A análise de conteúdo das práticas relatadas como atividades de cuidado ambiental mostrouidade de cuidado ambientals como que a expressão do cuidado, na sua maior parte, apresenta aspectos lingüísticos que sugerem positividade e implicação do sujeito na ação. Além disso, a maioria das atividades de cuidado foi apresentada como sendo atual, espontânea e dispendiosa de esforço. Tais aspectos relacionais são configuradores de um ambientalismo que parece genuíno e implica responsabilidade e comprometimento. Os dados explorados apontam para a associação do cuidado ambiental com formas tradicionais de investigação do posicionamento pró-ambiental das pessoas. Considerando ainda que o indicador estudado seja uma forma de comportamento auto-relatado, que se aproxima mais do comportamento real do que as tradicionais medidas disposicionais internas, sugerimos maior atenção ao tema em estudos futuros sobre o ambientalismo das pessoas.

P-104: DEBULHANDO FEIJÃO NO MUNDO RURAL EM CARNAÚBA DOS DANTAS: HISTÓRIAS DE UM LUGAR DE SOCIABILIDADE

Autor/Expositor:

Sidney Santos da Silva

sidneysantossilva@yahoo.com.br

Departamento de História e Geografia, CERES, UFRN

Esp. Helder Alexandre Medeiros de Macedo - Orientador heldermacedo@katatudo.com.br

Programa de Pós-Graduação em História, CCHLA, UFRN

Essa pesquisa faz parte do Projeto Carnaúba dos Dantas: Inventário do Patrimônio Imaterial de uma Cidade do Sertão do Rio Grande do Norte, PRONAC Nº 043906, vinculado ao Ministério da Cultura e financiado pela Petrobras, coordenado pelo mestrando Helder Macedo. Objetivamos compreender quais eram os espaços de sociabilidade no mundo rural de Carnaúba dos Dantas e como as pessoas se relacionavam nesses espaços. Justificamos esse trabalho na perspectiva de valorizar os estudos patrimoniais nos quais se alargam de tal forma que inserem os estudos da historiografia, como também dar visibilidade a essas histórias como patrimônio imaterial dos moradores de Carnaúba dos Dantas. O contato com os narradores nos despertou um interesse pessoal, já que esses eventos nos remetem a um passado festivo e contagiante. O referencial teórico está ancorado no conceito de memória discutido por Jacques Le Goff, Ecléa Bosi e Maurice Halbwachs, e nas discussões sobre Patrimônio Cultural que emergem das obras de Françoise Choay, Maria Cecília Londres Fonseca, Carlos Lemos e Roque de Barros Laraia. A sistematização está pautada na leitura e discussão dos textos teóricos, na etapa de reconhecimento da colônia de narradores, na coleta das entrevistas gravadas, transcrição e digitação das mesmas, tomada da carta de sessão e por fim análise das narrativas tendo em vista a base teórica e o referencial bibliográfico. Quarenta pessoas foram entrevistadas, destas, um número significativo, percorrendo os caminhos da memória revisitaram as lembranças das debulhadas como momentos de encontros, de conversas, de sociabilidades e festividades entre amigos e familiares. Descortinamos esses momentos tatuados na memória dos carnaubenses como formas de socialização e modos de conciliar trabalho, laços familiares e entretenimento, artes de extrair da labuta do cotidiano momentos de atividades aprazíveis e incandescer das teias de relações humanas.

P-105: DOUTRINA E ESPAÇO: Arquiteturas das Igrejas Protestantes e Pentecostais

Autores/Expositores:

Daniel Fernandes de Macedo (aluno)

E-mail: danielfmacedo@click21.com.br

Departamento de Arquitetura/UFRN

Pablo Gleydson de Sousa (aluno)

E-mail: blackspluff@click21.com.br

Departamento de Arquitetura/UFRN

As igrejas evangélicas têm intensificado sua aparição na mídia nacional e o crescimento numérico de certos grupos tem aumentado a procura por espaços de culto, novos ou adaptados. Nesse contexto, o painel propõe uma análise comparativa das tipologias edilícias entre as igrejas protestantes históricas, pentecostais e neopentecostais. São investigados os elementos formais comuns e destoantes desses três grandes grupos e como as influências estilísticas refletem suas ideologias, cosmologias e inserções no mundo religioso e secular, no passado e no presente. O estudo fomenta a pesquisa sobre o espaço sagrado ao tentar compreender as antigas e recentes manifestações religiosas e seu rebatimento no espaço construído.

P-106: ESTUDO ETNOBOTÂNICO NAS COMUNIDADES INSTALADAS ÀS MARGENS DO RIACHO ÁGUAS VERMELHAS (PARNAMIRIM/RN), COMO SUBSÍDIO PARA CONSERVAÇÃO E RECOMPOSIÇÃO DA MATA CILIAR

Autora/Expositora:

Alídia Hernandes Ribeiro

Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Maria Iracema Bezerra Loiola

Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia – UFRN.

A ocupação dentro do município de Parnamirim iniciou-se de fato após o final da Segunda Guerra Mundial. Desde então os cursos d`água em geral vem sofrendo uma série de agressões, como a remoção da mata ciliar (que causa assoreamento do seu leito), deposição de lixo e esgoto, entre outras, devido a ocupação de suas margens. Esse processo vem ocorrendo, pois, alem da ausência de políticas publicas durante a ocupação do local, verifica-se o desconhecimento da importância do riacho como fonte de recurso mineral e biológico. Antagonizando todo esse processo de devastação, que ocorre em toda Bacia do Rio Pirangi, cerca de 5ha encontram-se bastante preservados desde 1950 como propriedade particular e que, desde 1998, foi transformada na Área de Proteção Ambiental (APA) Hidrominas Santa Maria, que se localiza as margens do riacho Águas Vermelhas. No sentido de dar subsídio à conservação e recomposição da mata ciliar, duas linhas de trabalho foram iniciadas: o levantamento florístico e a realização de entrevistas em um dos bairros que compõem a comunidade ribeirinha do caso (Vale do Sol). Para coleta de material botânico, foram realizadas 12 excursões onde foram registrados 85 taxa, ressaltando-se que esta etapa ainda encontra-se em andamento. A análise comparativa preliminar da flora evidenciou a similaridade com outras áreas já inventariadas no Rio Grande do Norte, presença de espécimes que são tidos como medicinais em outros Estados, e plantas com grande potencial ornamental e paisagístico. A realização de entrevistas conta com 100 depoimentos até a presente data. E estudo dos dados coletados revela entre os entrevistados, o desconhecimento do que é uma APA e da existência de uma na proximidade de suas residências. Mostra também que a grande maioria não utiliza nenhum recurso proveniente da mesma, apesar do uso de medicamentos fitoterápicos.

P-107: JOVEM, ÉTICA E CIDADANIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Autora/Expositora:

Sílvia Maria Jerônimo da Silva – Acadêmica em Artes

almacigana2003@yahoo.com.br

Departamento de Artes - UFRN

Co-autoras:

Maria José Cavalcante de Lima – Profª de Letras Portuguesa

Monique Dias de Oliveira – Acadêmica em Artes

O projeto de caráter interdisciplinar integrou a língua portuguesa e a arte, pretendendo exercitar no jovem a capacidade de desenvolver seu pensamento crítico para atuar na sociedade de forma ética e cidadã nas diversas áreas, assim como ter a responsabilidade de aplicar as informações recebidas. A partir da sensibilização do tema gerador definido pela escola: “Jovem, ética e cidadania no mundo contemporâneo” para o ano letivo de 2004, surgiu a problematização do que é ser jovem neste mundo contemporâneo; quais os desafios que enfrentam e que atitudes geralmente tomam. A partir destes questionamentos, chegamos aos subtemas: Consumo, educação, sexualidade, drogas, participação política, gangs juvenis entre outros. Em grupos, os alunos formularam hipóteses e iniciaram pesquisas, produziram textos e apresentaram seminários com discussões sobre os temas. Após todas estas etapas, eles tiveram um novo desafio que foi de expressar através da linguagem das artes visuais, os temas abordados. A ação oportunizou a todos a aquisição de um novo conhecimento dentro da arte contemporânea: o conceito de ‘instalação’. Sob a orientação da disciplina de arte, foi trabalhada, em sala de aula, a idéia de arte conceitual e desenvolvido a prática que culminou com uma mostra de arte e cultura na Escola Estadual Berilo Wanderley. Ao final do projeto, obteve-se a assimilação dos conteúdos, a identificação dos alunos com os temas, gerando, em parte, mudança de comportamento, construção de uma nova identidade mais crítica e participativa em relação ao grande grupo. Ficou evidente o crescimento da auto-estima, das habilidades, da fluência verbal na hora da exposição, das atitudes de cooperação e respeito em relação às diferenças. Além dos excelentes resultados das instalações, idéia tão pouco difundida e conhecida pelos mesmos, apesar da existência desde a década de 70. Todavia, repercutiu de forma positiva e até mesmo de vanguarda dentro da escola pública.

P-108: MEMÓRIAS DE UMA MODERNIDADE

Autor/Expositor:

Jânio Gustavo Barbosa

Graduando em História

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

janioguga@yahoo.com.br

A motivação contemporânea para o estudo das representações da vida Privada, está na configuração das sociedades ocidentais atuais, nas quais predominam a profusão imagética acelerada e a exploração, pelos meios de comunicação da vida intima, ocorrendo concomitantemente a aceleração de ritmos, da comunicação, tudo baseado na ênfase ao individual e na exposição deste aos olhares do público. Desta forma, tal problema instiga a investigação que é o objetivo geral deste trabalho: entender como a Modernidade foi apresentada na iconografia da vida privada, mais precisamente nos álbuns de família que acabaram, junto com os ícones da intimidade e os cartões postais, por se tornar símbolos de uma época, e como esta mesma iconografia retrata as transformações ocorridas no fim do século XIX até a década de 1940 do século XX. A metodologia usada para este trabalho foi a análise de representações fotográficas presentes no final do século XIX e início do século XX, principalmente as representações voltadas a família, bem como, a leitura de teses e dissertações que tratam do assunto.

P-109: Mutirão por autogestão

Expositor:

Cecília Marilaine Rego de Medeiros

Aluna do 5º período do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN

Co-autor(es):

Amadja Henrique Borges – Profa. Dra. do Departamento de Arquitetura da UFRN

Departamento de Arquitetura – CT

E-mail: amadja@ufrnet.br ou cecília.marilaine@bol.com.br

O Departamento de Arquitetura da UFRN, através do Grupo de Estudos em Reforma Agrária e Habitat, desde 1994 presta assessoria aos movimentos populares no processo construtivo dos habitats dos Assentamentos de Reforma Agrária no Rio Grande do Norte. Em 2003, sob solicitação de Direção Estadual do MST, teve início, com o projeto de extensão universitária Assentamento do MST: O Habitat do Maria da Paz, a assessoria aos moradores desse assentamento, em João Câmara. O projeto passou por muitas etapas, dentre elas o zoneamento agro-ecológico da área, principal subsídio para os projetos de parcelamento do solo, de escolha dos locais de moradia e de trabalho, e demais projetos específicos, tanto do habitat, como os de produção. A orientação da autogestão ocorreu durante a construção do habitat do assentamento (agrovila). A construção em mutirão possibilitou, dentre outras coisas, a melhoria na qualidade e a otimização do custo-benefício do Crédito Habitação, cada unidade passando de 43m² (padrão do INCRA) para 68m². A implementação do planejamento participativo, que envolveu todos os agentes do processo (a Universidade, o INCRA, a Coordenação do Movimento e assentados), resultou em uma metodologia de mutirão em linha de balanço que garantiu, enquanto acompanhada, a participação dos próprios assentados na gestão e construção de suas casas. Apesar da orientação quanto à gestão da remuneração (limitada), os construtores (assentados) demoraram a perceber que teriam que dividi-la por etapas. Só quando ela acaba melhora seu interesse pela qualidade da habitação. A utilização da ciência em projetos populares como este, objetivando a organização do trabalho e educação formal e específica de mão-de-obra especializada está em processo de elaboração e análise pelo GERAH e configura como uma alternativa as necessidades específicas dos projetos populares.

P-110: Narrativas de memórias do Sítio Breu

Autoras/Expositoras:

Aldinida de Medeiros Souza

(Base de pesquisa sobre Cultura Popular/UFRN)

Ivani Machado

(Grupo de Cultura Popular Calembar)

O presente trabalho busca evidenciar, através das Narrativas de Memórias dos antigos moradores do Sítio Breu, a relevância da oralidade que compõe as músicas e teatralizações, dos folguedos de São Gonçalo do Amarante. O Breu, como é chamado, encontra-se hoje desabitado. Mas as memórias do lugar estão vivas, nos poucos habitantes que restam dos muitos que povoaram o sítio.

P-111: NOS PASSOS DA HISTÓRIA: DAS SALAS DE AULA ÀS RUAS.

Autoras/Expositoras:

Cristiane Monteiro Aragão;

Rosangela Monteiro Aragão;

E-mail: monteironatal@yahoo.com.br

Nosso trabalho é o resultado de uma proposta de retirar a história do Rio Grande do Norte, mais especificamente da cidade de Natal, de dentro da sala de aula, levando o aluno a conhecer a realidade do acontecimento in loco. Através de visitas dos pontos históricos o aluno terá a possibilidade de compreender e analisar a história da cidade por meio da observação e conhecimento dos locais visitados. Nesse contexto o professor permite ao aluno, através da percepção visual do espaço, compreender e analisar, por meios próprios, fragmentos da história local. Para isso realizar esse trabalho fizemos uso de aulas de campo, visitas em grupos a locais previamente determinados, em que os alunos puderam ver os cenários dos acontecimentos além de receberem explicações teóricas dos mesmos. O objetivo final do nosso projeto foi fazer com que o aluno produzisse conhecimento, pois, após visita, os alunos prepararam relatórios referentes às aulas dadas.

P-112: O CONSUMO DE ÁLCOOL NAS FAMÍLIAS DE ADOLESCENTES E JOVENS ESTUDANTES EM NATAL E OS PROBLEMAS CAUSADOS POR ESSA PRÁTICA

Autoras/Expositoras:

Monique Brito

Bolsista de iniciação científica CNPq

Magda Dimenstein (Orientadora)

Emanoel Lima

O consumo de álcool é um fenômeno mundial que ultrapassa fronteiras nacionais, culturais, sociais, políticas e econômicas. Dentre todas as drogas lícitas e/ou ilícitas, é a mais consumida em todas as sociedades. É considerado problema de saúde pública pelo fato de seu uso abusivo resultar em inúmeras complicações que abrangem as áreas física, judicial, profissional, escolar, social e familiar, sendo muitas vezes associado ao crime e à violência, seja como causa direta ou relacionada. A adolescência é considerada como a etapa do desenvolvimento humano onde o indivíduo encontra-se mais vulnerável e exposto ao uso de substâncias psicoativas. Com base nisso, realizou-se uma investigação abrangendo questões como o uso de álcool e outras drogas, porte de armas, envolvimento em conflitos corporais, bem como vivência de violência policial por adolescentes e jovens estudantes de uma escola pública de bairro periférico de Natal, com idades entre 13 e 24 anos que estão cursando o Ensino Fundamental II, o Ensino Médio e o Supletivo. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas com 35 adolescentes e jovens. Nesse trabalho, objetiva-se apresentar e discutir os dados específicos a respeito do consumo de álcool por essa população e sua família, articulando aos aspectos sócio-demográficos, aos dados escolares, bem como aos aspectos que podem influenciar esse consumo, segundo os participantes. Além disso, apontar os problemas que podem ser causados pelo consumo de álcool, na perspectiva dos jovens e a presença ou não na comunidade de bases de apoio formais ou informais que ajudem os jovens a lidar com essa questão. De acordo com os resultados obtidos, não foi identificada a presença de bases de apoio formais ou informais que estivessem voltadas para essa temática ou mesmo que, indiretamente, contribuíssem para o enfrentamento dessa situação ou na minimização de seus efeitos na vida desses adolescentes e jovens.

P-113: O OLHAR DO ARQUITETO NOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO RN

Expositoras:

Rosa de Fátima Soares de Souza

Mestranda em Arquitetura e Urbanismo

E-mail: rfsouza@digi.com.br

Cinthia Soares de Oliveira

Arquiteta

E-mail: cinthiasoares@terra.com.br

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PPGAU

Autoras:

Rosa de Fátima Soares de Souza – Mestranda em Arquitetura e Urbanismo

Cinthia Soares de Oliveira – Arquiteta

Camila Azevedo Fernandes de Figueiredo –Arquiteta

Experiência acadêmica nos assentamentos rurais, dentro dos municípios de Mossoró (Paulo Freire e Eldorado Carajás) e João Câmara (Santa Terezinha, Marajó, Boa Sorte, TTL e Maria da Paz). Acampamento é a fase anterior, que corresponde à etapa inicial de luta pela concessão de terra do Estado, existe uma forte coesão do grupo pela causa comum - terras para desenvolvimento de atividades produtivas e moradia. Caracteriza-se sobretudo pela ocupação nas proximidades de propriedades rurais; barracos construídos com plástico preto e/ou amarelo, com precária estrutura em madeira tosca e existência de liderança vinculada ao movimento nacional dos Sem Terra. A percepção dos assentamentos rurais quanto aos aspectos da tipologia do habitat rural, condições de vida, economia e organização são bastante enriquecedoras tendo em vista que a filosofia premente é a reforma agrária, entretanto a realidade é a concessão de terra e o sonho da moradia individualizada. Quando há a inserção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, através de suas lideranças, nota-se um grau de organização comunitária, todavia em assentamentos onde a liderança é atrelada a outro movimento ou mesmo quando já houve a retirada de lideranças vinculadas aos movimentos rurais nacionais existe um visível declínio na organização interna e esmaecimento do inicial objetivo comum - Terra para produção. Dentre os assentamentos visitados a diferenciação de tratamento do espaço produtivo e edificado era contundente, a apreensão de maior influencia do movimento organizado foi no assentamento Eldorado Carajás (antiga fazenda Maisa), contudo há uma lacuna quanto ao aproveitamento da terra produtiva e o escoamento da produção (acerola) para o mercado local, no Maria da Paz houve uma organização quanto a tipologia do habitat, no que se refere à racionalização de materiais e aproveitamento de espaços internos, houve a participação do arquiteto no projeto da moradia. Porém a atividade produtiva é ainda diminuta.

P-114: O SURGIMENTO DA ESCRITA: DO ONTEM AO HOJE

Autoras/Expositoras:

Izana Maria Araújo Fernandes

Rutilene Santos de Sousa Melo

Professoras do NEI/UFRN

Orientadora: Ruth Regina Melo

O presente trabalho foi desenvolvido no Núcleo de Educação Infantil – UFRN - junto a vinte crianças, com cerca de mais ou menos seis anos de idade. O tema de pesquisa “Como Surgiu a Escrita” foi definido pelo grupo devido à efervescência das questões relativas ao processo de apropriação da leitura e da escrita. Consideramos importante que as crianças pudessem compreender este processo como uma construção social humana, elaborada por diferentes povos, em diferentes épocas e contextos, objetivo definido para esse trabalho, e, percebessem a familiaridade do processo percorrido por cada uma enquanto se apropriam desse sistema. Como procedimento metodológico realizamos leituras acerca do modo de vida da sociedade primitiva; passando pela Mesopotâmia para conhecemos a vida dos povos Sumérios e a escrita cuneiforme; seguindo pelo Egito para conhecer a escrita hieroglífica; com os Fenícios descobrimos o primeiro alfabeto; estudando a cultura grega descobrimos as contribuições desse povo para a constituição do alfabeto latino - utilizado na atualidade. As sínteses dessas leituras aconteceram através de registros com desenhos e escritas das crianças que nos possibilitou ir montando, ao longo do estudo, uma linha de tempo dividida em “História e Pré-história”. Para que as crianças conhecessem os diversos portadores de escrita utilizados por esses povos realizamos algumas vivencias: com a fibra da bananeira fizemos o “bananiro”; escrevemos em placas de argila; fizemos papel vegetal; reciclamos papel, entre outros. Foi realizada uma grande exposição com todo o material produzido pelo grupo durante o estudo. Refletindo acerca do trabalho desenvolvido, consideramos que para a sua realização, foi fundamental o envolvimento do grupo e a participação dos pais enviando materiais, compartilhando experiências enquanto produtores/construtores de conhecimento na instituição UFRN, como também o envolvimento dos mesmos na organização da exposição final, quando todo o conhecimento elaborado foi compartilhado com a comunidade escolar.

P-115: O uso do PRAD como um instrumento para recuperação de áreas degradadas

Autor/expositor:

Ilton Araújo Soares

Vínculo: aluno e bolsista voluntário da Base de Pesquisa Espaço e Poder.

Departamento: Geografia

e-mail: iltonet@yahoo.com.br

A atividade de mineração é uma das principais responsáveis pela extração de recursos naturais para atender as demandas humanas. Entretanto é também uma das atividades que mais degradam o meio ambiente, principalmente quando a extração mineral se dá em minas a céu aberto, onde a cobertura vegetal e a camada de solo são retiradas para que se possa lavrar o minério. Nesse sentido, torna-se necessário a implantação de tecnologias que mitiguem os impactos causados por esses empreendimentos. Um dos instrumentos utilizados para recuperar estas áreas é o PRAD – Programa de Recuperação de Áreas Degradas, que consiste numa série de técnicas que visa reabilitar áreas que sofreram alterações de suas características naturais, através de planos preestabelecidos, restabelecendo sua cobertura vegetal e proporcionando um novo uso para aquele sítio. Tendo como suporte a perspectiva do desenvolvimento sustentável pretendemos neste trabalho mostrar o PRAD como uma técnica para recuperação de áreas degradas, usando como exemplo a atividade de mineração, em que, amparados na bibliografia especializada, mostraremos estudos de casos de empresas minerais que utilizam o PRAD em suas atividades extrativas como um instrumento para a exploração sustentável dos recursos naturais.

P-116: PAÇOS CULTURAIS DA CIDADE DO SOL: RELAÇÕES URBANISMO-LAZER

Expositoras:

Ana Julinda de Oliveira Góes

Jeffersiane Letieri Marinho de Souza

Acadêmicas do Curso Superior de Tecnologia em Lazer e Qualidade de Vida do CEFET-RN.

Autores:

Maísa Carvalho de Souza e Juliana Dantas Rocha

Acadêmicas do Curso Superior de Tecnologia em Lazer e Qualidade de Vida do CEFET-RN e graduandas do Curso Superior de Comunicação Social - Jornalismo da UFRN.

Tatiana Gomes de Souza Medeiros, acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Lazer e Qualidade de Vida do CEFET-RN e graduanda do curso Superior de Serviço Social da UFRN.

O estudo que segue objetiva apontar espaços culturais de lazer urbanos da esfera pública e privada da Cidade do Natal, localizada no Estado do Rio Grande do Norte, conhecida turisticamente por Cidade do Sol. Para tanto, busca-se entender o papel da urbanização no mundo moderno e a ocorrência de uma procura por qualidade de vida. Nesse meio, enfocando as relações da modernidade, de mercado capitalista, bem como a importância de áreas livres, utiliza-se de uma metodologia de característica exploratória-explicativa, resultando numa fundamentação teórica composta pelos respectivos tópicos: Lazer: um direito; Urbanização: um fato; Cidade: turbilhão de complexidades; Natal: Cidade do Sol; Paços Culturais e Qualidade de Vida. A pesquisa vem a suscitar, no universo contemporâneo, uma necessidade de se aproveitar de forma multifacetada e eficaz os espaços destinados ao prazer, produzindo sujeitos críticos, concebedores do elemento lazer enquanto expoente ímpar à qualidade de vida. Assim, o lazer desponta reclamando uma prática atrelada à atuação profissional responsável, livre iniciativa e gratuidade, expoente de espaços compreendidos como ambientes de relações humanas, nos quais se resguardam riquezas inestimáveis à história de um povo, pois que remetem formação de sistemas e modo de viver em sociedade.

P-117: Polícia e Violência: Um Estudo Sobre o Cotidiano de Jovens da Periferia de Natal/RN.

Autor/Expositor:

Emanoel José Batista de Lima

E-mail: emano_lima@yahoo.com

Co-autora: Monique Brito

Orientadora: Magda Dimenstein

Departamento de Psicologia

Violência é um fenômeno contemporâneo, complexo, multifacetado; trata-se de um dispositivo de poder que supõe uso da força e coerção, podendo causar algum dano individual ou social. Diante do contexto de violência e pobreza em que vivem jovens de Natal/RN, esta pesquisa buscou identificar dados sobre a violência policial em um dos bairros mais pobres da cidade. Entrevistamos 35 jovens estudantes, de 14 a 23 anos, acerca da temática da violência policial. Indagamos aos participantes desta pesquisa se eles consideravam a polícia local violenta ou não. Muitos entrevistados consideraram a polícia violenta: dos 35 participantes, 22 responderam afirmativamente. Investigamos também os motivos pelos quais a polícia age de forma violenta. A maioria (22) dos entrevistados atribuiu às práticas violentas dos policiais à inversão de valores presentes na sociedade onde se dá mais proteção aos marginais do que cuidar da população não envolvida com crimes. Outros 11,44% (04) consideraram que os atos de violência são ocasionados devido ao status da profissão de policial. Uma pequena parcela, 8,57% (03) afirmou que os policiais são violentos por que atuar com violência faz parte de seu trabalho, ou seja, são práticas de violência legitimadas socialmente. Uma parcela ainda menor 5,71% (02), afirmou que atos de violência ocorrem devido à corrupção presente entre os policiais. A mesma quantidade de jovens relatou que a violência perpetrada por policiais se deve ao consumo de bebida ou outras drogas por parte dos mesmos. Duas pessoas relataram não saber os motivos que levam um policial a ter condutas violentas. Concluímos que, principalmente nas comunidades carentes, a polícia não vem cumprindo sua função, sendo considerada corrupta e violenta. O que podemos questionar é que medidas devem ser tomadas para mudar tal situação, fazendo com que a polícia exerça seu papel e atue de modo a proteger a população.

P-118: POR UMA EDUCAÇÃO DO OLHAR: BUSCANDO AS INTERFACES ESTRE TELEVISÃO E EDUCAÇÃO INFANTIL

Autor/Expositor:

Sandro da Silva Cordeiro

sandcord8022@yahoo.com.br

Programa de Pós-Graduação em Educação/UFRN

Orientadora: Maria das Graças Pinto Coelho

O mundo contemporâneo encontra-se imerso numa teia de transformações engendrando uma nova concepção de homem, de identidade e de sociedade. As mídias, incorporadas em seus diversos suportes, estão inseridas neste ambiente trazendo consigo a possibilidade de acesso a uma grande quantidade de informações. Neste cenário encontramos as instituições educativas, sendo confiadas a estas a responsabilidade de democratização do conhecimento, incluindo também o acesso aos bens tecnológicos e midiáticos. O docente é considerado o agente impulsionador desta mudança, tendo a missão de preparar os indivíduos para viver esses novos tempos, visando uma formação voltada para a cidadania cultural. Incorporar o conteúdo midiático no cotidiano escolar é uma atitude necessária e deve ser cultivada, tendo em vista a sua presença constante no cotidiano das crianças desde a mais tenra idade. Com base nesses pontos levantados propomos o desenvolvimento deste projeto de dissertação. Objetivamos investigar a relação criança/televisão, discutindo o entrelaçamento estabelecido entre Educação Infantil e a mídia televisual, destacando o papel do professor neste processo. Acionaremos o seguinte acervo bibliográfico: BASSEDAS (2003), BELLONI (2001), MARTÍN BARBERO (1999), PFROMM NETTO (1998). É depositada nos educadores a missão de esclarecer acerca do poder da televisão, buscando artifícios para avaliar a programação veiculada e estabelecendo uma discussão crítica a respeito do que está sendo consumido, contribuindo para o desenvolvimento intelectual, sócio-afetivo infantil e a transformação das informações em conhecimento significativo.

P-119: PRESENTE DE NEGRO: RELAÇÕES DE COMPADRIO ENTRE NEGROS E BRANCOS NA CAPITANIA DO RIO GRANDE DO NORTE.

Autor/Expositor:

Sebastião Genicarlos dos Santos.

Discente do curso de História

CERES/UFRN

E-Mail: genicarlos2000@yahoo.com.br

Não raramente encontramos na historiografia, alusões às relações de compadrio entre escravos e senhores, onde o principal motivo para que ocorresse esse tipo de relação era a intenção de adquirir pecúlio para a compra da alforria dos escravos. Este é o ponto de vista pelo qual a família escrava seria beneficiada, pois um de seus membros estaria sob a “proteção” de alguém com grandes possibilidades de ajuda-lo a livrar-se da condição de escravo. Mas, e o senhor o que ganharia com isto? Não é refutável a idéia de que ao tornar-se padrinho de um escravo o senhor cumpriria o papel de um benevolente religioso. Em contrapartida receberia como PRESENTE DE UM NEGRO, a responsabilidade de doar uma pequena parte dos seus bens a um não parente, a fim de propiciar a compra de sua alforria. Neste sentido, objetivamos estudar essas relações na região que compreende o atual Seridó (Capitania do rio Grande) durante o século XVIII. Para tal usamos como base de dados os inventários post mortens do fundo da comarca de Caicó/1º Cartório Judiciário, hodiernamente, sob a guarda do LABORDOC (Laboratório de Documentação Histórica) UFRN. Estes documentos também subsidiam as pesquisas da equipe que compõe o projeto “Sangue da Terra: história da Família Seridoense Colonial”, coordenado pelo professor Muirakytan Kennedy de Macedo. Realizamos ainda uso das leituras e inspirações historiográficas de Cristiany Rocha (2004), Mary Karash (2000) e Denise Monteiro (2002). O diálogo com as fontes nos fez “saber” que no recorte espacial da pesquisa, ocorria também este tipo de prática cultural, onde em dezessete inventários pesquisados e palmilhados constatamos a incidência desse costume, em cinco documentos. Isto evidencia o fato de que pelo menos neste aspecto a escravidão tecida no Seridó não diferia da forma praticada em outras regiões da América Portuguesa. Embora, esta apresentasse suas peculiaridades.

P-120: PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO: Elementos de uma abordagem relacional do cenário mundial contemporâneo

Autora/Expositora:

Ivaneide Oliveira da Silva

Mestranda Em Ciências Sociais

ivanneideoliveira@yahoo.com.br

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento de Ciências Sociais

Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais

Apoio: CAPES

As últimas três décadas evidenciaram profundas mudanças atreladas à globalização. Esta tem sido alvo de várias interpretações que tendem a atribuir-lhe um efeito ou potencialidade maior do que realmente lhe é devido. Esse trabalho visa destacar perspectivas teóricas que desnaturalizam os processos de globalização e evidenciam seus aspectos positivos e negativos, ressaltando os conflitos existentes na sociedade. Partindo de pesquisas bibliográficas, destacamos o papel das decisões políticas locais, embora muito pressionadas pelo ideal neoliberal, como o “motor” da reprodução de processos políticos contra-hegemônicos, construídos às margens da globalização neoliberal.

P-121: PROGRAMA GERAÇÃO CIDADÃ: REDESCOBRINDO UM NOVO CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO PARA JOVENS E ADULTOS

Autoras/Expositoras:

Claudiana Telles de Oliveira

claudianatelles@oi.com.br

Silvia Sales Medonça

silvinhasaless@ig.com.br

Departamento de Educação – UFRN - CCSA

O interesse desse Pôster nasceu de nossas experiências como alfabetizadora e posteriormente como coordenadora pedagógica na alfabetização de jovens e adultos, no Programa Geração Cidadã. A temática aqui a ser desenvolvida abordará as propostas educacionais promovidas pelo programa Geração Cidadã em sua atuação ao longo dos seus cinco anos de existência.O nosso objetivo principal é a divulgação do trabalho que está sendo realizado frente à alfabetização desses jovens e adultos com pouca ou nenhuma escolaridade no contexto do programa já mencionado acima.Esse programa iniciou-se suas atividade em 2001 como projeto piloto, com a formação apenas de 50 turmas em Natal. No decorrer do tempo ele foi sendo reformulado chegando a formação de 200 turmas nas mais diversas esferas da sociedade, utilizando espaços como: escolas, igrejas, associações de moradores, etc. O programa aborda questões pedagógica como a formação do ser integralmente, trabalhando sua sociabilidade respeitando sua individualidade e formando para sua inserção na sociedade de maneira satisfatória. Para isso, defendemos o trabalho com atividades educacionais diferenciadas, acreditando que essas atividades são auxiliares no projeto de alfabetização dos indivíduos; Tais como: ateliês, aulas passeios, trabalhos com incentivo a Oralidade (palestras, debates), cursos artesanais, além de contar com o projeto “corpo e memória” que utiliza atividades corporais aliada a cultura e praticas de danças e folguedos populares.Um dos diferencias do programa é manter um ambiente alfabetizador acolhedor, bem como trabalhar a afetividade como fator determinante em todos os projetos desenvolvidos, implicando na construção de um novo conceito de alfabetização mais voltado para o atendimento das atividades educacionais e que estão implicitamente interligadas as carências afetivas dos alunos. Essa abertura afetiva é uma maneira que o educador encontra para mostrar suas verdadeiras intenções na prática educativa.

P-122: Projeto Mídia e memória: estudo dos documentos sonoros das emissoras de Rádio
da cidade do Natal-RN (1941-1955)

Autora/Expositora:

Edivânia Duarte Rodrigues e Érica Conceição Silva Lima (alunas)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento de Comunicação Social

5edirodrigues@bol.com.br

Orientador: Prof. Dr. Adriano Lopes Gomes

Este projeto se apresenta como uma proposta de pesquisa interdisciplinar entre Comunicação Social e História, cuja relevância recai sobre a necessidade de conhecer e analisar os registros sonoros das emissoras de rádio da cidade do Natal – RN (1941-1955). Para reconstituir a memória radiofônica da primeira emissora de rádio do Rio Grande do Norte, a Rádio Poti, foram realizadas entrevistas abertas com oito informantes, categorizados como profissionais e ouvintes da emissora. A pesquisa delimitou a grade de programação desenvolvida pela Poti, contextualizada nos programas de auditório, de humor, radionovelas e radiojornalismo.

P-123: Quem Casa Quer Dote: de como a mulher era inserida na ordem familiar hierárquica colonial (Vila Nova do Príncipe, Capitania do Rio Grande. 1754 - 1795).

Autor/Expositor:

Rosenilson da Silva Santos

Discente do curso de Licenciatura Plena e Bacharelado em História

E-mail: rosenilsonsantos@yahoo.com.br

Muirakytan Kennedy de Macêdo

Prof. Ms do Departamento de História e Geografia - UFRN/CERES/CAICÒ

E-mail: muirakytan@uol.com.br

A América portuguesa do século XVIII viveu um momento de ricos intercâmbios culturais, época de transmissão, criação e transformação de costumes. No entanto, pouca coisa mudou no sentido de transformar a “marginalização” e a exclusão social das mulheres. Na Vila Nova do Príncipe, Capitania do Rio Grande, também se evidenciou esta realidade. O dote para aquelas famílias de posses foi um dos mecanismos de integração da mulher na ordem familiar hierárquica colonial. Porém, se as colocavam na possibilidade de sair da condição de solteira, novamente as aferravam ao casamento cuja cabeça-de-casal era na maioria das vezes o homem, administrador de todos seus bens. Nossa pesquisa trata destas mulheres dotadas no século XVIII em uma região pecuarística. Nossas leituras ancoram-se em obras de Muriel Nazzari (2001), Sheila de Castro Faria (2002) e Maria Beatriz Nizza (1998). A atividade de pesquisa iniciou-se pelo mapeamento das fontes, inventários post-mortem e testamentos do século XVIII, do Fundo da Comarca de Caicó, atualmente sob a guarda do LABORDOC (Laboratório de Documentação Histórica – CERES/UFRN). Quarenta e cinco documentos – de um total de oitenta e dois que o fundo dispõe para o século mencionado - foram catalogados, transcritos e feita a coleta de dados que povoam um banco de dados da pesquisa de doutoramento, coordenada pelo Prof. Muirakytan Kennedy de Macêdo, da qual fazemos parte como bolsista voluntário.

P-124: Rádios comunitárias na construção da cidadania.

Autor/Expositor:

Alexandre Ferreira dos Santos

estudante de Comunicação Social - UFRN

e.mail: alexandrehomestudio@bol.com.br

As rádios comunitárias podem desempenhar um papel muito importante no desenvolvimento da cidadania. Quando geridas democraticamente representam o espaço do cidadão. O espaço em que a pessoa e suas organizações coletivas, de uma dada localidade, podem se apropriar de um canal de comunicação e colocá-lo a serviço dos interesses e necessidades da comunidade.Esta proposta visa discutir a importância das rádios comunitárias na construção da cidadania, estimulando a cultura local e atuando como instrumento a serviço da democratização da comunicação por isso, levanta alguns questionamentos e mostra-se de extrema relevância uma vez que as rádios comunitárias estão cada vez mais presentes nas pequenas cidades e grandes centros, um estudo como esse procura fornecer subsídios para uma avaliação mais consistente desse novo panorama da comunicação social no Brasil.

P-125: Resgate popular pelo erudito

Autora/Expositora:

Maria Tânia Florentino de Sena

E-mail: mariataniaflorentino@yahoo.com.br

Aluna especial do PPgEL

UFRN

Este estudo tenta expor os traços semelhantes e díspares entre o poema A morte do touro mão de pau de Ariano Suassuna e o romance Boi da mão de pau de autoria do romanceiro potiguar do ciclo do gado Fabião das Queimadas. Ariano Suassuna fundador do Movimento Armorial busca na arte popular bases para sua produção intelectual. Neste poema, é notório que o poeta tem conhecimento da cantoria sertaneja e a reconta à sua maneira. Dentro do contexto da recriação, é permitido fazer a comparação do artista armorial com o narrador benjaminiano. Walter Benjamin diz que o grande narrador tem sempre suas raízes no povo, principalmente nas camadas artesanais. Isso é o que o “Arauto do Movimento Armorial” faz: colhe na cultura popular para criar.

P-126: Somos Todos Iguais!

Autora/Expositora:

Fabiana Ferreira Batista

Departamento de Educação / UFRN

fabibatista_rn@hotmail.com

Este estudo busca analisar o processo de inclusão dos alunos especiais na escola regular, ancorado neste o portador de Síndrome de Down. Falar da inclusão de portadores de Síndrome de Down significa entender que seu grau de desenvolvimento e socialização pode ser bastante satisfatório quando os mesmos passam a ser vistos como indivíduos capazes de fazer parte de um mundo designado para habilidades e competentes. Deste modo a formação de jovens portadores de síndrome de Down deve começar a partir do nascimento, continuar na infância e na adolescência, sujeitos a adaptações curriculares e metodologia próprias. Os alunos com essa deficiência é capaz de compreender suas limitações e conviver com suas dificuldades, 73% deles tem autonomia para tomar iniciativas, não precisando que os pais digam a todo momento o que deve ser feito. Isso demonstra a necessidade/possibilidade desses indivíduos de participar e interferir com certeza autonomia em um mundo onde “normais” e deficientes são semelhantes em suas inúmeras indiferenças. Esta analise partiu de uma observação direta, na Escola estadual Professor Luiz Gonzaga, na cidade de Natal, com o objetivo de conhecer de perto o desenvolvimento da aluna Débora Seabra, dentro da observação proposta nos detemos nos fatores como: posição dos pais, histórico da criança, estrutura da escola e a sala de aula. Ao estudar os detalhes de todo esse processo de inclusão é perceber de perto que um dos objetivos para esta inclusão é o desenvolvimento e programas criativos e ações que resultem em melhor qualidade de vida destas crianças, fazendo com que elas se tornem mais autônomos na sala de aula, interiorizando regras de vida social, reunindo também um conjunto de experiências integradas e vivenciadas globalmente, lhe permitindo funcionar relacionar-se, comunicar-se, jogar e divertir-se no contexto familiar e escolar.

P-127: STRESS OCUPACIONAL: UM ESTUDO COM OS PROFISSIONAIS MÉDICOS

Expositora:

Eliane Medeiros Costa

Psicóloga, Psicopedagoga, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Autoras:

Ana Lúcia de Souza Carvalho

Vânia de Vasconcelos Gico

Íris do Céu Clara Costa

Em conseqüência da globalização econômica e tecnológica informatizada, dentre outros motivos, o homem vive hoje um intenso processo de mudança, tendo cada vez menos tempo para refletir o seu dia a dia, afetando sua qualidade de vida. O stress, um dos maiores vilões do nosso tempo vem interferindo significativamente no cotidiano das pessoas, tornando-as, mais vulneráveis. É um mecanismo de adaptação do organismo frente a alguma ameaça, pressão ou fortes emoções demandadas do meio ambiente externo que interferem e trazem conseqüências ao organismo humano. A ênfase deste trabalho que se baseou no referencial humanista e existencial, concentra-se no stress ocupacional dos médicos, profissionais que sofrem constantes pressões. O diferencial dos demais profissionais é que o médico lida com a vida humana, tornando-se responsável pelo seu cuidado. O objetivo desse trabalho foi verificar o stress de sete especialidades médicas, anestesiologia, cirurgia geral, ginecologia, ortopedia, oftalmologia, pediatria e psiquiatria. A pesquisa foi de natureza exploratória, tendo uma amostra estratificada de 67 sujeitos, escolhidos aleatoriamente de um universo de 841 médicos das especialidades supra citadas, dado concedido pela Associação Médica do Rio Grande do Norte. A metodologia teve por base a análise quantitativa e o instrumento de coleta utilizado foi o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). Os dados foram analisados pelo Statistical Parcket for Social Science/99 (SPSS). Os resultados apontam para um maior percentual de stress em anestesiologistas e psiquiatras, observando-se uma predominância da fase de resistência em profissionais com faixa de renda até 15 salários mínimos, assim como os que trabalham em três turnos. Considerando-se as evidencia de stress nesses especialistas, o estudo revela a emergência do cuidado para com o profissional cuidador responsável pela vida do outro. Evidenciam-se implicações sociais, relacionais e humanas, bem como institucionais, uma vez que faltam condições laborais para o bom desenvolvimento das atividades profissionais, o que tem levado os médicos a buscarem complementação salarial, comprometendo seu profissionalismo e sua qualidade de vida.

P-128: Templo e Poder: o caso de algumas igrejas evangélicas em Natal/RN

Autores/Expositores:

Anaxsuell Fenando

pranaxs@yahoo.com.br

Priscila Vieira Ferreira

irmapriscila@bol.com.br

Vínculo: Graduandos do curso de ciências sociais (UFRN)

O presente trabalho mostra a relação existente entre os templos de igrejas evangélicas na cidade do Natal e sua prática religiosa, doutrinária e política. Segundo teóricos, o espaço determinado aos rituais litúrgicos é um lugar de comunicabilidade com o céu – representação do céu na terra – onde o cosmo sustenta-se e as impurezas são exorcizadas, exercendo uma função soteriológica importante. Com o crescimento do número de evangélicos, e, por conseguinte, do número de denominações, este espaço consagrado à prática dos ritos ganhou uma nova função – configurando-se como um elemento distintivo entre tais denominações. Atestando a qualidade das suas práticas litúrgicas e simbólicas, com vias de arregimentar novos adeptos a estes grupos. Desta forma, a grandeza e o sucesso destas instituições está proporcionalmente relacionada com a magnitude arquitetônica do templo utilizado para tais práticas. Quanto maior e mais belo for este, mais eficiente será a instituição e, portanto, apta e eficaz na resolução dos dilemas e mazelas vividas pelos indivíduos, conseqüentemente possibilitando o aumentando da sua demanda. Um número maior de fieis por sua vez viabilizará a construção de novos templos – ainda maiores e mais impactantes – com os mesmos fins. Percebe-se que a idéia vigente em algumas denominações de crescimento como fim último da religião, fez gerar um ciclo vicioso e assim, passível de análise. O crescimento, porém, não é só no tamanho do templo ou do número de fiéis, mais cresce também a influência dessas igrejas na sociedade através da relação do poder político e cultural que elas estabelecem.

P-129: Trabalho Infantil Doméstico : Lugar de criança não é na cozinha

Autora/Expositora:

Márcia Alves de Mello e Silva

Aluna do Departamento de Serviço Social

e-mail : marciamello_silva@yahoo.com.br

A proposta de painel é provocar o debate sobre a questão do Trabalho Infantil Doméstico, uma realidade que afeta milhares de meninas, essas trabalham como empregadas domésticas, durante uma fase da vida , que deveriam se dedicar a escola. O painel será composto por dados estatísticos, síntese da legislação brasileira que protege e assegura os direitos das crianças e dos adolescentes, visto a grande necessidade de conscientizar para a total erradicação do Trabalho Infantil Doméstico, esse trabalho deslumbra a transmissão de informação , para conscientizar para um problema que acontece dentro de casa, um ambiente “velado” pela Constituição Federal Brasileira.

P-130: Venha ver a semana santa: Os ritos pascais numa comunidade potiguar

Autora/Expositora:

Andreia Regina Moura Mendes

Mestranda do programa de pós graduação em Antropologia social- UFRN

andreia.reginarn@lycos.com

Os rituais fazem parte da sociedade e expressam os seus valores e representações, comunicando através dos seus símbolos os significados das suas crenças. O fenômeno religioso em análise é o rito da semana santa, repetido por diversas gerações na comunidade potiguar do Venha Ver, no oeste do estado do Rio Grande do Norte. Neste município, as formas rituais são os vínculos que conferem a identidade religiosa e estreitam os laços de parentesco e de colaboração entre todos da localidade. O objetivo deste trabalho é buscar estudar o significado positivo deste fenômeno religioso e entender a sua importância para a compreensão das relações sociais encontradas no Venha Ver. Os ritos pascais começam com a celebração do Domingo de Ramos, quando o pároco faz a tradicional benção dos ramos e folhagens levados pelos fiéis para a missa. Desta tradição surgiu o hábito de confeccionar uma cruz de palha e colocar na porta de entrada com a garantia que a mesma vai proteger de todos os malefícios e infortúnios. Por toda a semana santa se repete um conjunto de práticas, há muito desaparecidas em outras localidades, como o costume da esmola entre vizinhos e compadres e a obrigação de retribuição do que é recebido. O hábito de malhar um boneco como sendo o próprio discípulo Judas é muito forte e mobiliza crianças e adultos na farra. As senhoras idosas, correm para cobrir com panos brancos as imagens religiosas e ainda afirmam que "é pra Deus não ver Judas passar". Doravante, buscaremos expor o trabalho já realizado e fazer uma análise do rito para descobrir o que Durkheim havia anunciado, como a sociedade pode através de seus ritos e crenças recriar a si mesma e tomar consciência da sua vida social.

P-131: Verificação da Efetivação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), nos Núcleos de Ação Social de Cidade Nova e Praia do Meio

Expositores:

Keila Karoline Souza do Nascimento

Andreza Barbosa da Silva.

Autores:

Andreza Barbosa da Silva, Estelita Maria de Lima Cabral, Keila Karoline Souza do Nascimento e Tatiana Camila Dantas.

Alunas da UFRN do Departamento de Serviço Social.

e-mail: keilaksn@yahoo.com.br

Tendo em vista o crescimento do trabalho infantil, como uma das expressões da questão social, que ocorre na cidade do Natal, apresentamos a verificação da efetivação do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), nos núcleos de Ação Social de Cidade Nova e Praia do Meio, um dos programas sociais de transferência de renda, criado pelo Governo Federal, que na tentativa de erradicar as piores formas de trabalho infantil repassa para a família das crianças nessas condições, um valor que varia entre R$ 25,00 (zona rural) e R$ 40,00 (zona urbana). Para tal verificação, coletamos em ambos os núcleos informações a respeito das condições (estruturais ou físicas) em que o programa se realiza, do seu alcance e os impactos que o mesmo causa na sociedade. A partir daí constatamos que apesar das varias limitações existentes, o programa consegue alcançar seus objetivos, pois proporciona para essas crianças, mesmo que de maneira restrita, um pouco de educação, lazer, cultura e o conhecimento sobre seus direitos e deveres, para que as mesmas comecem a construção do exercício da sua cidadania.

P-132: “VIAJANDO O SERTÃO”: A IMAGEM CONSTRUÍDA A PARTIR DA VISÃO DA CIDADE (primeiras décadas do século XX)

Autores/Expositores:

Hélio Takashi Maciel de Farias

Graduando, Depto. de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - bolsista IC/CNPq

E-mail: solar@digizap.com.br (fone: 3206-8096)

Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros

Graduando, Depto. de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - bolsista IC/PROPESQ

E-mail: gabrielleopoldino@yahoo.com.br

Orientadora:

Angela Lúcia de Araújo Ferreira

Profa. Dra. do Depto. de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

E-mail: angela@ct.ufrn.br

A questão da relação entre as cidades capitais e o sertão é de grande complexidade, pois responde a diferentes óticas e situações, contemplando os âmbitos político, econômico, social e cultural. A aproximação entre esses dois “universos” – urbano e sertão – pode ser tida como recente, surgindo na passagem do século XIX para o XX. O intercâmbio desse conhecimento intensificou-se com a divulgação de relatos de viagens do homem da cidade aos sertões, que contribuíram na criação de uma imagem do sertão e do sertanejo. O presente estudo visa a identificação e compreensão das forças políticas e culturais responsáveis pela criação da imagem estereotípica do sertão, abordando o tema das representações e imaginário, elementos fundamentais na definição das políticas públicas e intervenções sobre o espaço. Como principais fontes, o estudo recorreu a obras literárias e artigos resultantes de excursões ao sertão do início do século passado. Entre estas encontram-se a excursão pioneira de Euclides da Cunha aos sertões da Bahia, culminando em sua obra “Os Sertões” (1902), as excursões de Mário de Andrade ao sertão Nordestino (1928), produzindo um diário de viagens, “O Turista Aprendiz”, além dos relatos de viajantes potiguares, como o de Câmara Cascudo “Viajando o Sertão” (1934) e o de Garibaldi Dantas, “Pelo Sertão” (1922). Esses relatos levavam o conhecimento de um outro Brasil, o do interior, ao Brasil do litoral, criando uma “ponte” entre esses dois “universos” fundamentalmente distintos. É notável a diferença entre a descrição de Euclides da Cunha, vindo do Rio de Janeiro e exprimindo desconforto e estranhamento, e os relatos que posteriormente são publicados por autores locais, que – já contando com melhorias nas comunicações e transportes, além da proximidade com o terreno – têm a clara intenção de desmistificar para os habitantes da cidade a imagem do sertão.


Grupos de Trabalho

Grupos de Trabalho (GTs): terça-feira e quarta-feira, 05 e 06 de julho, de 14h às 18h (com exceção de GTs de Psicologia, que acontecerão pela manhã), nos auditórios do CCHLA e nas salas do Setor de Aulas II.

. Os GTs reunirão apresentações de trabalhos sobre um mesmo tema. O GT será realizado em dois dias, num total de 8 horas.


A lista de trabalhos


GT-01: IMAGENS CONTEMPORÂNEAS E PÓS-MODERNIDADE

Coordenadora:

Maria Helena Braga e Vaz da Costa

E-mail: mhcosta@ufrnet.br

Departamento de Artes

Local: Consecão

O debate sobre o pós-modernismo e a pós-modernidade tem confirmado sua posição de destaque no cenário intelectual e acadêmico contemporâneo. Da mesma forma, autores como Fredric Jameson, centrais a esse debate, pressupõem a existência de uma correspondência entre a produção cultural, as experiências e os modos de subjetividade nas sociedades contemporâneas, e de um momento no qual "a sociedade se submerge em imagens, ocorrendo uma estetização e visualização mais completa da realidade" (Jameson, 2004, p.23). Sendo assim, esse GT abre espaço para a apresentação de trabalhos que tratem do conceito de pós-modernismo e/ou pós-modernidade e sua relação com a produção de imagens através de meios de representação visual como a pintura, a fotografia, o cinema, o vídeo, a televisão e a arte digital.

 

Somente terça-feira 05/06

01: A metaficção pós-moderna na literatura

Eduardo Augusto de Andrade Galvão

Aluno do Curso de Licenciatura Plena em Educação Artística com Habilitação em Artes Cênicas. Departamento de Artes da UFRN

email: duds07@hotmail.com

Este trabalho insere-se no contexto da contemporaneidade cultural e sua teoria literária, em relação ao conjunto dominante de idéias e práticas críticas do mundo pós-moderno. Trata da questão da metaficção (Connor, 1989) que por hora prevalece nas produções literárias da pós-modernidade, sendo caracterizada como a “exploração pelos textos literários de sua própria natureza e condição de ficção” (Connor, 1989; p. 104).

Este trabalho pretende discutir alguns pontos de vista sobre a ficção pós-moderna que acentuam a capacidade da mesma de criar e sustentar mundos puros e autônomos, e a forma como a literatura emprega suas técnicas inovadoras para essa criação. Nesse contexto, os postulados são relacionados com a literatura infanto-juvenil (que constroem “realidades fantásticas”), a partir de exemplos de produções contemporâneas, na intenção de construir uma análise crítica que permeará questões sobre a narrativa e sua “nova” construção de tempo e espaço. Autores como Brian McHale, Jean-François Lyotard, Linda Hutcheon, Steve Connor, entre outros especialistas da poética pós-moderna, compõem o embasamento teórico do trabalho, que pretende levantar questões como: que tipos de “mundo” existem, como são constituídos e como diferem entre si nestas ficções? O que acontece quando tipos distintos de mundo são postos em confronto ou quando fronteiras entre mundos são violadas? (McHale, 1987). Este estudo, portanto, aborda o texto literário pós-moderno como um “objeto ideal de análise para uma teoria da leitura que suspeita de toda forma de identidade ou de fixidez, mas ainda exige algum objeto sobre o qual praticar” (Connor, 1989; p. 107).

02: O sujeito pós-moderno

Ângela Elvira Barbosa da Paz Mendes

Aluna do Curso de Educação Artística – Habilitação Artes Plásticas(UFRN)

Bolsista PROPESQ - Base de Pesquisa em Artes Visuais, Cultura e Representação.

E-mail: angys@ig.com.br

Este trabalho trata da discussão do sujeito enquanto ser "deslocado" e "descentralizado" diante dos diversos conflitos de identidade cultural. Stuart Hall (2001) em seu livro "A identidade cultural na pós-modernidade" apresenta o conceito de identidade cultural com indagação sobre novas concepções a respeito das identidades culturais. Propondo responder algumas indagações, o autor mostra a mudança do sujeito e da identidade no século XX, refletindo sobre a fragmentação nas sociedades moderna, três concepções de sujeito presentes na modernidade (dentre eles o sujeito pós-moderno); as mudanças na sociedade tardia; e as identidades nesse contexto. De acordo com Hall, essa "fragmentação" do sujeito e de sua identidade cultural afetou diretamente a identidade nacional construída na modernidade. Este trabalho propõe, portanto, entender e discutir o entendimento de Hall sobre o sujeito pós-moderno e as identidades culturais colocando a necessidade de redimensionar o sujeito e a sociedade sobre outros paradigmas.

03: Uma Configuração Pós-moderna no Teatro

Rummenigge Medeiros de Araújo

Aluno do Curso de educação Artística – Habilitação em Artes Cênicas

Bolsista PIBIC – Base de Pesquisa em Artes Visuais, Cultura e Representação

Fone: 9106 2071

Rummenigge20@hotmail.com

Esse trabalho trata da apresentação e discussão teórica da representação teatral e sua produção de imagens na sociedade do espetáculo e da imagem, conhecida por nós como a sociedade contemporânea. Nesta sociedade, a performance dita ‘pós-moderna” constitui-se em uma forma curiosamente híbrida, surgindo do teatro, que por sua vez, localiza-se entre o pós-modernismo sem história e o pós-modernismo emergente.

A falta de uma versão coerente e de consenso do modernismo no teatro levou as teorias do teatro pós-moderno a recorrer à teoria pós-moderna de outros campos culturais (em maior freqüência e um foco ligado ao cinema) causando assim uma certa hibridização e inversão na cena contemporânea que cada vez mais se torna multimídia. Configurando assim uma nova estética realista e uma própria avaliação do realismo e do fazer teatral.

É sobre estes “empréstimos” cinematográficos e fílmicos tomados pelo teatro, juntamente com o seu resultado, ou influência, que este trabalho pretende discutir e avaliar a idéia de “pós-modernismo”,seja ele performático ou não.

04: Tribos virtuais: Imagens e sociabilidade dos "flogueiros" a partir da internet.

Bruno de Oliveira Lima

Departamento de Antropologia

Núcleo de Antropologia Visual

Os flogs viraram mania no mundo da Internet. Os brasileiros foram os que mais adentraram nesse novo tipo de site e hoje contabilizam cerca de 50% de toda a população "flogueira" do mundo. É comum as muitas tribos virtuais postarem nos fotologs, são várias imagens que retratam as suas identidades culturais particulares. O trabalho que pretendo apresentar é uma tentativa de mostrar a importância de uma analise apurada deste "fato social", já que, os flogs são maneiras de fazer, agir e pensar de uma coletividade, apresentam uma complexa rede de relações sociais e são sobre tudo espaços de sociabilidade no campo do privado e do público, construídos pelos homens da chamada pós-modernidade. Nesse contexto, abordarei as questões referentes ao Ciberespaço e Cibercultura, usando autores como: Pierre Lévi, Tomaz da Silva, André lemos, Támara Benakouche, Ariosvaldo Diniz entre outros.

05: Aspectos da Moda contemporânea na discussão do Pós-modernismo

Thiago Liam.

Aluno do Departamento de Artes com Habilitação em Artes Cênicas (UFRN)

Este trabalho analisa a Moda como fenômeno sígnico, responsável pela definição de padrões éticos, estéticos e sociais. A abordagem procura identificar suas novas formas de expressão que representariam de maneira simbólica e cognitiva a essência da sociedade pós-moderna. Apresento uma fundamentação, que parte da relação intrínseca entre a moda e o sistema capitalista, resultando no surgimento, atual, de uma mídia que interfere diretamente na vida cotidiana das pessoas e é especialista em produzir imagens que se tornam mercadorias. Como é a interação entre os indivíduos através da aparência, num momento em que as inovações tecnológicas sugerem uma substituição do real pelo virtual? Demonstro, assim, a necessidade da preocupação com o estudo de elementos visuais da moda contemporânea, em conjunto com os demais meios de comunicação, na tentativa de discutir os temas que inspiram o universo pós-moderno.

06: O ONÍRICO E O EFÊMERO NO PÓS-GUERRA: CULTURA DE CONSUMO NO RECIFE ENTRE OS ANOS 1950 E 1960.

Marcos A. de M. S. Arraes - UFPE

Licenciado em História – UFPE

Bacharelando em História – UFPE

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945, e a conseqüente “bipolarização” do mundo entre os lados vitoriosos, boa parte do mundo ocidental caiu sobre a influência econômica e política dos Estados Unidos capitalista, que, em luta contra o “medo vermelho”, representado pela URSS, iniciam uma política de pesados investimentos em novas formas de propaganda para a divulgação de um ideal de liberdade que, segundo queriam fazer acreditar, se atingia com a sociedade capitalista. Nesta, as pessoas, “diferentes por natureza”, poderiam ter a livre escolha de adquirir aquilo que melhor atingia a suas necessidades. Dentro desse panorama, nasce, nas pessoas comuns, não sem um certo conflito, novas formas de entender o mundo, novas formas de se relacionar, de necessidade, de ser, de prazer. É a emergência de um mundo pós-moderno, segundo alguns filósofos, no qual se verifica a exacerbação e institucionalização social do hedonismo moderno ou do prazer obtido a partir de imagens construídas mentalmente. A mercadoria tornou-se um fetiche, para usar a idéia de Marx e o ter e o ser se fundem, sendo um necessário e mesmo imprescindível para a obtenção do outro. Buscaremos, então, apresentar nosso plano de pesquisa de fazer um breve apanhado das negociações das elites recifenses na aceitação dos valores culturais divulgados pelo bloco capitalista, a partir da(s) lógica(s) do consumismo nos limites do espaço e tempo dados. Para tornar tal objetivo mais claro, tentaremos, na pesquisa, diferenciar o consumo pré-industrial que busca apenas a satisfação das necessidades, e o consumismo pós-moderno, ligado à dimensão do desejo, explicitando a relação entre o consumo de produtos e a aquisição de princípios e valores culturais imanentes a estes produtos como legitimadora da dominação imperialista.

07: Zaíra Caldas: trânsito para além da figura.

Vicente Vitoriano Marques Carvalho

Professor Doutor do Departamento de Artes - UFRN

Tendo em vista a intenção da artista norte-rio-grandense Zaíra Caldas de criar uma “escola” de pintura, o transfigurativismo, a comunicação discute a pertinência desta atitude no cenário pós-modernista das artes visuais, face a, segundo uma abordagem histórico-crítica, conceitos como novismo, vanguarda, apropriação e revisão do modernismo. A discussão leva ainda a considerações sobre as relações entre indivíduo (rebelde/herói solitário) e coletividade, teoria e produção artística nas situações do modernismo e do pós-modernismo. Autores como Compagnon, Jameson, Habermas, Huyssen, entre outros, orientam a discussão.

08: A sobremodernidade: pensando os não-lugares a partir de Marc Augé

Conceição Maciel

Doutoranda em Ciências Sociais – UFRN

Edivania Duarte Celestino

Doutoranda em Ciências Sociais – UFRN

Ricardo Canella

Doutorando em Ciências Sociais – UFRN

Este trabalho propõe, a partir da análise de um “Vídeo” produzido através de colagem de cenas de filmes e entrevistas, confeccionados para a disciplina Teorias Contemporâneas da Cultura - PPGCS, contribuir para a reflexão de aspectos da subjetividade na vida contemporânea. Nesta perspectiva, Marc Augé nos apresenta uma significativa contribuição para a compreensão da sobremodernidade, particularmente quanto à necessidade de se discutir os novos espaços e os aspectos da percepção. Ou seja, cumpre compreender em que a pós-modernidade, na figura do excesso, ultrapassa e relativiza, pois nunca a história coletiva interferiu tão explicitamente nas histórias individuais e nas referências das identificações coletivas. O grande desafio que se apresenta hoje, é pensar um presente onde os sistemas de representação passam a formar novas categorias de identidade e de alteridade. Torna-se necessário, portanto, reaprender a pensar o espaço da sobremodernidade, pois ele já não se mostra feito à exata medida daquele em que até um presente recente era tomado como referência. Este novo espaço, segundo Auge, impõe novas experiências às consciências individuais, diretamente ligadas ao aparecimento e a proliferação de “não lugares”. Pensar as cidades no presente, paisagens saturadas, espaços diferentes, diferentes tempos, parece mais complexo do que se poderia pensar. Requer novas significações, que passam necessariamente por um questionamento da contemporaneidade e um novo balanço de suas relações com o eu. Esse cenário, como aponta o próprio autor, vem acompanhado de profundas transformações e implicações para a vida do indivíduo, levado a um processo de esvaziamento do tempo e do espaço, que vem alterando de forma significativa o tempo vivido. Para tanto, o conceito de não-lugares, lança luzes sobre esse novo cenário, a um desvendamento do que esses desvios de olhares, esses jogos de imagens, podem provocar nas consciências individuais.

09: Cartografias do desejo: homoafetividade na narrativa de Caio Fernando Abreu

André Luiz Machado Santos

Orientador: Antônio Eduardo de Oliveira (UFRN, Departamento de Letras)

A obra do escritor brasileiro Caio Fernando Abreu (1948-1996) mostra-se impregnada de citações da cultura pop. São frequentes o emprego de referências fílmicas e musicais em seus contos e romances. Estes elementos fragmentários revelam um toque de pós-modernidade na obra de Caio. A partir daí cria-se uma cartografia homoafetiva e a formação de um "cinema interior" nas narrativas do autor. Nosso objetivo é discutir a cartografia sentimental homoerótica construída por Caio, enfatizando uma leitura da novela Pela Noite (1983).

10: HIBRIDAÇÃO DE LINGUAGENS: O CASO GRUDE

Prof. Es. Leonardo Rocha da Gama

DEART/UFRN.

A História vem registrando que ao longo dos tempos a arte vem buscando sempre novos caminhos. Basta vasculhar a recente história da arte na Modernidade para contatar uma sucessão de movimentos artísticos nas diferentes linguagens. A cada novo movimento, a negação do anterior, cujo pretexto é avançar ou superar a forma que antecede, entretanto, o fato se dá por necessidade de afirmação e aceitação do novo. Atualmente, a arte se manifesta de múltiplas formas, porém, sinaliza pontos comuns, entre eles a hibridação de linguagens (traço forte presente nos discursos sobre o pós-moderno). Seguindo a tendência da arte contemporânea o Grupo de Dança Experimental (GRUDE) vem buscando uma linguagem que perpasse o conhecimento da Dança Moderna, a partir das contribuições de Laban, e do Teatro Moderno, a partir das produções de Brecht, Stanislavsk, Meyerhold, Artaud e Grotowski. É objetivo desse estudo de caso apontar as estratégias utilizadas no processo de produção artística do GRUDE para alcançar a hibridação da dança com as diferentes correntes do teatro. Essa pesquisa sinaliza questões que podem contribuir para o entendimento da arte contemporânea, a partir das reflexões que cercam a dança no contexto do pós-modernismo e da pós-modernidade.


GT-02: ESTUDOS EM PSICOLOGIA E SAÚDE

Coordenadores:

Eulália Maria Chaves Maia

E-mail: emcmaia@ufrnet.br

Neuciane Gomes da Silva

E-mail: neuciane@ufrnet.br

Departamento de Psicologia.

Local: Consequinho (Manhã)

Ao longo dos anos, o conceito de saúde sofreu diversas alterações, até que, em 1977, a Organização Mundial de Saúde redefiniu o conceito de Saúde como “o total bem-estar físico, psíquico e social do indivíduo, e não a ausência de uma doença ou de uma enfermidade”. Isso provocou uma mudança da visão cartesiana que dividia o homem em corpo e mente, promovendo uma visão integral do mesmo e valorizando a interação entre o biológico, o psíquico e o social, ou seja, o indivíduo passou a ser visto como uma confluência desses fatores. Com isso, houve um resgate da compreensão biopsicossocial do homem e do processo de saúde-doença, levando a uma maior inserção do psicólogo em novos locais de atuação (as instituições de saúde) e ao desenvolvimento de trabalhos em equipes transdisciplinares. Esses avanços da Psicologia se expandem também para a área de pesquisa, havendo um crescimento das investigações na área de Psicologia da Saúde/Hospitalar. Dessa forma, objetiva-se criar um espaço para a discussão e reflexão de estudos desenvolvidos no âmbito da saúde em que a visão biopsicossocial do indivíduo é salientada, tendo como compromisso a Humanização na Saúde, a Ética e o Desenvolvimento Humano em toda a sua dimensão.

Primeiro dia

01. Equipe de saúde e Paciente Terminal com Câncer: Ansiedade em sua Atuação

Proponente: Daniella Antunes Pousa Faria

Pós-Graduanda/UFRN

daniella-psi@uol.com.br

Autores: Ádala Nayana de Sousa Mata (Graduanda/UFRN), Camomila Lira Ferreira (Pós-Graduanda/UFRN), Katie Almondes de Moraes (Pós-Graduanda/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento de Psicologia / Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde / CCS / UFRN.

Trata-se de um estudo que teve como objetivo geral avaliar o nível de ansiedade dos profissionais de saúde que lidam com pacientes terminais com câncer. A partir disso, verificou-se em relação a qual fase do desenvolvimento humano (criança, adolescente, adulto, e idoso) do paciente terminal com câncer, o profissional de saúde se sente mais ansioso ao realizar seu trabalho, e qual o possível motivo para tal resultado. Para se identificar estas variáveis se utilizou como instrumentos uma entrevista dirigida e o inventário de ansiedade Traço-Estado (IDATE). Verificou-se que todos os profissionais pesquisados estão com a ansiedade Estado acima da média proposta pelo manual. Verificou-se que a maior média foi alcançada pelo profissional de nutrição (60). Após este profissional tem-se os técnicos de enfermagem com média 54, os assistentes sociais e os enfermeiros com média 50,5, os auxiliares de enfermagem com média 50,28, os médicos com 48,5 e os psicólogos com 44. No que se refere a ansiedade Traço verificou-se que 57,14% das categorias de profissionais pesquisados (Técnicos de enfermagem, Nutricionista e técnicos de enfermagem) encontram-se com esta ansiedade superior à média proposta pelo manual (41,33). Além disso, se identificou que dos 91,31% dos profissionais que afirmam se sentirem ansiosos quando se trata de pacientes terminais, 65,21% destes profissionais apontam a criança como a faixa etária que lhes causa maior ansiedade.

02. Velhice: uma relação com o ambiente de convivência.

Proponente: Felipe Serquiz Elias Pinheiro (Graduando/UFRN)

Autores: Felipe Serquiz Elias Pinheiro (Graduando/UFRN), Lisane Filgueira Maciel (Graduanda/UFRN) Soraya Guilherme Cavalcante (Pós-Graduanda/UFRN), Katie Moraes de Almondes (Pós-Graduanda/UFRN), Neuciane Gomes da Silva (Professora/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Psicologia / CCHLA / UFRN.

E-mail: felipeserquiz@hotmail.com

Introdução: O crescimento da população classificada como idosa cresceu bastante nas ultimas décadas Tal fato implica numa demanda social que favoreça essas potenciais necessidades.. Assim, instituições de variadas naturezas absorvem tais carências e, consequentemente, requerem pesquisas que as fundamentem nesse processo. Objetivo: Este trabalho objetiva analisar a adaptação dos idosos às instituições aos quais estão relacionados; a qualidade do apoio psicossocial oferecido aos idosos por parte do grupo no qual estão inseridos, e como esses fatores podem influir na relação dos idosos com si mesmo e com o mundo. Metodologia: A amostra foi constituída por idosos acima de 65 anos contextualizados em instituições de naturezas distintas num total de 42 sujeitos, sendo 14 mulheres e 7 homens residentes no abrigo Juvino Barreto, e a mesma quantidade e proporção da amostra constituída em grupo de terceira idade praticante de atividades no SESC, ambas da cidade de Natal-RN. Tratando-se dessa forma de um estudo comparativo. Para isso, utilizou-se um questionário semi-estruturado, o Teste de Apercepção para Idosos (S.A.T.) e o teste Mini-Mental. Os questionários foram analisados com o auxilio do software Alceste. Resultados: Apesar dos idosos de ambas as instituições declararem encarar a velhice como uma “fase natural da vida”, não a imaginando anteriormente, os idosos da Instituição Social referem ao aspecto biológico a maioria das dificuldades que experienciam nessa fase. Também destaca-se o insuficiente apoio psicossocial da Instituição Social. Conclusões: Com relação à adaptação dos idosos ao Grupo de Terceira Idade, verificou-se que esta foi boa, estando associada às relações inter-pessoais implicadas. Já na Instituição Social Juvino Barreto, há um conjunto de perdas significativas que dificultam a adaptação na instituição, pois também está atrelado a carência de apoio psicossocial, o que não ocorre com os idosos do Grupo de Terceira Idade (SESC), no qual, estão perfeitamente adaptados com o processo de envelhecer.

03. Estudantes de Psicologia da UFRN: estabelecendo correlações entre o padrão do ciclo sono-vigília e a ansiedade.

Proponente: Caroline Araújo Lemos (Graduanda/UFRN)

Autores: Ádala Nayana de Sousa Mata (Graduanda/UFRN), Liliane Pereira Braga (Graduanda/UFRN), Caroline Araújo Lemos (Graduanda/UFRN), Camomila Lira Ferreira (Pós-Graduanda/UFRN), Katie Moraes de Almondes (Pós-Graduanda/UFRN), Neuciane Gomes da Silva (Professora/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Departamento de Psicologia / CCHLA / UFRN.

e-mail: k_rollemos@hotmail.com

A partir de evidências sobre as relações entre ciclo sono-vigília e ansiedade, objetivou-se verificar se essas relações existem em 39 alunos do curso de Psicologia da UFRN, sendo 26 alunos do 1º ano, e 13 do 5º ano. Utilizou-se uma Ficha de Identificação, Índice de Qualidade de Sono de Pittisburgh, Inventário de Traço-Estado de Ansiedade, Questionário de Identificação de Cronotipo, e Diário de Sono. Resultados mostraram escores médios de traço e estado de ansiedade para o 1º ano de, respectivamente, 52,7±9,1 e 54,3±10,2, e para o 5º ano o escore médio de traço foi 42,0±10,7 e de estado de ansiedade foi 45,9±10,4. Tais escores médios estão acima do valor esperado para a população de estudantes universitários tanto para os alunos do 1º quanto do 5º ano. Observou-se ainda que a duração de sono média para os estudantes do 1º ano foi de 08:00±01:00, durante a semana, e 08:04±01:14 no fim de semana. Para o 5º ano, esses valores são, respectivamente, 07:09±01:18 e 07:31±01:03. Verificou-se, portanto, uma relação entre sono e ansiedade através da análise de regressão linear entre estado e traço de ansiedade e duração de sono na semana e no final de semana de ambas as turmas. Desta forma, os resultados encontrados mostraram que correlações positivas ocorreram entre o traço e o estado de ansiedade e a duração de sono durante o fim-de-semana (p=0,01 e p=0,03, respectivamente). Isso indica que quanto maior a ansiedade situacional e disposicional dos estudantes mais estes dormiam durante o fim-de-semana. Assim, uma das considerações a ser feita refere-se a interferência dos altos níveis de ansiedade e de um padrão de sono irregular na saúde dos estudantes, podendo acarretar a diminuição do nível de vigilância, da atenção e da concentração, além de irritabilidade, tensão, e distúrbios de sono como insônia e sonolência diurna excessiva.

04. Qualidade e Hábitos de Sono em Estudantes dos 1os. Anos da Área Humanística da UFRN.

Proponente: Liliane Pereira Braga (Graduanda/UFRN), Ádala Nayana de Sousa Mata (Graduanda/UFRN).

Autores: Ádala Nayana de Sousa Mata (Graduanda/UFRN), Liliane Pereira Braga (Graduanda/UFRN), Caroline Araújo Lemos (Graduanda/UFRN), Camomila Lira Ferreira (Pós-Graduanda/UFRN), Katie Moraes de Almondes (Pós-Graduanda/UFRN), Neuciane Gomes da Silva (Professora/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Psicologia / CCHLA / UFRN.

E-mail: liliane@digizap.com.br

A qualidade de sono envolve critérios como início de sono precoce, menos interrupções e despertares durante o sono. Uma qualidade de sono ruim pode trazer problemas como diminuição da concentração e da atenção, prejuízos no desempenho, fadiga e irritabilidade. Estes efeitos, possivelmente, diminuem o rendimento dos estudantes. Podem ainda contribuir para isso os hábitos de sono considerados ruins, como fumar, já que a nicotina favorece a insônia, ingerir bebidas com cafeína, barulho e muita iluminação onde se dorme. Objetivou-se identificar e avaliar os hábitos e a qualidade de sono de 38 estudantes da UFRN, que cursavam o primeiro período de 05 cursos da área Humanística. Responderam ao Índice de Qualidade de Sono de Pittsburg e ao Questionário de Hábitos de Sono. Deve-se considerar o dado de que os estudantes apresentaram horários irregulares de início e fim de sono, como indica o Diário de Sono por eles respondido. Os principais resultados foram: a amostra apresentou uma qualidade de sono ruim, com média de 6,3±1,0, já que tal escore está acima de 5,0. Além disso, 100% dos estudantes mantém no quarto aparelho de televisão, som, computador e material de leitura. Na amostra, 94,7% não é fumante, 34,2% bebe café cotidianamente e 89,4% bebe refrigerante freqüentemente. De todos os estudantes, 50% afirmam não ter problema de sono, 65,7% assegura que, às vezes, tem dificuldade em pegar no sono à noite, e 79% dizem que, às vezes, tem muito sono durante o dia. Assim, infere-se que a falta de um horário regular de dormir e acordar, que se soma aos hábitos de sono ruins, associa-se à qualidade de sono ruim e conseqüente irregularidade do padrão do ciclo sono-vigília presente nesses estudantes. Com isso, faz-se necessário promover melhoras em alguns hábitos de sono, a fim de evitar os malefícios para a saúde já relatados.

05. Projeto vida, amor e alegria: a inserção da psicologia em uma brinquedoteca hospitalar

Proponente: Camomila Lira Ferreira (Pós-Graduanda/UFRN)

Autores: Ariane Cristiny da S. Fernandes (Pós-Graduanda/UFRN); Soraya G. Cavalcanti (Pós-Graduanda/UFRN), Maria Galdino da Silva (Técnico de Enfermagem/HOSPED), Luciana Carla Barbosa de Oliveira Trindade (Pós-Graduanda/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Setor de Psicologia do Hospital de Pediatria, Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde - UFRN

e-mail: lcarlapsi@bol.com.br

A criança hospitalizada demonstra um alto nível de angústia/ansiedade, afetando e comprometendo o seu desenvolvimento biopsicossocial. Considerando que o brincar para a criança é aprender a desvendar o mundo, passou a ser dada a importância ao espaço do brincar para estimular, interagir, desenvolver e socializar dentro do hospital. A Brinquedoteca do Hospital de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte traz a proposta de oferecer o lúdico como recurso minimizador do sofrimento causado pela hospitalização. As atividades efetuadas diariamente contam com as participações de brinquedistas e equipe de Psicologia. No Espaço Brinquedoteca utiliza-se jogos, desenhos, pinturas, fantoches, livros e teatro através de técnicas lúdicas, educativas e ludoterápicas (diretivas e não-diretivas), reportando o brincar como técnica lúdica, terapêutica, estimulativa e educativa. Permitir à criança o brincar com o material que ali se apresenta significa ajudá-la a se apropriar daquela situação e, assim, poder elaborar seus conflitos e medos. Utilizar técnicas ludoterápicas em atividades lúdicas é uma das maneiras mais adequadas de se trabalhar com a criança, os seus aspectos emocionais e cognitivos. Isto foi possível de perceber nas crianças, através dos seguintes pontos: a) a facilitação para a elaboração dos conflitos ocasionados pela situação do adoecer e da hospitalização, incentivando às crianças a expressão de sentimentos; b) da estimulação, interação, socialização e educação dentro do hospital; c) da mobilização para o resgate da motivação e adesão ao tratamento; e, d) fortalecimento do vínculo paciente-equipe-família. Percebe-se que estas ações propiciam o desenvolvimento de áreas da linguagem, social e emocional, contribuindo para a otimização do processo evolutivo infantil. A atividade lúdica no hospital é um recurso facilitador para a comunicação e o contato efetivo com a criança hospitalizada, acolhendo-a, permitindo uma maior adesão ao tratamento e assim, amenizando seu sofrimento.

06. A implantação do apoio psicopedagógico a criança interna no Hospital de Pediatria: uma atuação interdisciplinar

Proponente: Simone Maria da Rocha (Graduanda/UFRN)

Autores: Fátima Castro do Nascimento (Pedagoga/HOSPED); Clébia do Santos Silva (Pedagoga/HOSPED), Maria Galdino da Silva (Técnico de Enfermagem/HOSPED), Luciana Carla Barbosa de Oliveira Trindade (Pós-Graduanda/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Setor de Psicologia do Hospital de Pediatria, Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde - UFRN

e-mail: lcarlapsi@bol.com.br

O Projeto Escola Hospitalar é caracterizado por prestar um atendimento psico-pedagógico, objetivando atender às necessidades do desenvolvimento psíquico e cognitivo de crianças hospitalizadas. Leva-se em consideração a viabilização de um atendimento integral e de qualidade à criança, seguindo os parâmetros da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde. Tal projeto visa atender crianças e adolescentes em fase escolar (inseridas ou não na escola), internados no HOSPED, proporcionando estímulos psico-pedagógicos voltados aos seus interesses e necessidades escolares, estes rompidos pela hospitalização. Na sua realização conta-se com uma equipe interdisciplinar composta por Psicóloga, Pedagogas, Psicopedagoga, Auxiliares e técnicos de enfermagem e Assistentes Sociais. As atividades são desenvolvidas através de recursos lúdicos e educativos baseados na linha construtivista, considerando: a seriação, idade, potencialidades individuais e coletivas da criança, assim como conteúdo oferecido em sua escola de origem. A Escola Hospitalar do HOSPED em sua amplitude espera, proporcionar o fortalecimento do vínculo entre criança hospitalizada e o mundo externo, através do aprendizado, colaborando na sua reintegração escolar após a alta minimizando o prejuízo na sua aprendizagem. Torna-se notório a importância de parcerias com instituições e instâncias nas áreas de Educação e Saúde, para que se torne viável não só a continuidade de atividades como esta, mas também a divulgação e a possibilidade de implantação em outros hospitais do RN, colaborando para a solidificação da humanização hospitalar.

07. Padrão alimentar em pessoas obesas e com peso normal

Proponente: Aline Aguiar Pereira de Lima (Graduanda/UFRN), Ana Heloiza Cassimiro Costa (Graduanda/UFRN).

Autores: Neuciane Gomes da Silva (Professora/UFRN), Ana Nunes Ribeiro (Nutricionista/UFRN), Aline Aguiar Pereira de Lima (Graduanda/UFRN), Ana Heloiza Cassimiro Costa (Graduanda/UFRN).

Departamento: Psicologia / CCHLA / UFRN.

E-mail: alineufrn@yahoo.com.br

A obesidade é uma doença que vem aumentando sua prevalência nas últimas décadas no mundo. Esta tem sido considerada uma doença crônica, multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo e é inter-relacionada com diversas situações patológicas. O presente estudo visa traçar o perfil da pessoa obesa, comparando este ao de pessoas com peso normal. Os dados foram obtidos a partir de questionários aplicados no ambulatório do Hospital Universitário Onofre Lopes. De acordo com os dados iniciais, existem diferenças entre indivíduos obesos e magros com relação ao ato de se alimentar. Os dados obtidos mostram haver diferenças entre os dois grupos, pois a relação de alimentação com saúde/nutrição está menos presente nos obesos que nos magros e aqueles também não obedecem a horários para se alimentar, como faz a maioria dos magros. Isto, aliado a outros hábitos contribui para o excesso de peso. Esses resultados, apesar de iniciais, e a experiência de aplicação do questionário, evidenciaram a necessidade de reformulação desse instrumento e do procedimento de coleta de dados. Como conseqüência desses aspectos e outras questões que estão sendo levantadas para melhor abarcar os objetivos da pesquisa.

08. Obesidade: Questão comportamental e familiar

Proponente: Mariana Mendonça de Castro (Graduanda/UFRN), Jakeline Maurício Bezerra de Souza (Bolsista-PIBIC/CNPq).

Autoras: Ana Nunes Ribeiro (Nutricionista/UFRN), Katie Morais de Almondes (Pós-Graduanda/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN), Neuciane Gomes da Silva (Professora/UFRN), Mariana Mendonça de Castro (Graduanda/UFRN), Jakeline Maurício Bezerra de Souza (Bolsista PIBIC/CNPq).

Departamento: Psicologia / CCHLA / UFRN.

E-mail: neuciane@ufrnet.br

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é uma doença crônica, epidêmica, multifatorial e um dos mais graves problemas de saúde pública do mundo. O objetivo desta pesquisa consistiu em identificar variáveis e comportamentos envolvidos na dificuldade em perder peso e mantê-lo a longo prazo. Dentre os fatores que influem na obesidade está um aspecto pouco mencionado pela literatura e que foi alvo deste estudo: a dinâmica familiar. A amostra foi composta por 5 pacientes obesos em tratamento no Hospital Universitário Onofre Lopes e seus familiares. No início do tratamento identificou-se que as pacientes possuíam um padrão de comportamento alimentar incorreto e desorganizado. Um dos aspectos mais importantes refere-se ao fator emocional, a maioria considera sua vida estressada todos os dias e refere-se a sentimentos e/ou situações desagradáveis. Após 6 meses de tratamento, as pacientes fizeram modificações em seu comportamento alimentar, no entanto estas modificações não foram suficientes para garantir bons resultados, já que apenas 2 conseguiram perder peso. O apoio social é uma variável que se revelou significativa. Mediante dificuldades quanto ao pequeno número de sujeitos e acesso a estes posteriormente, mostrou-se necessário algumas modificações na metodologia e uma reformulação dos questionários.

09. Atuação do psicólogo em situações de morte de pacientes: repensando a prática

Proponente: Maria Christina Santos Barker (Pós-Graduanda/UFRN)

Autor: Maria Christina Santos Barker (Pós-Graduanda/UFRN)

Departamento: III Curso de Especialização em Psicologia da Saúde: desenvolvimento e Hospitalização / Departamento de Psicologia / CCHLA / UFRN.

e-mail: chrismary10@yahoo.com.br

A representação que cada um possui da morte é algo particular construído a partir da sua vivência e do seu processo de desenvolvimento, assim não podemos perceber que duas pessoas irão apresentar a mesma reação diante da situação de morte, apesar de existirem aspectos que possam ser semelhantes nas duas. O objetivo do trabalho é de fazer uma reflexão com o objetivo de repensarmos a prática psicológica em situações de morte no hospital, a partir do âmbito da intersubjetividade, da relação existente entre subjetividade do cuidador e do sujeito que vivencia a experiência da morte e do que consistiria da prática do Cuidado. Entendendo-se por cuidado algo que vai além das técnicas utilizadas em situações como a de morte, mas percebendo este encontro como o desenvolvimento de atitudes e espaços de genuíno encontro subjetivo, em que há o exercício de uma prática ancorada em técnicas de promoção à saúde, mas sem se resumir a elas, como afirma Ayres, 2004. Esta forma de percebermos o atendimento nestas situações nos remete a questionar formas de atuação que se eximem do contato com o paciente principalmente em situações de morte que muitas vezes são tabus para os próprios psicólogos e repensarmos formas de atuação mais abrangentes e que atendam ás necessidades dos pacientes e não o que julgamos ser necessário para os mesmos.

10. O estágio em Psicologia Clínica no ambulatório público de saúde: alguns pontos para reflexão.

Proponente: Sílvia Raquel Santos de Morais Perez

Psicóloga e Bacharel em Psicologia pela UFPE. Mestre em Psicologia pela UFRN e Professora do Depto.de Psicologia UFRN.

E-mail: silviamorays@yahoo.com.br

O espaço público de saúde demanda do psicólogo uma prática pautada pelo incessante questionamento do saber-fazer clínico, tendo em vista as especificidades inerentes deste contexto. Este trabalho originou-se de uma experiência de estágio curricular realizado em ambulatório público de saúde. O objetivo foi compreender o sentido atribuído, por nós, à prática de estágio em Psicologia Clínica a partir do referencial teórico da abordagem fenomenológico-existencial. A metodologia utilizada foi qualitativa de caráter fenomenológico e os procedimentos foram observações do campo de atuação e registros dos atendimentos aos usuários. Estes, por sua vez, serviram de instrumento de acesso ao sentido da prática vivenciada, subsidiando um diálogo crítico entre o sentido do estágio e o referencial teórico. A pesquisa sugeriu que o fato de sermos estagiários e com "pouca" idade, mobilizava insegurança nos usuários quanto ao nosso desempenho profissional e eficácia clínica. Aos poucos, isto foi sendo contornado, levando os mesmos a narrarem e re-significarem suas experiências de mal-estar, e até mesmo, a sentirem-se mais à vontade para optar por um dado estagiário. O sentido desta experiência sugere que as dificuldades do espaço público de saúde podem trazer um certo mal-estar e desencantamento para psicólogos iniciantes, podendo levar ao desenvolvimento de práticas instituídas e descomprometidas com um projeto mais amplo de atenção em saúde. A condição de ser estagiário implica em grandes investimentos, gerando angústia diante do possível não saber-fazer e das lacunas da formação. Soma-se a isso contingências sócio-políticas e as condições precárias de trabalho, que ultrapassam o âmbito psi propriamente dito. A experiência de estágio em Psicologia Clínica no ambulatório público de saúde aponta para um necessário des-centramento de uma lógica linear pré-determinada, uma vez que a atenção psicológica em saúde requer um saber-fazer que contemple práticas mais solidárias e eticamente humanas, assim como, o resgate da vida em cidadania.

11. Idosos diabéticos e/ou hipertensos: perspectivas de Qualidade de Vida – Centro de Saúde de Candelária

Ana Jarves de Lucena Fernandes Gonçalves

Micarla Duarte de Lima

UFRN/CCSA/DESSO

e-mail: micarlarn@hotmail.com

Apresenta uma análise acerca da implementação do projeto de intervenção, desenvolvido no Centro de Saúde de Candelária, pelas estagiárias Ana Jarves e Micarla Duarte, no período de setembro a dezembro de 2004, com o grupo de idosos hipertensos e/ou diabéticos da referida unidade de saúde. Esboça as atividades realizadas, os resultados alcançados assim como também expõe a dinâmica que envolveu todo o processo de implementação do projeto de intervenção elaborado pelas estagiárias em um primeiro momento de aproximação e observação na instituição. Contextualiza aspectos pertinentes a saúde do idoso, como expressão da questão social e demanda para o Serviço Social. Também relata a importância de se trabalhar com esse segmento, em meio aos esteriótipos que a sociedade dissemina: “inativos”, “incapazes”, “apáticos”, “doentes”, etc. As ações ora desenvolvidas foram respaldadas na perspectiva de igualdade e de garantias de direito, onde foram ministradas palestras, oficinas e atividades lúdicas, contemplando aspectos pertinentes à saúde como não sendo apenas ausência de doenças e a Qualidade de Vida na III idade. Os resultados foram satisfatórios para os atores envolvidos: idosos, estagiárias e instituição, sendo perceptível na receptividade e nas atividades dos idosos, assim como através de seus depoimentos. Considera-se que o trabalho desenvolvido no Centro de Saúde de Candelária, com o grupo de idosos, contemplou as perspectivas e o empenho dedicado pelas estagiárias, como também realização pessoal das mesmas.

Segundo dia

12. Perfil da humanização e qualidade de vida nos Hospitais Universitários da UFRN sob a ótica dos profissionais de saúde: uma análise preliminar.

Proponente: Luciana Carla Barbosa de Oliveira Trindade (Pós-Graduanda/UFRN)

Autores: José Hélder Aquino Franco (Graduando/UFRN), Priscila Karla Reis (Graduanda/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Hospital de Pediatria, Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde - UFRN

e-mail: lcarlapsi@bol.com.br

A Humanização Hospitalar tem trazido várias contribuições na assistência, no entanto, percebe-se que a Qualidade de Vida (QV) do profissional de saúde não tem alcançado a mesma dimensão. Diante deste quadro, o presente estudo objetivou, avaliar a percepção da Humanização do profissional de saúde dos Hospitais Universitários da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da a QV do mesmo. A pesquisa quantitativa e qualitativa foi realizada em 04 Hospitais da UFRN, compondo uma amostra de 39 profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos). Como instrumentos foram utilizados: um questionário semi-aberto seguido da aplicação do Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida Breve/WHOQOL – Bref. Dados demonstram que a concepção acerca da Humanização abrange diretamente o atendimento e tratamento ao paciente, com 38% cada. Discursos mostram uma definição de Humanização vinculada entre a qualidade no atendimento e ao acolhimento ao paciente. São apresentadas dificuldades de envolvimento e divulgação dos programas institucionais, sendo desconhecidas atividades que englobem o usuário (33, 3%) e os profissionais (41%). O termo QV nos discursos está comumente associado ao bem-estar e satisfação de necessidades individuais, apresentando diferenças em nível de prioridades, como as necessidades pessoais e/ou considerações voltadas a necessidades do trabalho. Percebe-se a necessidade da inserção de investimentos direcionados à divulgação, interdisciplinaridade, e necessidades do profissional de saúde, visando à qualidade no trabalho, interdisciplinaridade e qualidade de vida dos mesmos, afinal se não oferecer melhores condições de saúde a quem “faz” saúde, este não terá condições “reproduzir” saúde ao próximo.

13. Questões sobre a morte: uma visão dos estudantes da área da saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Proponente: José Hélder Aquino Franco (Graduando/UFRN)

Autores: José Hélder Aquino Franco (Graduando/UFRN), Luciana Carla Barbosa de Oliveira Trindade (Pós-Graduanda/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Hospital de Pediatria, Departamento de Psicologia, Grupo de Estudos: Psicologia e

e-mail: lcarlapsi@bol.com.br

O presente trabalho tem como objetiva investigar como os estudantes de cursos ligados à área da saúde estão enfrentando possíveis situações de perda e luto durante o seu estágio curricular, bem como a percepção de morte que eles possuem e o preparo que avaliam estar recebendo dessa instituição de ensino durante a sua formação acadêmica. A amostra foi composta por um total de 40 estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que estão cursando o último ano dos seguintes cursos: Medicina e Enfermagem, da área Biomédica; e Serviço Social e Psicologia, da área Humanística. Como instrumentos foram utilizados um desenho temático seguido de um questionário semi-estruturado. Observou-se que uma grande quantidade de estudantes já presenciou alguma situação real de morte durante o estágio curricular – 82,5%. Apesar disso, a morte de pacientes causa um impacto para esses estudantes, visto que 41,4% daqueles que se defrontaram com esse tipo de situação relataram que, pelo menos inicialmente, sentiram-se afetados emocionalmente. Isso pode ser reflexo da concepção de morte que eles compartilham, pois ela possui uma forte associação com a emergência de sentimentos negativos – 65,8% dos sentimentos apontados como relacionados à morte podem ser assim classificados. Percebe-se que A morte é uma temática que causa desconforto em grande parte os futuros profissionais da área de saúde, além da evidência da falta de um preparo mais específico fornecido pela UFRN para lidar com essas questões também contribui para o agravamento desse quadro.

14. Síndrome de Down e Inclusão: Concepções de Funcionários de uma Instituição Especializada

Proponente: Lúcia Maria Gomes Torres (Pós-Graduanda-UFRN)

Autores: Camomila Lira Ferreira (Pós-Graduanda-UFRN)), Aline Francisca de Oliveira (Graduanda/UFRN), Angélica de Medeiros S. Boucinhas (Graduanda/UFRN), Clarisse Alves da Mota Souza (Graduanda/UFRN), Lúcia Maria Gomes Torres (Pós-Graduanda-UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde / CCS / UFRN

E-mail: loti_su@hotmail.com

OBJETIVO: Identificar e analisar as concepções dos funcionários de uma Instituição Especializada sobre a Síndrome de Down e o processo de inclusão dessas pessoas. MÉTODOS: A amostra constou de 12 funcionários na faixa etária de 22 a 60 anos, destes, 75% foram preparados para trabalhar numa instituição de apoio especializado, ficando 25% privado deste conhecimento. O instrumento utilizado consistiu em entrevistas semi-estruturadas, realizadas individualmente na própria Instituição. Os dados coletados foram submetidos à técnica de Análise de Conteúdo Temática, obedecendo às etapas de pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados e interpretação. A análise permitiu a organização do material textual em categorias, utilizando-se também da inferência e a interpretação. RESULTADOS: As informações sobre a SD apontaram resultados organizados a partir das percepções, posicionamentos e explicações, concernentes às vivências com as desarmonias do processo inclusivo, ou seja, ainda há necessidade de uma conscientização em todos os segmentos da sociedade, a fim de acabar com a discriminação e a segregação sofrida por essas pessoas. CONCLUSAO: Os conceitos dessas pessoas expressam as contradições de nossa sociedade dita inclusiva, mas com visões tão excludentes sobre as pessoas com Síndrome de Down. Quanto às previsões positivas do processo inclusivo dessas pessoas, ficou claro que um trabalho de base tem que ser feito, uma vez que a sociedade ainda não está preparada para recebê-las satisfatoriamente. Falta esclarecimento sobre as múltiplas diversidades existentes nas pessoas em geral, pois todos temos nossas particularidades ditas únicas e especiais.

15. Sentimento das Mães Vinculados ao Impacto do Diagnóstico de Síndrome de Down em seus Filhos.

Proponente: Angélica de Medeiros S. Boucinhas (Graduanda/UFRN).

Autores: Aline Francisca de Oliveira (Graduanda/UFRN), Angélica de Medeiros S. Boucinhas (Graduanda/UFRN), Camilla Danielle Silva de Lima (Graduanda/UFRN), Camomila Lira Ferreira (Pós-Graduanda/UFRN), Clarisse Alves da Mota Souza (Graduanda/UFRN), Lúcia Maria Gomes Torres (Pós-Graduanda/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Departamento de Psicologia / CCHLA / UFRN.

e-mail: angel_as@uol.com.br

A Síndrome de Down (SD) é uma condição decorrente de alterações no cromossomo autossômico de número 21. Apesar de bastante comum, ainda está envolvida por idéias errôneas e preconceituosas que prejudicam o desenvolvimento do indivíduo, principalmente quando estão presentes nos cuidadores, especialmente na mãe, afetando o estabelecimento do vínculo. A diferença entre o funcionamento psíquico da mãe e o da criança são fatores relevantes na formação da estrutura psíquica da criança, e, o comprometimento desse vínculo mãe-filho prejudicará seu desenvolvimento. A maneira como o diagnóstico é transmitido influencia o estabelecimento do vínculo mãe-bebê, podendo retardar esse desenvolvimento quando dado de maneira inadequada. Este trabalho objetiva analisar os sentimentos das mães, frente ao diagnóstico de SD do seu filho, verificando as diferentes formas de transmissão do diagnóstico, e investigando a existência de uma relação entre essa transmissão e a formação do vínculo. A pesquisa foi realizada com 20 mães cujos filhos, na faixa de 0 a 3 anos de idade, apresentam SD e recebem atendimento no Hospital de Pediatria da UFRN (Natal/RN), com as quais foi aplicado um questionário semi-aberto. Os resultados encontrados indicaram que receber o diagnóstico de um filho com SD é um choque para as mães, sendo comumente atribuído a sentimentos de tristeza, havendo poucos relatos de uma boa aceitação inicial. Esses sentimentos apresentam-se como característicos desse primeiro momento, havendo uma posterior aceitação da Síndrome. As mães, em geral, acharam insuficientes as informações recebidas sobre a SD, e relataram ter sentido necessidade de falar com outras mães que passaram pela mesma situação e com sua própria família, indicando a importância do apoio da família e do conhecimento sobre o assunto na aceitação da síndrome. Os resultados obtidos apontam para a necessidade de uma melhor preparação (e sensibilidade) dos profissionais da área de saúde ao transmitirem o diagnóstico.

16. FONTES DE STRESS E DOENÇAS OCUPACIONAIS DOS MÉDICOS

Proponente: Eliane Medeiros Costa

Autores: Ana Lúcia de Souza Carvalho, Vânia de Vasconcelos Gico, Íris do Céu Clara Costa

e-mail: kanaua@ig.com.br

Este artigo discute as fontes de stress e as doenças ocupacionais que acometem os médicos, em Natal - Rio Grande do Norte - Brasil. Trata-se de um estudo exploratório, de natureza quanti-qualitativa, tem como aporte teórico o referencial humanista existencial. Os dados foram coletados através de um questionário contendo 18 questões abertas sobre a inserção deste profissional no curso de medicina, sobre relacionamentos familiares e sociais, ambiente laboral, e questões referentes ao estresse e a qualidade de vida. Do universo de 841 médicos associados na Associação Médica do Rio Grande do Norte nas especialidades: Anestesiologia, Cirurgia Geral, Ginecologia, Oftalmologia, Ortopedia, Pediatria e Psiquiatria, foi retirada uma amostra de 67 sujeitos. Os resultados apontam para diversas fontes desencadeantes do estresse na atividade médica, dentre elas: as condições inadequadas de trabalho (28,76%), as condições clínicas dos pacientes (21,92%), a sobrecarga de trabalho (9,59%), os riscos em cirurgias (9,59%) e os colaboradores ineficientes por falta de atualização (6,85%). Evidenciou-se os especialistas que são acometidos por mais de uma doença apontando um maior percentual nos pediatras (32,5%), ginecologistas (22%) e anestesiologistas (15%); verificando- se também as doenças ocupacionais que mais acometem os profissionais médicos, quais sejam: Doenças Coronarianas (26%), Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) (15%), Cálculo Renal (9%) e Gastrite (6%). Conclui-se que as doenças ocupacionais que acometem os sujeitos pesquisados podem estar relacionadas com as fontes de stress presente no exercício profissional da medicina.

17. Significado da Instituição Hospitalar para Médicos de Hospital Público e Privado

Proponente: Joel Lima Júnior (Pós-Graduando/UFRN), Ana Suzana P. Medeiros (Graduanda/UFRN).

Autores: José Helder Franco Aquino (Graduando/UFRN), Soraya Guilherme Cavalcanti (Pós-Graduanda/UFRN), Ariane Cristina da Silva Fernandes (Pós-Graduanda/UFRN), Larissa Mascarenhas Souza (Graduanda/UFRN), Felipe Serquiz Elias Pinheiro (Graduando/UFRN), Emanuela de Oliveira Justino (Graduanda/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Psicologia / Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde / CCHLA / UFRN.

E-mail: joellijr@ig.com.br

Com o advento de propostas de humanização da assistência a saúde, assunto bastante em vigor atualmente, fez-se necessário que os profissionais de instituições hospitalares procurassem observar melhor sua forma de atuação, o ambiente de trabalho e seu relacionamento com os usuários. Observa-se ainda que, os vários contextos hospitalares podem ter perspectivas diferenciadas segundo a visão desses profissionais, o que pode ocasionar em formas distintas de postura profissional. A presente pesquisa (em andamento) busca verificar qual o significado de instituição hospitalar para os profissionais da área médica que atuam em hospitais públicos e privados, bem como o perfil profissional influencia nesse significado. Os dados foram coletados através de um questionário, aplicado individualmente nas respectivas instituições. Até o momento, dos dez questionários plicados (88%) dos sujeitos são do sexo masculino, ganham em média vinte e um salários mínimos nas instituições privadas e entre seis e dez nas instituições públicas. De um modo geral, o hospital público é visto como uma instituição de condições de trabalho precárias, uma vez que os profissionais são sobrecarregados, recebem baixos salários e não possuem materiais suficientes para o exercício de tal profissão. Já o hospital particular é visto como aquela instituição que valoriza o profissional e usuário, e coloca à a disposição o necessário para o desenvolvimento das tarefas assistenciais, no entanto possui muita burocracia. Percebe-se então que, o significado atribuído à instituição pelos profissionais de saúde é um caminho eficaz na tentativa de compreender as relações que se travam no âmbito hospitalar uma vez que ele é construído baseado nas experiências desses sujeitos.

18. A Sobrecarga de Trabalho na Equipe de Técnicos de Enfermagem

Proponente: Ariane Cristiny da Silva Fernandes (Pós-Graduanda/UFRN), Larissa Mascarenhas Souza (Graduanda/UFRN)

Autores: José Helder Franco Aquino (Graduando/UFRN), Soraya Guilherme Cavalcanti (Pós-Graduanda/UFRN), Felipe Serquiz Elias Pinheiro (Graduando/UFRN), Emanuela de Oliveira Justino (Graduanda/UFRN), Ana Suzana P. Medeiros (Graduanda/UFRN), Joel Lima Júnior (Pós-Graduando/UFRN), Eulália Maria Chaves Maia (Professora/UFRN).

Departamento: Psicologia / Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde / CCHLA / UFRN.

E-mail: ariane.fernan@ig.com.br

As principais características do exercício profissional em saúde se constituem na longa jornada de trabalho e na atuação laboral em várias instituições simultaneamente, características estas que atuam como ferramentas de compensação para a baixa remuneração dos profissionais. O excesso de trabalho, tanto no que se refere ao volume quanto no que diz respeito à diversidade de tarefas, atrelado a forte carga emocional envolvida no contexto assistencial em saúde e as precárias condições de trabalho, são alguns dos elementos que compõem um quadro de “insalubridade ocupacional”, o qual interfere diretamente no bem-estar biopsicossocial do profissional de saúde. Sendo assim, a presente pesquisa (em andamento) visa inicialmente identificar o perfil da equipe de auxiliares e técnicos de enfermagem (N-30) em um hospital estadual da cidade de Natal – RN, bem como analisar aspectos relativos à sobrecarga de trabalho destes profissionais e as possíveis conseqüências de tal fator em seu desempenho cotidiano no contexto hospitalar e em sua saúde psíquica. Os dados foram coletados através de um questionário, aplicado individualmente e foram analisados pelo programa estatístico SPSS. Verificou-se até o momento que (73, 3%) da amostra é do sexo feminino, com idade entre trinta e quarenta anos. Observou-se também que, os profissionais do sexo masculino geralmente trabalham em mais hospitais que os do sexo feminino (75%) e em média a remuneração desses profissionais está entre um e cinco salários mínimos. Percebe-se ainda que, a maior carga horária de trabalho foi encontrada no hospital público, o que já aponta para uma sobrecarga de trabalho. Diante do exposto, verifica-se a urgência de se encontrar novas estratégias que visem melhores condições não só para usuários como também para a equipe de saúde, pois a sobrecarga de trabalho desta categoria é uma variável determinante da qualidade das relações mantidas no ambiente laborativo, bem como da sua saúde mental.

19. PATOLOGIAS CRÔNICAS E FAMÍLIA NA CLÍNICA-ESCOLA DA UNIVERSIDADE POTIGUAR

Alexsandra Romualdo de Souza

Aracelle Batista Gonzaga

(Departamento de Serviço Social/UFRN)

aracellebg@yahoo.com.br

O presente trabalho relata uma discussão à cerca da importância da participação da família no tratamento de patologias crônicas especificamente hipertensão e diabetes. Trata-se de uma experiência interventiva com o Projeto Família Doce Vida vinculado ao Projeto Doce Vida realizado na Clínica-Escola da Universidade Potiguar, tendo em vista a educação em saúde. Teve como objetivo favorecer o controle no tratamento da hipertensão e diabetes através do intermédio da família e equipe técnica; da família e paciente, visando o fortalecimento do grupo do Projeto Doce Vida e a diminuição do abandono do tratamento após o desligamento dos usuários do Projeto. Teve como metodologia a realização de visitas domiciliares com a aplicação de questionário avaliativo e a realização de reuniões semanais com os usuários do Projeto Doce Vida, buscando intervir na realidade e nas dificuldades em que os portadores de doenças crônicas enfrentam para controlar a doença através de tratamento adequado, e por outro lado à exclusão social que percebem no seu enfrentamento diário ocasionado por sua doença. Posteriormente foram realizadas reuniões mensais com os familiares do Projeto Doce Vida através da implementação do Projeto Família Doce Vida, visando desta forma sensibilizar para a promoção da qualidade de vida de ambos os usuários, no âmbito de suas relações sociais. Constatou-se que as famílias foram sensibilizadas a respeito de sua importância no apoio ao portador de doença crônica como também a importância do trabalho realizado em grupo, que se confirmou segundo os relatos dos usuários e dos próprios familiares.

20. A saúde como um fenômeno além doença

Proponentes/Autoras: Dayanne Priscilla Ferreira de Sousa

Francisca Sandrinny Maia Rocha

Professor(a): Izete Dantas

Endereço eletrônico: day-ufrn@ig.com.br

Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento: Serviço Social

Apresentou uma proposta de intervenção junto aos pacientes do Hospital Universitário Onofre Lopes, no período de agosto a dezembro de 2004. A escolha do objeto foi feita através de uma pesquisa realizada dentro do Programa de Avaliação da Satisfação do Usuário Interno, onde se constatou que um número considerável dos pacientes permanecia um longo período de tempo na instituição à espera de cirurgia, este fato ocasionava nestes pacientes um profundo estado de ociosidade. Para que se pudesse amenizar esta situação, foram sistematizadas ações, através do Método Altadir de Planejamento Popular (MAPP), que objetivavam reduzir a ociosidade dos mesmos durante este período de hospitalização, procurando fazer com que este tempo não se apresentasse de maneira tão dolorosa, bem como na tentativa de proporcionar-lhes um aumento do companheirismo e da ajuda mútua, já que estes eram, em sua maioria, provenientes do interior do estado do Rio Grande do Norte e não se encontravam no grupo de pacientes com direito a acompanhantes. Para isto foram desenvolvidas atividades grupais interativas, manuais, dinâmicas de grupo, palestras, filmes e troca de experiência. Conseguiu-se através deste trabalho, despertar neles uma preocupação mais solidária com o outro, proporcionando uma maior aceitação das diferenças, mas acima de tudo foi utilizado convenientemente o seu tempo livre e ocioso.

21. SAUDE POLÍTICA: UM DESAFIO PARA UMA DOCE VIDA

Ednara Gonçalves de Oliveira

Graduanda do Curso de Serviço Social da UFRN

E-mail: narassoufrn@hotmail.com

Gilkelly Sibelly Filguera

Graduanda do Curso de Serviço Social da UFRN

E-mail: kellyufrn@yahoo.com.br

Orientador: Prof. Dr. João Dantas Pereira – DSS/UFRN

Considerando o novo conceito de saúde, que a define como um bem estar biopsicossocial, pode-se concluir que as condições sociais interferem na saúde dos indivíduos. Tendo em vista esse pressuposto, o presente estuda visa elucidar a implementação do Projeto Curricular “Saúde política: um desafio para uma doce vida”, o qual se propõe a desenvolver atividades comunitárias, cujo propósito principal é o desenvolvimento de ações capazes de possibilitar uma maior sensibilização política de portadores de hipertensão, diabetes e obesidade. Tais atividades são realizadas junto ao Grupo Doce Vida, vinculado a Universidade Potiguar. Os resultados preliminares mostram-se satisfatório, confirmando as influências dos fatores sociais na saúde e a importância da formação cidadão no tratamento das questões relacionadas à saúde, fazendo-se, então, necessária uma maior discussão sobre o tema em evidência.

22. MULHER E SAÚDE: UMA QUESTÃO DE DIGNIDADE

Giordana de Oliveira Alves

giordana10@ig.com.br

Depto. de Serviço Social

A relação mulher e saúde é um dos temas alvo de estudos nas diversas especialidades, e em todas, temos que levar em consideração o aspecto social. Por tal motivo, a presente pesquisa visa uma análise inicial sobre mortalidade materna no mundo, no Brasil e no Rio Grande do Norte, enfocando as causas principais que são falta de assistência com boa qualidade, pré-natal mal-feito, hipertensão, hemorragias, infecções; logo após trataremos um pouco da AIDS no Brasil e no mundo, mostrando dados de uma realidade em que o número de casos tem diminuído, mas não igualmente para homens e mulheres, já que o meio de prevenção mais comum é a camisinha, e é um método que dá privilégio aos parceiros do sexo masculino. E por fim o aborto inseguro, onde no Caribe e América Latina associa-se 21% das mortes femininas à gravidez, parto e pós-parto, conseqüência disto sendo o aborto realizado sob condições sanitárias precárias, pois a legislação dos mesmos proíbe o aborto; No Brasil, no ano de 2000, dados do SUS calculam que de 700 mil a 1,4 milhão de abortos clandestinos ocorreram, sendo muitos destes espontâneos (não provocados), Concluindo nesta análise que, o aumento decorre de problemas sociais como a pobreza, desigualdade, exclusão, gravidez indesejada, práticas sexuais inseguras, etc. No Rio Grande do Norte, um dos quatro Estados do Nordeste que tem hospitais que realizam aborto legal em vítimas de violência sexual, em 1998, 6,3% das mortes maternas foram por causa do aborto, e em 2000, houveram 3.136 internações com este diagnóstico.

23. A LOUCURA: DOS ALIENADOS AO HOSPITAL JOÃO MACHADO

Josivan Silveira de Oliveira

Francisco Miranda de Franca Jr

e-mail: djoupipa@yahoo.com.br

O processo de loucura institucionalizada como objeto de pesquisa está muito em volga para os trabalhos acadêmicos, principalmente aqueles ligados à área das ciências da saúde; como psiquiatria e psicologia. O estudo proposto apresenta-se em um levantamento e catalogação de um dos fundos do arquivo do Hospital Estadual João Machado. Com uma grande relevância para o campo do conhecimento amplo e disponível a estudos psicológicos, psiquiátricos e históricos e sociais futuros. Neste trabalho tentamos fazer o auxílio a estudos a partir da investigação dos prontuários médicos utilizados em instituição direcionada ao ramo da psiquiatria, onde se encontram informações de ordem pessoal, os diagnósticos com seus referentes CIDS e os seus processos de tratamento utilizados em pacientes internados nas devidas instituições.

 


GT-03: FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA

Coordenador:

Marcos Falchero Falleiros (Departamento de Letras)

E-mail: marcfal@ufrnet.br

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira

Departamento de Letras

Local: Auditório da BCZM

Estudos da literatura brasileira com o objetivo de valorizar a leitura historicizada do elemento estético e suas relações entre forma literária e processo social, dentro da lição que nos dá a obra fundadora de Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira, e as conseqüências teóricas desenvolvidas por autores como Roberto Schwarz. Tal enfoque atinge manifestações significativas da literatura brasileira e os mais variados desdobramentos de suas relações com outras literaturas, no memorialismo, no regionalismo e nas configurações próprias ao contexto das migrações de sentido e influências.

Primeiro dia

01: Vivência histórica e memória poética

Antônio Fernandes de Medeiros Júnior - UFRN

A moderna literatura brasileira do século XX produziu vasto material que privilegia o registro da memória poética por meio de versos lapidares que ecoam e são facilmente reconhecidos: de Manuel Bandeira (“A vida inteira que poderia ter sido mas não foi”) a Carlos Drummond de Andrade (“Itabira é apenas um retrato na parede. / Mas como dói”); de Mário Quintana (“A saudade é o que faz as coisas pararem / no Tempo”) a Dante Milano (“A poesia me leva a perdidos caminhos / De onde volto mais só, mais desesperançado”) todos eles, uns mais outros menos, para continuarem a escrever pagaram seu quinhão ao enlevo e à vertente lírica, através de versos impregnados de saudade e da lembrança melancólica da infância. Em relação ao tópico, a poesia de cunho rememorativo de José Paulo Paes constitui caso à parte. Nela, o leitor pode divisar a dicção de um eu-lírico que exala o sabor acre resultante da sua vivência histórica e o espírito pensante que, fincado no chão do tempo presente, repele o direito a expressar-se por meio do enlevo e da ordem sentimental; por isso, não reclama da matéria vivenciada nem aguarda recompensa do devir. A vitalidade desse eu-lírico decorre dos seus compromissos para com as coisas da materialidade, da concretude histórica e da sobriedade de caráter; assim, figura no mundo pedestre – sem esperança nem medo – empenhado em transfigurar a sua compreensão do aqui e agora e do fato vivido em linguagem de cunho poético, expressando-a sem afetação e de maneira concisa. Comentar acerca da natureza lírico-epigramática da poesia de José Paulo Paes é o objetivo dessa comunicação.

02: Gregório Bezerra – o velho revolucionário

Afonso Henrique Fávero –UFRN

O pernambucano Gregório Bezerra publicou duas obras autobiográficas em 1979. A pesquisa procura examiná-las tanto em seu caráter intrínseco como nas relações que venham a apresentar dentro da nossa literatura de memórias. Gregório Bezerra narra sua trajetória desde o nascimento num sítio de Panelas de Miranda, pequeno município de Pernambuco, até chegar a sua condição de exilado político em Moscou, com a idade de 78 anos. Suas memórias constituem um forte testemunho de vida, marcado pelo desejo de retratar o percurso que se inicia numa situação de miséria quase absoluta. Sobre o ano em que nasceu, 1900, diz: “Foi um ano seco, de muita fome e muita sede, que matou o nosso reduzido rebanho de carneiros e cabras”. Estamos, na verdade, diante de um narrador que na infância conheceu de perto as imensas dificuldades da existência num meio natural e socialmente inóspito; e que pautou sua atitude de adulto na busca da superação do convívio humano injusto.

03: “Pupilas do sol da seca”: a imagem do “flagelado” na literatura nortista

André Gustavo Barbosa da Paz Mendes - História - UFRN

O presente trabalho tem por objetivo analisar a construção discursiva do homem e da mulher do norte a partir da literatura regionalista, entre 1876 e 1938. Para tanto, foram utilizadas obras específicas desse período que tratam do tema do regionalismo e, consequentemente, do que mais marca essas obras: a seca. Contudo, o presente trabalho é parte de um estudo em andamento e se restringe a duas obras específicas: O Cabeleira, do cearense Franklim Távora e O Sertanejo, do cearense José de Alencar. Esse estudo se justifica na medida em que a obra literária é importante para o historiador pela sua capacidade de construção e representação dos eventos, ou seja, dos acontecimentos e seus detalhes. Em relação às obras mencionadas acima, isso é bastante nítido, pois fazem parte de uma tendência literária que procurava descrever com realismo os aspectos naturais, sociais e até psicológicos dos habitantes da então região Norte. Além disso, essa literatura regionalista se configura como fonte importante desse estudo por ter sido capaz de produzir um discurso sobre o homem e a mulher do Norte e difundi-lo – devido ser naquele período um dos principais meios de comunicação, assim como os jornais – por toda a região Norte e Sul do Brasil. Segundo Sandra Jatahy Pesavento a literatura é um texto e remete-nos a noção de que todo texto é uma construção historicizada e que se expressa por um conjunto de signos que comportam significados e coerências dentro do universo mental de uma época. Assim, propomos perceber as regularidades discursivas dessas obras literárias que construíram os enunciados da formação discursiva da imagem do “flagelado”.

04: A expressão do sofrimento – no sertão de João Cabral de Melo Neto

Carlos André Pinheiro- Letras - UFCG

Grande parte da obra de João Cabral de Melo Neto está intimamente ligada aos temas do nordeste brasileiro, lugar onde nasceu e viveu por alguns anos – daí porque se encontra com certa facilidade uma série de textos que aborda a temática da seca, da fome, da morte, da aspereza e da falta de recursos financeiros que caracteriza boa parte dessa região. O poeta recupera algumas experiências sofridas de seu povo e constrói um acervo de imagens árduas, que confere expressividade ao poema e parece traduzir o sofrimento no instante em que a dor se mostra mais aguda. O objetivo deste trabalho, portanto, é exatamente estudar o processo de composição dessas imagens, sempre atentando para a idéia de sofrimento que está ligada ao nordestino. Para tanto, leremos os poemas “O luto no sertão”, “Cemitério pernambucano (Nossa Senhora da Luz)” e “O sertanejo falando”, procurando também deixar bem evidente a relação do homem com a sua terra.

05: Reificação e violência em “Morte do leiteiro”

Caroline Mabel M. S. Martins

Virgínia de S Falcão - Bolsistas PET-Letras - UFCG

Em meio a um cenário de guerra e desolação, Drummond publica, em 1945, A Rosa do Povo, ponto alto da poesia moderna de participação social (ACHCAR, 1993). Dentre os 55 poemas encontrados no livro, selecionamos “Morte do Leiteiro”, pela sua maneira particular de revelar “o desconcerto do mundo”, através da narração de um “fato cotidiano (a entrega diária do leite) suspenso por uma ação violenta (assassinato de um inocente)” (TITO, 2002). Nosso objetivo é, portanto, enfocando os temas da reificação humana e da violência, verificar como o poeta está atento às formas de desumanização do mundo moderno e suas conseqüências. Para tanto, procederemos a uma análise interpretativa do poema, com base nos pressupostos teóricos de Candido (2002), que propõe uma interligação entre texto e processo social, em que o social deixa de ser elemento externo, e passa a ser essencial na constituição da obra, tornando-se interno. A perspectiva analítica adotada favorece uma leitura “historicizada” deste importante poema de Carlos Drummond de Andrade.

06: O lugar da utopia nos contos rosianos

Cássia de Fátima Matos dos Santos

Letras – Campus de Açu - UERN

O lugar de Guimarães Rosa no processo de formação da literatura brasileira já é evidente e não nos cabe nenhum esforço nesse sentido. O nosso objetivo é, somente, discutir o fio condutor de alguns de seus contos, demonstrando, com isso, o caminho trilhado pelo autor para constituir sua obra e revelar o seu projeto literário e, junto a isso, a sua visão de nação. No olhar ficcional de Rosa é possível perceber o que ele recorta como imagens de um Brasil rural e peculiar. Linguagem e temas se imbricam numa metonímia que resulta em uma leitura livre de impregnações ideológicas, mas partidária de uma busca de entendimento do lugar pátrio. Na busca desse entendimento, há um lugar utópico que se mostra recorrente nos textos observados. Nesse sentido, o regionalismo pode ser evocado como um componente integrante da visão de país do autor. É, todavia, no dizer de Antonio Candido, um super regionalismo, já que teríamos ultrapassado a idéia de país novo (românticos) e também de país subdesenvolvido (modernistas). É, portanto, um outro momento do processo de formação de nossa literatura. É, possivelmente, um salto evolutivo e que supera os caminhos postos até então. Entretanto, personagens, lugares e linguagens, sertões enfim, estão postos nos textos como resistência (daí a idéia de utopia), levando-nos a questionar o que pretendeu o autor dos gerais ao optar por caminhos tão permeados de aspectos interioranos do país, para compor seu projeto literário.

07: Riobaldo e seus três tipos de amor

Claudinale Martins Pinto

Bolsista Letras - UFRN

A obra de Guimarães Rosa Grande Sertão:Veredas vai relatar a vida de Riobaldo, fazendeiro do estado de Minas Gerais, que contará sobre sua vida de jagunço a um ouvinte não identificado.Dentre suas várias histórias narradas, podemos observar a forte presença do “amor”.Segundo o estudioso Benedito Nunes em seu texto teórico O amor na obra de Guimarães Rosa, Riobaldo conhece três espécies de amor,cada um em uma esfera diferente.São três amores, três paixões qualitativamente diversas por três mulheres que irão mexer com um certo ponto do seu pensamento.Esse tema perpassa todo o enredo na obra de Guimarães Rosa,e esse sentimento assume uma posição muito privilegiada no texto, pois vai se entrelaçar com o problema da existência do Demônio e da Natureza do Mal. Portanto, com base no texto teórico de Benedito Nunes correlacionado com a própria obra Grande Sertão: Veredas, este trabalho pretende mostrar as diversas espécies de amor (em seu estado humano ou divino) vividas por Riobaldo.

08: Registros literários da prosa no Rio Grande do Norte na década de 30

Daíse Fernandes Dantas - Letras - UFRN

Durante as primeiras décadas do século XX, aconteceram processos no Rio Grande do Norte, determinados por conjunturas em que a tradição e a realidade urbana em processo de modernização interferiram no movimento de renovação literária e cultural. Este fenômeno está relacionado à introdução do modernismo no estado. Ao final da década de 1920, foram produzidos inúmeros textos modernistas, criando-se uma expectativa de continuidade para as décadas posteriores e abrindo a possibilidade de inserção dessa produção poética local no sistema literário nacional. Neste sentido o objetivo deste trabalho é divulgar a leitura de um levantamento de dados e observações feitas sobre registros literários da prosa no Rio Grande do Norte durante a década de1930. Foram coletados textos do jornal natalense A República, datados dos anos de 1931, 1933, 1934 e1935. Feito o estudo dos textos, verificaram-se alguns temas recorrentes como: Modernismo, Vanguardas européias, regionalismo, folclore, música e filosofia.

09: Palmyra Wanderley: perfil feminino dos anos 20

Daniella Lago Alves Batista de Oliveira -Letras - UFRN

Este trabalho pretende apresentar uma discussão sobre a perspectiva de escritoras potiguares que publicaram no espaço de jornais (especificamente, A República e O Feitiço) no início do século XX . Entre as escritoras da época, o destaque apresentado nesta pesquisa é para a escritora Palmyra Wanderley, a qual exerceu com brilhantismo sua função de jornalista, levantou questões relativas à emancipação feminina, sendo pioneira com esse questionamento. Palmyra Wanderley serviu à causa da mulher através do jornal, que, por sua vez, serviu-lhe como veículo do ideário moderno, como um novo espaço para a expressão feminina quanto à vida social, com o objetivo de mudar o modo de pensar, propagando novas idéias. Incluía, entre os principais temas: o amor, o casamento, o reconhecimento do papel da mulher no seio familiar e a educação feminina. Essas temáticas aparecem sob uma forma de expressão moderna, combinando-se com a presença do movimento modernista no Rio Grande do Norte.

10: Literatura Brasileira: uma ilha de palavras cercada de labirintos

Elaynne Camilla Alves Costa

Maria de Fatima de Araújo

Letras - UFRN

Compreender a literatura é praticar teoria dialógica, como a proposta por Bakhtin, cujo entendimento advém da interação social, da interlocução entre leitores, ou seja, é com as palavras e idéias dos outros em diálogo com as nossas que o conhecimento é tecido. Assim, o leitor "literário" é aquele para quem o texto escrito pulsa como um horizonte infinito de possibilidades imaginativas, ricas e poéticas. A formação da literatura brasileira deu-se através da ponte entre a colonização portuguesa e a busca de identidade cultural; o conhecimento e a apreensão da cultura estrangeira: constante movimento de auto-descoberta, auto-reconhecimento e construção das raízes nacionais. As tendências, os estilos ou manifestações artísticas se diversificam assim como os modos de vida na sociedade, os sistemas econômicos, políticos e ideológicos. Olhando mais profundamente, observamos que esses não só nos caracterizam como seres históricos, mas, como seres humanos: espírito clássico e espírito medieval; razão e emoção; vontade urgente de crescer e medo do novo; individualidade e coletividade etc. O homem e o mundo em sua relação dialética, nos faz lembrar que as raízes nas quais falamos são mais antigas do que parecem: os deuses Apolo e Dionísio, um representando a luz solar, a racionalidade humana, e o outro a necessidade de embriaguez, de irracionalidade - ambos pertencentes à mitologia clássica - já anunciavam esse velho dilema de que a arte expressa , não apenas as nossas dualidades, nossas contradições, mas, na medida em que tendemos a fundi-los, de fazer com que se interpenetrem em um mesmo texto, a nossa eterna sede de completude. Em suma, a literatura brasileira é um retrato da cultura, dos costumes, de uma civilização de múltiplas faces, realidades e cores, portanto, não devemos estudá-la de forma linear, mas, compreendendo a multiplicidade de suas manifestações.

11: A história na literatura: a revolta da vacina e O alienista

Inês Florence

Mestranda - PPgEL - UFRN

Entre 1881 e 1882, Machado de Assis publica O Alienista. Em 1904, ocorre a revolta da vacina, movimento popular ocorrido no Rio de Janeiro, em reação ao plano de saneamento da cidade, do então diretor-geral da Saúde Pública, Osvaldo Cruz, em que uma das metas era tornar obrigatória a vacina contra a varíola. O objetivo do trabalho é comparar os dois episódios - a revolta da vacina e a revolta dos Canjicas (manifestação fictícia ocorrida no conto machadiano). Ambas as revoltas possuem a participação popular, bem como são reação ao discurso e atitudes cientificistas e à invasão da vida privada, o que será discutido no trabalho.

12: O itinerário existencialista de G.H.

Joanna Angélica Borges da Silva

Mestranda - PPgEL -Letras - UFRN

Através da tensão conflitiva, Clarice Lispector consegue estabelecer uma correlação entre estranheza e o olhar perceptivo, que qualificam alguns de seus personagens, no momento que questionam a respeito da sua própria existência. Questões filosóficas profundas, como a verdade e a condição humana, estão colocadas no romance A paixão segundo G.H.. Uma reflexão que é despertada a partir de um fato aparentemente banal, e jorra como produto incontrolável de um fluxo de consciência. A tomada de consciência pela personagem G.H., obedece muitas vezes a um ritual reflexivo, tortuoso e, até mesmo, doloroso. G.H. busca, em si mesma, pela introspecção radical, sua identidade e as razões de viver, sentir e amar. Sendo assim, podemos aproximar a obra de Clarice da corrente filosófica existencialista, especialmente do existencialismo literário-filosófico de Jean Paul Sartre, pois no romance de Clarice Lispector, destaca-se a introspecção, que ao pé da letra, quer dizer visão para dentro, e é mais ou menos isso que vamos observamos em G.H., a autora parte da vida interior de sua personagem, e se preocupa em mostrar o mecanismo psicológico dos atos, que é a própria razão metafísica do seu estar no mundo. A teoria sartreana do ser-para-si conduz a uma teoria da liberdade. O ser-para-si define-se como ação e a primeira condição da ação é a liberdade. O que está na base da existência humana é a livre escolha que cada homem faz de si mesmo e de sua maneira de ser. O em-si, sendo simplesmente aquilo que é, não podendo ser livre. A liberdade provém do nada que obriga o homem a fazer-se, em lugar de apenas ser. Portanto, esse trabalho pretende traçar um paralelo entre a teoria sartreana e a reflexão existencial da personagem G.H.

13: O narrador em Dão-Lalalão (O devente)

Joel Maurício Fialho

Mestrando - Letras - PPgEL - UFRN

Noites do sertão, de Guimarães Rosa, leva-nos ao contato com a profundidade do psicológico e nos faz penetrar na essência do pensamento humano através da saga, da vida, dos amores dos seus personagens. A primeira novela, da obra Dão Lalalão (O devente), revela a genialidade do seu criador que, fazendo o uso de técnicas que privilegiam o fluxo de consciência do personagem principal (Soropita), percorre com ele o que cronologicamente sucede em, mais ou menos, um dia (24h). Esse tempo físico, porém, é extrapolado por uma narrativa que não obedece a uma construção presa à lógica. O que, na verdade, o narrador acompanha são os pensamentos dessa personagem que, ao gosto de suas oscilações naturais, divagam sem tempo nem espaço definidos, como comumente se dá com nossos processos reflexivos. Percebe-se na narrativa que o autor (narrador) faz a captação de um momento em que um conjunto de conflitos se instalam na mente da personagem principal e caminham para o seu clímax e desfecho. A causa profunda desses impasses liga-se à necessidade que Soropita sentia, tanto de esconder-se de seu passado, como de não querer que se revelasse no Ão a vida que anteriormente tivera a sua esposa. Como último recurso, esse anti-herói transforma-se em herói, fazendo vir à tona o seu ser do passado (O homem de armas), preferindo expor a sua anterior condição, a deixar que se maculasse a beleza da imagem de mulher que a todo o tempo se revela em Doralda.

14: O racialismo romântico em O tronco do ipê: a fragilização do forte

Joyce Kelly Barros da Silva

Bolsista PET-Letras - UFCG

O racionalismo romântico configurou-se no século XIX como uma visão paternalista e aparentemente humanitária do homem negro, adotada pela camada burguesa, intelectual e “científica” da época, que buscou através dessa ideologia justificar a presença da instituição servil no Brasil escravocrata. Nesse sentido, o escravo foi visto e tratado como um ser incapacitado de manter-se livre na sociedade, já que se afirmou por meio das teorias vigentes que o negro era um ente extremamente dócil, humilde, infantil, impossibilitado de conviver entre os malvados homens brancos. Esta concepção perpassa também parte da literatura desse momento histórico, mais precisamente no Romantismo, no qual a idealização, como caractere forte, contribuiu para a omissão de relações conflituosas entre escravos e senhores, criando uma noção de servilismo voluntário por parte do escravo negro. O objetivo do nosso trabalho é observar como esta visão de mundo apresenta-se no romance O tronco do Ipê, do escritor José Martiniano de Alencar. Nosso estudo tem caráter analítico e o auxílio das leituras de BOSI (1974); CANDIDO (1985; 2000); GOMES (1988); GUIMARÃES (2001). Além disso, buscamos traçar paralelos com outras obras desse e de outros escritores do estilo literário romântico, nas quais vemos matizes desse perfil ideológico.

Segundo dia

15: A personagem feminina e a formação do romance brasileiro

Maria Edileuza da Costa

CAMEAM - NELLP- UERN

O trajeto da narrativa e a criação da personagem feminina na literatura brasileira foram delineados, definidos e construídos ao longo da história. Até o Romantismo, os textos literários apresentavam-se majoritariamente em poesia; o triunfo do romance se amparou na estratificação simples de grupos familiais, na atenção ao meio e no espaço geográfico e social, onde a narrativa se desenvolve e floresce. A primeira narrativa brasileira, que ficou conhecida pelo público, tem como personagem feminina Carolina (A moreninha), dá origem ao mito sentimental; logo depois, a imaginação do escritor brasileiro vai se espraiando na busca de narrativas que representassem o tempo, o espaço e a personagem feminina perfeita. Quanto ao desenvolvimento da personagem feminina na literatura brasileira, não podemos estudá-la sem antes nos ater a outras personagens que nasceram antes e cresceram na História e na Literatura. O princípio de que o texto literário se insere num espaço intertextual, e dele deflui, leva-nos a relatar fatos sobre: Lilith, Eva, Maria, Dalila, Helena, Penélope, pois essas personagens fizeram parte de um universo feminino.

16: Gregório Bezerra - o velho revolucionário

Maria de Fátima Dantas de Souza

Bolsista - Letras - UFRN

Gregório Bezerra foi um comunista que lutou com garra e sem medo pelos seus objetivos e pelo seu povo. Foi líder camponês, deputado federal e inimigo do latifúndio. Gregório foi fiel aos seus ideais até os últimos dias de sua vida. Foi devido a seu interesse e participação nas lutas pelos direitos iguais que Gregório, ao 17 anos de idade, foi encarcerado pela primeira vez. Em 78 anos de vida, foi por várias vezes preso, sofreu muitas torturas e injustiças. São esses momentos cruéis de Gregório que serão expostos neste trabalho.

17: A estética da rememoração em Jorge Andrade

Maria Tânia Florentino de Sena

Este trabalho pretende mostrar a interligação que existe entre o primeiro e o segundo planos da peça teatral A moratória de autoria de Jorge Andrade. O dramaturgo tece um fio de seda para unir passado (segundo plano) e presente (primeiro plano) de uma família, distanciados pelo tempo (três anos) e pelo espaço (fazenda x cidade). Esta ligação é realizada pela reminiscência, pela intercalação de diálogos ou pela disposição espacial das personagens. A elucidação ou evocação que as falas de um plano estabelece com a do outro, solda e modela o texto implicando numa auto-afirmação da peça; ela mesma se escreve e interpreta por meio dessa simbiose entre os dois palcos.

18: Análise da produção poética de 30 no Rio Grande do Norte

Maria Aparecida de Almeida Rego

Letras - UFRN

A proposta deste trabalho é apresentar um levantamento de dados sobre registros poéticos nos jornais A República e Feitiço nos arquivos do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte referentes à década de 30. Por meio da análise do material coletado, verifica-se a produção poética nos anos em estudo. Observa-se a presença marcante de alguns poetas como produtores literários na década de 30, bem como a presença de alguns temas recorrentes (natureza sertaneja, acontecimentos do cotidiano, religiosidade, dentre outros), além da diversidade estrutural na publicação de poesia. Pretende-se discutir elementos característicos do movimento literário e cultural do Rio Grande do Norte, da década de 30, incorporando-os ao movimento literário e à produção nacional, relacionado com essa discussão o método de pesquisa histórica.

19: Memórias de infância

Marcel Lúcio M. Ribeiro

Mestrando- Letras - UFRN

Jasseana A. de Souza

UnP

No ano de 1938, Graciliano Ramos foi um dos jurados do Concurso de Contos Humberto de Campos, promovido pela Livraria José Olympio. Coube ao escritor de Vidas secas decidir qual autor receberia o prêmio, pois os demais avaliadores estavam em dúvida entre Maria Perigosa, do pernambucano Luís Jardim (1901-1987), e um livro denominado Contos assinado pelo pseudônimo Viator, que mais tarde soube-se tratar do escritor mineiro Guimarães Rosa. Graciliano Ramos optou por votar em Maria Perigosa e fez com que Luís Jardim recebesse o primeiro lugar do concurso. No entanto, no cenário literário atual, os escritos de Jardim estão relegados ao segundo plano, enquanto que a obra de Guimarães Rosa é alçada ao posto de uma das mais importantes da literatura brasileira e até da universal. A estudiosa Sônia Maria van Dijck Lima afirma que essa mudança de perspectiva ocorreu, dentre outros motivos, por causa da saudação da crítica literária ao livro Sagarana, de Guimarães Rosa em 1946. Segundo Sônia, a crítica, ao elogiar Sagarana (que era o livro Contos reformulado), repreendia o livro de Jardim, que foi publicado em 1939, por causa do resultado do concurso de 1938. Assim, Rosa ganhou espaço e contribuiu para o eclipse da carreira literária de Jardim. Porém, lendo-se Maria Perigosa, constatou-se que os contos de Jardim possuem qualidade literária e podem haver influenciado a autobiografia Infância, de Graciliano Ramos, porque esta obra, publicada em 1945, traz muitas semelhanças com o livro de Luís Jardim, como o memorialismo, o narrador adulto que, ao relembrar sua infância, assume na narrativa um ponto de vista de criança e a descrição de paisagens do Nordeste. Portanto, este trabalho pretende reavaliar um autor de qualidade que está fora do cânone literário brasileiro e traçar um paralelo entre as obras Maria Perigosa e Infância.

20: Os títulos de Oswald e o colunismo social

Marcos Falchero Falleiros - UFRN

Haroldo de Campos deixa de perceber a sutil perspicácia crítica de Mário de Andrade quando considera equivocada sua percepção a respeito do “espírito parnasiano” das tiradas conclusivas de Oswald de Andrade, que, assim, manifestariam o uso do pior de todos os processos parnasianos: o verso de ouro: “Pau-Brasil está cheio de poemas escritos unicamente por causa do verso de oiro, que no caso, em vez de ser lindo à parnasiana, é cômico, é ridículo etc `a Osvaldo”. Parece, entretanto, que as tiradas de Oswald de Andrade se confirmam nesse diagnóstico se as considerarmos transferidas da finalização para os títulos de seus poemas  o que sugere uma análise a respeito de sua estética modernista bem mais problemática e exigente de minuciosas mediações, na medida em que nisso observamos que o processo é imitado e muito bem assimilado pela linguagem do colunismo social posterior que ainda vigora em nossos dias.

21: Uma pausa … Outra vida … Uma pausa…

Maria da Conceição Oliveira Guimarães

Doutoranda - PPgEL - UFRN

O conto “Pausa” de Moacyr Scliar oferece uma leitura vincada na ação de um anti-herói que José Paulo Paes analisa sob a categoria do pobre diabo. O pobre diabo, explica Paes, é um personagem patético pequeno-burguês quase sempre alistado nas hostes do funcionalismo público mais mal pago, vive à beira do naufrágio econômico que ameaça atirá-lo a todo instante à porta da fábrica ou ao desamparo da sarjeta, onde terá de abandonar os restos de seu orgulho de classe. No conto de Scliar, Samuel é um personagem de vida baça e incolor. Na tentativa de transformar seu pequeno mundo insignificante e repetitivo, constrói uma vida à parte. Para isto, reproduz um mundo tão medíocre e desprezível quanto àquele que ele se nega a viver. Instala uma rotina dominical, realizada com exatidão. Levanta-se cedo, faz a barba, prepara os sanduíches enquanto a mulher, que ignora o seu destino, coça a axila esquerda. Despede-se dela dizendo que volta à noite. Dirige-se a um hotel miserável, acorda o gerente que lhe entrega a chave do mesmo quarto de todos os domingos. Fecha as cortinas esfarrapadas, dá corda ao despertador de viagem, afrouxa a roupa, come vorazmente os sanduíches e dorme. Acorda sobressaltado às sete horas depois de um sonho sem relação aparente com sua vida. Lava-se na bacia, veste-se rapidamente e sai. Despede-se do porteiro que o saúda com “Até domingo que vem seu Izidoro.” Depois, segue, para casa. Não são claras as atitudes de Samuel como também não é claro o seu estar no mundo. Nada se sabe de sua vida, de seus projetos e o que o angustia. Percebe-se apenas que é um pobre diabo que luta para sufocar a somatória das insignificâncias de sua existência real.

22: Xexéu: um poeta popular dialogando com a voz romântica

M. Alda M. da Costa -UnP

M. Virgínia Xavier

Aluna especial -PPgEL- Letras UFRN

Trataremos de mostrar neste trabalho a relação da  composição poética de Xexéu (João Gomes Sobrinho), com o a composição poética românica.  A escrita de Xexéu dialoga com a voz romântica, porém numa perspectiva de “ressonância de voz”, pelo fato do tempo da escrita ser outro e não o romântico.  Xexéu leu livros de escritores da literatura brasileira, principalmente do romantismo, tais como: Castro Alves e Casimiro de Abreu. A poesia de Xexéu enquadra-se na visão de  Mouralis, quando afirma que é uma literatura colocada fora dos domínios literários  e que, só com a sua presença, constituem já uma ameaça para o equilíbrio do campo literário, (...) visto que assim revelam tudo o que nele há de arbitrário. Levando em conta o caráter arbitrário da literatura, revelado por Moularis, notamos que o romantismo estrutura-se de forma despótica, pois os escritores dessa geração buscaram refúgio no passado para suas construções. Bosi mostra que com os românticos há uma retomada das “formas medievais”, talvez por terem se desenvolvido em oposição ao intelectualismo e a tradição racionalista e neoclássica do século XVIII, tenham escolhido o “subjetivismo” e o senso de mistério, além do culto a natureza, sendo capazes de criarem mundos imaginários. Essas características também estão presentes nos cordelistas. Para Antonio Candido (1975) os românticos foram buscar nos países estranhos, nas regiões esquecidas e na Idade Média pretexto para desferir o vôo da imaginação. Vemos que grandes nomes da literatura erudita buscaram suas fontes no passado histórico e lendário da Idade Média, assim também Xexéu buscou inspiração tanto no romantismo como também na Idade Média.

23: Gregório de Matos Guerra

Natalia de Lima Nobre

Letras - UFRN

Os escritos brasileiros do período colonial são considerados, por muitos críticos e estudiosos literários, apenas como manifestações literárias. Classificando como literatura a produção Árcade e Romântica, devido a sua consciência e continuidade dum sistema literário organizado (ou em organização). Entretanto, mesmo passando tanto tempo oculto a gerações imediatamente posteriores Gregório de Matos Guerra pode, hoje, ser considerado o maior poeta do período colonial e não menos literário que tantos outros que nossa historiografia nos apresenta como clássicos. Gregório de Matos legou rica e extensa produção literária, relevante não só pela documentação da sociedade de seu tempo, mas também pelo teor artístico que alcançou. Sobretudo, considerando-se as condições de produção: “num meio sem imprensa, sem tradição, sem ambiente cultural – mas com censura rígida”. Deter-me-ei, na tentativa de tecer modestamente uma leitura analítica e interpretativa, a um de seus sonetos, uma sátira social. A qual, como bem diz Antonio Dimas, esquadrinha “o lado escuso da colonização”.

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:

Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;

Com sua língua, ao nobre o vil decepa:

O velhaco maior sempre tem capa.

 

Mostra o patife da nobreza o mapa:

Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;

Quem menos falar, mais increpa:

Quem dinheiro tiver pode ser Papa.

 

A flor baixa se inculca por tulipa;

Bengala hoje na mão, ontem garlopa:

Mais isento se mostra o que mais chupa.

24: Em busca de uma História para o NE: Verdade e Mito em Ariano Suassuna

Paulo de Macedo Caldas Neto

Aluno especial – Mestrado-Letras- UFRN

A religiosidade está sempre presente na obra suassuniana, seja no Teatro, seja no romance, ou até mesmo na poesia. O componente litúrgico vai funcionar aqui na recriação dos fatos sociais, históricos, políticos e culturais de um Sertão de muitas lutas, ainda desconhecidas. A oposição entre Tempo Sagrado e Profano ajuda a compor um Tempo Mítico, caracterizado pelo ilusionismo das festas populares. É retomando certos acontecimentos da cultura nordestina que Ariano os transfigura de maneira a provar a existência do belo artístico, tanto na tragédia do povo como no seu lado cômico de viver.

25: A escritura oralizada na obra rosiana

Roberta Duarte de Araújo

Mestranda - PPgEL - UFRN

Na obra de Guimarães Rosa percebemos a construção de uma nova linguagem, em que a língua portuguesa surge recriada através da associação de uma linguagem culta ao falar sertanejo, reformulada através da imaginação, apresentando inúmeras significações, não só no campo semântico, como também no plano sonoro, através da representação de recursos poéticos que irão ocasionar a fluidez poética da narrativa. Faz-se necessário, portanto, um diálogo com a produção rosiana visando ressaltar imagens que se aproximam e se contrapõem, ancorando-se nos conceitos existentes na Crítica Literária e na Semiótica, procurando identificar, através do processo de escrita rosiana, as marcas da literatura oral, enquanto representações da tradição da cultura popular, propondo o estabelecimento de limites, ou mesmo, de continuidade entre a tradição cultural oral e escrita.

26: Intertextualidade em Graciliano Ramos: Alexandre e outros heróis

Wagner da Matta Pereira

Aluno especial – Mestrado - Letras - UFRN

O objeto de pesquisa deste trabalho privilegiará o livro Alexandre e outros heróis de Graciliano Ramos, tendo como foco as quatorze histórias narradas por Alexandre, personagem central. Todas as histórias possuem temáticas originais e são, aparentemente, independentes entre si. A proposta é fazer uma leitura psicanalítica e biográfica dos textos narrativos, recorrendo a outras publicações do autor. Contudo, não há qualquer pretensão de resumir a obra às teorias interpretativas supra citadas. Em Alexandre e outros heróis, o leitor encontra um Graciliano mais leve e brincalhão, mas sem perder o traço crítico, irônico e pessimista. A obra, embora pouco visitada pela crítica, não deixa de ter seu valor dentre os grandes trabalhos de Graciliano Ramos.

27: Um baile de máscaras: Machado de Assis em “Pai contra mãe”

Willams Carlos Oliveira Cabral

Letras - UFCG

Profundas e inquietantes são as implicações veiculadas por Machado de Assis em sua prosa. Porém, para além do escritor consagrado pelos leitores em geral e pela crítica especializada, um outro Machado nos chama a atenção em sua contística. Em que medida podemos enxergar na obra do bruxo do Cosme Velho, mais especificamente no conto por nós contemplado, as reflexões de um escritor que, ao contrário das críticas feitas em sua contemporaneidade, demonstrou uma visão singular e desveladora dos mecanismos internos da sociedade de sua época? Tomando como princípio a abordagem do realismo machadiano, nos propomos então a tecer uma leitura de cunho histórico-social do conto “Pai contra mãe”, ancorados nas reflexões de críticos de renome da nossa literatura, como Antonio Candido, Roberto Schwarz, Alfredo Bosi e outros. Assim, pretendemos abordar alguns aspectos da obra deste que, como nenhum outro, soube desvelar os sentidos subliminares e as máscaras de uma sociedade regida pela ótica do interesse e da impostura e que avidamente buscava as práticas sociais e uma retórica como forma de legitimação para suas condutas particulares.

28: Os brutos: memória e identidade cultural na prosa de um escritor de província

Vilma Nunes da Silva

Mestranda -PPgEL-UFRN

Estudar a obra de um minor-writer é um desafio para qualquer pesquisador: estabelecer uma referência crítica, desmistificar os comentários elogiosos ou agressivos, ou até reforçá-los, realizar o mapeamento do acervo, na verdade, contribuir para a existência de uma fortuna crítica. O autor a que esse texto faz alusão é um escritor norte-rio-grandense, nascido em Currais Novos. José Bezerra Gomes (1911-1982) publicou o seu primeiro romance, Os Brutos (1938), pela Editora Irmãos Pongetti, no Rio de Janeiro. O presente trabalho promove uma leitura crítica deste romance, procurando situá-lo no contexto histórico-literário em que foi escrito, destacando o projeto estético do autor de acordo com as propostas literárias da época (romance de 30). Através da análise de um dos elementos da narrativa (o narrador), pôde-se verificar a presença de registros neo-realistas, as estratégias lingüísticas utilizadas na composição da obra, a intrínseca relação entre autor-narrador/leitor-obra e a evidência de aspectos biográficos e memorialísticos. A prosa bezerriana é construída ao molde da narrativa de reminiscências. A história da nossa literatura nos conta que a década de 30 foi marcada pela forte presença do romance social. O grupo dos escritores nordestinos alimentou suas obras com elementos caracterizadores de suas regiões, abraçando a causa da obra engajada, do intelectual comprometido com o meio em que vive e com disposição para lutar em prol de mudanças. José Bezerra Gomes filia-se a essa tradição. Sua obra endossa um anel temático de articulação inter-regional que não possui começo e fim em si própria. Seus temas variam em torno do contraste entre a monocultura artesanal e a modernização dos processos operatórios das culturas produzidas nos latifúndios nordestinos; campo versus cidade; autoritarismo patriarcal; coronelismo e a decadência das oligarquias rurais remanescentes etc.

 


GT-04: CULTURA E SOCIEDADE NA AMÉRICA PORTUGUESA

coordenadores:

Paulo César Possamai

E-mail: paulopossamai@cchla.ufrn.br

Departamento de História

Prof. Ms. Muirakitan Kennedy de Macedo

E-mail: muirakytan@uol.com.br

Departamento de História CERES

Local: Consequinho

Este GT tem por objetivo apresentar as pesquisas sobre temáticas que remetem ao período colonial brasileiro, como: sociedade, economia, cultura, religiosidade, imaginário, representações, etc. Dele poderão participar professores e alunos da graduação e da pós-graduação da UFRN e outras universidades.

Primeiro dia

01: FREGUESIA DA GLORIOSA SENHORA SANTA ANA DO SERIDÓ: A PRODU-ÇÃO DE UMA CARTOGRAFIA DA FÉ

Helder Alexandre Medeiros de Macedo

heldermacedo@katatudo.com.br

Dr. Paulo César Possamai - Orientador

paulopossamai@cchla.ufrn.br

Programa de Pós-Graduação em História - CCHLA – UFRN

A Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó foi criada em 1748, desvinculada da de Nossa Senhora do Bom Sucesso, do Piancó. A sua instalação, na sede da Povoação do Caicó, representa um dos frutos do movimento de expansão da fronteira pecuarística no sertão da Capitania do Rio Grande, vez que corresponde à institucionalização de mais uma cartografia para a região: a da fé. Interessa-nos, com este trabalho, indagar a respeito de como se deu a produção do espaço dessa freguesia: qual a paisagem natural que serviu de base para que a Igreja Católica pensasse e cartografasse os seus limites e quais as implica-ções desse ato; qual a estrutura da freguesia e sua relação com as manchas urbanas surgidas no sertão a partir do século XVIII; quais os grupos sociais que conviviam no espaço apa-drinhado por Santa Ana e quais as fontes coloniais que nos permitem conhecer o cotidiano e as cifras populacionais da freguesia. A inspiração para que formulássemos essas pergun-tas surgiu a partir da problemática levantada por Simon Schama a respeito da intrínseca relação entre homem, natureza e cultura. Acreditamos que a escolha da Povoação do Caicó para sediar a Freguesia de Santa Ana tenha relações muito próximas não apenas com os grupos sociais que conviviam desde o início do Setecentos nesse território, mas, também, com as condições propiciadas (por vezes, hostis) pelo meio natural. Essa hipótese poderá ser melhor verificada quando nos debruçarmos sobre as fontes que elencamos, na tentativa de responder aos objetivos da pesquisa: livro de tombo da freguesia; correspondência ofici-al das Capitanias de Pernambuco e anexas e do Rio Grande; crônicas coloniais e narrativas orais colhidas no início do século XX e publicadas pela historiografia regional.

02: OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA

Úrsula Andréa de Araújo Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Atualmente ouvimos uma série de discussões acerca da Amazônia, inclusive por to-do o potencial econômico e terapêutico que ela oferece. Contudo, nem sempre a Amazônia foi vista assim. Durante o início do período colonial brasileiro, ela teve um papel secundá-rio e figurou como uma prisão para degredados do reino. Porém, com o passar do tempo, os missionários começaram a ocupar as margens dos rios da região e promoveram o trabalho religioso ali, o que possibilitava a penetração e a ocupação do sertão amazônico. Mesmo assim as atenções do governo português continuavam voltadas para as capitanias açucarei-ras. Somente com a intensificação desse movimento – bandeiras – e com a conseqüente descoberta de potencialidades econômicas é que a Amazônia torna-se preocupação política. Assim, pretendemos buscar na bibliografia a emergência amazônica no cenário colonial e a atuação dos religiosos conjuntamente com a dos colonos nesse contexto.

03: “AS CERIMÔNIAS PÚBLICAS NAS IRMANDADES DE HOMENS PARDOS NOS SÉCULOS XVII E XVIII”

Ivson Augusto Menezes de Souza Leão

Orientadora: Profª Drª Kalina Vanderlei Silva

Instituição: Universidade de Pernambuco

Grupo de estudos História Sócio-Cultural da América Latina

Surgido na Europa no século XVII, o Barroco transformou-se em uma estrutura de pensa-mento que foi trazida para América portuguesa. Ao chegar na colônia foi reinterpretado e adaptado às condições sócio-culturais a partir do contato com os grupos sociais existentes, índios, africanos e reinóis. Utilizando-se deste cenário colonial barroco dos séculos XVII e XVIII nas vilas açucareiras de Pernambuco, observamos as cerimônias barrocas das irman-dades de homens pardos, isto é, cortejos, procissões e festas como instrumento de resistên-cia, distração, dominação e diversão. Para tal pesquisa utilizamos os compromissos das irmandades leigas.

04: PRESENTE DE NEGRO: RELAÇÕES DE COMPADRIO ENTRE NEGROS E BRANCOS NA CAPITANIA DO RIO GRANDE DO NORTE.

Sebastião Genicarlos dos Santos.

Discente do curso de História

CERES/UFRN

E-mail: genicarlos2000@yahoo.com.br

Não raramente encontramos na historiografia, alusões às relações de compadrio entre es-cravos e senhores, onde o principal motivo para que ocorresse esse tipo de relação era a intenção de adquirir pecúlio para a compra da alforria dos escravos. Este é o ponto de vista pelo qual a família escrava seria beneficiada, pois um de seus membros estaria sob a “pro-teção” de alguém com grandes possibilidades de ajuda-lo a livrar-se da condição de escra-vo. Mas, e o senhor o que ganharia com isto? Não é refutável a idéia de que ao tornar-se padrinho de um escravo o senhor cumpriria o papel de um benevolente religioso. Em con-trapartida receberia como PRESENTE DE UM NEGRO, a responsabilidade de doar uma pequena parte dos seus bens a um não parente, a fim de propiciar a compra de sua alforria. Neste sentido, objetivamos estudar essas relações na região que compreende o atual Seridó (Capitania do rio Grande) durante o século XVIII. Para tal usamos como base de dados os inventários post mortens do fundo da comarca de Caicó/1º Cartório Judiciário, hodierna-mente, sob a guarda do LABORDOC (Laboratório de Documentação Histórica) UFRN. Estes documentos também subsidiam as pesquisas da equipe que compõe o projeto “San-gue da Terra: história da Família Seridoense Colonial”, coordenado pelo professor Mui-rakytan Kennedy de Macedo. Realizamos ainda uso das leituras e inspirações historiográfi-cas de Cristiany Rocha (2004), Mary Karash (2000) e Denise Monteiro (2002). O diálogo com as fontes nos fez “saber” que no recorte espacial da pesquisa, ocorria também este tipo de prática cultural, onde em dezessete inventários pesquisados e palmilhados constatamos a incidência desse costume, em cinco documentos. Isto evidencia o fato de que pelo menos neste aspecto a escravidão tecida no Seridó não diferia da forma praticada em outras regi-ões da América Portuguesa. Embora, esta apresentasse suas peculiaridades.

05: DOS MALES, O MAIOR: SAÚDE E DOENÇA NOS ESCRAVOS DA CAPATANIA DO RIO GRANDE DO NORTE. (SÉCULOXVIII).

Sebastião Genicarlos dos Santos.

E-Mail: genicarlos2000@yahoo.com.br

Hugo Romero Cândido da Silva.

E-Mail: hugoromeros@yahoo.com.br

Semelhante ao que ocorreu nas demais regiões do semi-árido da América portuguesa, a colonização sertaneja da capitania do Rio Grande realizou-se sob a égide da pecuária, pois mesma não poderia dividir espaço com a economia canavieira que ocupava terras próximas ao litoral, região propícia para a esse produto central da exportação colonial. Deste modo povoaram-se os sertões de fazendas de gado, sendo a mão de obra escrava um dos sustentá-culos desta economia no espaço que viria a denominar-se Seridó. Todavia, nesta região, a escravidão caracterizou-se por um pequeno número de cativos em relação às regiões cana-vieiras, visto que o criatório poderia ser executado por pouca quantidade de pessoas, Par-tindo desta perspectiva, esta pesquisa objetivou uma melhor compreensão da escravidão seridoense, através de estudos sobre a saúde e mazelas que afetavam os seus escravos. A base de nossa pesquisa encontrou-se nos inventários post- mortens do fundo da comarca de Caicó/ 1º cartório judiciário, que estão atualmente sob a guarda do LABORDOC ( Labora-tório de Documentação Histórica) UFRN, e que compõem a pauta de pesquisas do projeto “ Sangue da Terra: história da Família Seridoense Colonial” coordenado pelo professor Mui-rakytan Kennedy de Macedo. Analisamos dezessete inventários do século XVIII, que deli-nearam um recorte de 37 anos (1737-1774). A análise deu-se através das leituras de Mary C. Karasch (2000), Denise Matos Monteiro (2002) e Olavo de Medeiros Filho (1983) e preenchimento de fichas de coleta. Nos documentos pesquisados encontramos 52 escravos dos quais 11,53% apresentavam alguma mazela, enquanto que 88,46% eram tidos como saudáveis, fator que influencia no valor dos escravos. Percebemos que a sanidade da escra-varia era motivo de preocupação dos proprietários sertanejos, pois a maioria não apresenta-va deformidades físicas ou doenças, naqueles que sofriam algum mal constatamos que a hérnia era o mais comum, junto as mutilações, ambas provavelmente frutos do trabalho cotidiano, logo, o trabalho era um dos maiores causadores das mazelas dos escravos.

06: O SERTÃO E O ABASTECIMENTO DE ALIMENTOS NAS VILAS AÇUCAREI-RAS.

Alberon de Lemos Gomes (Orientador) – UPE - Universidade de Pernambuco

Tiago Silva Medeiros (Proponente) - UPE – Universidade de Pernambuco

Grupo de Estudos em História Sócio-Cultural da América Latina - GEHSCAL

Propomos nesse trabalho uma contribuição à revisão não só da historiografia econômica, como dos estudos da história colonial brasileira. Com esse intuito, estudaremos o sertão e o abastecimento de alimentos nas vilas açucareiras do Nordeste colonial entre 1654 e 1750 e assim, estudar o fluxo comercial entre o sertão e as vilas açucareiras do nordeste colonial pela necessidade de abastecimento alimentar do litoral especificando as analises do proces-so de produção de alimentos, em especial farinha de mandioca, carnes verdes e secas, no Sertão Nordestino. Visamos aqui avaliar documentos oficias burocráticos, para melhor visualizar os aspectos sócio-políticos desse comércio e, assim, reconstituir o processo de abastecimentos na economia interna do nordeste brasileiro e averiguar o impacto desse comércio na economia interna do Nordeste colonial.

07: A RELIGIÃO TUPI NO PRIMEIRO SECULO DE CONQUISTA PORTUGUESA NA AMÉRICA.

Beatriz Costa Paiva

Orientadora: Kalina Vanderlei Silva

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE NAZARÈ DA MATA

Esta pesquisa investiga a construção da religião Tupi no primeiro século de colonização portuguesa no atual território do litoral brasileiro. Faz-se relevante mencionar o conceito de religião. Segundo Helen Clastres para o conceito ocidental de religião são necessários al-guns elementos básicos, como: os cultos, os rituais, as cerimônias, os templos, as divinda-des etc. Isto não foi encontrado pelos missionários na crença Tupi levando-os considera-rem os Tupi como um povo desprovido de fé e religiosidade. Na realidade, este não era o conceito pelo qual os tupi encaravam a religião. A sua crença era baseada em um mundo aonde o homem (e não Deuses) era a essência da criação. Os missionários não conseguiram interpretar a crença Tupi sendo esta mal vista pelos colonos e jesuítas. Como a documenta-ção parte principalmente destes autores criou-se uma visão estereotipada acerca da inexis-tência da religião na cultura Tupi. Pretendemos resgatar a religião Tupi levando em consi-deração o imaginário dominante da época em relação a mesma. Partimos, desta forma, de um estudo sócio cultural para observar a relação entre os Tupi e os colonos bem como as condições de existência desses personagens na sociedade colonial.

08: A CONQUISTA TERRITORIAL DA AMÉRICA: O CASO DOS PAULISTAS NA COLONIZAÇÃO DO SERTÃO NORDESTINO NOS SÉCULOS XVII E XVIII

Mirian Silva de Jesus (autora)

Mestranda em História/UFRN;

Paulo César Possamai (orientador).

Os motivos econômicos que levaram a conquista do sertão, baseado na pecuária, são bas-tante conhecidos da historiografia clássica. Porém as conseqüências desastrosas da guerra envolvendo a Coroa portuguesa, os colonos pecuaristas, a população da zona canavieira e as tribos continentais, tiveram pouca ênfase por essa historiografia. A chamada “Guerra dos Bárbaros”, iniciada na segunda metade do XVII, se desenrola em duas frentes principais: o recôncavo baiano e os vales de rios do Rio Grande, principalmente do Açu. O Rio Grande, assim como todo território que compreende do norte do São Francisco ao Ceará, estava sob jurisdição do governo pernambucano, o qual servirá como centro de irradiação das tropas mobilizadas para o sertão. Conhecido pelo imaginário da zona açucareira desde o século XVI, a idéia de sertão foi construída a partir de uma oposição entre as regiões colonizadas do litoral da América portuguesa e aquelas não inseridas na órbita administrativa metropoli-tana. A conquista desse território significava para a Coroa uma etapa da expansão ibérica, daí os esforços para empreender tal processo. E perante as dificuldades das tropas regulares enviadas para conter o conflito, contrata-se a mão-de-obra bélica dos paulistas – hoje de-nominados bandeirantes - famosos em aprisionar índios e se embrenhar pelos sertões. Sabe-se que os mesmos se valiam da manipulação de tribos aldeados, porém são apontados clas-sicamente como responsáveis pelo fim da guerra. Procuramos observar a participação dos paulistas na Guerra do Açu, analisando os discursos que os envolvem.

09: ARQUEOLOGIA COLONIAL: AS CASAS FORTES (DE PEDRA) NA OCUPA-ÇÃO, DEFESA E RELAÇÕES INTERÉTNICAS NA CAPITANIA DO RIO GRAN-DE - SÉCULO XVII.

Roberto Airon Silva

Prof. Ms. Depto de História

CCHLA/UFRN

larq@cchla.ufrn.br

O contexto da expansão portuguesa diante das invasões holandesas exigiu adapta-ções e modificações, tanto nas estratégias de ocupação quanto no controle do espaço e nas relações entre colonos, índios e sesmeiros. Esse espaço agora, então, tornava-se instrumen-to importante de reavaliação por parte da Coroa portuguesa na utilização e viabilidade eco-nômica desses espaços, desta maneira, ocupados através de doações de novas datas de terra e sesmarias. As referências que se têm da construção das Casas fortes (aqui no Rio Grande cha-madas de “Casas de Pedra”), remontam exatamente ao período dos primeiros embates con-tra o gentio Tapuia nas proximidades do litoral, e nos chamados sertões da Capitania, sendo citadas pela documentação escrita. Parte dessas construções ainda encontram-se em forma de ruínas no espaço norte-rio-grandense, oferecendo a possibilidade de informações materiais, e de uma pesquisa do-cumental para estabelecer as origens, as relações sociais, e as diversas formas de utilização e adequações que sofreram esses lugares no século XVII e início do séc. XVIII. Utilizamos uma metodologia arqueológica para recuperar os vestígios materiais na configuração das relações interétnicas nesses espaços, e de uma metodologia de análise histórico-documental para recuperar as informações escritas para adequar a dimensão mate-rial à dimensão social.

10: E NO MEIO DOS CAMINHOS, UMA CASA DE PEDRA...

CAMINHOS ANTIGOS E OCUPAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE.

Florizel de Medeiros Júnior

Ana Larissa Araújo de Menezes Cardoso Bueno Freire Teixeira

Alunos do Departamento de História

A política inicial de colonização da América Portuguesa, calcada na ocupação e ex-ploração econômica do litoral, se reveste de um novo impulso colonizador durante o século XVII e primeira metade do século XVIII. Isso se manifestou concretamente através da construção de inúmeras casas-fortes, conhecidas como “casas de pedra”. Como parte de um projeto mais amplo que visa a analisar como essas construções assumiram as funções de fortaleza e moradia, aglomerando em torno de si contingentes populacionais, se pensou a respeito de estudar as estradas e caminhos que durante esse re-corte cronológico serviram não somente à interligação desses núcleos ocupacionais, mas também como vias de penetração. Tendo em vista tais considerações, objetiva-se por meio deste trabalho responder à duas questões principais: quais os caminhos fluviais e terrestres e como os mesmos influen-ciaram nas relações interétnicas? No sentido de elucidar tais questionamentos, utilizaremos subsídios históricos (fon-tes bibliográficas e documentação cartográfica) e de métodos arqueológicos (observação in situ, sondagem, elaboração de planilhas, uso de GPS e detector de metais etc.). Com isso, visa-se a fazer um mapeamento dessas estradas e caminhos coloniais no RN, a fim de dimensioná-los no espaço atual, bem como promover o entendimento espa-ço/ocupação no referido recorte temporal.

11: DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS: IMPLANTAÇÃO E RESISTÊNCIA NO NORDESTE

Fátima Martins Lopes

Professora Assitente do DEH-UFRN

Doutoranda em História na UFPE

No presente trabalho, o que se estuda são as formas com que as autoridades da área sob a jurisdição da Capitania de Pernambuco receberam e implantaram a legislação indigenista pombalina em meados do século XVIII: o Diretório dos Índios. Estudam-se, ao mesmo tempo, as ações dos índios aldeados frente à imposição da nova forma de relacionamento entre índios e não-índios. Nesse sentido, identifica-se, no primeiro momento de implanta-ção, um movimento político pautado nas conversações e nos acordos entre o Governador de Pernambuco e os Principais indígenas da sua jurisdição, onde são observadas as variadas estratégias de dominação dos colonizadores, assim como a resistência indígena que impu-nha limites à implantação das determinações legais.

12: A RESISTÊNCIA INDÍGENA E O IMPÉRIO ATLÂNTICO PORTUGUÊS NO NORDESTE COLONIAL BRASILEIRO (SÉCULO XVIII).

Soraya Geronazzo Araújo

Profa. Depto de História/UERN

Grupo de Estudos do Século XVIII – UFC

sogeronazzo@ibest.com.br

Após a expulsão dos holandeses do Nordeste colonial brasileiro e com todas as dí-vidas arcadas por Portugal na guerra de reconquista, esta região apresentou-se como uma possível geradora de dividendos. O projeto implantado nesta região visava a exploração de novas áreas para intensificar a criação de gado, para com isso melhor explorá-la economi-camente. Desta forma, passaram a ocupar antigas áreas de domínio de vários grupos indí-genas comumente conhecidos à época como Tapuias. O resultado foi um confronto entre colonos e índios que perdurou durante mais de vinte anos, trazendo graves conseqüências econômicas e produzindo adequações e modifi-cações que geraram novas práticas e formas culturais, inclusive no próprio mecanismo de ação de guerra. Além disso, novos conceitos foram formados sobre os grupos indígenas transformando-os em indivíduos alijados do processo econômico e social vindouro. Utilizamos fontes documentais escritas, impressas e digitalizadas do Instituto Histó-rico do Rio Grande do Norte; da Divisão de Documental e Pesquisa da Universidade de Pernambuco e Documentos do Projeto Resgate de Documentação Histórica Barão do Rio Branco do Ministério da Cultura/BR.

13: GASTRONOMIA SERTANEJA: HISTÓRIA E MEMÓRIA

Maria das Vitórias de Araújo Macedo

Especialista em Patrimônio Histórico Cultural e Turismo (UFRN-CERES)

A gastronomia sertaneja está arraigada as origens e histórias de povos que vieram colonizar o Brasil no século XVI, ou seja, a base histórica e etnográfica se fundamenta na cozinha derivada do cardápio do cardápio indígena, da dieta africana – especialmente a da África Ocidental, e da cozinha portuguesa que através da re-elaboração das receitas e da substituição de ingredientes, teria se consolidado por volta do final do século XVIII, e assim assumindo a dominação social e cultural sobre indígenas e africanos.Quanto a isso podemos dizer que a cozinha indígena se traduz na constante permanência alimentar de frutos, raiz, caça e pesca, suas técnicas, recursos e condimentos, a fabricação de alimentos sólidos e líquidos, e a participação na comida contemporânea nacional. Já os africanos, da África Ocidental, sudaneses e bantos no final do século XVII e no século XVIII deixaram marcas culturais nos viveres dos grandes engenhos de açúcar brasileiro. Sua presença influenciou o Brasil com sua atuação na cozinha da casa grande e nas ruas. Os portugueses, como cultura dominante, importaram produtos, substituíram ingredientes que incorporados aos saberes disponíveis fizeram a cozinha brasileira, onde cores, formas e sabores dão gosto ao paladar com grande variedade de produtos que se caracterizaram no vasto território do Brasil. Nesse sentido, a presente monografia investiga como historicamente se processaram esses costumes culinários e que de maneira eles se incutiram no cotidiano da família seridoense e ganha respaldo no campo turístico.

Segundo dia

14: SERIDÓ COLONIAL: família patriarcal, terra sagrada e sociedade patrimonialista

Douglas Araújo

Doutor pela UFPE e professor do DHG/CERES/UFRN.

O trabalho discute aspectos do caráter patriarcal e patrimonialista da formação colonial do Seridó. Destaca o papel pivotante do patriarca e de sua família como núcleo ordenador da vida social, cultural e econômica da região. Neste contexto, o espaço territorial foi representado como terra prometida ao colonizador e miscigenador católico que teve a proeza, de incorporando elementos das etnias submetidas, aculturar o negro e o ameríndio. Enquanto espaço sagrado, o sertão do Seridó foi construído como lugar da promissão, da permissão, da queda pelo pecado, e também, como lugar da remissão desses pecados. Como recheio desse mundo religioso e oficial se catalisaram as lendas, os mitos, os contos e estórias pagãs centrifugadas pelo de miscigenação cultural e étnica. Dessa forma, se constitui nessas plagas do Rio Grande do Norte uma sociedade tradicional possuidora de uma dinâmica social, econômica e cultural com peculiaridades próprias que não podem ser confundidas com outros espaços e outras territorialidades da sociedade colonial brasileira.

15. CAPITANIA DO RN, FRAGMENTOS DE REVOLUÇÃO: Análise do governo dos capitães mores do Rio Grande do Norte (1802 a 1811)

Adriana Carla de Azevedo Borba

Mestranda do Programa de Pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo (PPGAU)/ Dep. de arquitetura/ UFRN/ Bolsista da CAPES.

Este trabalho trata da análise do governo de dois capitães-mores da então capitania do Rio Grande do Norte, a saber: Lopo Joaquim de Almeida Henriques (1802 a 1806) e José Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque (1806 a 1811), num total de onze anos (1802 a 1811). Em pesquisa exploratória, o que chamou atenção foi o aparecimento constante de denúncias e conflitos acerca de um governo (ex-capitão-mor Lopo Joaquim Henriques) e sobre o outro governo, elogios e agradecimentos (ex-capitão-mor José Francisco de Albuquerque), demonstrando atuações políticas completamente divergentes num curto espaço de tempo. Identificada esta situação, surgiram algumas questões de pesquisa: esta dicotomia entre os dois governos realmente existiu? Caso comprovada, qual destes dois governos se ligavam às ideologias vigentes e qual seria o contexto internacional e nacional à época que forneciam subsídio a estas ideologias? Que condições permitiram duas formas de governo tão distintas num período tão curto? Visando elucidar tais perguntas, procurou-se construir um quadro referencial da (s) ideologia (s) vigente (s) – movimentos intelectuais e contexto sócio, político ou econômico – que poderiam ter servido como pano de fundo justificando as condutas e ações governamentais. Foi levantado o contexto internacional e nacional do período, através de pesquisa bibliográfica. Em seguida levantou-se realidade da capitania do Rio Grande do Norte; na seqüência foi feita uma biografia dos dois capitães-mores e através de análise estatística simples foram comparados os governos de cada um, tomando como fonte documentos contidos no Arquivo Histórico Ultramarino. Pode-se afirmar que este momento da história do RN é ilustrativa de uma situação macro que vinha se processando no restante do mundo. É um exemplo bastante didático de dois governos: um absolutista, em declínio e outro adepto a ideais democráticos, dentro dos padrões da época, enfim, um fragmento de uma realidade que vinha acontecendo em todo mundo.

16: Perquirindo Testamentos e Inventários: da história do dote no Sertão do Seridó (1754 - 1795).

Muirakytan Kennedy de Macêdo

(muirakytan@uol.com.br)

Professor do Dhg da UFRN –CERES – Campus de Caicó

Rosenilson da Silva Santos

(rosenilsonsantos@yahoo.com.br)

Discente do Curso de História da UFRN –CERES – Campus de Caicó

Percorrendo as sendas caligráficas e históricas dos testamentos e inventários das famílias seridoenses coloniais, visualizamos a partir das leituras que lançamos sobre os mesmos, fragmentos dos costumes e cotidiano dos habitantes do Sertão do século XVIII. Neste lugar, a exemplo de outros da colônia, famílias abastadas concediam quantias em bens, muitas vezes vultuosas, as suas filhas casadouras, o dote. Neste sentido nos propomos a estudar a composição dos dotes que foram outorgados nesta plaga, cuja capitalização era inferior a região açucareira. O trabalho partiu do rastreamento da fonte que pudessem servir de suporte para as análises, encontradas no Fundo da Comarca de Caicó, e hoje custodiadas pelo LABORDOC (Laboratório de Documentação Histórica. UFRN/CERES/CAICÓ). Obras de Muriel Nazzari (2001), Sheila de Castro Faria (2002) e Maria Beatriz Nizza da Silva (1998), serviram de arcabouço para a observação do objeto na conjuntura histórica da colônia e elementos que permitiram estabelecer analogias entre os bens que compunham os dotes concedidos pelas famílias do Seridó e de outras capitanias. Num universo de 82 inventários, que o Fundo dispões do século em questão, 45 foram lidos e colhidas as informações concernentes ao nosso objeto de estudo, delimitando o interstício nos anos de 1754 a 1795, períodos que remetem ao primeiro inventário em que se encontra dote e ao último, respectivamente. Integravam os dotes os bens que consideramos essenciais para a manutenção do modo de vida da época: os bens de raiz: casas, sitos, fazendas e os bens semoventes: escravos, bois, cavalos, dentre mais, artefatos de cozinha feitos de prata e outros metais, assim como também, jóias que adornavam os corpos e preservavam o status da família, segundo Muriel Nazzari.

17: O SENADO DA CÂMARA SETECENTISTA E OS EXPOSTOS DA FREGUESIA DE Nª Srª DA APRESETAÇÃO, CAPITANIA DO RIO GRANDE DO NORTE

Thiago do Nascimento Torres de Paula

 (Graduando em História / UFRN)

Orientador: Prof. Dr. Paulo César Possamai

Este trabalho é parte do último momento de uma pesquisa sobre crianças expostas na Freguesia de Nossa senhora da Apresentação, na segunda metade do século XVIII. Temos por fim, caracterizar os documentos de Termos de vereação pertencentes ao Senado da Câmara da cidade do Natal, localizado na freguesia. Dentro dessa discussão, vamos apresentar os resultados parciais de nossa investigação documental, externando quais foram as posições dos camaristas diante do processo de abandono de crianças recém-nascidas na jurisdição eclesiástica. Considerando que a pesquisa está em processo de conclusão.

18: “RITOS FÚNEBRES NAS IRMANDADES LEIGAS NO PERNAMBUCO COLONIAL DOS SÉCULOS XVII E XVIII”

Myziara Miranda da Silva Vasconcelos

Orientadora: Prof Dr Kalina Vanderlei Silva

Instituição: Universidade de Pernambuco

Grupo de Estudos História Sócio- Cultural da América Latina

Partindo da análise dos compromissos das irmandades leigas das vilas açucareiras pernambucanas, nos séculos XVII e XVIII, procuramos reconstruir as atitudes e o imaginário do homem colonial diante da morte. Sabemos que a crença na vida além-túmulo. Está presente nas culturas barroca ibérica, africana e indígena e que portanto, as ações dos homens durante a vida refletiam sua preocupação com o destino após a morte. A busca pela salvação da alma levava brancos, pretos e pardos na sociedade açucareira a se tornarem membros das irmandades leigas, isto porque estas associações tinha por objetivo maior, além da função assistencialista, a promoção de funerais honrosos. Os estatutos compromissais, documentos onde estão listados uma série de procedimentos sobre o modo como os irmãos deveriam se comportar com relação a atos específicos, reservam diversas capítulos referentes à forma de como proceder na assistência aos irmãos defuntos. Dentro desse contexto, buscamos traçar o perfil das cerimônias de enterramento realizadas pelas confrarias no Pernambuco colonial.

19: O Monte e a Fé: Olinda quinhentista e seus cristãos-novos.

Daniel Oliveira Breda

Licenciado em História/UFPE

Mestrando em História/UFRN

E-mail: mrbreda@gmail.com

Olinda quinhentista. Uma cidade na colina à beira-mar: o urbanismo de defesa mais viável diante das dificuldades dos princípios da capitania Duartina. A ocupação do espaço das colinas foi cravejado, não obstante a falta de um planejamento complexo, de alguns fortes símbolos da sociedade portuguesa na América. No alto, o colégio dos Jesuítas, a Sé, a casa do Donatário e a Santa Casa de Misericórdia formavam um polinômio alegórico do quadro institucional português na América. Ao lado dos monumentos da Fé, na rua dos Palhais, na ladeira da Misericórdia amontoavam-se as casas dos primeiros colonizadores. Talvez a área mais ‘nobre’ do espaço urbano. Quando nos debruçamos sobre os documentos para buscar seus moradores surgem nomes de diversos moradores cristãos-novos, um elemento tão relevante e controverso do universo colonial barroco europeu. Que indícios pode nos dar esta organização espacial de Olinda? Que particularidades para a socialização este avizinhamento com cristãos-novos pode ter proporcionado, especialmente quando superposto à situação portuguesa? Esta comunicação busca explorar algumas nuances da espacialidade olindense, com enfoque em sua dinâmica cristã-nova.

20: Os judeus e cristãos-novos e sua marginalização no período filipino.

José Carvalho Silva Júnior

Dig.carvalho@ig.com.br

Universidade Federal do rio Grande do Norte

A partir da Idade Média os judeus entraram na Europa junto com vários povos que chegaram ao Ocidente. Apesar de já nesse período terem sido importantes para o seu desenvolvimento social, econômico e cultural, foram alvo de constantes perseguições, repetindo o que já vinham sofrendo no transcorrer de suas migrações por vários lugares do mundo, especialmente os de cultura cristã. A ganância e radicalismo da política ibérica tiveram um significativo aumento com a ascensão da dinastia dos Habsburgos a Coroa de Castela. Este foi um período importante e de grandes transformações ditadas por uma dinâmica que a maioria dos historiadores concordam em caracterizar como de expansão imperialista. O período habsburgo foi marcado pelo ímpeto religioso representado, sobretudo, pelas figuras de Carlos V e Felipe II. A questão a ser estudada é então o aumento da perseguição aos judeus e cristãos-novos na Península Ibérica e na sociedade colonial brasileira durante o período de União Ibérica, definindo desse modo o tema deste trabalho: os judeus e cristãos-novos e sua marginalização no período filipino. Nosso objetivo é apresentar os resultados de um estudo sobre a marginalidade dos judeus e cristãos-novos na Idade Moderna, expondo a trajetória dessa marginalidade da Europa até a América, assim como, entender essa problemática aplicada a União Ibérica, com a atenção centrada na política dos Habsburgos.

21: A Inquisição e o Barroco: O tratamento ambíguo nos casos de blasfêmia e sacrilégio nas Visitações do Santo Ofício ao Brasil colônia.

Raul Goiana Novaes Menezes

raulgsp@hotmail.com

Ms. Alberon de Lemos Gomes (Orientador)

lemos79@msn.com

Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata

Grupo de Estudos de História Sócio-cultural da América Latina

A insuficiente malha eclesiástica e a inexistência de um tribunal da fé no Brasil colonial forneceram um cenário propício à transgressões dos ensinamentos e doutrinas da fé católica. Tendo em vista as ações do Santo Ofício, através de três visitações, em território brasileiro, o trabalho se propõe a delimitar os conceitos dos crimes de blasfêmia e sacrilégio com base nos decretos do Sagrado Concílio Tridentino, reproduzidos nas Ordenações Filipinas, Cosntituições de Lisboa e nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, e também traçar o perfil das pessoas enquadradas nos referidos crimes, utilizando os livros de denunciações e confissões da Bahia(1591-93/1618-19), de Pernambuco(1593-95) e do Grão-Pará(1763-69), tentando apontar a incidência destes delitos nos registros inquisitoriais. Enxergando o espaço colonial como tentativa de recriação adaptada dos moldes sociais da Metrópole, a pesquisa tem por objetivo entender o discurso da Igreja Católica e como ela tratava e punia de diferentes maneiras indivíduos acusados de crimes semelhantes tendo como parâmetro a posição social do criminoso, revelando mais uma nuance da estrutura de pensamento gerada na sociedade colonial

22: “OS PAPÉIS SOCIAIS DESEMPENHADOS PELAS MULHERES NA SOCIEDADE BARROCA COLONIAL DOS SÉCULOS XVII e XVIII”

Juliana da Cunha Sampaio

Orientadora: Profª Drª Kalina Vanderlei Silva

Instituição: Universidade de Pernambuco

Grupo de estudos História Sócio-Cultural da América Latina

Quando ocorreu a implementação do projeto colonial nas Américas, inúmeras instituições metropolitanas foram transplantadas para as colônias, entre elas as irmandades leigas. Percebendo essas irmandades como espaço de inserção de homens e mulheres de cor na sociedade barroca colonial, buscamos, através da análise dos estatutos compromissais -conjunto de normas que regem as confrarias -, verificar como se desenvolviam os papéis sociais femininos no “espaço público”. Para essa compreensão, levamos em conta as reelaborações culturais feitos por esses homens e mulheres de cor, os discursos misóginos da igreja católica e o imaginário barroco, que permeava as relações sociais no período colonial. Observamos por meio da análise dos Estatutos compromissais, a possibilidade das mulheres exerceram funções consideradas proibidas no “espaço privado”, como ocupar cargos administrativos e ter iguais direitos aos homens em algumas ocasiões, tais como, o enterramento, o título de rainha do congo, no caso das irmandades de pretos, e a participação em cerimônias públicas.

23: Inter universitas et collegium: o mundo intelectual portugues no século XVI

Lenin Campos Soares

Mestrando em História e Espaços DEH/UFRN

Portugal descobre o Brasil em 1500, e a partir de então se torna foco irradiador de uma tradição cultural para sua colônia americana. Contudo, que cultura portuguesa é essa que vem para o Brasil? Como ela se define? Como ela se organiza? É visando responder a essas perguntas que este trabalho se apresenta. Aqui, através da observação do mundo intelectual português no século XVI, o qual temos acesso, entre outras obras, através de J.S. Dias e Luis Felipe Barreto, tentaremos entender como a cultura portuguesa se organiza para depois ser transposta para o Brasil. Este

trabalho é fundamentalmente de pesquisa bibliográfica e se dá como parte da construção de uma dissertação de mestrado sobre a formação do espaço americano no mundo intelectual europeu por esta tradição cultural oriunda do Renascimento.

24: AS REPRESENTAÇÕES SOBRE A MULHER NA LITERATURA DA AMÉRICA IBÉRICA: AS OBRAS DE SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ E PADRE ANTONIO VIEIRA NO SÉCULO XVII.

Isabela Maria Lucena Batista de Araújo Pereira

Orientadora: Kalina Vanderlei Silva

Faculdade de Formação de Professores de Nazaré Da Mata

Pretendemos analisar as representações femininas nas obras de Sóror Juana Inés de La Cruz e Padre Antonio Vieira no contexto barroco do século XVII. Através do estudo do contexto histórico e do imaginário social, buscamos entender as visões e imagens que estes autores possuíam da figura feminina. A Igreja tridentina via a mulher como disseminadora de pecados e por isso fazia-se necessária a constante conversão, fiscalizando-a para que agisse segundo os preceitos morais. Daí a existência dos sermões moralizantes e edificantes como os de Vieira. Segundo esses discursos a mulher teria que ser fiel, cuidar da educação dos filhos guiando-os sempre sob os valores morais de conduta. Umas das pessoas que se manifestou contra essa postura misógina foi Sóror Juana Inés de La Cruz. Em alguns de seus poemas questionou porque as mulheres eram pecadoras se os homens as faziam pecar, além de defender o sexo feminino, e o acesso às letras, ciências e ao estudo com um todo. Devido a isso, sofreu reprimendas e pressões para mudar posturas, o que posteriormente parece ter influenciado no seu “abandono” às letras. Diante disso, através dos poemas (como os vilancicos à Santa Catarina) e cartas de Sóror Juana (principalmente a Carta Atenagórica e a Respuesta a Sor Filotea de La Cruz), e sermões de Vieira buscamos compreender como as obras literárias e os discursos de religiosos tão diferentes como Sóror Juana Inés de La Cruz e Padre Antonio Vieira abordam a misoginia no contexto barroco. Percebemos uma tentativa de controle, principalmente por parte da Igreja, inclusive sobre as questões mais intimas, o que demonstra seu poder de coerção da cultura “de homens sobre as mulheres”.

25: PURGANDO PECADOS E LIMPANDO A EUROPA: o degredo no cotidiano dos primeiros séculos de colonização no BRASIl

Francisco das Chagas Silva Souza

CEFET-RN, Unidade de Mossoró.

e-mail: chagasouza@uol.com.br

franciscosouza@cefetrn.br

É comum ouvir das pessoas e encontrar nos livros antigos de História do Brasil, referências aos primeiros povoadores do país como tendo sido a escória, a gente pobre e desonesta, que era expulsa de Portugal pelos crimes que havia cometido. Alguns intelectuais chegaram a compreender os problemas brasileiros como decorrentes desse passado nada nobre. Assim, com base em uma preocupação revisionista, que tem marcado as pesquisas históricas da atualidade, busca-se compreender quem eram essas pessoas e quais crimes haveriam cometido para receberem tão grave punição. Quais as leis portuguesas vigentes na época? O que estas consideravam crimes? Por que vir para o Brasil era como uma morte em vida? A partir de uma revisão bibliográfica, chegou-se aos seguintes resultados: as Ordenações, sistema jurídico vigente em Portugal na época da colonização, apesar de serem propostas pelo Estado absolutista, tinham fortes influências da Igreja, daí a condenação por crimes cometidos contra a fé; os exilados para o Brasil eram homens e mulheres, nobres e plebeus, que haviam sido condenados pelas severas leis do Reino por cometerem heresias e se chocarem com os rígidos princípios da moral vigentes naquela época; o Brasil, mal visto pelos europeus, assumiu a função de purgatório para os pecados desses criminosos – seria uma transição entre o céu e o inferno. Considerando-se que a concepção de crime varia de acordo com o tempo e os valores de uma sociedade, pode-se concluir que a percepção dos “primeiros brasileiros” como marginais é simplista, preconceituosa e racista. Tais idéias são exageradas e apressadas, criadas sem um rigor acadêmico, e feitas pela historiografia positivista para legitimar os interesses das elites.

26: UM ESTUDO SOBRE A ORGANIZAÇÃO DAS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO NAS VILAS ACUCAREIRAS DE RECIFE E OLINDA, SÉCULOS XVII E XVIII.

Marco Tomé Costa Monte – costamonte@hotmail.com

Orientadora: Kalina Vanderlei Silva – kalinavan@uol.com.br

UPE – F.F.P.N.M. (campus de Nazaré da Mata)

Durante a segunda metade do século XVII e todo século XVIII, a busca por status, respeito e privilégio era uma constante da sociedade colonial escravista açucareira da capitania de Pernambuco. Dentro desse contexto, havia a tentativa de inserção social de negros e sua participação nas corporações de ofício, e a urbe colonial americana portuguesa, como palco deste processo. Destarte, objetivamos, de uma forma geral, compreender mais sobre o cotidiano dos pretos que viviam nas vilas açucareiras portuguesas de Recife e Olinda, durante o período colonial. Para tanto, através da perspectiva de Peter Burke - que procura entender as relações sociais por meio de uma abordagem cultural - e da análise do livro de Cartas Patentes, observamos a relevância da manutenção das corporações pelos negros, enfocando os aspectos de diferenciação social, que a inclusão nestes grupos de trabalho trazia para o escravo ou forro que deles participasse, a relação das corporações com a festa de coroação de rei do Congo e a importância que elas tinham dentro dessa sociedade.

27: A repressão sexual vista na através da documentação Inquisitorial

Michele Silva Santos

Graduanda em História

O estudo em questão faz parte da monografia que está sendo redigida a fim de ser defendida ao fim do curso de história da UFRN. Observamos que, nas monografias apresentadas, a relação entre Inquisição e sexualidade na América portuguesa foi muito pouco discutida. As decisões da Igreja Católica chegam à América Portuguesa com os primeiros missionários, mas só em 1707 foram redigidas as Constituições Primeiras do Acerbispado da Bahia, que passaram a reger a vida religiosa na colônia. Porém, a preocupação da Igreja Católica em controlar a vida social e espiritual dos habitantes da colônia era antiga, como comprovam as visitações do Santo Ofício da Inquisição. A sociedade colonial estava calcada em relações de miscigenação, entre os portugueses e suas escravas índias ou negras, por falta de mulheres brancas na colônia. Muitas dessas uniões estão relatadas nos papéis da Visitação. A Visitação do Santo Ofício à capitania de Pernambuco, em 1593-1595, gerou os depoimentos feitos ao inquisidor Heitor Furtado de Mendonça, que são de grande importância para o conhecimento dos hábitos, usos e costumes do século XVI. A presença de um inquiridor em Pernambuco veio a revelar a vida dos residentes de forma crua, bastante diferente da visão dos primeiros cronistas. Existem textos sobre as ditas “mulheres do mundo”, mulheres que faziam “mau uso do corpo”, fossem elas prostitutas ou infiéis ao marido. Entre os homens as fornicações eram práticas constantes, a dúvida pairava no teor do pecado. De acordo com Ronaldo Vainfas no livro Trópicos do Pecado, estes foram delatados ou pelas “devassas eclesiásticas, ou diretamente acusados aos comissários e aos familiares do Santo Ofício espalhados pelo Brasil”. A partir das Denunciações e confissões da Capitania de Pernambuco 1593-1595 e da bibliografia que citamos, pretende-se analisar a sociedade da capitania de Pernambuco durante o período da visitação do Santo Ofício, mais especificamente de que maneira ela se comportava diante do poder inquisitorial com relação ao sexo.

 

GT-05: LITERATURA E FILOSOFIA

Coordenadores:

Sandra Sasseti F. Erickson

E-mail: sferickson@ufrnet.br

Departamento de Letras

Antonio Basílio N. T. Menezes

E-mail: basilio@ufrnet.br

Departamento de Filosofia

Local: Setor II C6

O Grupo de Trabalho Literatura e Filosofia reúne diferentes trabalhos destas áreas de conhecimento que tenham por perspectiva uma visão interdisciplinar de temas, autores e problemas. Ele tem por finalidade o estabelecimento de um diálogo acadêmico entre os vários campos da Filosofia e da Literatura, bem como constitui seu objeto a investigação das possíveis relações entre eles. A Filosofia como forma de Literatura; a Literatura como fazer filosófico; as problematizações em torno da Filosofia e da Literatura; Escritores, Poetas e Filósofos identificam o espectro temático deste GT para a subscrição dos trabalhos.

Primeiro dia

01. VINICIUS DE MORAES & SHELLEY: UM EXERCÍCIO DE DESLEITURA

Adriana Assis de Aquino

Mestranda PPGEL, UFRN

Dra. Sandra S. F. Erickson

Letras, UFRN

Este trabalho tem por objetivo identificar nos recursos da voz lírica do poema de Vinícius de Moraes (1930-1980), “O operário em Construção” (1955), um “agon” nos moldes articulados por Harold Bloom, que configurem o fenômeno da melancolia da criatividade, ou seja, a influência poética de Percy Bysshe Shelley (1792-1822), mais especificamente de seu poema,“ A Song: Men of England” (1818), neste poema de Vinícius de Moraes. Dentre essas semelhanças, apontamos a temática, qual seja, a questão da exploração das classes trabalhadoras, a formação da consciência da classe operária e o apontamento da voz lírica do descumprimento de certos direitos humanos por parte dos empregadores. Como o poema de Shelley, o de Vinicius de Moraes representa da tomada de consciência da classe operária nos moldes postulados pelo marxismo dialético.

02. VISÕES PROFÉTICAS EM FAHRENHEIT 451 E SUAS INFLUÊNCIAS

André Luiz Machado Santos

Letras, UFRN

Este trabalho estuda as relações entre Fahrenheit 451 (1952), do autor norte-americano Ray Bradbury (1920 - ) e o filme Matrix (Larry e Andy Wachowski, 1999). Propõe-se uma leitura de Matrix como uma projeção das temáticas e do imaginário de Fahrenheit 451. Do ponto de vista da temática ambos tratam de sociedades totalitárias nas quais as pessoas “autorgam” ao sistema a autoridade através de mecanismos artificiais (instrumentos tecnológicos avançados), nas quais tudo: entretenimento, instrução, trabalho é desenvolvido “artificialmente”, ou seja, não representam o resultado de decisões de vontades individuais, mas da “necessidade” da população de fechar os olhos e de possuir uma falsa ignorância e, portanto, a necessidade do controle do sistema. Utilizando uma metodologia comparativista e a partir do conceito de distopia, articulado Ernest Bloch discute-se o impacto da literatura na nossa sociedade contemporânea em que as visões “sombrias” de um futuro negativo se tornam, em nosso presente histórico problemáticas. Discute-se também a importância da ficção científica como área de debate e reflexão da nossa sociedade, pois as conseqüências vividas no futuro (que os autores tanto se preocupam em apontar) se refletem nas escolhas e nos erros cometidos por nós, seres humanos, em épocas anteriores. Até que ponto esses universos ficcionais se constroem a partir dos conceitos de alienação e cultura de massa expostos por alguns dos Frankfurtianos mais notáveis como Adorno pode ser a questão.

03. FAUSTUS VS HAMLET

Carla Iriane

Letras-Inglês, UFRN

Este trabalho tem como intenção traçar um paralelo entre duas tragédias expressivamente marcantes no mundo da dramaturgia: A trágica história de Doutor Faustus de Christopher Marlowe (1604) e Hamlet, O príncipe da Dinamarca de William Shakespeare (1600). Mais precisamente pretendemos mostrara uma das semelhanças existentes entre as duas peças que misteriosamente parecem ter grande parentesco e mediante a análise de seus protagonistas observar estas similaridades. Doutor Faustus e o Príncipe Hamlet, com objetivos diferentes, o primeiro em busca do conhecimento e o segundo querendo vingar a morte de seu pai, caminham em direção um ao outro através dos longos solilóquios feitos por ambos e do constante tormento da consciência maravilhosamente trabalhados por seus autores nestas longas falas. Esse trabalho utiliza o método do revisionismo dialético de Harold Bloom.

04. A CONSISTÊNCIA INCONSISTENTE DE ROMEU

Christielen Dias da Silva

Letras, UFRN

Este trabalho pretende discutir o papel do personagem Romeu na obra de William Shakespeare Romeu e Julieta. A partir do título, um leitor atento pode pensar que Romeu é o protagonista da história, o que não se pode provar no texto. Romeu não possui todas as características que um herói trágico deveria ter, de acordo com as “instruções” dadas por Aristóteles em sua aclamada obra Arte Poética. No seu caminho pela peça, este personagem vai de pensamentos inconsistentes a um total controle de si (consistência). O Romeu adolescente, imaturo, confuso e impulsivo que começa a peça não é o mesmo que tira a vida diante da tumba de sua amada. A prova textual disso pode ser o modo como são trabalhadas as falas de Romeu pelo autor: no início, ele usava muitos paradoxos e rimas nas últimas palavras de cada verso; porém à medida que peça se desenvolve, principalmente após a morte de Mercúcio e até o seu final, as falas de Romeu tornam-se mais claras, menos ambíguas e sem rimas.

05. "OUTRORA" VICTOR HUGO

Cláudio Everton Martins da Silva

Letras, UFRN

Outrora é um poema da primeira parte de Contemplations, um dos mais profícuos livros de poemas de Victor Hugo, produzido em seu auto-exílio na Inglaterra entorno de 1855. Esse poema nos apresenta uma atmosfera de harmonia e grandeza da natureza, nos apresenta uma bonança que só ocorre porque "Satan" sonha. Esta imagem de beleza que só se componhe durante o sonha do "inimigo" é algo falso, ou seja, uma ilusão, elemento com o qual podemos trabalhar a idéia de pessimismo quanto à "natureza" do Homem.

06. O QUE DIZ A BOCA DA SOMBRA

Nouraide Fernandes Rocha de Queiroz

Letras, UFRN

Este trabalho propõe-se a uma análise sucinta de um poema de Victor Hugo extraído da antologia poética Contemplações (1856: O que diz a boca da sombra, que se encontra no Volume Hoje. Através de um mergulho menos superficial no texto literário tentaremos fazer emergir alguns dos múltiplos sentidos que se entrelaçam organizando uma rede de significados na qual evidenciaremos aspectos que refletem a compreensão de mundo do poeta, sobretudo com um olhar contemplativo enfatizando a dualidade da inspiração introspectiva e elegíaca como também cósmica e visionária. Nesta obra o autor expõe suas teorias filosóficas sobre a existência, a morte, o destino e a criação.

07. FREI LAWRENCE

M. Marcela Bezerra da Cunha

Letras, UFRN

O presente trabalho tem como objetivo investigar uma personagem do drama Romeu e Julieta de Shakespeare, o "frei Lawrence", o qual se mostra no desenrolar do enredo suspeito e antagônico, à medida que, tentando ajudar os “heróis”, suas ações provocam o desenlace trágico do enredo. O comportamento da personagem dá margem a várias interpretações sobre sua conduta e intenções, configurando, assim, o perfil d eum personagem em desacordo com o principio de coerência aristotélica. Pretendemos aqui, com base no texto e no conceito de trama da Poética de Aristóteles, investigar esse personagem.

08. SER OU NÃO SER: EIS A QUESTÃO NO SONETO “AGREGADO INFELIZ DE SANGUE E CAL”, DE AUGUSTO DOS ANJOS

Danielle Paiva Vilela

PIBIC, Letras, UFRN

Sandra S. F. Erickson

Departamento de Letras, UFRN

Este trabalho tem como objetivo a análise, do soneto Agregado Infeliz de Sangue e Cal, considerado, segundo a crítica tradicional, um dos sonetos mais mórbidos do poeta Augusto dos Anjos. Como pano de fundo para interpretar esse soneto, temos o Solilóquio de Hamlet de William Shakespeare, o qual, propomos, como um provável “pai poético” do soneto em questão. Para evidenciar o agon existente entre os dois textos, discutiremos o fato de ambos abordarem o mesmo tema--o questionamento quanto à identidade do ser; além de explorarem o imaginário de morte e de uma possível existência pós-morte. As conclusões provam que as imagens grotescas tão utilizadas pelo poeta paraibano não são, segundo ERICKSON, uma “anormalidade estética” e sim “eixos de força de poemas fortes”, ou ainda armas com as quais o poeta luta no campo das palavras com outros textos para se inserir e permanecer no cânone. Nossa metodologia é o revisionismo dialético de Harold Bloom.

09. A QUESTÃO DO HERÓI TRÁGICO EM ROMEO & JULIETA: EIS A NOSSA QUESTÃO

Luciana Bernardo

Letras, UFRN

A peça Romeu e Julieta (William Shakespeare, 1594) desperta variadas discussões acerca de seus temas e também de sua estrutura. Estudamos aqui qual dos personagens principais dessa peça se encaixa melhor no perfil do herói trágico segundo a concepção clássica de Aristóteles. Nossa metodologia é comparativista no sentido em que utiliza a teoria trágica apresentada na Arte Poética (Aristóteles, DATA) como base para a análise do protagonista da tragédia de Shakespeare. Percebemos que apesar de nenhum dos dois protagonistas se enquadrarem exatamente no padrão definido por Aristóteles, Julieta se destaca para cumprir a função do herói, principalmente por ser um personagem mais consistente que Romeu.

Segundo dia

10. MICHEL FOUCAULT E A LITERATURA: “ALÉM DAS FRONTEIRAS DA FILOSOFIA”

Dr. Antônio Basílio Novaes Thomaz de Menezes

Filosofia, UFRN

A relação de Foucault com a Literatura perpassa a maioria das suas principais obras, em específico naquelas que concernem ao pensar arqueológico nos trabalhos da década de 1960. Em 1975, numa entrevista ao jornal Le Monde, Foucault declara que não conferiu nenhum lugar aos textos literários na História da Loucura e em As Palavras e as Coisas, apenas mencionando en passant, sem nenhum outro papel intrínseco. Para ele “a literatura era algo a ser observado e não analisado ou reduzido ou integrado ao campo de análise. Era um descanso, um pensamento a caminho...” Assim, esta breve exposição aponta para uma investigação da pergunta posta em termos foucaultianos sobre “O que é a Literatura?”. Mais precisamente, procura tratar da afirmação do autor na mesma entrevista acerca das obras de Blanchot, Klossowski e Bataille que “muito mais que trabalhos literários dentro da literatura eram discursos fora da filosofia”. Investigar a dimensão do pensar “fora” nos aspectos que implicam a pergunta pelo estatuto da Literatura constitui-se então no objeto da análise que objetiva esboçar a percepção de Foucault da Literatura como “linguagem iluminada”.

11. MITO: O FANTÁSTICO NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO FILOSÓFICO

Enoleide Farias

Aluna especial PPGFil, UFRN

Ao estabelecer as partes da alma e, a partir dessa classificação, a ordenação política n'A República, Platão propõe excluir do seu estado ideal o poeta criador de mitos, capaz de enganar quantos lhe ouvem, portanto, alguém cuja existência parece dominada pela parte concupiscente da alma. Assim, renega a poesia mimética e seus autores, referidos como meros imitadores, incapazes de colaborar na construção da cidade justa, por ele pensada como possível, apenas, a partir de um rigoroso método educacional. O trabalho busca entender como o filósofo, mesmo criticando o mito, o utiliza como recurso dialógico na construção do seu texto. É, pois, n'A República onde se encontra o mais comentado mito filosófico, a Metáfora da Caverna. Os argumentos são construídos a partir de uma leitura d'A República, apoiados nas considerações apresentadas por Vernan, Rodrigues e Nunes acerca dos mitos presentes na filosofia pré-filosófica, na filosofia e na linguagem contemporânea.

12. ANÁLISE ESTÉTICA DE ALBERT CAMUS ACERCA DA OBRA LITERÁRIA DE FRANZ KAFKA

Igor Bezerra Barreto

UFPB

O trabalho pretende fazer uma relação entre o escritor Franz Kafka e o filósofo e, também escritor, Albert Camus, assim fazendo uma relação entre literatura e filosofia. Será estudado o apêndice do ensaio filosófico “O Mito de Sísifo”, de Camus, onde este analisa a obra de Kafka, notadamente os romances “O Processo” e “O Castelo”. Este Apêndice recebe o título de “A esperança e o absurdo na obra de Franz Kafka”.Para trabalhar esta análise de Kafka por Camus, iremos antes fundamentar algumas idéias do filósofo franco-argelino no referido ensaio, quais sejam, as idéias de “sentimento de absurdo” e as considerações sobre a “criação absurda”. Vistas assim essas questões de “O Mito de Sísifo”, partiremos, juntamente com Camus, para considerações sobre os romances de Kafka, sempre fundamentados nas reflexões acerca do absurdo e suas relações, nas obras do escritor tcheco que serão analisadas. Nesse discorrer através de Kafka e Camus, iremos ver como se apresenta o absurdo na obra kafkiana e de que forma o escritor tcheco parece querer superar essa noção de absurdo, ao buscar uma esperança; fato este, que nos fica apenas sugerido na conclusão do já referido apêndice.

13. O CONCEITO DE ESQUECIMENTO NIETZSCHIANO EM JORGE LUIS BORGES

Fábio Henrique R.Sousa

UFPB

Este trabalho visa explicitar o diálogo existente entre um dos conceitos basilares do pensamento filosófico de Nietzsche e a literatura de Jorge Luis Borges. Tarefa essa que se pretende executar através de uma análise filosófica do conto Funes, o memorioso. Texto em que o literato argentino constrói uma personagem de cunho fantástico baseada no Conceito de Esquecimento do filósofo alemão. E, embora Borges conceda a sua personagem todas as características opostas ao que propõe o filósofo, o faz, tão somente, para atingir a mesma conclusão que o pensador alemão.

14. LITERATURA, FILOSOFIA E ENGAJAMENTO: CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PALAVRAS DE JEAN-PAUL SARTRE

Francisco Júnior Damasceno Paiva

Filosofia,UFPB

Na tentativa de compreender a condição humana podemos lançar mão de vários instrumentos. Entre eles, dois são especiais: a filosofia e a literatura. Jean-Paul Sartre(1905-1980) é, sem dúvida, o intelectual que mais soube interligar essas duas formas de expressão. Em As Palavras (1964) Sartre discute o estatuto da literatura. Mais do que um relato de sua infância, esta obra-prima é um verdadeiro tratado sobre a condição dos intelectuais na sociedade contemporânea. Ler e escrever é a sina do intelectual. Mas o que pode e o que não pode a escrita? Qual a força dessa arma? Introduzido nas letras desde cedo pelo avô, Sartre ia da ficção para a realidade. Achava mais verdade nos livros do que nos objetos. Este vício o transformou num idealista. Durante muito tempo tomou a pena por uma espada. A sua escrita talvez tenha sofrido a influência dos romances de aventura que lia na infância. Sartre retoma aqui questões que havia desenvolvido em Que é a literatura? Agora à luz do marxismo ele redimensiona o papel da cultura nos nossos dias. Utilizando-se do método progressivo-regressivo, ele tenta explicar, ao mesmo tempo, o autor pela obra e a obra pelo autor. Curado do idealismo, Sartre descobre a impotência dos escritores. Isso não significa, no entanto, que devamos abjurar de tudo: "a cultura não salva nada, nem ninguém, ela não justifica. Mas é um produto do homem: ele se projeta, se reconhece nela; só esse espelho crítico lhe oferece a própria imagem". A contribuição de Jean-Paul Sartre, enquanto intelectual militante, homem de pensamento e de ação, permanece de valor inestimável. As questões suscitadas por Sartre continuam ainda hoje, no centenário de seu nascimento, pertinentes e atuais, a desafiar a humanidade e certamente será assim pelos próximos cem anos.

15. AS CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DE LIBERDADE SUBJACENTES EM JOSÉ PAULO PAES

Gesimiel Rodrigues Santos

PET Letras, UFCG

Prof. Dr. José Hélder Pinheiro Alves (orientador)

UFCG

A poesia de José Paulo Paes apresenta-se como uma das melhores da literatura brasileira contemporânea. As temáticas contidas no conjunto da sua obra apontam para um autor com uma aguçada percepção da realidade e uma extrema sensibilidade no trato com as palavras. A sua poesia está permeada por um teor filosófico que o coloca entre os mais versáteis poetas do nosso tempo. Nela, o homem encontra espaço para reflexões sobre o estar-no-mundo e as implicações da aventura existencial humana. Exemplo disso é o poema A liberdade como problema, no qual o poeta, possuidor das “antenas da raça”, tece considerações sobre um dos mais controversos temas da existência humana: a Liberdade. Baseados nas afirmativas acima expostas, analisamos o texto utilizando como suporte as concepções aristotélico-sartreana, bem como as propostas por Hegel e Marx. Além de verificar a evolução histórica de tal assunto. Nosso objetivo principal é trazer à tona as concepções de Liberdade que jazem ocultas nos meandros do texto, aliada à apreciação estética do corpus literário, servindo-se, para tanto, de um método essencialmente estilístico de análise textual.

16. PESSOA E O FUROR POÉTICO DE PLATÃO

Rosângela Trajano da Silva

mestranda PPGEL, UFRN

Drª. Lourdes Patrini

O presente trabalho desenvolveu-se a partir da observação de que a poesia de Fernando Pessoa transmite um estado de melancolia arrebatado pelo furor poético considerado por Platão nos seus diversos diálogos que tratam daquilo que dá à alma o conceito de criadora, ou seja, poeta. Dos diálogos de Platão que abordam este assunto destacamos o Íon por se deter tão-somente na preocupação de investigar a inspiração divina. O poeta português Fernando Pessoa nos seus mais diferentes heterônimos apresenta sempre uma melancolia criativa, que o envolve e o desassossega como ele mesmo diz no título da sua excepcional obra Livro do Desassossego onde apresenta um estado de espírito insaciável com aquilo que o cerca, que cria, que sonha e enxerga. O poeta no seu estado melancólico escreve poesias tomado pelo furor poético das Musas de Platão, o ser-eu deixa de existir e naquele instante, como nos diz Platão no Íon, Fernando Pessoa é possuído por uma inspiração divina. Isto é claramente percebido nas palavras de espanto do poeta num fragmento escrito pelo heterônimo Bernardo Soares.

17. A EXPRESSÃO ALEGÓRICA EM DESENREDO E REMINISÇÃO

Robeilza de Oliveira Lima

Letras, UFRN

Drª. Joselita Bezerra da Silva Lino

Letras, UFRN

Este trabalho é parte integrante do projeto de pesquisa A alegoria em Guimarães Rosa, orientado pela Profª. Drª. Joselita Bezerra da Silva Lino e está vinculado à base de pesquisa Estudos da Modernidade. O trabalho visa a apresentar uma análise feita a partir de dois contos de Tutaméia, quais sejam, Desenredo e Reminisção, à luz da concepção de Walter Benjamin (1984, p. 181) sobre a alegoria barroca, segundo a qual Cada pessoa, cada coisa, cada relação pode significar qualquer outra (1984, p. 196). Nossa análise tem como objetivo principal observar os procedimentos alegóricos utilizados na escritura desses contos. Para tanto, buscaremos estabelecer uma relação entre suas temáticas, analisando-os comparativamente a fim de realçar as semelhanças e diferenças quanto ao emprego de tais procedimentos, os quais surgem através da fragmentação e da recriação da linguagem, expressas na desconstrução e construção da escritura rosiana, ou ainda, quando o autor confere valores orais, alógicos, poéticos à prosa. Nosso suporte metodológico compreende a semiótica, a filosofia e a crítica literária. Com base neste estudo, acreditamos ser possível interpretarmos muitos dos elementos que constituem a escritura de Guimarães Rosa sob a perspectiva alegórica benjaminiana, o que pode sinalizar para um novo direcionamento nas leituras feitas desse grande escritor brasileiro.

18. Um abecedário para a poética de Augusto dos Anjos

Profa. Dra. Sandra S. F. Erickson

Conforme já vimos argumentando nesses últimos cinco anos, a base estrutural do imaginário de Augusto dos Anjos é constituída por dois tipos de imagens as “imagens deslocadas” entre as quais destacamos as do poço artesiano, (Os Doentes, l. 278 e 29) do fósforo (Versos Íntimos, l. 9), as imagens antropofágicas (As Cismas do Destino, l. 35; 65-69), de fetos, aborto, sangue (indiscriminadamente) e a do “Nabucodonossor do Pau d´Arco” (Gemidos da Arte, l. 30) e as imagens unhimlich, entre as quais a do vestido de hidrogênio incandescente, Solilóquio de um Visionário l. 9), “cantando sobre os ossos do caminho a poesia de tudo quanto é morto”, (Poeta do Hediondo, l. 12-13), a psiquê das massas mortas (Os Doentes, l. 48), a do “cavalo de eletricidade” (Poema Negro, l. 8-9) e a de misturar-se com as violetas (Os Doentes, l. 239). Essas imagens articulam quatro níveis de significado, a saber, um etimológico (onde encontramos os conceits utilizados pelos poetas metafísicos ingleses), um simbólico (onde encontramos alusões ao neoplatonismo e as religiões de mistério do mundo helênico), um retórico (onde o poeta utiliza de um modo sofisticado e radical tropos como alusões, metáforas, metonímias, ironias, metalepses, hipérboles atingindo assim o nível de “poeta forte”) e um que chamamos “agônico” (o qual articula a luta pela prioridade criativa). Nesse presente trabalho propomos desafiar o leitor/ouvinte com um abecedário para a leitura do poeta que redireciona certos vocabulários e temas recorrentes na poética de Augusto dos Anjos, exercitando uma “desleitura”, nos moldes propostos por Harold Bloom na qual fique evidente a profundidade com a qual o poeta paraibano deitou e rolou no cânone ocidental.

 

GT-06: HISTÓRIA, MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA

Coordenadoras:

Irene Alves de Paiva

E-mail: irene@natal.digi.com.br

Departamento de Ciências Sociais

Maria da Conceição Fraga

E-mail: ceicafraga@bol.com.br

Departamento de História

Local: Setor de Aula II, sala B1

O grupo de trabalho reúne pesquisadores (professores, alunos de Graduação e Pós-Graduação) que trata da história e das lutas dos Movimentos Sociais (incluindo sindicatos, partidos e ONG´s) e da participação política dos atores na sociedade. Tem como objetivo intercambiar áreas de conhecimentos distintos; estágios de pesquisa diferentes, bem como reunir pesquisadores de áreas afins para a produção do saber.

Primeiro dia

01. A História oral e o tempo presente

Autores:

Eliane Moreira Dias – Pós-Graduação/ UFRN

Giselda Dantas Galvão– Pós-Graduação/ UFRN

Co-autoras:

Rosângela Galvão Siqueira

Ivonilde dos Santos de L. e Souza

O presente artigo objetiva traçar um breve histórico sobre a Historia oral, discutindo-a enquanto proposta metodológica, a partir das entrevistas realizadas com eleitores e candidatos nas eleições ocorridas em 2004 para prefeito e vereador na cidade de Natal/RN. Trata-se da candidatura à reeleição à Prefeitura da cidade do Natal. O relato dos depoentes foi voltado para privilegiar o voto protesto manifesto em diferentes formas no processo eleitoral, possibilitando hoje uma reflexão sobre a história do tempo presente. Partimos da noção de memória coletiva em Halbwachs para observarmos que a fala dos depoentes revela o quanto o discurso oral depende de quem é a pessoa e do posicionamento que tem na sociedade.

02. Dos Movimentos Sociais ao poder Executivo no RN

João Mauricio Gomes Neto

Orientadora

Prof.ª Doutora Maria da Conceição Fraga

O presente trabalho analisa os Movimentos Sociais como um espaço de formação de lideranças políticas (GOHN, DAGNINO, entre outros) e causa tal tem possibilitado contribuir com a formação das equipes de governo em diferentes instancias do poder Executivo. No Rio Grande do Norte são várias as lideranças que participaram dos Movimentos e se tornaram secretários de saúde, educação, entre outras, nos podres municipal e estadual. Para este trabalho tomamos como lócus da investigação o município de Natal que, talvez por ser a capital do Estado, tem revelado ser a cidade que mais tem incorporado essas lideranças nas equipes de governo. Tomamos como fonte informação documentos das entidades pelas quais registram a passagem dessas lideranças; a legislação que os nomeia como secretários; documentos que tratam dos planos de governos elaborados por eles ou com sua participação, bem como os depoimentos desses protagonistas ou por personalidades que acompanharam suas trajetórias. Tudo isso para construir uma memória de indivíduos e grupos que participaram desse percurso (HALBWACHS, BENJAMIN, THOMPSON e ARENDT).

03. Escolas Radiofônicas: A influência dos treinamentos na concepção de uma ideologia

Carolina Tavares da Silva

Marlene Tavares de Araújo Sobrinha

Orientadora:

Marlúcia Menezes de Paiva

Com base em documentos e relatórios oficiais das Escolas Radiofônicas, entrevistas com professoras que atuaram neste movimento e em trabalhos realizados nesta área. Percebemos que entre os anos de 1950 e 1965, a Igreja investe maciçamente em trabalhos sociais com a intenção de aumentar seu número de adeptos, passando então a priorizar a Educação como técnica de influenciar pessoas. Isso funcionou de tal maneira que promoveu uma crescente expansão do Movimento de Educação de Base (MEB), mais especificamente das Escolas Radiofônicas, havendo a necessidade de treinar um maior número de monitores, bem como de professores para atender às concepções ideológicas da Igreja e para que as aulas pudessem ocorrer de forma mais acessível aos alunos. Neste trabalho trataremos exatamente destes treinamentos; da forma que ele se deu e de como ele conseguiu mudar a maneira de ser, agir e pensar da população alcançada pelas ondas do rádio, influenciando nas concepções ideológicas, políticas, religiosas e morais dos monitores e professores, bem como no repasse dos conteúdos das aulas, atingindo diretamente os alunos diante dessas mesmas concepções. Vale enfatizar que o rádio passou a ser uma maneira não só de alfabetizar, mas de evangelizar, fazendo com que a população tivesse um maior alcance a informações, contribuindo para a politização de um povo.

04. Memórias caicoenses: a Ditadura Militar.

Alexsandra de Brito Torquato- CERES /HISTÓRIA.

É sabido que na década de 60 irrompe um movimento político em solo brasileiro, a Ditadura Militar. Esta, obviamente, atingiu as diversas esferas regionais, desde o extremo Norte até o cone Sul do país. Este momento de verdadeira carnificina velada, deve, assiduamente, ser posto em destaque, pois açambarca a tenebrosa face da nossa história. Embora muitos clássicos (como: Fernando Gabeira, Élio Gaspari, Zuenir Ventura, e outros) já tenham feito menção ao assunto em escala nacional, faz-se mister abordar de que forma e como esse regime ditatorial atuou nos mais longínquos redutos do país, principalmente no interior do sertão nordestino. Por isso, tentar-se-á exemplificar, através de uma pacata cidade norte-riograndense, Caicó, como a “máquina repressiva” militar cravou o seu domínio, à época. Admissível se faz assinalar que todo este metiê histórico encontra-se sob o encalce da oralidade, pois, a mesma, concebe respaldo a reconstrução e pulsante vivacidade de um passado citadino e brasileiro. Ressalta-se: toda a tessitura dialógica do trabalho de campo, com os imanentes depoentes, contribui para que a memória do momento em xeque não feneça e mergulhe, amiúde, no campo do obscurantismo. Detalhe: esta reconstrução do passado histórico está em processo de andamento, inconcluso, maculado pelas limitações e lacunas da própria pesquisa.

05. Mulher e política no Movimento Estudantil do RN

Adriana Cristina da Silva Patrício - Mestranda em História

Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Maria da Conceição Fraga

A história das mulheres tem sido uma importante temática no campo da historiografia nos últimos tempos. Analisar as transformações de gênero e suas conseqüências ocorridas, principalmente, a partir da segunda metade do séc. XX, passa ser um dos objetivos de vários historiadores norteados pelo curso da nova historiografia e suas vertentes que procuram dar dimensões da vida social e cultural, destacando o cotidiano e as mentalidades dos indivíduos na história. O Movimento Estudantil (ME) do RN tem sido analisado priorizando as falas dos militantes masculinos, por estes estarem a frente das entidades estudantis (Silva, Andrade, Patrício, Maia, entre outros). A participação feminina no ME acentua-se a partir dos anos 60 e é procurando conhecer o cotidiano dessas mulheres que comporam um importante espaço de atuação política no RN dos anos 60 aos anos 90 que nos propomos a pesquisar. Para este trabalho recorreremos ao estudo em diversos tipos de fontes, dando destaque ao recolhimento de fontes orais (Halbwachs, Benjamim) por compreendermos que as mesmas oferecem a possibilidade de entender o ator, privilegiando suas experiências. Através dos fragmentos de memória tentaremos reconstruir o espaço (Certeau) dessas militantes – até então secudarizado – para ampliarmos nossa compreensão da história contemporânea do nosso Estado, dando visibilidade a participação da mulher nessa história.

06. A Reconstrução do PC do B no Rio Grande do Norte ( 1979-1986)

Aline Corrêa do Nascimento

Orientadora:

Prof.ª Drª. Maria da Conceição Fraga

No Rio Grande do Norte , depois de 21 anos de clandestinidade, acompanhando e participando dos processos que restauraram as liberdades democráticas após o regime militar , o PC do B através do trabalho de seus militantes à época, adquiriu um certo grau de visibilidade e amadurecimento. As lutas certamente trouxeram resultados positivos , alguns deles podendo ser sentidos na atualidade. Os militantes reconhecem que a situação atual do país é reflexo do esforço conjunto promovido pelas esquerdas , durante este período. A sociedade , neste contexto , também contribuiu para tal intento, participando e obtendo maior conscientização . Constatamos que a reconstrução do partido foi promovida pelos militantes , oriundos do movimento estudantil , que à época reorganizaram o Diretório de Exatas na UFRN, num processo originado entre os anos de 1979 - época em que o núcleo de atuação estava sendo organizado – e 1981, ano da conferência para reorganização do partido. Para os entrevistados, a participação no movimento estudantil foi importante para aquisição de experiências , mas o partido tornou-se a forma mais amadurecida de espaço e preparação para maiores embates . No entanto, alguns dos ex-militantes, , suscitam criticas no tocante a ocorrência de um centralismo excessivo e conseqüente ausência de discussões . Sobre a Frente Democrática - ponto polêmico contestado por uns e reafirmado por outros – afirmam que a fim de obter expressão , o partido não poderia ter optado pelo isolamento. Porém , esta tendência nacional gerava um paradoxo no tocante ao apoio a pessoas que apesar de naquele momento partilharem os mesmos objetivos , outrora defendiam posições contrarias.

07. Dos Movimentos Sociais ao Poder Legislativo

Denis Macário Freire de Lima

Rodrigo Torres de Morais

Orientadora:

Profª. Drª. Maria da Conceição Fraga

Os movimentos sociais no Brasil passaram a ter papel destacado após a redemocratização ocorrida nos anos 80 e 90 do século passado. Ao mobilizar parcela significativa da sociedade, contribuíram decisivamente no processo de formação de lideranças políticas. Sindicatos, entidades estudantis, igreja católica, organizações não-governamental, movimentos voltados para organizar trabalhadores da terra, entre outros, se constituíram num laboratório de formação de lideranças. Já no final dos anos oitenta percebia-se o quanto estes movimentos conseguiram ocupar espaço no poder legislativo no âmbito do estado e do município. Foram vários os vereadores, deputados estaduais, federal e senadores que têm passagem nos movimentos. No Rio Grande do Norte, especialmente Natal, não foi diferente, desde a primeira eleição para prefeito e vereadores (1985), bem como governador, deputados estaduais, federal e senadores (1986), foram vários os parlamentares que advieram dos movimentos. A presente pesquisa se justifica na medida em que pretende identificar nomes e projetos políticos desses atores políticos com a pretensão de verificar, numa análise crítica, a contribuição dos movimentos na construção do processo democrático do País, em especial de Natal e no Rio Grande do Norte.

08. Movimentos Sociais contemporâneos: novos sujeitos e velhas questões

Sandra Damasceno da Rocha

Departamento de Ciências Sociais

Ao longo da história do pensamento social, numerosos autores se propuseram a estudar os movimentos sociais em sua capacidade de imprimir novas configurações às relações sociais, tornando-se potencialidades transformadoras e reconstrutivas da realidade. Tratando mais diretamente da capacidade de intervenção humana no curso das mudanças, as análises acerca dos movimentos sociais tocam no ponto crucial do debate contemporâneo nas ciências sociais: a redefinição da relação entre os elementos de estrutura e ação e as crescentes tentativas de ruptura com o predomínio da objetividade da realidade sobre a subjetividade do homem, marcas de diversos movimentos teóricos contemporâneos nas ciências sociais. O estudo dos chamados “novos movimentos sociais” representa a tentativa de superar a divisão entre teorias estruturais e teorias da ação, marcando sensivelmente a produção e o debate teórico sobre os movimentos sociais nos últimos vinte anos. O “fim do sujeito histórico”, corporificado na tradição do materialismo histórico, é anunciado e, para os analistas, os movimentos sociais desta nova situação histórica não vinculam sua ação de oposição a um adversário social real, muito menos almejam a realização de uma ordem “meta-social” liberadas de conflitos como foi (ou é) encarado o socialismo. O papel central dos arranjos institucionais, da divisão do trabalho e das formas de organização econômica sede espaço neste campo de estudos para os enfoques culturais e para as formas da “micro política”. Minha proposta de trabalho é problematizar o debate contemporâneo acerca dos movimentos sociais, visualizando as rupturas fundamentais com os referenciais teóricos clássicos e discutindo até que ponto essas análises são mais prescritivas do que realmente descritivas destes fenômenos políticos. Visa também, por conseguinte, a construção um modelo de análise para orientar a observação de um movimento social específico, a Marcha Mundial de Mulheres em Natal/RN, articulado o material observado às categorias de análise resultantes desta revisão bibliográfica.

09. Pedreiro: a profissão expressa através da arte

Karem Cibelly de Souza

Maria Francimária Cavalcante

Helensandra Lima da Costa (co-autora)

Este trabalho toma como tema a profissão do pedreiro, tendo como base a leitura da música Cidadão (c0mposição de Lúcio Barbosa) interpretada por Zé Geraldo. O interesse por este surgiu a partir da necessidade de discutir a importância da profissão na nossa sociedade e de sua pouca valorização perante a mesma. Tem-se pó objetivo resgatar a história desta, utilizando-se para isso, não só de fontes escritas, mas principalmente de fontes orais, as quais nos auxiliarão na busca por fatos que no passado fizeram a diferença e no entanto não são lembrados quando da escrita da História. A metodologia utilizada é o uso de conceitos relativos a história e memória e também o uso de entrevistas com estes (pedreiros) profissionais da Construção Civil

10. HISTÓRIA ORAL COMO FONTE DE PESQUISA: o voto protesto na eleição municipal em Natal - 2004

Apresentadores: Francisco de M. F. Junior – Aluno da Pós-graduação em História UFRN

George H. F. dos Santos - Aluno da Pós-graduação em História UFRN

Autores: Josivan S. Oliveira - Aluno da Pós-graduação em História UFRN

Zeuda Pereira de Araújo - Aluna da Pós-graduação em História UFRN

O presente trabalho faz um esboço histórico sobre a origem, importância e metodologia da História Oral, dentro da perspectiva da valoração dos depoimentos orais e do resgate da memória como fontes históricas. Realizamos um trabalho de pesquisa de campo, onde utilizamos os métodos criteriosos da História Oral na abordagem do voto protesto que marcou a eleição para prefeito em Natal no pleito de 2004. Parte do conceito de memória coletiva em Halbwachs para investigar os diferentes discursos produzidos por eleitores e candidatos durante o processo eleitoral, sobretudo, o discurso de uma candidatura advinda de um grupo de esquerda que, por mais de uma vez, lança candidatura fazendo oposição as elites e os grupos dominantes.

11. Uma analítica visão acerca dos Movimentos Sociais

Bernardo Luís de Melo Freire – Direito/ CCSA

Marcelo Lauar Leite – Direito/ CCSA

Mostra-se demasiadamente comum ouvir-se falar em movimentos sociais. Eles grassam-se diariamente pelos meios de comunicação, sendo noticiados, muitas vezes, com enfoques paradoxais, o que desvirtua a noção da origem, dos anseios, e o motivo da formação de cada um deles. Deve-se compreender esses movimentos como um fenômeno inerente aos processos de mudança no funcionamento da sociedade, em qualquer que seja a época. Eles nascem como expressão de conflitos e tensões, sendo instrumento de fortalecimento de certos grupos de uma sociedade em disputa com outros. Assim se destacaram, na Antiguidade, movimentos de escravos e os religiosos. Na Baixa Idade Média, de camponeses e servos. Na Moderna, mercadores e religiosos. Na contemporânea, o movimento operário, e, com o passar do século XX, os “novos movimentos sociais”, como o ecológico, o estudantil, o feminista, o sem-terra, dentre outros. Vimos no decorrer da pesquisa que os Movimentos Sociais se proliferam porquanto o Estado mostra-se incapaz de satisfazer as necessidades dos diversos grupos. Devem ainda eles perceber o quanto e por quem são oprimidos, visando não direcionar os descontentamentos para o lugar errado, atingindo quem é tão vítima quanto eles. Os movimentos sociais detêm uma característica que se sobressai: uma considerável variedade tipológica. Sua própria designação "movimento" indica outro atributo: o dinamismo que lhes é inerente. Além disso, percebe-se a multiplicidade e freqüente heterogeneidade de seus agentes. Um movimento social costuma congregar diversas entidades, simultaneamente, em torno de determinadas demandas, insatisfações e desejos por elas compartilhados. Abordou-se, pois, visões gerais sobre a temática, como discussões sobre conceitos básicos: conflito e ação coletiva, bem como aprofundamentos concernentes ao movimento operário, ao estudantil e aos “novos movimentos sociais”. Por fim, foi oferecido um maior enfoque no Brasil, levando em conta o caráter dependente do desenvolvimento nacional e a importância dos Movimentos na conquista dos direitos à cidadania.

12. A EVOLUÇÃO NO CONTEXTO INTERNACIONAL E NACIONAL DO MOVIMENTO POLITICO-SOCIAL DE GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES.

Proponente: Diego Vale de Medeiros

Acadêmico do Curso de Direito da UFRN

Historicamente, a luta pela atribuição de autonomia e direitos à criança e ao adolescente constituiu-se em uma travessia das sociedades rumo ao reconhecimento a estes, tais como os atribuídos aos adultos. As diversas concepções relacionadas à infância e juventude contribuíram para paradigmas ora reducionista ora garantidor de direitos do público em tela. De uma visão menorista arraigado de discriminação cuja compreensão era direcionada à coisificação da pessoa humana e conseqüente processo de vitimização, convergiu-se compreensões rumo ao princípio da dignidade da pessoa humana, que implica em todas as múltiplas e mínimas necessidades e capacidades para uma vida decente que correspondem ao conteúdo dos direitos humanos assumidos como princípios e direitos fundamentais. O princípio da proteção integral às crianças e adolescentes se estrutura no reconhecimento incontestável da garantia equânime dos direitos fundamentais a este público. Todavia, em face à lógica compartimentada que por muito tempo perdurou nas discussões de conjuntura internacional e nacional, refletiu no comprometimento da proteção infanto-juvenil. O movimento em favor da infância e juventude defende, dentre outros, o princípio do interesse superior da criança, motivo este que reflete inclusive na esfera política no que tange à formulação e execução das políticas públicas cujos alicerces ora enaltecidos devem nortear a garantia dos direitos sociais, civis e políticos com a devida prioridade, através de uma construção coletiva e promoção da participação social. Propõe-se em suscitar tal debate, em especial uma análise histórica, política, jurídica e social do movimento internacional e nacional de garantia dos direitos humanos das crianças e adolescentes, assim como as respectivas repercussões na gestão pública constitucional.

Segundo dia

13. A resistência do coletivo num processo de planejamento participativo: a construção da moradia em assentamento do MST

Cecília Marilaine Rego de Medeiros

Aluna de graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN

Arquitetura – CT

A assessoria aos moradores do Assentamento Maria da Paz, no Município de João Câmara é desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Reforma Agrária e Habitat – GERAH (DARQ/UFRN) desde 2002, quando ainda estavam acampados. Este trabalho refere-se a avaliação de uma de suas etapas, a construção de suas moradias em processo de mutirão. Sua metodologia deu continuidade ao planejamento participativo já desenvolvido no assentamento e envolveu os principais agentes do processo. O trabalho coletivo, através de grupos e etapas (preparação do almoxarifado, compras, fundação, alvenaria, entre outras) possibilitou a melhoria na qualidade e a otimização do custo-benefício do Crédito Habitação, cada unidade passando de 43m² (padrão do INCRA) para 68m². foi sendo adaptada às decisões das assembléias. Mas, apesar das conquistas, a proposta original de mutirão por autogestão em linha de balanço foi-se modificando, a partir da resistência dos pedreiros, acostumados aos métodos tradicionais da construção de casas populares. Aos poucos, envolveram os assentados mais envolvidos com a construção, aborrecidos com aqueles que achavam que o INCRA tinha a obrigação de entregar-lhes as casas prontas. Ou seja: a hegemonia transferiu-se do Movimento a seus construtores. Após algum tempo, os assentados chegaram à conclusão que estavam errados, se reorganizando ao final do processo, minimizando os prejuízos do período de autoconstrução. O reconhecimento da eficiência da metodologia inicial foi um ganho do papel educacional da assessoria, na perspectiva do crescimento profissional e político das bases de um Movimento que, segundo Maria da Glória Gohn, é o de maior importância do final do século XX. A partir dele, o Movimento tem uma referência para a construção da autogestão em mais um campo de sua atuação.

14. De águia a galinha: os conflitos na administração do Crédito Habitação dos projetos chamados de reforma agrária

Amadja Henriques Borges (Professora Dra. - DARQ/UFRN)

Irene Alves de Paiva (Professora Dra. – DCS/UFRN)

Segundo Ademar Boggo, teórico do MST, o acampamento é o momento da águia, das possibilidades de crescimento de suas bases, enquanto o assentamento é o momento da galinha, quando o acesso à terra pode reduzir o interesse pela luta e gerar acomodação. Quando os acampados se tornam assentados, têm acesso a créditos referentes às suas primeiras necessidades, como alimentação e compra de instrumentos de trabalho, animais e construção de suas habitações. Os equipamentos sociais, as estradas, os poços, o esgotamento sanitário, dependem da organização e conhecimento da entidade que dirige o grupo e da disponibilidade de militantes, assessores técnicos e apoios que os orientem a planejar o novo, o desconhecido, o inusitado. Apesar do Estado liberar recursos insuficientes para sua infra-estrutura – o Crédito Habitação, por exemplo, é de cerca de 17 salários mínimos por unidade – a soma destinada ao conjunto de famílias corresponde a cifras jamais administradas pelos recém-assentados. Estes se vêm em conflito entre o que aprenderam no acampamento – momento da águia – e suas dificuldades, diante das contradições que estão sujeitos a enfrentar diante de possibilidades de “ganhos” individuais. De águia a galinha visa analisar os conflitos, avanços e retrocessos do MST junto às suas bases, assim como a participação dos demais agentes envolvidos no Projeto do Assentamento Maria da Paz, através da análise da utilização dos recursos do Crédito Habitação, como parte das ações do Grupo de Estudos em Reforma Agrária e Habitat - GERAH - que criou a metodologia inicial de seu planejamento e participa ou acompanha as várias fases de sua implementação desde seu acampamento, em 2002.

15. A participação dos atores do campo na construção do Plano de Desenvolvimento do assentamento Maria da Paz.

Pedro Henrique Pinheiro Xavier Pinto

Orientadora: Irene Alves de Paiva

O presente trabalho tem como objetivo investigar a relação universidade movimentos sociais tendo como enfoque principal a participação, tanto do ponto de vista metodológico (pesquisa participante) quanto da dinâmica social dos atores envolvidos. A observação do trabalho se desenvolverá no assentamento Maria da Paz que se localiza no município de João Câmara na região do mato grande do Rio Grande do Norte. Este assentamento se apresenta como lócus privilegiado de investigação, pois, desde 2002 a UFRN tem trabalhado esta relação dialógica instituição-movimento social em um projeto coordenado pela professora Amadja Borges do Departamento de Arquitetura em conjunto com o Programa de Pós-graduação em Educação PPGEd, que tem desenvolvido ações que apontam para a construção de uma proposta de autogestão dos espaço de moradia e trabalho. O referido trabalho tem como intenção ressaltar as principais ações desenvolvidas no projeto da professora Amadja identificando as estratégias de participação utilizadas.

16. Os olhos e ouvidos do mundo: documentos oficiais frente à pessoa com surda-cegueira

Profª Marta Cristiane Aquino De Lima –UFRN

Profª Dra. Ana Lucia Aragão Gomes – DEPED /UFRN

A idéia deste estudo numa pesquisa referente aos documentos oficiais produzidos pelas instituições públicas com o incentivo das Organizações não-Governamentais voltados as pessoas com surdocegueira. Desse modo, discutindo as estratégias e os procedimentos tantos legais como político-filosóficos relacionados aos surdocegos. Como esses documentos podem auxiliar os pais, profissionais e as pessoas que têm deficiências? Nessa pesquisa sistematizamos reflexões dos representantes do governo, profissionais, pais e surdocegos documentadas pela Organização das Nações Unidas e pelo Ministério da Educação, da Cultura e do Desporto Brasileiro. Tais reflexões faziam referências à necessidade de se oportunizar situações e condições a todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas, financeiras, psicológicas, filosóficas, culturais e/ou políticas. Foram iniciadas mais sistematicamente as reflexões sobre a pessoa com surdocegueira na I Conferência Mundial Helen Keller, na qual discutiram os serviços destinados aos surdocegos jovens e adultos e o conceito da surdocegueira. No entanto, o alicerce das políticas e das preocupações com a pessoa surdacega é sem dúvida a Declaração dos Direitos Humanos, de 1940, que esteve presente desde as discussões da terminologia à necessidade de criar condições para a participação das pessoas com deficiências na sociedade. Nos anos 1980, o foco de atenção estava centrado nas organizações de e para as pessoas com deficiências, na descentralização de forças e de custos convidando a sociedade civil para o fim do cabo de guerra. A Lei de Diretrizes e Bases do Brasil denota que independentemente de estar em classe especial ou não deve ser garantido a aprendizagem às pessoas com deficiências, inclusive a surdacega. Do exposto, observou-se que as Organizações Não-governamentais atuaram com maior pertinência nas questões legais da pessoa surdacega do que o Estado, porém esses dois pilares influenciaram um ao outro significativamente nas decisões sobre o tratamento e a condição deste público.

17. Renda de cidadania: clientelismo ou direito humano?

Daniel Araújo Valença

Departamento de Direito

Por vários séculos foram idealizadas diferentes propostas de uma renda mínima para a população como um todo em diversos países e momentos históricos distintos. Em alguns Estados como uma renda para os pobres, em outros como uma renda para a população visando livrá-la da estagnação econômica. No Brasil, após o empenho incansável do Senador Eduardo Suplicy na luta pela aprovação de um projeto de lei que instituísse a renda mínima e a adoção por parte do Governo Federal do Bolsa Família, o tema atraiu os holofotes da imprensa nacional, e a sociedade em seus mais diversos setores protagonizou o debate sobre a questão . Surgiram as indagações: a transferência de renda não estimularia a “vadiagem”? Não seria “humilhante” para aqueles que a recebem? “É justo uma pessoa trabalhar um mês todo e outras receberem verbas do Estado sem trabalhar nada”? “Não seria assistencialismo com objetivos eleitorais”? Percebe-se que a sociedade brasileira demonstra uma desconfiança tremenda quanto a esta política pública. Inclusive parcelas significativas da sociedade civil organizada revelam tal postura. Este trabalho visa, portanto, analisar historicamente as propostas de transferência de renda, seus resultados, e se a mesma representa um direito humano ou uma política pública clientelista. Ademais, diante desta resposta, se perceberá a importância da sociedade civil organizada aprofundar o debate sobre o tema e até adotá-lo como “bandeira de luta”.

18. Sobre os italianos: estranhamento na vila do Príncipe na segunda metade do século XIX

Erivan Ribeiro de Faria

Esta pesquisa surgiu a partir da Catalogação dos Processos-crime da Comarca de Caicó (1853-1900) e com base na historia oral, em que se identificou a constante presença de indivíduos de nacionalidade italiana em tais processos, ora como vítima, ora como réus, ora ainda como testemunhas. A partir dessa constatação, resolvemos fazer uma pesquisa sobre o cotidiano de italianos na Vila do Príncipe (1850 – 1900), pela ótica das relações de sociabilidade, onde, com o aprofundamento do estudo, acabou por se ter como tema central o estudo do processo de estranhamento sofrido pelas famílias italianas no território do Príncipe, por parte da comunidade local, na segunda metade do século XIX, como resultante dessa constante presença nesses processos. Para tanto, foram elencados como motivos desse estranhamento o fato de serem comerciantes e usarem da usura como forma de enriquecimento fácil, o fato de trabalharem com o comercio ilícito (trafico de escravo e roubo de jóias da santa padroeira da cidade, á época), bem como o próprio fato de serem estrangeiros, considerados como invasores, portadores de costumes diferentes.

19. Habitação e resistência: a história de luta de uma comunidade pelo direito de morar (Natal/

RN)

Francisco de Assis Duarte Guimarães

Mestre em Ciências Sociais

O trabalho estuda a resistência dos mutuários, através de sua organização social, centrando-se, nesse aspecto, na luta empreendida, com grande voltagem emocional, principalmente nas arenas da Justiça Federal e da Imprensa, durante dez anos (1992-2002), pelos moradores do Conjunto Habitacional Parque dos Coqueiros, em Natal/RN, contra o Caixa Econômica Federal (CEF), a Companhia de Habitação Popular do Rio Grande do Norte (COHAB/RN) e cinco empresas da construção civil locais, ECOCIL, PROEX, FIMAC, A. AZEVEDO e EC – Engenharia e Consultoria. Para isso faz, antes, um resgate das condições históricas da problemática habitacional no Brasil e no Rio Grande do Norte, analisa as políticas públicas para resolver a questão e aponta alguns de seus equívocos.

20. O Coronelismo na região do Seridó: a troca de favores e o voto de cabresto

Sálvio Garcia Santos

DHG/CERES

Orientador:

Ms. Joel Carlos de Souza Andrade

Esta comunicação faz parte de uma pesquisa inicial que propõe realizar um estudo sobre as praticas ditas coronelisticas na região do seridó potiguar. As singularidades desta nomeação precisam ser pontuadas embora alguns trabalhos já tenham sido realizados. “Voto do bico de pena”, mandos e desmandos dos coronéis etc. A partir do envolvimento com a pesquisa no Laboratório de Documentação Histórica do CERES e das leituras sobre novas abordagens no campo da história política despertou-me o interesse em realizar tal estudo, ainda em construção. Os coronéis na região do Seridó como em outras do país, tiveram sua influencia na política através da “troca de favores” na região quando eles “ajudavam” as pessoas que não possuíam uma boa condição financeira através da doação de roças, proteção, alimentação, emprego etc. Então, com esses “favores” que os “coronéis” prestavam recebiam, em troca, o voto das pessoas que ficavam a eles subordinadas, tendo que votar, de qualquer maneira, nas figuras indicadas pelos coronéis, pois, do contrario, recebiam represálias por parte do grupo político. Assim, as dimensões do coronelismo extrapolam o político e se insere, também, na economia e no cotidiano das pessoas envolvidas.

21. PADRE MIGUELINHO: O INTELECTUAL E O PROFESSOR

Keila Cruz Moreira – Mestranda em Educação/ CCSA

Orientadora:

 Profª Drª Marlúcia Menezes de Paiva

Este trabalho de pesquisa preocupa-se em construir a história do natalense Padre Miguel Joaquim de Almeida Castro, Miguelinho, não apenas como um dos heróis e mártir da Revolução Pernambucana de 1817, como nos conta a história tradicional, mas o homem culto, o intelectual e o professor admirado. O período que estudamos compreende o início do século XIX quando Padre Miguelinho retorna ao Brasil para assumir a docência no Seminário de Olinda, época em que as idéias libertárias encontram eco em vários movimentos organizados. E concluiremos no ano de 1817, marcado pela Revolução Pernambucana liderada, entre outros, por Miguelinho; pela extinção da revolução com suas idéias anticolonialista que atinge as províncias da Paraíba e do Rio Grande do Norte; e é também o fim para Padre Miguelinho que é executado pelas tropas reais. Desta forma, procuramos compreender a relação conflituosa do Padre, enquanto representante clérico de uma Igreja que por séculos obteve um quase monopólio através da difusão do cristianismo como religião e ideologia dominante na conquista do domínio intelectual; seus ideais mais voltados para uma ordem social e econômica do Iluminismo, que até certo ponto condenava atitude da própria Igreja e as condições reais de uma colônia vinculada a um país que estava aquém da riqueza necessária ao incremento capitalista. Nesse contexto colonial, de repetição, imutabilidade e de forte tradição religiosa, tendo como instrução pública as aulas régias, contrastam assim, com as idéias difundidas pelo Seminário de Olinda na pessoa de seu professor de retórica, Miguelinho, como uma vanguarda para aquele momento histórico. Nosso objetivo então, é compreender através da trajetória de vida do Padre Miguelinho não só o intelectual e o professor, mas a representação de suas idéias pedagógico-educacionais em um dado momento histórico, procurando a pluralidade de um universo que procura por vezes fugir de nosso arcabouço teórico.

22. ENTRE HISTÓRIA E MEMÓRIA: A produção historiográfica da repressão no Rio Grande do Norte

Wiara Marinho de Castro

Acadêmica do curso de História, 9º período

O trabalho analisa algumas obras da produção historiográfica norte-riograndense feita a partir dos anos 1980, sobre o governo de Aluízio Alves (1961-1965). A pesquisa mostra como a historiografia aborda o referido governo, de inegável importância para o Estado dado seu caráter modernizador, evidenciando os acontecimentos políticos que permitiram que o governador vivenciasse uma administração que vai do apoio popular a um cenário de perseguições políticas; identifica ainda as imagens do governo Aluízio Alves que aparecem no discurso acadêmico e no didático; e por fim, investiga o que pensam as vítimas de perseguição política desse governo nos anos 1960. A metodologia usada é análise historiográfica posto que examina os discursos produzidos a partir da década de 1980, conectando-os ao contexto no qual estão inseridos os autores responsáveis por sua construção.

23. Movimentos de Luta pela Moradia em João Pessoa: a experiência e resistência das ocupações urbanas.

Gabriela Buonfiglio Dowling

Mestranda PPGCS da UFRN

Orientadora: Lisabete Coradini

De acordo com o Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM-PB) a estimativa é que existam mais de 20 mil pessoas cadastradas pela Companhia de Habitação Popular da Paraíba que aguardam uma moradia, considerando que destas 10 mil só na grande João Pessoa. Nosso objeto de estudo se refere exatamente a esse último caso : o movimento de luta pela moradia na grande João Pessoa. Sem políticas voltadas à habitação ou às cidades, num quadro de desemprego e empobrecimento, o resultado, do ponto de vista habitacional, é a carência absoluta de moradias populares e a degradação das cidades. Portanto, este trabalho procura investigar as condições, o contexto e as causas da ocupação de prédios que vem acontecendo na cidade de João Pessoa, sejam estabelecimentos públicos ou privados, por populações carentes que não tem onde morar. Essas ocupações, embora inicialmente se assumam como instrumento de pressão ou de visibilidade para obtenção de uma solução (moradias), frequentemente pelo descaso ou ausência de solução, tornam-se definitivas. Ou seja, perpetua-se a ocupação do local, apesar das deficiências, do acúmulo de famílias num espaço nem sempre adequado, precário em instalações sanitárias, que não permite a privacidade necessária. O estudo inicialmente prevê, para a pesquisa empírica e para o registro visual da(s) ocupações, a área da cidade de João Pessoa, incluindo Cabedelo, em especial um assentamento urbano conhecido por Comunidade do Cajueiro, em Jacaré. Desta forma, as ocupações urbanas representam uma resposta dessas populações super carentes que a partir de um envolvimento com partidos ou Organizações Não Governamentais, e movimentos sociais partem para a ação coletiva conhecida pela apropriação / ocupação de moradias que na maioria das vezes são estabelecimentos públicos abandonados ou terrenos desapropriados.

24. A IMAGEM DO ‘OUTRO’: A VISÃO DOS DEFENSORES DA ORDEM SOBRE OS SUBVERSIVOS DO RIO GRANDE DO NORTE (1964)

José Evangilmárison Lopes Leite – Graduação em História – UFRN

Com a deflagração do golpe civil-militar no Brasil, em 1964, os movimentos sociais e políticos, sindicais, intelectuais, de educação e cultura popular, que caracterizaram o quadro de efervescência política característico do início da década de 1960, passaram a ser considerados, pelas forças golpistas, como“subversivos”,“ameaça à democracia”, “ligados ao comunismo”, “agentes da desordem” e, dessa forma, passíveis de todo tipo de perseguição política, prisão e até mesmo tortura e morte aos seus participantes. Assim sendo, focalizando nossa análise nos desdobramentos do golpe de 1964 no Rio Grande do Norte, o presente trabalho objetiva analisar a atuação dos defensores da ordem – organizados através da formação de Comissões de Inquérito – sobre os movimentos sociais que atuavam nesse Estado, no referido período. Objetiva ainda, identificar, no discurso produzido pelas forças golpistas, as justificativas utilizadas para reprimir politicamente os representantes dos diversos movimentos. A principal fonte de investigação de nossa pesquisa é o Relatório Subversão no Rio Grande do Norte, resultado do trabalho de investigação de uma Comissão de Inquérito instituída pelo governo do Estado do Rio Grande do Norte e o Jornal Diário de Natal; tendo como aporte teórico autores como Bandeira, Comblin, Costa, Galvão, Gaspari, Germano, Góes, Ianni. Percebemos, assim, a partir do discurso produzido pelas forças golpistas que, por apresentarem propostas ligadas às perspectivas de mudanças no país, questionando a ordem vigente, os movimentos sociais que atuavam no Estado no início de 1960, passaram a ser vistos como ameaça à democracia e, portanto, seus representantes deveriam ser afastados em nome da ordem.

 


GT-07: ESTUDOS DE FILOSOFIA DO DIREITO

Coordenador:

Tassos Lycurgo

E-mail: Lycurgo@cchla.ufrn.br

Departamento de Artes

Local: Setor de Aula II, D1

O GT sobre Filosofia do Direito tem por propósito analisar os mais diversos ramos do saber filosófico que apresentem interesse para o mundo jurídico. Tais temas se subdividem em três grandes áreas: a primeira diz respeito à história da filosofia do direito (em que se deve mostrar a evolução histórica do pensamento); a segunda é relativa aos temas tradicionais da filosofia do direito, sejam analíticos ou continentais (em que se deve aprofundar os questionamentos decorrentes do jusnaturalismo, do juspositivismo, do realismo jurídico, da relação entre direito e Wittgenstein, entre direito e Nietzsche, da Escola Escandinava (Uppsala), entre tantos outros); a terceira área é concernente ao estudo avançado da filosofia do direito (aqui, espera-se principalmente contribuições para a semântica e para a sintaxe de lógicas heterodoxas que possam funcionar como contrapartes formais para teorias do direito).

Primeiro dia

01: CONTRIBUIÇÕES DA HERMENÊUTICA FILOSÓFICA (HANS GEORG GADAMER) PARA UMA NOVA COMPREENSÃO DA CONSTITUIÇÃO (CF) DE 1988.

Emanuel Dhayan Bezerra de Almeida

Unisinos

Hans Georg Gadamer, em sua obra Verdade e Método, traz importantes contribuições sobre o modo como ocorre a compreensão (não como um modo de conhecer, mas como um modo de ser). Afirma que sempre interpretamos e que para isto ocorra é necessário que exista um compreensão, compreensão esta que é formada através de pré-compreensões. Levando-se estas noções para a hermenêutica (jurídica) e para as particularidades do estudo do Direito, pode-se afirmar que, no sistema jurídico, toda lei deve estar conforme a Constituição (CF não como uma categoria fundante / fundamento último de Kelsen, mas como um "fundamento" sem ser fundamento, ou seja, uma construção cuja obra não está definitivamente concluída) e que para que isto aconteça é necessário ter uma pré-compreensão do sentido da CF e das modificações que esta implementou no ordenamento jurídico. Assim, esta pré-compreensão, baseadas em pré-juízos inautênticos , calcados em uma história que tem relegado o Direito Constitucional a um plano secundário, hermeneuticamente, estabelecem o limite do sentido e o sentido do limite de o jurista "dizer" o Direito, impedindo, conseqüentemente a manifestação do ser (do Direito e da Constituição). Para tanto, procuramos responder como é possível olhar o novo (CF 1988), se as nossas pré-compreensões estão dominados por uma compreensão inautêntica do Direito, onde, no campo do direito constitucional, pouca importância tem sido dada ao estudo da jurisdição constitucional ?

02. Breves considerações sobre a Norma Fundamental de Kelsen:

Diana Pedrosa Lima

UFRN

O Normativismo Jurídico defendido por Kelsen consisti em um partir da norma jurídica dada para chegar à própria norma jurídica dada. Nesse sentido, Kelsen através de sua teoria tentou trazer para o Direito a pureza necessária a qualquer ciência. Procurou desvencilhar a Ciência Jurídica de qualquer resquício proveniente da Psicologia, Sociologia, Economia. Nesse diapasão, Kelsen, sofria sérias dificuldades para explicar o fundamento de validade do direito dando, assim, uma organicidade lógica ao sistema. Para resolver tal problema Kelsen desenvolveu a teoria da norma fundamental. A Teoria da Norma Fundamental baseia-se na idéia de que Kelsen admitia unicidade do ordenamento jurídico: o Direito é formado por normas hierarquicamente subordinadas e existe uma única autoridade que atribui direta ou indiretamente caráter jurídico a todo o conjunto de normas. O sistema jurídico, assim, é unitário, orgânico, fechado, completo e auto-suficiente, nada falta para seu aperfeiçoamento, pois normas inferiores buscam sua validade em normas superiores. Pode-se concluir, então, que haveria um regresso ad infinitum, pois sempre uma norma buscaria a sua validade em outra. Ocorre que, a norma fundamental foi criada justamente para fechar o sistema, tornando-o hermético. Essa norma é o suporte lógico de todo o ordenamento e não é positivamente verificável, visto que não é posta por um outro poder superior mas suposta pelo jurista para compreender o sistema. A norma fundamental atribui ao poder constituinte a faculdade de produzir normas jurídicas dando, assim, validade e unicidade à Constituição, às leis ordinárias, aos regulamentos, às decisões judiciais, etc. Ela é hipotética, uma ficção que surge e morre de uma revolução histórica no ordenamento jurídico. Kelsen, assim, apesar das veementes críticas à sua teoria, tentou buscar uma solução para a questão da validade do sistema, dando uma vasta contribuição para a teoria do ordenamento jurídico.

03. teorias da RESPONSABILIDADE CIVIL

Anna Carolina Araújo Novello

E-mail: carolnovello@yahoo.com.br

Direito, UFRN.

O art. 927 do Código Civil assim preceitua: "Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem." Com base no artigo retro, é possível perceber que a Responsabilidade Civil pode ocorrer tanto quando aja culpa (caput) como quando ela inexiste (parágrafo único). No primeiro caso, a responsabilidade civil é pautada na Teoria Subjetiva, enquanto que no último, na Teoria Objetiva da Responsabilidade Civil. A Teoria Subjetiva, como exposto acima, baseia-se na culpa, e tem como pressupostos o ato ilícito, o dano e o nexo causal. O ato ilícito pode ser desmembrado em dois elementos: o objetivo, representado pela antijuridicidade (ser contrário ao ordenamento jurídico); e o subjetivo, assente na culpabilidade. O dano representa uma lesão a um bem jurídico, e pode ser de dois tipos: patrimonial, quando atinge os aspectos financeiros da vítima, ou seja, bens comvalor econômico; ou extra-patrimonial, também denominado dano moral, que corresponde a uma lesão a um dos direitos da personalidade, atingindo a pessoa enquanto ser humano. O nexo causal é a relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano. A exclusão do nexo causal pode se dar nos seguintes casos: caso fortuito, força maior, fato exclusivo da vítima e fato e terceiro. No que concerne a Teoria Objetiva da Responsabilidade Civil, não há que se perquirir a existência ou não do ato ilícito, mas sim se há uma atividade de risco. É esta que vai gerar a responsabilidade, seja o ato lícito ou ilícito, independentemente de culpa. Onde existir o dano, haverá reparação. O Novo Código Civil ainda tem como regra a Teoria Subjetiva, mas a Objetiva vem cada vez mais sendo valorizada e utilizada.

04. Platão na Filosofia do Direito

Fernanda Gouvêa

E-mail:amigaill@hotmail.com

Direito, UFRN

Suzana Régia Fontes de Souza

E-mail: suzana_regia@yahoo.com.br

Direito, UFRN

Ateniense de origem aristocrática, Platão (427-347 a.C.) formulou a maioria das questões sobre o conhecimento formador da base da discussão filosófica. Sem grande sucesso, participou das atividades políticas, fato visto como importante na constante evolução do seu pensamento. Para entender a Filosofia do Direito segundo esse filósofo, são essenciais duas obras, diálogo da República e diálogo das Leis. A República descreve a concepção ideal do Estado, a mais perfeita unidade, detentor de um poder ilimitado, nada reservado exclusivamente à vontade dos cidadãos, e dividido em três classes: os governantes (filósofos que exercitam a sabedoria); os guerreiros (responsáveis pela defesa); os artífices e agricultores (encarregados pela alimentação). A imperfeição do indivíduo é a causa da sua submissão ao Estado. Ele domina a atividade humana e tem por fim a felicidade de todos. Platão apresenta, sem condenar a escravidão, a abolição da família e da propriedade, uma comunhão dos bens a fim de alcançar a unidade orgânica e a harmonia do Estado (vale só para as duas classes superiores, governantes e guerreiros). O diálogo “As Leis” trata largamente sobre o problema da legislação, mostrando uma visão realista sobre o que deveria acontecer e que na realidade não ocorre. Para ele, a prática e a natureza humana, principalmente a má conduta do ser humano, geram a necessidade de leis que orientem o indivíduo e o conduzam a um bom proceder, visando o bem comum, possuindo, portanto, um caráter educativo, assim como o Estado deve possuir. Este, além de educador, também possui domínio e poder, respeitando, apesar disso, a personalidade individual dos homens livres. No que concerne à forma de governo, nem a monarquia, nem a democracia seria o regime mais adequado, mas sim a fusão dessas duas formas, através da qual a cidade seria governada através de sábios e guardiões das leis.

05. A Filosofia do Direito e o Jusnaturalismo

Diana Câmara Rodrigues

E-mail:diannacamara@yahoo.com.br

Direito, UFRN

Maria da Conceição Oliveira

E-mail: ceicoca_direito@bol.com.br

Direito, UFRN

A teoria do Direito Natural é antiqüíssima, o primeiro pensador a expor uma doutrina sobre esse tema foi Heráclito de Éfeso. Na descoberta ateniense do homem -da natureza humana- parece encontrar-se a semente desse movimento, que atende ao anseio comum, em todos os tempos, a todos os homens (caráter universal, tendo como prova incontestável a Declaração dos Direitos do Homem), por um direito mais justo, mais perfeito, capaz de protegê-lo contra o arbítrio do governo. Por ser tido, pelos defensores dessa corrente, como superior ao Direito Positivo, como sendo absoluto e universal por corresponder á natureza humana; servindo como referência para o legislador e para as consciências individuais. Dotada de uma concepção dualista, a corrente Jus Naturae apesar de criticada por muitos, mantêm-se fiel a um princípio comum: a consideração desse direito como sendo justo por natureza, independente da vontade do legislador, derivado da natureza humana, ou dos princípios da razão (jus racionalismo), sempre presente na consciência humana. Esse modelo engloba uma variedade de teorias que divergem não só quanto a sua fonte (natureza ou razão) como também, quanto aos meios de deduzi-lo ou aprendê-lo (lógico ou intuitivo) e, quanto á conceituação da natureza humana: belicosa (Hobbes), boa e pacífica (Locke e Rousseau), racional, social, individualista etc. Essa escola foi fruto de discursões por muitos estudiosos como: Grocio, Pufendorf, Leibniz, de certa forma Kant, dentre outros. Sua importância é indubitável, visando sempre à proteção á vida, á liberdade, a integração física e moral e ao patrimônio.

06. SOFISTAS x SÓCRATES

Cassandra Hágata Dantas

E-mail: cassandra_dantas@hotmail.com

Direito, UFRN

Nathália Cardoso Amorim Salvino

E-amil: tataya_@hotmail.com

Direito, UFRN

O pensamento sofista surge no século V a.C., num contexto de franco crescimento da democracia ateniense, onde a arte da palavra passa a ter importância decisiva em discussões jurídicas, morais e políticas, as quais eram travadas nas assembléias e tribunais. O conhecimento passa a ser elemento de subordinação à retórica e à oratória; e surge um período antropológico, que revela características individualistas e subjetivistas, em que o homem é sujeito da verdade e do conhecimento ("o homem é a medida de todas as coisas", Protágoras), e em que cada indivíduo é possuidor da sua própria visão da realidade. Os sofistas negam, portanto, o caráter absoluto, não só da verdade, como também da justiça, considerando o direito relativo e expressão mutável do arbítrio, da força e da capacidade oratória. Em contrapartida, Sócrates (470 - 399 a.C.), apesar de nada de escrito ter deixado, devolveu ao pensamento grego a confiança na verdade numa época de ceticismo geral marcada pelo relativismo dos sofistas. A ética socrática, recomendando o bem, identificando sabedoria com virtude, possibilitou a prática de uma aprendizagem racional. Além disso, deixou-nos a compreensão de que são idênticas a justiça e a legalidade desde que a lei tenha por objetivo o direito natural. Esse pensador grego defendeu o respeito às leis escritas e não escritas, boas ou más, para que não houvesse encorajamento ao mau cidadão de violar as boas leis. Nesse tocante combateu seus adversários sofistas, que se insurgiam contra os textos legais. Sócrates foi assim o precursor de uma tríade - Sócrates, Platão e Aristóteles - que assinalou momentos altos do pensamento jusfilosófico helênico.Observa-se então uma contrariedade entre as proposições defendidas por cada escola, tendo Sócrates combatido o sofismo na busca de uma verdade única decorrente da consistência dos argumentos e condenando a relativização da verdade.

07. Maquiavel e sua obra prima, o príncipe.

Jorgeana Câmara.

E-mail: jorgeanacamara@pop.com.br

Direito, UFRN

Pablo Everton Macedo.

E-mail: pabloeverton@click21.com.br

Direito, UFRN

Maquiavel nasceu num contexto de instabilidade política governos despóticos e escentralizados que se mantinham no poder às custas de astúcias e alianças com outros principados, é marcante a decadência italiana após seu enfraquecimento econômico, militar sua descentralização política. Segundo Maquiavel a psicologia e a historia seriam guias para nortear a ação do governo o estado deveria basear-se na ordem, regulando conflitos ele existentes. A forma de compartilhamentos dos bens numa sociedade relativamente igual everia compor uma república (dividida em aristocracia, democracia restrita ou ainda democracia ampla), sendo o contrário, caberia então um principado, caso não houvesse essa distinção poderia se gerar um desequilíbrio e consequentemente o fim do estado. Maquiavel tinha metas e objetivos práticos, que buscou descrever no seu trabalho usando métodos istemáticos. Existem algumas metas que são próprias da ciência experimental, e sem as quais ela não existe: a descrição precisa e sistemática de fatos públicos, a correlação destes atos por meio de leis, e por meio destas, antever eventos futuros, com certo coeficiente de probabilidade. Em Maquiavel, elas estariam sempre presentes e controlariam a dialética de uma investigação. A obra-prima de Maquiavel pode ser considerada um guia de recomendação para governantes. O objeto central do livro é o de que para permanecer no poder, o líder precisar estar preparado para transgredir qualquer conceito moral, e recorrer inteiramente à força para atingir um bem maior, as idéias de Nicolau Maquiavel podem não ter sido éticas, mas foram com certeza influentes. O próprio Maquiavel assumiu que elas não eram originais: seus conselhos já haviam sido adotados na prática por diversos governantes bem-sucedidos. Maquiavel é visto erroneamente como um mau caráter devido ao cunho não ético de sua obra, porém como foi dito anteriormente ele apenas descreve sistematicamente condutas de lideres que contribuíram para a conquista e manutenção do poder político.

08. Idade Média: A patrística e a escolástica

Antônio Marinho da Rocha Neto

E-mail: tonheto@yahoo.com.br

Direito, UFRN

A religião cristã, que havia sido difundida durante o império romano, acabou se consolidando na Europa e portanto,tornou-se um traço marcante na vida das pessoas na Idade Média. O cristianismo acabou atingindo também a filosofia do direito deste período,colocando no direito da época uma função muito mais espiritual, do que utilitarista. Desta forma, o fim maior do direito passaria a ser a beatitude celestial pela subordinação a Deus e não a plena harmonia na vida civil, como vinha sendo até então. Assim, na idade média, a igreja se sobrepunha ao estado já que este cuidava apenas aos assuntos relativos a vida terrena,enquanto a igreja cuidava dos assuntos de ordem eterna. Nessa época, é resgatada da jurisdição romana a concepção de direito jusnaturalista.Essa concepção exerceu papel fundamental no direito medieval,pois legitimava a sobreposição do direito teológico sobre o direito positivo. Nesse contexto,nascem duas filosofias de grande importância no estudo da idade média que são a escolástica,de São Tomás, e a patrística,de Santo Agostinho. A patrística,que tem como sua principal obra “A cidade de Deus,de Santo Agostinho, procura colocar como filosofia a ser seguida a devoção exclusiva as coisas divinas,já que ele afirma que somente essas podem levar a salvação,pois ele coloca que todas a coisas originárias do homem são impuras por descenderem do pecado original. A escolástica,ao contrário da Patrística,procura relacionar estado e religião. Essa filosofia afirmava que o homem deveria obedecer a leis fornecidas pelo estado dos homens,mas somente até o ponto em que elas não contradissessem as leis da igreja.São Tomás portanto, considera a manutenção da ordem essencial,já que ela seria um reflexo da vontade de Deus,porem toda lei que fosse contra os ideais da igreja,era contra Deus e portanto,ilegítima. Assim,Tomás coloca o poder da igreja sobrepondo o do estado e confere ao papa o poder de fiscalizar o governo de todos os soberanos de acordo com as regras canônicas.

09. A sanção na concepção de Hans Kelsen

Felipe Augusto Magalhães Branco

E-mail: lipe_mossoro@yahoo.com.br

Direito, UFRN

Jordão de Almeida Rodrigues Fernandes

Direito, UFRN

Quando se aborda a teoria pura do direito, a primeira impressão que surge diante de leigos é a de um reducionismo às normas que seria nocivo à ciência do direito. Porém tal impressão é derivada de uma visão deturpada que desconhece os verdadeiros propósitos dessa abordagem tida como polêmica. Para entender a teoria de Kelsen, é preciso observar o período em que se deu a elaboração da mesma, onde nesse contexto a ciência jurídica tinha sua autonomia ameaçada diante do positivismo de várias tendências, além dos teóricos da livre interpretação do direito, que permitiam o acoplamento da ciência do mesmo com outras de cunho humanístico, como a psicologia, a sociologia e até mesmo princípios das ciências naturais. Visando solucionar a problemática da autonomia, Kelsen reduz o método e objeto da ciência jurídica ao enfoque normativo através do princípio da pureza, que consistia em fazer com que o direito não se perdesse em discussões estéreis e que, dessa maneira, não perdesse o rigor científico. Apesar de tudo, o autor da Teoria Pura do Direito não discordava do aspecto multifacial das normas, cuja evidência está presente no estudo específico da sanção. Segundo a antropologia Kelseniana, o homem nasce disposto a satisfazer os seus interesses seguindo a conduta que lhe permita atingi-los, assim não hesitando em prejudicar o seu próximo. Apesar da vontade do legislador em modificar a vontade natural do homem, isso é impossível, porém passível de limitações que se concretizariam através das sanções. Trata-se de prescrever uma conduta através do sancionamento de conduta oposta àquela. Logo "o ilícito seria o pressuposto do direito e não sua negação"(Coelho, 1999), podendo-se aferir que se o direito é uma ordem coativa, só haverá sentido em sua existência se suas normas forem passivas de transgressão para que haja imputação da sanção.

10. Das Origens a Péricles

Maycon Alexandre Espíndula

E-mail: xmaycon@ibestvip.com.br

Direito, UFRN

Rosaver Alves da Costa

E-mail: rosaver_costa@yahoo.com.br

Direito, UFRN

Neste projeto pretendemos explanar sobre como o homem se organizou na terra em tempos primitivos, tomando por base a sociedade grega antiga num período anterior a Sócrates, tentado mostrar alguns desdobramentos da legislação em face do pensamento, das crenças, e práxis social da época. Inicialmente o homem vivia na natureza, seu referencial. Vivia de acordo com a lei que imperava: a sobrevivência do mais forte, lembrando que na natureza inexiste maldade, só organismos tentando sobreviver onde os deuses fazem as leis; natural acreditar que se um ser tem mais força que outro, tal fato se deve a um favor divino, e até aí os homem eram nômades, viviam em pequenos grupos para sobreviver e por isso “não podiam se debruçar sobre coisas inúteis como filosofia ou arte” (Lycurgo, 2005), mas o homem se torna sedentário, primeiro com o domínio da agricultura, depois com a domesticação de animais e a produção de ferramentas para dominar a natureza. "Quanto às cavernas, muitas delas acabaram se transformando em recintos funerários, por seguinte, em centros cerimoniais, num movimento que indicava um germe das futuras cidades históricas" (Vicentino, 2002, pg. 13). Nesse período toda "legislação" se fundamenta no poder religioso, "nessa natureza do primitivo o acaso não tem vez. Tudo, em seu entender, é coberto pelo determinismo mágico" (Pereira, 1980, pg. 15). Nesse período os homens não conheciam leis, mas eram "punidos" por aqueles que as conheciam: os deuses. Com a personificação dos deuses gregos se vê uma primeira aproximação das leis humanas das divinas e nesse período até mesmo os seuses estão submissos às leis naturais. Com a chegada das ciências médicas começa um movimento no sentido de se ter o homem em evidência ao invés dos deuses e junto com isso certa separação entre o que seria religião e legislação.

11. A evolução da História da Filosofia do Direito e a crença realista no impossível

Kassia Vanessa de Souza Rego

E:mail: kassiava@yahoo.com.br

 — Direito, UFRN

A partir de um exame atento da linha evolutiva da história da Filosofia do Direito, esta apresentação tem como objetivo avaliar e criticar as influências teóricas desse pensamento para o curso do Direito atual e as formas de governo vigentes ou amplamente defendidas. Pretende-se questionar as ideologias políticas de esquerda e direita de acordo com sua real eficiência para os problemas enfrentados no contexto histórico presente e suas possíveis ilusões ideológicas nocivas por irem de encontro ao princípio da dignidade humana explanado por Kant. De acordo com as conclusões apresentadas, a argumentação se encaminha para se discutir até que ponto é possível uma efetiva evolução do ser humano, a construção de um projeto comum de progresso social baseado em reformas morais e políticas. A essência humana e a crença do homem nos membros da sua própria espécie entram em questão para, tendo em mente as obras de pensadores como Hobbes, Rousseau, Kant e Nietzsche, o colóquio se abrir e os espectadores presentes exporem suas idéias quando questionados sobre o preço da autonomia, a descrença na democracia, a capacidade de se permanecer num estado comunista, a paz perpétua, a bondade ou maldade humana e medo do homem pelo homem. Por que não ser realista e acreditar no impossível? Por que ainda ter esperança?

 

GT-08: PRÁTICAS DISCURSIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: modos de subjetivação, identidades e relações de poder

Coordenadores:

Marluce Pereira da Silva

E-mail: marlucepereira@uol.com.br

Maria Bernadete Fernandes de Oliveira

E-mail: mbernadete@ufrnet.br

Departamento de Letras

Local: Setor de Aulas II, sala B3

A compreensão da subjetividade como integrante das relações sociais permite considerar que o indivíduo se inscreva num processo de pertencimento a diversos grupos culturais. Nessa perspectiva, o discurso é concebido como uma prática realizada por indivíduos que, através dele, se constituem sujeitos, agindo sobre si e sobre aqueles com quem interagem, construindo a sua realidade social. Este GT reunirá discussões que focalizem a linguagem e suas implicações no agenciamento de subjetividades, na constituição de identidades culturais e na presentificação de relações de poder. A pretensão é a de apresentar e socializar pesquisas concluídas e em andamento que revelem práticas discursivas em que a linguagem, ao produzir sentidos, possibilite que os sujeitos utilizem mecanismos e estratégias de diferenciação, ao posicionarem-se ou serem posicionados em diferentes lugares, exercendo poder e constituindo subjetividades e identidades em cenários culturais diversos. Desta forma, serão acatadas as pesquisas cujas temáticas versem sobre aspectos discursivos de práticas sociais que apontem para modos de subjetivação, relações de gênero, relações de poder, pertencimentos étnicos e questões éticas na produção do conhecimento.

01. O conceito de Falo: a presença da ideologia no discurso freudiano sobre o amor e suas implicações para os estudos de gênero

Augusto César Francisco

Orientador: Alípio de Sousa Filho

A presença da ideologia no discurso freudiano tem implicações teóricas e metodológicas importantes na construção conceitual da psicanálise. Por ideologia, entendemos ser o discurso, nas sociedades, que naturaliza o que é socialmente construído, perpetuando uma dominação social; por exemplo, a idéia do amor como natural, tal como acontece no mito do amor materno, perpetuando uma dominação masculina. O presente trabalho analisa a presença da ideologia no discurso freudiano sobre o amor, especificamente na sua elaboração conceitual-psicanalítica sobre o Falo, entendido, esquematicamente, como a representação simbólica do pênis, e geralmente considerado adjetivado como na fase ‘fálica’ da evolução da libido – com conseqüências pertinentes para a classificação entre o masculino e o feminino.

02. A materialização da ideologia nos slogans de propaganda política

Janaina Tomaz Capistrano (UFRN - PPgEL)

Orientadora: Profª Drª Maria Bernadete Fernandes de Oliveira

Este trabalho pretende descrever a proposta de estudo do projeto de mestrado, intitulado A materialização da ideologia nos slogans de propaganda política. Tal projeto está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem e concentra-se na área de Lingüística Aplicada, inserindo-se na linha de pesquisa Linguagem e Práticas Sociais. Temos como proposta a análise discursiva dos slogans de campanhas políticas dos principais candidatos à prefeitura de Natal e Mossoró, realizadas em 1996, 2000 2004. Para tanto, nos basearemos nas teorias da Escola Francesa da Análise de Discurso e do Círculo Bakhtiniano, as quais fundamentam as concepções de linguagem, discurso, ideologia e sentido, considerando as condições de produção – sujeito e situação -, o interdiscurso e as formações discursivas que as delineiam.Nesse sentido, esse estudo poderá contribuir para uma melhor compreensão de como a ideologia, as condições de produção e os lugares sociais dos interlocutores estão intimamente ligados à produção de discurso. Para Bakhtin, a comunicação verbal não pode ser compreendida sem se considerar o seu estreito vínculo com a situação concreta. “A criatividade da língua não pode ser compreendida independentemente dos conteúdos e valores ideológicos que a ela se ligam” (BAKHTIN: 1995, 127). È para desvelar os conteúdos e valores ideológicos, aos quais a teoria bakhtiniana se refere e que estão presentes em toda e qualquer enunciação, inclusive nos slogans políticos que este estudo pretende contribuir.

03. SÍTIO DO PICAPAU AMARELO:o arquétipo dos personagens na versão da Rede Globo de Televisão

Maria Betânia Peixoto Monteiro da Rocha

O discurso é o que se deseja dizer dentro de um texto, seja este temático ou figurativo. Para cada discurso há uma ideologia. Para cada ideologia duas mensagens: uma superficial - aparente - e uma profunda. O discurso é o recurso mais utilizado dentre as formas de Poder. Na atividade Política, é o discurso que transmite, transforma e percebe as manobras que têm por finalidade organizar e determinar a estrutura social delimitada por fronteiras espaciais e filosóficas. Convencer um cidadão a utilizar uma arma para defender os interesses de “seu país” é o discurso recorrente em instituições militares. O que seria da economia, e, portanto da acumulação de produtos, se não fosse o discurso de que é “preciso” comprar e que, conseqüentemente, é necessário vender? E por fim, o que seria das igrejas, instituições de ensino, e dos veículos de informação se não houvesse uma forma de falar sem omitir a intenção? Diante da qualidade macunaímica do discurso, ou seja, da qualidade de adaptar-se a partir de uma transformação estética da linguagem, é que nós analisaremos o programa infantil Sítio do Pica-pau Amarelo, inspirado na obra de Monteiro Lobato. Percebendo que os textos figurativos são os que mais omitem as mensagem de nível profundo e os que possuem maior alcance, é que determinamos a escolha do programa a ser analisado.Nossa estratégia é definir a intenção do discurso da Rede Globo a partir da linguagem (verbal e não verbal) dos personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo.

04. Tecnologias do eu e autobiografia

Carmen Brunelli

PPGEL/UFRN

As tecnologias do eu são produzidas a partir de técnicas que conduzem o indivíduo a tornar a si próprio o sujeito de suas práticas e das práticas dos outros sujeitos sobre si, recusando ou resistindo a certos modos de subjetivação. No entanto, essas técnicas não se dão independente de dispositivos discursivos e não discursivos. A partir dessas considerações, analisaram-se alguns memoriais acadêmicos de um curso de Pedagogia que se configuram em uma escrita autobiográfica. A partir de uma perspectiva foucaultiana, as conclusões deste estudo apontam para o fato de que o discurso nos textos autobiográficos reflete não apenas as experiências do sujeito mas também a forma singular e normativa dos dispositivos pedagógicos que regulam e modificam essa relação reflexiva.

05. CRENÇAS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: análise dos discursos de slogans propagandísticos de escolas de línguas

Ivonete Bueno Gratão

ivonetebg@hotmail.com

PPGEL/UFRN

O trabalho proposto apresenta uma análise, em fase introdutória, de uma pesquisa cuja temática versa sobre a questão de crenças em relação à aprendizagem de língua inglesa que atravessam os discursos propagandísticos de escolas de línguas. A questão norteadora dessa investigação é que valores e representações são utilizados nesses discursos com o propósito de “seduzir” as pessoas para o ingresso em alguns cursos propostos? Utilizam-se como corpus folders de escolas franqueadas nacionalmente, Yazigi, Fisk e Skill, com o propósito de averiguar efeitos de sentido que perpassam tais discursos, de forma a motivar as pessoas a ingressarem nessas escolas, a partir da evidência em torno da aprendizagem de outros idiomas, ou, ainda, verificar, se de fato, a preocupação expressa por esses cursos está relacionada às vantagens dirigidas para ascensão e status social. Fundamentam teoricamente a investigação os trabalhos de Barcelos, Pajares, Almeida Filho, entre outros. A partir da análise até então realizada, percebe-se que as práticas discursivas de tais propagandas refletem aspectos culturais de que o conhecimento de uma língua estrangeira, em especial o inglês, traz ao indivíduo posição privilegiada no mundo contemporâneo.

06. DISCURSO, MEMÓRIA E IDENTIDADE: estudo de marcas de identidade étnico-racial de professores

Girlane Costa de Sousa- UFRN

Nesta pesquisa, procurar-se-á analisar práticas discursivas de professores negros pertencentes a escolas da cidade de Natal. Para tanto, realiza-se um estudo, numa perspectiva discursiva, das marcas de identidade destes sujeitos em espaços escolares, com o propósito de averiguar a sua inserção nas instâncias públicas onde são identificados em seus papéis à busca da ascensão social. Toma-se a memória como elemento central para o resgate dos relatos desses profissionais na trilha da construção de sua identidade social e racial. Colocam-se como questões de pesquisa até que ponto os professores negros incorporam a sua identidade racial e que tipo de interdição enfrenta estes sujeitos nas diversas instâncias da convivência social no seu cotidiano. Como procedimento metodológico, analisaremos, qualitativamente, dados da entrevistas. Recorre-se às postulações da AD de linha francesa. e aos estudos de Hall (1996) e Tomás Tadeu da Silva (2000), (Moita Lopes (2002), entre outros, voltados para a questão da relação educação e raça. Espera-se, a partir da análise, apreender dos discursos dos docentes negros aspectos relevantes da sua história de vida sobre a temática da identidade racial.

07. PROCESSOS DISCURSIVOS DE CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA DO GOVERNO LULA NA PROPAGANDA EXIBIDA NA MÍDIA

Ady Canário de SOUZA

PPgEL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

adycanario@bol.com.br

Este trabalho resulta do interesse em compreender procedimentos discursivos de construção dos sentidos da/pela linguagem na propaganda do governo Lula que circula na mídia. Com foco na construção da identidade do Governo Lula, a análise, de forma introdutória, procurará mostrar como, ao fazer uso da linguagem, se constrói essa identidade constantemente negociada com o outro. Observando o discurso dessa propaganda, vemos que a midiatização da política pode também nos levar a entender essa arena na qual a política se assemelha a uma empresa de vendas. No seu interior, desenvolve-se o plano estratégico que pressupõe a aplicação das ferramentas do marketing para vender a imagem que o governo objetiva negociar com o outro. Busca-se, ainda, investigar de que forma a penetração da política na mídia poderá contribuir também para explicar a relação da língua ao político, ao histórico, aos acontecimentos discursivos inerentes aos processos de construção dos sentidos da/pela linguagem. Para tanto, orienta teoricamente esse trabalho a AD de filiação francesa, especificamente, na utilização de noções como efeitos de sentido, interdiscurso.

08. Sujeito(s) da notícia: uma análise discursiva

José Zilmar Alves da Costa

Análise dos processos discursos constitutivos da notícia, com enfoque na tríade jornal-jornalista-fonte, vistos como figuras discursivas, com certas capacidades fixas e com um lugar na ordem das coisas, que se apropriam da língua, instalam-se como centro de referência interno de seu discurso, postulam o outro, expressam uma relação com o mundo e pelo discurso co-referem com seu interlocutor mas que sofre constrangimentos e condicionamentos diversos. Sujeitos que ocupam um lugar social e a partir dele passam a enunciar, a fazer um discurso ideológico, sempre inseridos num processo histórico.

09. A problemática da pesquisa nas Ciências Humanas e na Lingüística Aplicada: modo de significação e relações éticas.

Renata Archanjo

Departamento de Letras – UFRN

Os estudos sobre a produção do conhecimento, na área das Ciências Humanas vêm sofrendo modificações decorrentes das crises dos paradigmas científicos que orientam o modo de produção das mesmas e de sua significação na contemporaneidade. No campo da linguagem, a Lingüística Aplicada e a sua vertente crítica, igualmente apontam para uma modificação em seu campo de atuação que caminhe para além de um estudo teórico / prático das manifestações do fenômeno lingüístico, constituindo-se em posicionamentos que, ao levar em conta questões históricas, políticas, sociais, econômicas, culturais, tecnológicas, questões que abarquem diferentes comunidades, grupos étnicos, minorias, apontem para um conhecimento sobre como as vozes presentes nos discursos significam e como as relações éticas se constituem no interior desses discursos. O conhecimento passa pela subjetividade de cada indivíduo e, sendo o sujeito múltiplo, heterogêneo, fragmentado, axiológicamente atravessado em todas as suas manifestações, mas único em sua eventicidade, a subjetividade de cada um é produto de suas relações singulares com o mundo e com os outros. O objeto de estudo de nossa pesquisa é o discurso teórico-científico produzido no âmbito dos estudos da linguagem e, portanto, dentro do campo das Ciências Humanas, e seu significado. Ao questionar a significação do discurso estamos partindo do pressuposto que este se constitui na dialogicidade na qual circulam vozes em constante tensão. Entender como as diferentes vozes se fazem ouvir e significam no discurso científico é o primeiro de nossos objetivos. Entender como o sujeito estabelece uma relação ética com seu discurso e com o outro para quem ele se dirige é o segundo de nossos objetivos.As questões apontadas acima dizem respeito às idéias centrais que fundamentam minha pesquisa de doutorado e constituirão a base das discussões propostas para o presente GT.

10. O olhar exotópico do revisor de textos

Risoleide Rosa Freire de Oliveira

(UFRN)

O trabalho apresenta os primeiros momentos de um estudo sobre o processo de revisão de textos de autores maduros em que o ato de revisar é considerado como um ato ético, um ato de responsabilidade e responsividade, um ato de negociação entre os pontos de vista do revisor e do autor. Fundamentada na concepção de linguagem enquanto prática social e discursiva, de acordo com a teoria da enunciação na vertente bakhtiniana, a investigação tem como principal objetivo compreender como se dá o trabalho do revisor, como ele se posiciona na relação revisor-texto-autor e até que ponto interfere no conteúdo temático, na forma composicional e no estilo textuais. Parte-se do pressuposto de que ao desenvolver seu trabalho, o revisor exerce a função de mediador entre o texto e o produtor, de modo que este assuma sua posição de autor, ou seja, aquele que é responsável pelo texto nas dimensões lingüísticas e discursivas. Para isso, é necessário que o revisor assuma uma posição “exotópica”, ou seja, de distanciamento do texto do outro, o que lhe permite “ver no outro aquilo que ele não pode ver em si próprio”, por meio do “excedente de visão”. Nessa perspectiva, o revisor de texto deve ser, portanto, aquele que dialoga com o autor do texto e tenta, de uma “posição de distanciamento”, colaborar para o sucesso do produto final.

11. MULHERES QUE RETOMARAM A SUA TRAJETÓRIA ESCOLAR:

PENSANDO IDENTIDADES SOCIAIS

Cássio E. R. Serafim (UFRN/PPgEL)

cassioserafim@ig.com.br

Marluce Pereira da Silva (UFRN/PPgEL)

marlucepereira@uol.com.br

Neste trabalho, buscamos situar mulheres adultas num mundo onde, constantemente, as identidades coletivas e individuais estão sendo questionadas, com o propósito de serem reconstituídas sob a influência de aspectos culturais, sociais, políticos, econômicos e históricos. Ponderamos sobre a decisão desse sujeito social de retomar a sua trajetória escolar. Indagamo-nos se esse retorno pode ser justificado com base na necessidade de elevar a escolaridade na tentativa de inserir-se e/ou manter-se no mercado de trabalho e/ou se pode ser refletido como uma inserção num processo de revisão de identidades sociais antes dadas como fixas; em especial, a de gênero. Na busca de possíveis respostas para o nosso problema, estamos analisando relatos de mulheres adultas que retomaram a sua trajetória escolar, em programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), na cidade de Natal (RN). Buscamos dialogar com textos de estudiosos que invistam no estudo da constituição de identidades sociais na contemporaneidade, bem como na sua relação com a educação e com a linguagem. Entre eles, encontram-se Britto (2003a; 2003b), Hall (2000), Escosteguy (2001), Kleiman (1995; 1998), Mey (2001), Hoffnagel (1999), Ribeiro (2003), Signorini (1998; 1999). Em termos de conclusão parcial, inferimos que a retomada da trajetória escolar e a obtenção de um certificado de conclusão do Ensino Fundamental podem isentar esse sujeito de certos constrangimentos sociais e podem contribuir para a ressignificação da sua imagem social e, conseqüentemente, para o constante processo de constituição e questionamento de suas identidades sociais.

12. A HORA DA ESTRELA: a relação entre história e a literatura, uma questão de gênero?

Durval Muniz de Albuquerque Júnior

Professor do Departamento de História

Bolsista de Produtividade em Pesquisa - CNPq

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

INTRODUÇÃO: Uma das questões mais debatidas hoje entre os historiadores é a relação entre a história e a literatura, a história e a narrativa. Grande parte dos textos escritos sobre esta temática defende sempre o mesmo ponto de vista, ou seja, a necessidade de diferenciar a história da literatura, de se defender da ameaça que parece representar a aproximação entre o texto do historiador e o texto literário. Por que tememos a literatura? Porque a denegamos? HIPÓTESE: Nossa hipótese é que a história, como um saber surgido no seio da sociedade grega clássica e de seu esforço de racionalização do mundo, teme a experiência literária onde se foi alojar, na modernidade, a dimensão trágica da existência, o lado não racionalizado e não luminoso da realidade. METODOLOGIA: Partindo do que Lacan, Deleuze e Guattari chamam de instâncias da vida psíquica ou movimentos do desejo e tomando a obra da escritora brasileira Clarice Lispector como material para reflexão, a comunicação procurará discutir a relação entre história e literatura como a relação entre duas formas de discurso que buscam afrontar o real, entendido enquanto caos, e tentam ordená-las simbolicamente de distintas maneiras. RESULTADOS OBTIDOS: Sugerimos, ainda, que a relação entre estas duas ordens de discurso é uma questão de gênero, não apenas discursivo, mas de gênero entendido como a forma social de pensar e organizar a relação entre o masculino e o feminino, ou seja, achamos que a história veio se alojar naquilo que a sociedade ocidental definiu como sendo o masculino: a racionalidade, a objetividade, a verdade, enquanto a literatura é inscrita no que o ocidente definiu como feminino: a sensibilidade, a subjetividade, a ficção, o mascaramento.

13. MÁSCARAS DE PAPEL: A PRÁTICA LITERÁRIA CRIANDO LUGARES DE SUJEITO PARA LUIS DA CÂMARA CASCUDO

Francisco Firmino Sales Neto

E-mail: nassausiegen@yahoo.com.br

Orientador: Prof. Dr. Durval Muniz de Albuquerque Junior

Departamento de História - UFRN

O presente trabalho é parte integrante do projeto financiado pelo CNPq, Luís da Câmara Cascudo em “As batalhas contra o tempo”: a biografia histórica de um erudito brasileiro (1898-1986). Este projeto tem por objetivo compreender, a partir da elaboração de uma biografia, como se formou a subjetividade do erudito potiguar Luís da Câmara Cascudo e, assim, entender a diversidade de temas por ele pensados. Nesse momento, nos propomos a discutir a emergência da primeira construção subjetiva de Câmara Cascudo – a de crítico literário – pois, parafraseando Foucault, foi esta a sua primeira estratégia discursiva. Isso é o que nos mostra a análise de seus primeiros artigos no Jornal A Imprensa, a partir de 1918, bem como sua primeira obra publicada, Alma Patrícia: crítica literária, de 1921. Estes textos demonstram a intenção de um homem em se afirmar como sujeito do saber, por meio da prática literária. Assim como um personagem de teatro da Grécia Antiga, que utilizava uma máscara para cada personagem apresentado, Câmara Cascudo portou-se, obviamente, de acordo com os princípios básicos de cada área do saber em que atuou, assumindo múltiplos lugares de sujeito: historiador, folclorista, memorialista, etnógrafo e biógrafo, por exemplo. Portanto, entendendo o sujeito como uma construção social e histórica, buscamos mostrar como estes discursos atuaram na construção do primeiro de vários lugares de sujeito ocupados por Câmara Cascudo ao longo de sua vida, arrogando para si um espaço entre a elite letrada do Rio Grande do Norte, no início do século XX.

14. ENTRE A VIDA E A CIÊNCIA: A SUBJETIVIDADE DO PROFESSOR NA PRODUÇAO DO CONHECIMENTO

Gilberto Ferreira Costa

Aluno do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) vinculado ao Núcleo de Pesquisa em Educação, Ciência e Tecnologia (NEPECT) e Grupo de Estudos de Práticas Educativas em Movimento (GEPEM). Professor do Departamento de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco

Professora do UFRN (PPGEd). Coordenadora do NEPECT e GEPEM.

O presente trabalho propõe discutir o tema subjetividade e educação. Parte-se do princípio de que o professor não é apenas mediador da aprendizagem no processo de ensino, pois se o ato pedagógico constitui-se num ato político entende-se que em sala de aula ao propor a discussão de um conteúdo ele utiliza-se de instrumentos escolhidos a partir de uma posição político-ideológica. Entre esses o mais importante é o discurso. Nele, o professor expõe, além do conteúdo considerado científico, elementos de sua subjetividade, sendo essa fortemente influenciada por suas experiências vivenciais. Nesse sentido, considera-se que o professor é produto de uma formação ampla onde aspectos culturais, econômicos, psicológicos e sociais são determinantes para a elaboração de um sujeito que pelo diálogo e pela consciência é capaz de pensar e transformar a realidade, sendo ao mesmo tempo produto e produtor de conhecimentos. Compreendendo que a realidade é extremamente complexa e que uma só teoria não daria conta de explicar tal complexidade utiliza-se um amplo referencial teórico que possa dar conta das questões a serem analisadas. Assim, a pesquisa situa-se no pensamento de Michel Foucault, Paulo Freire, Vigotsky, entre outros. Os sujeitos da pesquisa são professores que moram e atuam em assentamentos rurais entre estes, 06 (seis) vinculados a rede pública de ensino e que estão no curso de formação Pedagogia da Terra em Ceará-Mirim (RN). A metodologia utilizada tem sido, nesse momento, a análise de suas narrativas escritas de vida, onde buscamos encontrar nas mesmas, experiências individuais e coletivas que, para eles, sejam norteadoras de suas práticas sociais. Consideramos que observações às aulas, entrevistas e diálogos constantes com os sujeitos são de extrema importância para uma melhor compreensão do objeto. Dessa forma, essa pesquisa busca contribuir para a reflexão de novas práticas pedagógicas a partir de uma nova concepção sobre o processo de produção do conhecimento na contemporaneidade.

15. IDENTIDADE, IMAGINÁRIO E ONTOLOGIA

Sheila Mendes Accioly

Este artigo tece as relações entre identidade e imaginário, rumo a uma visão ontológica da contraparte do sujeito na análise discursiva, a partir da aproximação entre a teoria do inconsciente de Sigmund Freud e a teoria do imaginário de Gilbert Durand.

16. IDENTIDADE E PODER EM TEXTOS MIDIÁTICOS ESCRITOS

Luiz Freire

(UFRN-LETRAS)

Tida historicamente nos meios acadêmicos contemporâneos como uma sub-área do conhecimento originalmente circunscrita e periférica, a Lingüística Aplicada, doravante LA, no final dos anos 80 e ao longo dos anos 90, passou por um processo de discussão e ampliação de suas linhas de contorno com conseqüente expansão de suas zonas fronteiriças. Com isso, consegue legitimar procedimentos de investigação que levam a uma prática cientifica de investigação do diverso, do instável, do provisório, do novo, do que emerge. Assim, a referência cientifica clássica, representada pelos padrões de investigação praticados pela lingüística teórica deixam de ser a referência única. Fenômenos e problemas do chamado mundo real passam a ser abordados em sua dimensão sociológica. Com isso, emerge a necessidade de se visualizar as práticas de linguagem, ou seja, a linguagem passa a ser vista e abordada como prática social. As práticas discursivas passam a ser constitutivas do universo social. Em função dessa expansão epistemológica, a LA passa a assumir efetivamente um compromisso com a realidade social. Nesse novo quadro, questões como identidade, ética, subjetividade e poder passam a ser contemplados como fatores relacionados à responsabilidade social da lingüística aplicada. A partir desse novo olhar, entendendo que o discurso midiático, pelo papel ascendente nas formas de sociabilidade e do registro do cotidiano, representa uma prática social importante de ser investigada, propomo-nos a trabalhar com textos midiáticos escritos, obtidos em sua versão on line, de dois jornais de circulação nacional, versando sobre uma temática comum que, apesar de universal, reflete-se a nível local de forma diferenciada. Desse modo, entendemos, torna-se relevante perscrutar o discurso midiático no sentido de visualizar melhor o aspecto não adâmico deste discurso, considerando-o como constituído a partir das vozes que emergem de seu interior.

17. DISCURSO, ESTILO E IDENTIDADE: UMA ABORDAGEM ESTÉTICA DA CIDADE DE NATAL

Marília Varella Bezerra de Faria

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Esta pesquisa visa estudar as identidades da cidade de Natal, construídas ao longo do século XX. Sabemos que os espaços urbanos resultam de um conjunto de relações históricas, políticas, econômicas, culturais, sociais e estéticas. As cidades brasileiras, formadas a partir de modelos europeus, sobretudo espanhóis e portugueses, fomentaram, ao longo do tempo, um modo desigual, mas articulador do local com o que veio do exterior e de outras partes do país. Dessa forma, a construção de suas identidades tem acontecido através da hibridação resultante das múltiplas interpenetrações que existem entre os contingentes migratórios que formam o país. Nesse contexto, a pesquisa de doutorado proposta objetiva estudar, à luz da produção literária de poetas e poetisas natalenses, as representações que se fazem da cidade de Natal, em vários momentos do século XX, buscando marcas identitárias, a partir de visões de mundo e de estilos. Para tal, considera-se a poesia como definidora de um modo característico de vida, que adquire significado através do campo social ao qual está incorporada. O estudo toma como base o modelo sócio-histórico de linguagem, entendendo esta como uma prática discursiva, que constitui identidades (Bakhtin, Foucault, Pêcheux, Fairclough), assunto que vem ganhando espaço no campo da Lingüística Aplicada. A pesquisa apresenta, ainda, interface com os estudos sobre identidades culturais, considerando que a cultura significa e constrói valores, produzindo diferenças em função de suas condições de produção. Destacam-se as identidades plurais, flutuantes (Hall), construídas nas relações de alteridade, sejam pessoais, étnicas, de gênero, de classe e territoriais. Sendo a cultura perpassada por todas as práticas sociais, é através dela que as sociedades refletem suas experiências comuns.

18. Literatura e História: a modernidade por outro prisma.

Jânio Gustavo Barbosa

janioguga@yahoo.com.br

A literatura tem figurado na História Humana como um escape, onde os seres se isentam de si, e expõe suas angustias, suas aflições, suas vitórias, suas decepções, enfim, a forma como vê o mundo, como quer que ele seja e os moldes pelos quais absorve a realidade. O final do século XIX e o início do século XX, nos dá uma demonstração de como a literatura serve a História de forma a evidenciar um passado incomum, um passado muitas vezes idealizador de um futuro, um passado arredio ao presente e que nos mostra naquele tempo, outro tempo, nos levando a uma fusão de tempo e espaço, no primeiro momento, incompreensíveis ao presente. Nesse momento a literatura nos traz bons préstimos e nos permitem ir além do que se há coletivamente. As individualidades chocam-se com as coletividades e nesse contexto de mudança a literatura é muito mais do que uma metodologia para a História, ela é um momento outro do presente daqueles tempos. A partir disso o presente trabalho enseja evidenciar os resultados iniciais de uma pesquisa bibliográfica acerca do tema, correlacionando os estudos interdisciplinares entre Literatura e História, tomando a literatura do Rio Grande do Norte entre os anos de 1920 e 1930, como base das evidencias de um aspecto da modernidade figurante.

19. “ALMA PATRÍCIA”: uma análise da crítica literária feita por Câmara Cascudo

João Carlos Vieira da Costa Cavalcanti da Rocha

Graduando em História

Bolsista de Iniciação Científica – Balcão/CNPq

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

INTRODUÇÃO: Em 1921, Cascudo publicou o livro “Alma Patrícia”, livro de crítica literária sobre os poetas do Rio Grande do Norte. Por esta época, começavam a aparecer as primeiras influências do Modernismo na literatura brasileira, movimento do qual Cascudo foi o principal divulgador no Estado. HIPÓTESE: Nossa idéia é a de que “Alma Patrícia”, mesmo escrito ainda sob influência parnasiana e antes da Semana de Arte Moderna, já apresentava as primeiras idéias sobre a originalidade de temas, livre-métrica, dentre outros aspectos que foram propagados pelo Modernismo no Brasil. METODOLOGIA: Utilizando-nos dos pressupostos de Michel Foucault acerca da análise de discurso e das idéias sobre a história da literatura no Rio Grande do Norte de Humberto Hermenegildo, pudemos verificar os elementos que tornou singular as análises literárias feitas por Cascudo. RESULTADOS OBTIDOS: Na análise do livro “Alma Patrícia”, pudemos perceber características da primeira fase da formação intelectual de Câmara Cascudo, que, através da crítica literária, ainda demonstrava estar vinculado a vários pressupostos parnasianos. No entanto, estas questões estavam em transformação, pois surgiram as primeiras idéias que vinculava a prática literária à necessidade de originalidade, aos temas regionais, ao riso e à livre-métrica, idéias que serão fortemente pregadas pelos modernistas.

 

GT-09: GUIMARÃES ROSA E CLARICE LISPECTOR: FICÇÃO, FILOSOFIA E PAIXÃO

Coordenadora:

Ilza Matias de Sousa

E-mail: ilzamsousa@yahoo.com.br

Departamento de Letras

Local: Salão Vermelho

A finalidade do GT é mobilizar leituras de Guimarães Rosa e Clarice Lispector que reflitam em suas abordagens questões basilares sobre a ficção e a sua dimensão filosófica, dentro da concepção criadora de uma poética dos afetos, na perspectiva de um dizer (neo) humanista. Linha de pesquisa: Poéticas da modernidade e da pós-modernidade.

Primeiro dia

01. A quinta história do amor: o mal secreto na escrita de Clarice Lispector.

Francineide Santos de Oliveira

Mestrado em Estudos Letras, área de concentração - Literatura Comparada

UFRN/PPGEL

O presente trabalho leva em conta dois textos de Clarice em que será abordada a relação entre mal moral e “mal secreto” - enquanto trabalho de autoconhecimento e auto- constituição da alma humana. Em que consiste o “mal secreto” referendado nas obras de Clarice? Certamente que o conceito de “mal” está atrelado a uma filosofia que discerne entre “mal moral” do binômio “bem/mal”, caracterizado pelo senso comum. Mas afastando-se das prerrogativas de “cientificidade” dos conceitos, as produções lispectorianas suspendem o olhar caquético das pretensões filosóficas para considerar o terreno movediço da constituição da alma humana. O “mal” torna-se, assim, uma espécie de encarnação do “trabalho secreto” promovido pela paixão/desejo de autoconhecimento; uma ruptura com a exterioridade ordenadora do “EU”; um mergulho vertiginoso na dor móvel e contingente da vida. Afinal, o “mal secreto” emplacado na dor de viver nos proporciona: um gosto sádico, um gosto reprimido de morte, um gosto de nos conhecermos ao máximo... ( Denis de Rougemount in História do Amor no Ocidente,p.69)

02. Grande Sertão: Veredas e a Música como uma Poética dos Afetos

Cleodon Martinho de Carvalho

Jônatas Torres da Silva

Orientadora: Profª Ms Ana Santana Souza

Universidade Potiguar – UnP

No ano de 2004, lemos em grupo e de forma oral, no projeto de extensão Cais da Leitura, o romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Essa leitura resultou em alguns trabalhos acadêmicos, inclusive uma monografia onde abordamos como Rosa utiliza na escrita os recursos da língua para representação dos sons. Para Facó (Guimarães Rosa: do ícone ao símbolo, 1986), a união entre o som e o sentido convida a uma viagem a todos os níveis de sentido e de realidade, uma vez que a beleza sonora das palavras é, ao mesmo tempo conhecimento e poesia, história e meditação, substância do visível e sentido da vida. Desta forma a interação entre os produtores dos sons, o ambiente, e aqueles que captam psiquicamente essa sonoridade, diga-se, os leitores, dar-se-á na forma de equilíbrio, propiciando um complexo discernimento da paisagem sonora presente na obra, uma vez que o equilíbrio é um ponto fundamental para que haja harmonia entre a obra e o leitor. Para a compreensão da obra não podemos entrar em conflito psíquico com os elementos sonoros presentes nas palavras, e que são produzidos por Rosa. O Autor considera ainda que nossas raízes também estão profundamente ligadas às canções populares, dando sustentação às crenças, costumes e modos de vida de um povo. A linguagem de um povo define sua linguagem musical. E essa é, ao mesmo tempo, esperança e vida desse povo, renovando-lhe as forças para enfrentar a natureza e o descaso. Como diz Rosa: “Tudo, nesta vida, é muito cantável”. Concluímos que a musicalidade contida no romance chega ao leitor afinando-lhe o sentimento e tornando-o apto a receber impressões sonoras, especialmente no que se refere aos sons ambientais. Neste contexto, acreditamos que a poesia de Rosa, contida na prosa, é a poesia da música e também sua poética dos afetos.

03. Felicidade se acha é só em horinhas de descuido

Ana Santana Souza

UnP/UFRN

Este trabalho é uma leitura de Barra da Vaca, conto de Guimarães Rosa publicado em Tutaméia (2001). A análise se concentra no protagonista Jeremoavo que, forasteiro, migra em busca dos “achegos do mundo”. A errância do personagem é investigada a partir do conceito de estrangeiro, elaborado na obra Estrangeiros para nós mesmos (1994), por Julia Kristeva, para quem a estrangeiridade está no próprio homem que persegue eternamente uma identidade. Também será consultado o livro Sobre o nomadismo, de Michel Maffesoli (2001). Jeremoavo, como Riobaldo, Matraga, e um sem fim de outros personagens de Rosa, fazem parte de uma falange de estranhos, de estrangeiros. Portanto, quando falar de Jeremoavo, estarei invocando todos os viajantes rosianos, todos os que estão em travessia.

04. Sobre Fita verde no cabelo de Guimarães Rosa

Wellington Medeiros de Araújo

Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

Na busca constante de representação dos afetos, o texto literário rompe paradigmas e estabelece o inusitado. Assim se faz ao (re) contar a tradição literária dos contos de calçada, dos momentos em que as insuspeitadas estrelas correspondem aos astros no firmamento. Desde Chapeuzinho Vermelho, coletado da tradição oral por Perrault (1697), a história da menina que escolhe sua estrada a ser trilhada tem vivido emblemáticas recriações poéticas. Entre elas, consideramos a ilustração de João Guimarães Rosa, com seu Fita verde no cabelo, quando a poética roseana desfaz os princípios centralizadores das concepções clássicas postuladas pela teoria literária. Nesse sentido, o texto de Rosa estabelece concepções descentralizadoras do fazer literário, ao experimentar, no conteúdo humanitário e no artesanato sintático do conto, uma articulação inóspita. Rosa passa do caminho da intertextualidade – entendida não apenas como princípio mimético de outros textos (Kristeva), mas sim como formação dos discursos sócio-culturais estabelecidos, como proposto inicialmente pelo dialogismo bakhtiniano – para uma desconstrução simbólica no mundo das certezas humanitárias (a mimeses aristotélica).    No percurso que se lança aos olhos do leitor, instância das significações, o universo das causas orais, antropologicamente ditadas pela performance popular, vai se abrindo lentamente no reerguimento do conto infantil Chapeuzinho Vermelho. Inevitável é a associação imediata com a historieta da meiga menina que se lança ao mundo para satisfazer os prazeres da pobre avó, enferma em uma cama, em local distante, perdido em meio à floresta. Guimarães Rosa, ao contar sua “versão” da menina em conflito com o lobo, de modo criativo e inventivo, propõe um olhar caleidoscópico sobre, não apenas a tradição oral, mas, e sobretudo, sobre o fazer humanístico nas relações discursivas postas no fazer poético.

05. Clarice Lispector: o mistério que fala tudo sem revelar o segredo.

Ailton Siqueira de Sousa Fonseca

(Doutorando na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), prof. do Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e membro do Núcleo de Estudos do Pensamento Complexo (COMPLEXUS/PUC-SP). E-mail: ailtonsiqueira@uol.com.br

Nesse trabalho, fruto de uma pesquisa que realizo no doutorado sobre a vida e a obra de Clarice Lispector, pretendo abordar, em linhas gerais, como a obra inteira dessa escritora pode ser vista como um sedutor e inquietante convite a se escutar a voz do silêncio. Clarice usa a palavra como isca para fisgar o que não é palavra, escreve sem sufocar as entrelinhas, aposta no não-dito como forma de dizer. Ela não escreve para explicar, mas para fazer as explicações surgirem e, assim, estabelecer diálogos com o desconhecido, com a natureza e os mistérios de cada ser. Em sua obra há sempre um mistério e uma forma de dizer tudo sem tocar no segredo. A escritora e o leitor não participam da revelação dos mistérios, mas ambos são envolvidos nos sedutores fios das palavras que, ligando-se umas às outras, engendram a trama da narrativa, da realidade e do ser. Os mistérios de Clarice Lispector.

06. UM SOPRO DE VIDA OU AS PULSAÇÕES DO INSTANTE CRIADOR

Valdenides Cabral de Araújo Dias

UFRN/ CERES/ DCSH – Campus de Currais Novos

Escrever como forma de salvação — “eu escrevo e assim me livro de mim e posso então descansar” — dando a Ângela o poder da palavra que tanto o amedronta, mas que, uma vez dita, ilumina o instante da sua criação sagrada e impregnada do “misterioso cheiro de âmbar”. Pela escrita, a tentativa de fotografar as sensações mais profundas, suas e de Ângela. E é comportando-se como o ‘ouroboros’ — “cobra que engole o próprio rabo” — que escreve, seguindo o esquema da serpente enrolada comendo-se indefinidamente a si própria que, conforme DURAND (1997), tomando as palavras de Bachelard, “é dialética material da vida e da morte, a morte que sai da vida e a vida que sai da morte, não como os contrários da lógica platônica, mas como uma inversão sem fim de morte ou da matéria de vida”. E é dentro dessa dialética que o ‘autor’ escreve: fazendo pulsar em cada palavra um coração que um dia vai morrer, demolindo alma e corpo na procura ab(surda) da palavra divina e iluminadora que ascende do caos, fragmentada como o são ‘autor’ e personagem. O sopro criador clariceano gerou, não um lamento, nem uma autobiografia. Menos ainda uma história. Trata-se de um grande poema de amor à vida breve e misteriosa. Resume-se, conforme o pensamento de Octavio Paz, em um “exercício espiritual, é um método de libertação interior [...]. Oração, litania, epifania, presença [...], condensação do inconsciente”.

07. “Era no tempo em que os bichos falavam”: uimarães Rosa e a Conversa de Bois

Auristela Crisanto da Cunha

Universidade Federal do Rio Grande do norte

Parte integrante de Sagarana, obra cuja construção orgânica é composta por um grupo heterogêneo de procedimentos lingüísticos, narrativos e semânticos, o conto Conversa de Bois já aponta, desde o título, para um retorno ao aspecto fabular da linguagem, tirando-a do domínio exclusivo do humano e relativizando o seu potencial de racionalidade, o que permite uma aproximação do universo rosiano com aspectos de linguagem abordados por autores como Michel Foucault, Nietzsche e Machado de Assis.

Segundo dia

08. Ficção e Filosofia em Clarice Lispector

Maria Eliane Souza da Silva

Bolsista PIBIC/CNPq

Base de Pesquisa: Metafísica e Tradição

Coordenadora da Pesquisa: Ilza Matias de Sousa

Este trabalho tem como objetivo correlacionar ficção e filosofia na perspectiva da escritura clariciana nas obras A paixão segundo G.H., A via Crucis do Corpo e a A bela e a fera. Descortinar, projetar e aflorar, nos interstícios da narrativa, “mythos” e “logos” contidos em imagens entrelaçadas, dentro de um” deserto de verdades” e “feridas abertas”, na busca do (des)velar do ser no âmbito metafísico.

09. Tradição e modernidade fundando uma estética do quase-belo no conto Arroio das Antas.

Roniê Rodrigues da Silva

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

O texto roseano parece ter guardado para a figura masculina um lugar de destaque, em detrimento de uma presença mais discreta da figura feminina. Mas, como nem tudo que parece é, uma análise mais apurada do texto de Rosa vai mostrar alguns perfis femininos construídos sob múltiplas e insuspeitadas fontes. Assim, procuraremos apontar, nesse trabalho, a trajetória da personagem Drizilda, do conto Arroio das Antas, forjada a partir do prefixo des. Ela é desdenhada, desvalida, despetalada, escolhendo o retiramento para viver “desde desengano”, apontando para os desenredos das histórias do universo guimarãesrosiano. A construção identitária da personagem Drizilda vincula-se ao meio social marcada por uma trágica experiência afetiva. Contudo, como por encantamento, cumpre-se a máxima que aparece no texto “toda grande distância pode ser celeste” e vemos o escrito assumir a estrutura de um conto de fadas tradicional no qual, de acordo com Betteheim (1980), apresentam-se as seguintes partes: fantasia, recuperação, escape e consolo. A personagem principal do Arroio passa por todas essas fases. Primeiro, quando escapa das garras de um marido violento que se desfazia dela. Posteriormente, passa por um momento de reclusão, mas recupera-se com a chegada de seu príncipe, o consolo final. Temos, então, o que deve ocorrer em todos os contos de fadas, a reviravolta com final feliz. O lugar que outrora era “o último lugar do mundo”, “recanto agarrado e custoso, sem aconteceres” transforma-se em lugar “forte e feliz”. A paixão funciona como humus fecundador que renova as forças de Drizilda e de todo o lugar.

10. Voltar ao próprio corpo: um estudo foucaultiano sobre “Perto do coração selvagem”, de Clarice Lispector.

Juliana Batista de Oliveira

Orientadora Prof. Pós-dra: Ilza Matias de Sousa

O objetivo deste trabalho é estudar as relações entre corpo e educação dentro da obra Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector; observando as relações de poder e saber sob a luz do pensamento foucaultiano.

11. Representações da paixão em Meu tio o Iauaretê de J. Guimarães Rosa e nos poemas de Viagem de Cecília Meireles.

Laís Karla da Silva Barreto – Mestranda do Programa de Pós Graduação em Estudos da Linguagem – PPgEL/UFRN.

Orientadora: Profª Drª Ilza Matias de Sousa / PPgEL/ UFRN.

A proposta deste trabalho é identificar traços que codifiquem a paixão nas leituras do conto Meu Tio o Iauaretê de João Guimarães Rosa e em poemas da obra Viagem de Cecília Meireles. Nossos objetivos buscam mostrar a representação e o deslumbramento da paixão através da linguagem, situada aqui através do conto e da poesia. E é nesta perspectiva apaixonante que mostramos este sentimento excessivo, inserido no cotidiano dos seres, relatado pela ficção e pela filosofia, repercutindo assim diretamente nos questionamentos sobre identidade, metafísica, cultura e imaginário.

12. As reminiscências em Guimarães Rosa..

Flávia Batista de Lima

Aluna concluinte Letras-Português; Bolsista PROCEM

Guimarães Rosa ao escrever Primeiras Estórias tece a rede das reminiscências, compreendendo-as como agentes do processo de recriação, presentes nas literaturas oral e erudita. Este trabalho objetiva apresentá-las como mediadoras plásticas no processo da construção ficcional rosiana. A partir do conto Sorôco, sua mãe, sua filha, foco de observação deste trabalho, GR apresenta imagens que provocam a percepção do leitor para uma possível descoberta da construção de elementos essenciais da narrativa.

13. : Sagacidade Interiorana: transcendências ficcionais em GR.

Romão Inácio da Silva Júnior

Mestrando Literatura Comparada

Guimarães Rosa, em Sagarana, cria universos de complexidade imersos em seus personagens; universos desvelados gradualmente ao passo que o leitor suplanta suas percepções iniciais e imerge na atmosfera de transcendências que está contida numa subjetividade de cada elemento de composição da narrativa. O objetivo deste trabalho é sugerir o conceito e momentos próprios de transcendências que permeiam contos de Sagarana, em especial A hora e a vez de Augusto Matraga.

14. “A paixão de Clarice Lispector pela escrita e suas conseqüências”

Francisco Leandro Torres

vinculado ao Departamento de Letras

O trabalho propõe-se a partir de duas obras clariceanas “A Hora da Estrela“ e “Um Sopro de Vida” exemplificar o tema abordado e ir desdobrando a paixão de Lispector no ato da escrita, criação e o seu processo de desencadeamento. Expor também as várias relações existentes (envolvidas) nesse “Ato de Escrever” , como, a matéria básica utilizada, o porque de escrever , a própria paixão dissolvida no Ato e vice-versa, a criatividade, o que era escrever na ótica dela, entre outras. As obras usadas servirão ainda de suporte para retratar, demonstrar e expandir os comentários, as reflexões a respeito do conteúdo ligado diretamente ao título do trabalho .Trataremos também as diversas perspectivas e rumos da escrita de Lispector, por exemplo, a confluência de paradigmas que a escritora tece, entretece, destece e põe em tensão, as “mutações” e sua estilística pessoal; ressaltaremos também as três histórias entrecruzadas na “A Hora da Estrela”, como: O narrador-escritor, Macabéa e a Composição do romance com suas diversas relações; culminando na estética –filosófica. Enquanto, no livro “O Sopro de Vida” evidenciará o ato de criar (as personagens) e suas implicações, o paralelismo entre criador e criatura, desembocando nas questões filosóficas profundas. Em suma, a paixão envolvida no próprio ato de criação intermediado via o Ato de Escrever, compreendendo a sua complexa teia de interligações variadas com os inevitáveis e originários fluxos de consciência de Clarice.

 

GT-10: ESTUDOS HISTÓRICOS, FILOLÓGICOS E DESCRIÇÃO DE LÍNGUAS

Coordenadoras:

Carla Maria Cunha

E-mail: cmcunha@ufrnet.br

Maria Hozanete Alves de Lima

E-mail: hozanetelima@bol.com.br

Departamento de Letras

Local: Setor de Aula II, sala E6

O grupo de trabalho Estudos Históricos, Filológicos e Descrição de Línguas tem como objetivo reunir pesquisadores de língua e literatura, alunos e professores, que desenvolvam trabalhos sobre tradução e leitura de textos clássicos, estudos históricos e filológicos que privilegiem uma reflexão sobre as características e a natureza das mudanças lingüísticas, bem como trabalhos de descrição e funcionamento de línguas, sejam eles do ponto de vista fonológico, lexical ou sintático.

01. ENTÃO: um gradual adeus à indicação temporal

Maria Alice TAVARES

Prof.ª do DL-UFRN

Neste estudo, abordo a forma lingüística ENTÃO em uma das funções que desempenha no âmbito da articulação de partes do discurso: a seqüenciação retroativo-propulsora de informações. Como conector codificador da seqüenciação, ENTÃO interliga duas porções discursivas através de uma estratégia pela qual a atenção do interlocutor é conduzida para trás, para o já dito (retroação) e, ao mesmo tempo, para o que será introduzido (propulsão). Cria-se, desse modo, a expectativa de que haverá uma relação semântico-pragmática de continuidade e consonância entre as partes do discurso assim interligadas. A seqüenciação envolve subtipos que denominei “subfunções seqüenciadoras”. São elas: seqüenciação textual, seqüenciação temporal, introdução de efeito, retomada e finalização. Pretendo averiguar se ENTÃO tem passado, ao longo do tempo, por um processo de abstração crescente de significado em seu uso como conector. Busco indícios da ocorrência de tal processo e das etapas de mudança pelas quais ele se constitui em textos escritos nos séculos XIV, XVI e XVIII e em amostras de fala atual, cuja fonte é o Banco de Dados do Projeto VARSUL (Variação Lingüística Urbana na Região Sul). Como resultados mais significativos, aponto a ocorrência de um grande uso de ENTÃO como seqüenciador temporal no século XIV, e a diminuição gradual de seu aparecimento na codificação dessa subfunção seqüenciadora até o século XVIII, em que o conector passa a predominar na subfunção de introdução de efeito. Na amostra de fala atual, ENTÃO é bastante freqüente como conector introdutor de efeito, retomador e finalizador, e é pouco utilizado como seqüenciador temporal. Essas tendências de uso podem ser interpretadas como indícios quantitativos das diferentes etapas do percurso seguido por ENTÃO rumo a significados mais abstratos em seu emprego como conector seqüenciador.

02. A OCORRÊNCIA DO VERBO “TER” EM CONSTRUÇÕES EXISTENCIAIS NOS TEXTOS JORNALÍSTICOS

Francisco Wildson CONFESSOR

Graduando em Letras - UFRN

A ocorrência do verbo ter em construções existenciais é cada vez mais comum na língua falada, em que essa posição era normalmente ocupada pelo verbo haver. Como afirma Ribeiro (1996: 373), o verbo ter “coocorre com haver nas estruturas existenciais, havendo um predomínio de ter existencial sobre haver existencial na língua oral”. Assim, evidenciada a presença do ter existencial na língua falada, o objetivo deste trabalho é observar sua ocorrência na língua escrita, mais precisamente em textos jornalísticos, levando-se em consideração que a gramática normativa não admite o uso do ter existencial na língua escrita. Nosso corpus de análise é composto por alguns exemplares do Jornal Tribuna do Norte publicado no Estado do Rio Grande do Norte no mês de junho de 2005.

03. ESTUDOS SOBRE OS PROCESSOS DE HIFENIZAÇÃO NA LÍNGUA PORTUGUESA

Jairo De Souza MOURA

Marcos César TINDO

Graduandos de Letras - UFRN

Os critérios de colocação do hífen, no Português, podem ser obscuros: pouco etimológicos, raramente fonéticos e contendo minúcias complexas. Não surpreende, portanto, que a maioria dos utentes desconheça os usos adequados e, mesmo aos que os conhecem, sempre apresentam-se sutilezas. Assim, averiguaremos uma possível contradição entre as regras. A gramática preconiza o uso em substantivos (e adjetivos) compostos cujo primeiro elemento for verbo. Contudo, também proíbe ligar por hífen adjetivo a substantivo. Ocorre assim uma leve dificuldade de discernir entre este e aquele caso, a exemplo: “café-expresso” ou “café expresso”? “idéia-fixa” ou “idéia fixa”? Os termos “expresso” e “fixa” seriam parte dos nomes ou adjetivos restritivos destes? O sentido diferiria com o contexto? O caso mais explícito desse aparente choque sintático-semântico entre as regras é o da expressão “ser-humano” (ou “ser humano”?): Sabe-se que ser é verbo e que o termo humano é substantivo. Será, pois, simples como “guarda-chuva”? Entretanto, pode julgar-se ser, nesse caso, um substantivo e humano, daí, adjetivo. O que seria destarte o “ser(-)humano”? Substantivo composto (e obrigatoriamente com hífen) ou substantivo e adjetivo (e necessariamente sem)? Perguntas não muito explicitamente respondidas na gramática ou no dicionário. E como recentemente o hífen tornou-se espécie em extinção no cotidiano, quase sempre grafa-se “ser humano”. Sucederá de consagrar-se o não-hifenizado? Ou a padronização que vem orientando as últimas reformas estenderá o uso ao caso do “ser-humano”? Naturalmente, encontram-se sempre frases indubitáveis: a sentença “ser humano é difícil” jamais levaria hífen. Mas e quanto a “o ser(-)humano sabe viver”, de classes não-facilmente observáveis? Aparentemente um pormenor inofensivo, mas afeta outras estruturas, como o verbo (ou substantivo?) seguido de advérbio: “o único viver que conheço é o viver(-)bem”. Tocantes a muito mais construções do que se imagina, são questões a discutir, pela regulamentação futura da tão-querida (ou tão querida?) língua portuguesa.

04. AS ORIGENS “BASTARDAS” DO GÊNERO DISSERTAÇÃO

Sylvia Coutinho ABBOTT GALVÃO

Departamento de Letras-UFRN

Como todo tipo de educação se insere numa determinada sociedade e por ela é influenciado, as exigências do ensino variam de acordo com a evolução dessa sociedade. Nesse sentido, pode-se afirmar que a dissertação, um dos mais conhecidos gêneros escolares, não constitui um mero exercício escolar, mas sobretudo “uma prática ideológica cuja história se acha diretamente condicionada às mudanças de valores culturais” (ABASTADO, 1981, p.3). Em pesquisas realizadas em documentos oficiais, manuais escolares (de retórica e de redação) e exemplares da literatura pedagógica, alguns estuduiosos franceses, especialistas em história da educação e história da literatura, como Viala e Chervel (CHERVEL, 1990), identificaram as origens “mundanas” da dissertação, associadas à formação do honnête homme pascaliano, noção que remonta ao século XVI. Conhecer, portanto, um pouco dessa história poderá ajudar professores e alunos a melhor compreenderem as imprecisões metodológicas e as dificuldades de aprendizagem desse gênero tão polêmico.

05. AS OPOSIÇÕES CONSONANTAIS NA LÍNGUA MAKUXI (KARIB)

Carla Maria CUNHA

Prof.ª do DL-UFRN

A língua Makuxi apresenta em seu quadro fonológico consonantal a oposição entre obstruintes e soantes. Partindo de um aparente fenômeno de vozeamento que atinge as consoantes obstruintes após a realização de vogal longa, segmento nasal ou glotal, fundamentamos uma correspondência entre os conceitos 'lenis/fortis' - da Fonologia Clássica- ao que constitui o traço SV (vozeamento espontâneo) - do modelo Auto-segmental. Em nossa análise, o traço SV é fundamental na geometria dos arquifonemas soantes oral /?s/ e nasal /N/, pois com sua instituição sobrepomos a interpretação de lenição à de vozeamento das consoantes obstruintes. Com base em diferentes processos fonológicos desencadeados pela presença fonética de [?], estabelecemos o arquifonema obstruinte /?/ em oposição ao /?s/, soante. E pela presença ou ausência do traço SV na geometria dos sons consonantais em Makuxi, definimos o quadro de sua oposição: obstruinte versus soantes oral e nasal.

06. A LINGUAGEM NO DE MAGISTRO

Francisco Vitoriano da Silva Júnior

Concísia Lopes dos Santos

Graduandos em Letras - UFRN

Santo Agostinho, grande filósofo e teólogo, é um dos partícipes da chamada filosofia Patrística. A obra desse Padre da Igreja se destaca pela conciliação entre as idéias neoplatônicas e as verdades reveladas do Cristianismo. Dentre sua extensa obra, uma das que muito tem chamado atenção aos estudos sobre a linguagem é o De Magistro. Nessa obra, entendida como tratado filosófico sobre a linguagem, Santo Agostinho procura responder a perguntas, tais como: o que é a linguagem, para que serve e como ela se estrutura? Essas questões se apresentam tomando como pano de fundo um diálogo entre o autor e seu filho, Adeodato. Não obstante, mais do que proceder em investigações acerca do que é e como funciona a linguagem, Santo Agostinho se utiliza desse expediente para defender que somente através da palavra divina se alcança a verdade, pois as palavras em si mesma não conseguem “ensinar” sobre a verdade que se trata aqui da primeira verdade, a divina, alcançada apenas mediante Cristo. Esse trabalho, portanto, tem como objetivo acompanhar o pensamento de Santo Agostinho para entender as argumentações levantadas por ele, de como ele se coloca em relação à linguagem, à sua estrutura e função, especialmente, às palavras e sua relação arbitrária com o objeto.

07. O TEXTO PRÓDIGO: UMA DISCUSSÃO SOBRE A PERDA SEMÂNTICO-POÉTICA NAS TRADUÇÕES DO NOVO TESTAMENTO

Nelson Ferreira de SOUSA JUNIOR

Graduando em Letras – UFRN

A busca pelo desconhecido é inerente ao humano, e uma forte expressão disso é a religião. Na sociedade ocidental a mais conhecida é o cristianismo, que tem como base textos judaicos (Antigo Testamento) e cristãos (Novo Testamento – originalmente escrito em grego koiné). Infelizmente, parece não haver, no Brasil, traduções que contemplem a amplitude significativa neo-testamentária original, sendo necessária, portanto, uma criteriosa observação dessa tradução, a qual deve conter a significação sui generis original. A primeira tradução do NT em grego para o português foi empreendida por João Ferreira de Almeida (1681). Influenciado pela Renascença, traduziu os textos tendo como princípio a equivalência formal, a qual estabelece uma relação formal grego/ português quanto ao vocabulário, estrutura e demais aspectos formais. A ordem interna/ externa dos sintagmas são preservadas (sujeito, predicado, objeto/ substantivo, verbo, complemento...). Entretanto, observando as idiossincrasias das línguas, é possível visualizar certa dissonância na tradução, já que é difícil fazer uma tradução com tal equivalência sem comprometer o significado. Mesmo que não se perca o sentido, a significação poderá ser limitada. E se as relações gramaticais indicam o conteúdo, a forma da expressão de determinada língua, como o koiné, vale para si, a relação significante/ significado se restringe a cada idioma. Almeida apenas seguiu a lógica do seu tempo, esse tipo de equivalência indicava veracidade de tradução. Entretanto, com o avanço da Lingüística, pode-se compreender a dinamicidade da língua e não a idéia de gramática universal. Na parábola do filho pródigo (Lc. XV, 14) há um termo metafórico condicionado a uma possível interpretação. Tal fato deve ser examinado com atenção. Tomando por base tais considerações, este trabalho vem apreciar os princípios atuais de tradução bíblica, visando a obtenção de uma maior compreensão do texto neo-testamentário original.

08. ESTUDO E ANÁLISE DA TRADUÇÃO DE UM EXCERTO DA SUMA TEOLÓGICA DE SÃO TOMÁZ DE AQUINO.

Maria Hozanete Alves de LIMA

Prof.ª do DL-UFRN

Admirado por sua eloqüência, São Tomás de Aquino, filósofo e teólogo, é considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos. Sua obra se solidificara como base da teologia católica, razão que fez de Tomás de Aquino um dos pais da Igreja. Dentre sua extensa obra, merece atenção a Suma Teológica, em que o aquinate, servindo-se de grande eloqüência, discorre sobre questões filosóficas e cristãs, a exemplo da natureza de Deus, a missão de Cristo, a natureza do homem, a doutrina divina, a verdade, a fé, dentre outras. Tem nos chamado atenção na Suma Teológica um modo singular utilizado pelo escritor para construir seus minuciosos argumentos: a exploração do modo de funcionamento de certas categorias da língua latina latina. Uma situação específica, exemplo disto, pode ser encontrada em um excerto da Suma teológica. Nele, o escritor recorre e explora uma “certa” plasticidade subjacente à categoria de gêneros para demonstrar a consubstancialidade existente entre Deus e Cristo que simboliza a unidade entre eles; o filho e o pai são um só, embora se diga que também são dois. Nosso interesse particular em relação a este excerto, todavia, não é explorar as questões filosóficas ou cristãs desenhadas por ele, mas investigar como, se, e de que modo a plasticidade simbolizada no texto original se encontra marcada na tradução portuguesa, especificamente porque, como aprendemos, a categoria de gênero se encontra formalizada de maneira diferente na língua portuguesa e na língua latina. Se não há, por exemplo, o gênero neutro na língua portuguesa, como a tradução recupera a plasticidade anotada por Santo Tomás de Aquino? Que expedientes lingüísticos são utilizados na língua tradutora para recuperar isto que falta na língua traduzida? O que diz de menos o texto tradutor e o que diz de mais o texto traduzido?

 


GT-11: AS CIDADES COMO OBJETO E SUJEITO: CONSTRUÇÃO, PRÁTICAS, REPRESENTAÇÕES

Coordenador:

Raimundo Arrais

E-mail: raimundoarrais@cchla.ufrn.br

Departamento de História

Local: Setor de Aulas II, sala B4

A proposta desse GT é reunir contribuições originadas da pesquisa histórica, mas também de pesquisas que, convergindo para o estudo da cidade e do espaço urbano, possam contribuir com a discussão a respeito de um tema essencialmente interdisciplinar: a cidade, o espaço urbano. Serão bem vindos trabalhos que se voltem para qualquer recorte cronológico e espacial, não importa os conceitos utilizados ou as perspectivas teóricas adotadas. Porém, será dada preferência a estudos que tomem a cidade não como mero suporte físico das ações e dos fenômenos examinados: não basta que os fenômenos ou eventos se passem dentro da cidade: gostaríamos de discutir, nesse GT, como esses fenômenos se relacionam com a cidade, o espaço urbano, a vida urbana. O que se pretende é promover um encontro de trabalhos sobre os modos de produzir (sob o ponto de vista material ou simbólico), e representar o espaço urbano, incluindo aí intervenções no espaço físico, práticas espaciais, memórias que se constroem sobre os espaços, ações políticas em que os espaços urbanos desempenhem papel na construção das referências identitárias dos grupos, ou qualquer outra manifestação em que se reconheça a possibilidade de se pensar a cidade como objeto de estudo e sujeito que participa dos eventos e fenômenos sociais.

 

Primeiro dia

01. CARTOGRAFIAS DE UM ESPAÇO: O SERIDÓ COMO UM CORPO ESCRITO HISTORIOGRAFICAMENTE

Olívia Morais de Medeiros Neta

Mestranda em História

Orientador: Iranilson Buriti de Oliveira

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - CCHLA

O Seridó, região localizada no sul do Estado do Rio Grande do Norte, adentrando a porção norte do Estado da Paraíba, é escrito e prescrito por advogados, literatos, religiosos, educadores, historiadores, eruditos ou não, que produzem-no um corpo escrito, “o inventam” e isto nos instiga a visibilizar a literatura regional expressa em obras como ”Homens de Outr’ora” (1941), de Manuel Dantas; “Seridó” (1954), de José Augusto; “Velhos costumes do meu sertão” (1965), de Juvenal Lamartine e “Sertões do Seridó” (1980), de Oswaldo Lamartine, onde no tecido da história e da memória escrevem-se poéticas de uma saudade, noções de natureza, espaço e temporalidade, saberes e noções do Seridó como um espaço lido. Assim na dimensão discursiva de tais obras buscamos enfatizar como o ambiente é dado, objetivado fora dos sujeitos e narrado pelos autores como recortes da saudade, do idílico. O Seridó como um corpo escrito, visível e dizível é uma produção historiográfica de sujeitos que como Manuel Dantas, Juvenal e Oswaldo Lamartine e José Augusto pintam formas e cores para um espaço, dando-o vida poética e histórica.

PALAVRAS-CHAVE: Seridó, Juvenal e Oswaldo Lamartine, Discurso.

02. Os espaços de lazer e cultura na cidade de Natal no governo Djalma Maranhão (1960-64): As praças de cultura

Isa Paula Zacarias Ribeiro

Departamento de História - UFRN

Os espaços de lazer e cultura na cidade de Natal no governo Djalma Maranhão (1960/64) – As Praças de Cultura Isa Paula Zacarias Ribeiro Departamento de Historia - UFRN Este resumo trata do projeto que pretende analisar os espaços de lazer e cultura no segundo governo Djalma Maranhão (1960/1964) na cidade de Natal. Em 1962 a prefeitura lançou o programa de Democratização da Cultura nos bairros articulado a Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler. Os projetos culturais apesar de articulados a campanha de educação tinham espaços específicos. São esses espaços que nos interessam aqui. As praças de cultura. Analisar esses espaços, quais as formas de lazer e cultura, quem freqüentava qual o objetivo de construir esses espaços, que lugares essas praças ocuparam (os bairros). Entendemos que os lugares de diversão e lazer, de reunião de pessoas devem ser entendidos como práticas sociais, políticas e culturais que fazem parte do cotidiano de uma pessoa e sua inserção na comunidade. As praças de cultura eram lugares destinados à diversão e lazer da população. Eram constituídas por quadras de esportes, parque infantil, praças de leitura, postos de empréstimos de livros, com espaço para apresentação de grupos folclóricos, de exposição de artista locais, de realização de eventos, como feira de livros e festivais de folclore. Em 1963 foi construída uma praça de cultura que seria modelo para as seguintes, na Praça André de Albuquerque, constituída de galeria de arte, concha acústica, biblioteca. Aqui então pretendemos trabalhar com fontes orais e imagens. As imagens, são as fotografias do arquivo pessoal de Mailde Galvão, que numa primeira análise, nos revelaram a forte participação da população nesses lugares de lazer e cultura. Os depoimentos orais, em parte são os depoimentos usados em minha monografia de graduação – Prefeitura e classes populares – um estudo sobre as administrações Djalma Maranhão.

03. Caicó no Jornal das Moças: espaço, paisagem e história

Juciene Batista Félix

Mestranda em História – UFRN

jucieneandrade@yahoo.com.br

Dr. Raimundo Arrais – orientador

O Jornal das Moças foi um importante semanário da cidade de Caicó-RN no período de 1926 a 1932, enfocando em suas matérias várias temáticas como festas, sociabilidades, inserção da mulher no espaço público etc. Todavia, esta comunicação analisa apenas o ano inaugural do semanário – 1926 – com o intuito de abordar as noções de “paisagem” e “espaço”, suas leituras e apropriações nos artigos que enfocam “sertão”, “derrubada de árvore no meio urbano”, “pedras”, “praças”, “calor do seridó” etc. estão ligadas a um conjunto de preocupações com as mudanças pelas quais a cidade vai passando. Tais considerações, aparentemente inocentes, nos permitem compreender os projetos, as inquietações, os desejos de parte da população investidos no espaço historicamente vivido, nos fazendo perceber que a ‘paisagem’ é cultura antes de ser natureza, que existe uma memória histórica na forma como os sujeitos e sociedades se relacionam com o espaço e a natureza.

04. A Ação do Poder Público e as Práticas Espaciais no Passo da Pátria (Natal/RN): a integração X a construção das referências identitárias dos moradores

Daline Maria de Souza

mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

E-mail: dalinesouza@uol.com.br

Nas últimas três décadas, o crescimento da cidade do Natal/RN resultou num modelo de urbanização com segregação sócio-espacial; diversos tipos de poluição (atmosférica, sonora, visual e dos reservatórios de água), ocultamento da natureza, entre outros problemas ambientais. Desde 2003, o poder público local está implementando o “Projeto Integrado do Passo da Pátria” que corresponde a uma proposta de reurbanização centrada na construção de melhorias habitacionais, obras de infra-estrutura nas áreas da educação, saúde e transportes, além de propor o fomento à mobilização e organização comunitária, geração de trabalho e renda e educação ambiental. O Passo da Pátria corresponde a um complexo favelar cujo sistema de classificações operado pelos moradores sinaliza para singularidades no que se refere às práticas espaciais de determinados grupos sociais. Um recorte sócio-espacial no Passo da Pátria permite a identificação de quatro espaços: a Pedra do Rosário, o Passo, o Areado e o Pantanal. A ação do poder público local também objetiva “integrar” estes quatro espaços com o intuito de homogeneizar os arranjos, formas e referências das redes de relações dos seus moradores. O presente trabalho analisou o ponto de vista, sobre a ação do poder público, dos diversos grupos, atores e agentes sociais que inscrevem suas práticas culturais dando sentido e significado aos espaços constituintes do Passo da Pátria. A metodologia consistiu em: revisão bibliográfica sobre os temas do espaço, sociabilidade, memória, identidade, questão ambiental urbana, cidades e segregação sócio-espacial; pesquisa documental e entrevistas com moradores do Passo da Pátria. A avaliação dos dados aponta que os moradores do Passo da Pátria vivenciam positivamente a ação do poder público quanto a ampliação da infra-estrutura urbana. Ao mesmo tempo, valorizam negativamente a idéia de integração, a qual para os mesmos desconstrói tempos, experiências e narrativas que se expressam nas suas relações com os espaços em que vivem.

05. VIAJANDO O SERTÃO: a imagem construída a partir da visão da cidade (primeiras décadas do século XX)

Hélio Takashi Maciel de Farias

Graduando, Dpto. De Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – bolsista IC/CNPQ

E-mail: solar@digizap.com.br ( fone: 3234-8096)

Gabriel leopoldino Paulo de medeiros

Dpto. De Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN- blsista IC/PROPESQ

E-mail: gabrielleopoldino@yahoo.com.br ( fone: 3234-7374)

Orientadora:

Angela Lúcia de Araújo Ferreira

Profa . Dra. Do departamento de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN-

e-mail: agela@ct.ufrn.br ( fone: 3215-3721 – ramal 228)

A questão da relação entre as cidades capitais e o sertão é de grande complexidade, pois responde a diferentes óticas e situações, contemplando os âmbitos político, econômico, social e cultural. A aproximação entre esses dois “universos” – urbano e sertão – pode ser tida como recente, surgindo na passagem do século XIX para o XX. O intercâmbio desse conhecimento intensificou-se com a divulgação de relatos de viagens do homem da cidade aos sertões, que contribuíram na criação de uma imagem do sertão e do sertanejo. O presente estudo visa à identificação e compreensão das forças políticas e culturais responsáveis pela criação da imagem esteriotípica do sertão, abordando o tema das representações e imaginário, elementos fundamentais na definição das políticas públicas e intervenções sobre o espaço. Como principais fontes, o estudo recorreu a obras literárias e artigos resultantes de excursões ao sertão do início do século passado. Entre estas encontram-se a excursão pioneira de Euclides da Cunha aos sertões da Bahia, culminando em sua obra “Os Sertões” (1902), as excursões de Mário de Andrade ao sertão Nordestino (1928), produzindo um diário de viagens, “O Turista Aprendiz”, além dos relatos de viajantes potiguares, como o de Câmara Cascudo “Viajando o Sertão” (1934) e o de Garibaldi Dantas, “Pelo Sertão” (1922). Esses relatos levavam o conhecimento de outro Brasil, o do interior, ao Brasil do Litoral, criando uma “ponte” entre esses dois “universos” fundamentalmente distintos. É notável a diferença entre a descrição de Euclides da Cunha, vindo do Rio de Janeiro e exprimindo desconforto e estranhamento, e os relatos que posteriormente são publicados por autores locais, que – já contando com melhorias nas comunicações e transportes, além da proximidade com o terreno – têm a clara intenção de desmistificar para os habitantes da cidade a imagem do sertão.

06. O governo Juvenal Lamartine e a concepção de uma cidade moderna: Natal, 1928-1930.

Autor: Hemeter Heberton Damasceno de Morais (Graduando em História – UFRN) – (Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ, em projeto sob orientação do Prof. Dr. Raimundo Pereira Alencar Arrais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

E-mail: Hemeter@hotmail.com

A Primeira República no Brasil tem como uma de suas principais características a influência de um conjunto de idéias da chamada “Belle Époque”. Entre essas idéias estão aquelas baseadas principalmente na modernização e progresso. Tal progresso, no início do século XX, tem como uma de suas marcas principais a transformação do espaço, sobretudo nas cidades. É o que se pode chamar de modernização, ou seja, a melhoria material. Nesse primeiro momento, as concepções de modernidade baseiam-se numa apropriação contundente de modelos importados, principalmente da França. Em Natal, tal influência também é notada, nos planos urbanos, na construção de edifícios, entre outros. Contudo, principalmente após a Primeira Grande Guerra, há uma alteração no sentido de “moderno”, quando as sociedades se voltam para um padrão nacional, afastando-se cada vez mais da influência européia anterior. Em Natal, tal momento ocorre na década de 1920, que se caracteriza também por uma mudança política significativa. Nesta década, destaca-se em especial o governo de Juvenal Lamartine (1928-1930). Tido como um dos mais atuantes políticos potiguares, adotou uma série de medidas importantes, tanto na capital como no interior. Neste trabalho, pretendemos analisar seu governo à luz dessa segunda fase da modernidade, explorando como suas ações se encaixam nesse novo quadro, principalmente para a configuração de uma cidade moderna. Para tal fim, teremos como fonte principal a obra Meu Governo, da autoria do próprio ex-governador, que nos mostra a visão que este tinha de suas próprias ações, constituindo um relato interessante para partimos de uma perspectiva particular a fim de entendermos sua atuação como político “moderno”.

07. Edifício Bila – uma opção de moradia

Emmanuela Wanderly Campos Arimateia

Gilmar de Siqueira Costa

Este estudo aborda questões relacionadas com ações de intervenção para centros históricos. Considerando o uso residencial como imprescindível na efetiva revitalização, propõe-se uma discussão acerca da potencialidade habitacional em prédios com relevância histórica e arquitetônica para cidade. Inicialmente é relatado o quadro de descaracterização e abandono dos bairros: Cidade Alta e Ribeira que juntos compõem o sítio histórico de Natal. Constata-se que a Ribeira, diferentemente da Cidade Alta, guarda alguns exemplares representativos em termos patrimoniais. Dentre vários fatores pode-se evidenciar, como garantem estudos anteriores na área, que o uso residencial é responsável pela melhor conservação das edificações, pois exige menores adaptações no prédio que o comércio. O estudo reafirma ainda, as constantes críticas à prática atual mais difundida: revitalização baseada em usos específicos para entretenimento e lazer, que se opõem totalmente a proposta de “revitalizar” e limitam a valorização do prédio apenas em suas características externas – “obras de revitalização de fachadas” – meramente superficiais e insuficientes. Como solução para a fragilidade e ineficiência dessas propostas, mesmo entre as diversas linhas de pensamento, a importância da habitação é fator reconhecido internacionalmente. Com o objetivo de demonstrar a potencialidade do uso habitacional, recorre-se neste estudo, a uma comparação entre o Edifício Bila, localizado no sítio histórico da Ribeira (Natal, década de 50) exemplar da arquitetura art deco, e um condomínio residencial recém construído. Seguindo a metodologia da sintaxe espacial (HILLIER, 1996), procura-se trabalhar com características gerais do prédio, ultrapassando os limites da “caixa”, visualizando seu interior e sua funcionalidade. Pretende-se afinal, comprovar a eficácia do uso residencial em prédios históricos, respeitando, contudo, suas características internas. Tal postura garante a manutenção do acervo cultural, histórico e se configura como uma possibilidade abrangente que atende à demanda social como solução de moradia dentro dos padrões das necessidades atuais – pode-se morar bem no centro histórico.

08. A Vila de Ponta Negra: Entre o Passado e o Presente Alunas

Eduarda Cristina de Lima Andrade (bolsista PIBIC),

Suzana Cardoso Silva (bolsista PPG/UFRN).

Base de pesquisa: NAVIS (Núcleo de Antropologia Visual).

Orientação: profa Lisabete Coradini. Filiação Institucional: Curso de Ciências Sociais – habilitação em antropologia.

Nosso maior interesse na apresentação do GT é mostrar os resultados da pesquisa feita na Vila de Ponta Negra. A pesquisa tem como finalidade analisar criticamente as mudanças do espaço urbano da Vila de Ponta Negra, como também verificar as práticas sócio-culturais que estão em constantes transformações. Nossa preocupação é em compreender como a Vila de Ponta Negra, espaço que antes da urbanização era conhecido também como Vila dos Pescadores, vem recebendo essas transformações (um espaço onde seus moradores se dedicavam especificamente a atividades pesqueiras e a artesanais, e hoje é um dos pólos turísticos de Natal) e como ela pode criar novas identidades culturais, como também, perceber, a partir da memória coletiva, como os moradores vêem essas mudanças e como se re-configuram e criam novos espaços na paisagem da Vila de Ponta Negra.

09. FOTOGRAFIAS E A (RE)CONSTRUÇÃO DAS CIDADES: MAGENS DE UMA CURRAIS NOVOS ENTRE OS ANOS 1890 e 1930.

Willian Pinheiro Galvão

UFRN/CERES/DHG/Curso de História

Bolsista de Iniciação Científica - CNPq/Pibic

e-mail: w_pinheiro@hotmail.com

Orientadora: Profa. Dra. Eva Cristini Arruda Câmara Barros A presente comunicação possui como objeto de estudo fotografias que retratam uma Currais Novos (RN) entre os anos de 1890 e 1930. Assentada sob a perspectiva da produção social do olhar, objetiva discutir como práticas e representações reveladas em imagens serviram à edificação dessa cidade. No âmbito da análise do material iconográfico estuda a cidade como lugar de trocas (poder, cobiça, orgulho) como concebe Jacques Le Goff (1998). Tomando a cidade como lugar de memórias em sua dimensão tripla (material, funcional, simbólica) inspiramos-nos também em Pierre Nora (1989) ao dizer que as imagens reinventam o urbanismo e criam um imaginário urbano, possibilitando uma leitura polissêmica do espaço citadino, na qual o passado e o presente contribuíram para a produção de representações e práticas culturais possíveis de serem analisadas.

10. AUTORIDADE MÉDICA E EXCLUSÃO SOCIAL NA NATAL MODERNA (1900-1930)

Eduardo Matos Lopes

Juliana Cavalcante de Azevedo

Orientador: Raimundo Nonato Araújo da Rocha

Este trabalho visa Compreender a autoridade médica e seu poder de exclusão social na Natal moderna, no período de 1900 a 1930, a partir do tratamento dispensado aos pacientes do Leprosário São Francisco de Assis e do Hospital de Alienados. Em fins do século XIX, o Brasil vislumbrava a necessidade de construir uma nação brasileira civilizada, a partir dos projetos de modernização dos E.U.A. e da Europa. Tais projetos colaboraram para cientistas, governantes, médicos, higienistas, sanitaristas e grande parte da população brasileira modernizar o Brasil – principalmente as capitais. Autoridades públicas buscaram definir uma geografia da marginalidade a fim de separar os espaços dos “indesejáveis” dos espaços de convívio social moralmente aceitáveis. A transição do século XIX para o XX abrigou as primeiras criações de hospitais, casas de saúde e instituições que funcionavam como micro-cidade, cuja missão era “prender” tais indivíduos até que estivessem, em tese, aptos a voltar ao espaço público. Por essa razão, era necessária a construção de locais apropriados àqueles que não se enquadravam nos moldes de beleza estabelecidos pelas práticas sanitaristas e eugenistas. Estas pessoas deveriam ser afastadas dos centros urbanos e serem tratados como “diferentes” e, por isso, recebiam tratamento subumano. A implantação em Natal, em 1926, do Leprosário São Francisco de Assis explicita uma prática sanitarista e eugênica nesta cidade; pois, para esta instituição foram destinados portadores ou suspeitos de lepra com condições socioeconômicas precárias, advindas do interior do Estado, em sua maioria da zona rural, e em más condições de higiene. O Hospital dos Alienados (atual Hospital Psiquiátrico João Machado) foi pioneiro na função de preservar a sociedade norte-riograndense do convívio com indivíduos indesejados no século XX. Os prontuários médicos e fichas de pacientes armazenados nas instituições, apontam o perfil social e físico dos asilados no período.

Segundo dia

11. A IMAGEM ATRIBUÍDA PELA COLEÇÃO MOSSOROENSE DE DIX-SEPT ROSADO: HISTÓRIA, VALORES E IDEAIS

Alessandro Teixeira Nóbrega

Mestrando de História/UFRN – alessandro@uern.br

Orientadora: Prof. Drª Margarida Dias (Departamento de História da UFRN)

Este trabalho é uma pesquisa desenvolvida no programa de Mestrado em História da UFRN e que surgiu da reflexão sobre a construção do espaço de Mossoró, através da Coleção Mossoroense. Objetiva estabelecer os valores e ideais atribuídos a imagem de Dix-sept Rosado pela Coleção e sua identificação com a construção do espaço do lugar, no caso aqui de Mossoró. O trabalho é desenvolvido através de entrevistas e levantamento bibliográfico para análise do discurso escrito da Coleção sobre Dix-sept, além da observação das festas cívicas. A pesquisa está em andamento. Mas já é possível observar um dos traços de construção do espaço de Mossoró através da identificação de sua história com a imagem ou valores atribuídos a Dix-sept Rosado pela Coleção Mossoroense.

12. Escola, ensino de História e espaço público: as comemorações do Centenário da Independência na cidade de Natal ( 1922).

Adriana Moreira

Graduada em História pela UFRN

Raimundo Arrais

Prof. do Dpto. de História da UFRN

Entre os dias três e nove de setembro de 1922, ocorreram na cidade de Natal as comemorações do centenário da Independência do Brasil. O evento consistiu em festas, desfiles marciais, inaugurações de monumentos públicos, discursos, e foi uma iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, tendo recebido todo o apoio do governador do Estado, Antônio de Souza e, contando, na opinião dos organizadores do evento, com a participação de “todas as classes”. Dos participantes, a maior presença foi a das escolas, pois todo o corpo de alunos e professores da cidade foi mobilizado no evento. O objetivo dessa comunicação é reconstituir o modo como as concepções de ensino de História vigentes nos programas pedagógicos das escolas do Rio Grande do Norte no início do século XX, se realizavam nas comemorações do centenário. Por meio de forte carga simbólica que imprimiu nos eventos, as elites locais transformaram o espaço público da cidade no grande teatro no qual se realizam os objetivos últimos do ensino de História nas escolas: estimular o patriotismo, contribuir para a construção da nacionalidade e de um povo. Nas comemorações do centenário da Independência, a escola e a História vão desempenhar um papel fundamental para encenar no espaço público da cidade de Natal o maior espetáculo que, até então, as elites locais haviam conseguido realizar.

13. AS CRÔNICAS INFORMANDO A CONSTRUÇÃO DA MODERNIDADE NO ESPAÇO DA CIDADE DO NATAL/RN: a busca de outras fontes, de outros documentos e de uma outra história da cidade.

Giovana Paiva de Oliveira

Departamento de Arquitetura – UFRN

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano - UFPE

Virgínia Pontual

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano - UFPE

A construção do espaço da cidade do Natal nos parece que sempre foi perpassada por discursos de conteúdo modernizador, revelando um ideal de futuro que sua elite acreditava ser o modelo que possibilitaria a adequação aos novos tempos e, portanto, não importava a preservação da tradição. Parecia significar que elegiam a cada “novo” um caminho mais curto para buscar sua identificação com a modernidade que se difundia. E o concreto sempre foi apostar no almejado uma vez que, particularmente na primeira metade do século XX, a cidade viveu permanentemente buscando essa modernidade através de intervenções estatais, enquanto os documentos e a imprensa justificavam as ações que pareciam destruir a memória do passado. Diante das mudanças que a infra-estrutura física trazidas pela II Guerra Mundial produziu no espaço da cidade, as crônicas publicadas na imprensa local manifestaram, no primeiro momento, expectativas de progresso e modernidade, festejando as novidades e a prosperidade. E, posteriormente, quando essas mudanças pareciam ter tomado uma direção inesperada, as crônicas publicadas passaram a se revelar quase distantes ou, o que nos parece, mostrar as incertezas quanto ao que se estava construindo. Os discursos, no entanto, continuam balizando-se no progresso e na modernidade, ao mesmo tempo em que os escritos sobre a cidade escondem as dificuldades vividas, as mudanças no quadro social, o aumento populacional e o descontrole do crescimento urbano. O foco teórico deste trabalho privilegiará a questão do esquecimento, que marcou a historiografia e a memorialística de Natal, tendo em vista a recorrente idéia de que a cidade viveu um momento glorioso e sem precedente na sua história, ao qual pode ter sido associado um sentimento de perda de alguma coisa que, provavelmente, nunca teve; e refletir sobre o significado da imagem de cidade que provocou mudanças no espaço, na sociedade, na vida urbana e no cotidiano das pessoas.

14. COMÉRCIO E DESENVOLVIMENTO URBANO O EMPÓRIO COMERCIAL MOSSOROENSE DE 1850 A 1890.

Pablo Gleydson de Sousa

pablugs@click21.com.br

Daniel Fernandes de Macedo

danielfmacedo@click21.com.br

O trabalho pretende estudar as relações entre a atividade comercial e suas repercussões no espaço urbano mossoroense entre 1850 e 1890, contribuindo para o estudo da memória urbana da cidade. No período, um conjunto de fatores econômicos colaborou para a afirmação de Mossoró enquanto empório comercial, pólo comercial sertanejo, ao polarizar a produção algodoeira de uma região de influência formada por cidades do oeste potiguar e paraibanas e cearenses próximas. A crise na oferta de algodão aos mercados europeus é prejudicada pela guerra civil americana de 1861-1865. Neste contexto, investidores estrangeiros instalam suas firmas em Mossoró exportando principalmente o algodão e o couro entre outros produtos primários, e importando manufaturas distribuídas através de Mossoró a sua zona de influência. A estiagem de 1877 afastou o capital estrangeiro e favorece a acumulação de capital pelas elites locais que lucravam com a venda de alimentos aos programas de assistência do governo central e com a atividade salineira. O comércio, enquanto atividade de prestigio, influencia nesta época desde a localização de equipamentos de destaque na hierarquia urbana como as sedes de lideranças políticas e intelectuais, e mesmo favorecendo a um eixo específico de crescimento físico urbano e a melhorias urbanas como a reestruturação do Porto de Areia Branca / Mossoró, e a projetos modernizantes da elite local como o da Mossoró Railway que viria a se concretizar em 1915.

15. A construção de um lugar: história e memória da cidade de Nova Cruz -RN.

Karla Isabella Brito de Souza Azevedo

karlaazevedo@digi.com.br

Mestranda em Ciências Sociais (UFRN)

Orientadora: Julie A. Cavignac.

Propomos uma reflexão das representações sociais acerca da cidade de Nova Cruz a partir do discurso dos moradores, especialmente os mais antigos. Ancoramos nosso estudo em campos comuns à Antropologia e à História: a perspectiva de estudo se situa em uma área de fronteiras disciplinares, consorciando as categorias e conceitos, sugeridos pelo nosso objeto de estudo, de espaço, lugar (es), história, memória, representações sociais, narrativa(s) e identidade. Nossa problemática sugere que a história da cidade de Nova Cruz, no Agreste Potiguar, como a de tantas outras cidades, é resultado de um jogo entre mudança e permanência. Interpretar as representações dos moradores sobre a cidade de Nova Cruz seria “visualizar” os marcos de memória, os medos de perdê-la e os desejos de (re) conquistá-la.

16. “Feições identitárias no calçadão da avenida Engenheiro Roberto Freyre”

Leonardo Alexandre da Silva Freire

Bolsista do PET – Geografia

E-mail: lewally_ufrn@hotmail.com

A pesquisa “Feições identitárias no calçadão da avenida Engenheiro Roberto Freire”, em dsenvolvimento, visa analisar as feições de identidade das pessoas que transitam no calçadão da referida avenida, enfatizando elementos sociais, culturais e referenciais que se remetam à identidade daqueles que o utilizam, adentrando na discussão dos espaços de lazer construídos a fim de beneficiar a população ali residente, assim como aos turistas por influência do potencial desta área da cidade do Natal. A partir disso, pode ser questionada a possibilidade do calçadão ser um lugar ou um não-lugar. Nessa perspectiva, o espaço urbano representado pelo calçadão é sujeito e o objato, devido a sua funcionalidade e interação com o meio que o rodeia. Para tanto, será utilizada a descrição asociada ao materialismo hisórico buscando compreender as divergências sociais ocorrentes naquele espaço, assim como questionários despadronizados no intuito de apreender o sentido daquele local para os transeuntes, além da própria observação empírica como fatoer essencial do método descritivo.

17. Leitura da paisagem urbana: as marcas da mineração reconfigurando o espaço da cidade de Ouro Branco/RN

Genison Costa de Medeiros

Este trabalho tem como objetivo descrever as transformações na paisagem do espaço citadino de Ouro Branco, localizado na Microrregião do Seridó Ocidental Norte Riograndense. Nosso recorte temporal corresponde ao período de 1960 a 2005, período que reflete o passado e o presente da extração mineral nesse território. A leitura da dinâmica do espaço, no que concerne a transformação paisagística, tem como suporte teórico-metodológico de análise, as idéias de Milton Santos e Edivânia Gomes, quando tratam das formas como marcas representativas da ação do homem sobre a natureza. Os procedimentos metodológicos adotados consistiram em entrevistas concedidas por habitantes privilegiados desta cidade que vivenciaram épocas anteriores a 1960, e a análise de fotografias antigas e atuais, cujo propósito é desvelar, a partir da memória fotográfica, as mudanças ocorridas no período recortado pela pesquisa. Como primeiros resultados, constatamos mudanças na arquitetura, principalmente nas fachadas e calçadas de parte significativa da cidade, tendo em vista o uso da pedra ornamental Itacolomy, minério de maior incidência no solo ourobranquense. Portanto, tomando como suporte a atividade mineradora, podemos constatar uma nova maneira de produzir formas, construir espaços e paisagens, com base no desenvolvimento da extração mineral, tecendo e construindo uma nova face para a cidade de Ouro Branco-RN.

18. Jardim do Seridó (RN): (re)organização espacial de sua área central a partir da década de 60.

Danielle Góis de Oliveira

danigeogois@bol.com.br

Orientadora: Prof(a) Dr(a) Eugênia Maria Dantas

Este trabalho tem o propósito de compreender as mudanças ocorridas na área central da cidade de Jardim do Seridó (RN), município localizado na microrregião do Seridó potiguar, no recorte temporal de 1960 a 2004. É importante ressaltar que a cidade de Jardim do Seridó foi fundada por volta de 1770, vindo a ocorrer mudanças mais significativas a partir do período mencionado acima, onde a cidade já não conseguia atender ao desenvolvimento da sociedade, diante das inovações do mercado capitalista. Através dessa observação, é possível analisar as adaptações urbanísticas ocorridas em Jardim do Seridó, fazendo a descrição do processo de expansão da área central da mesma, como também, a identificação das mudanças estruturais e funcionais nas edificações dessa área e, verificando se as primeiras casas preservaram, ou não, suas fachadas de origem. Estão sendo comparadas fotografias anteriores e posteriores a 1960, assim como, entrevistas estão sendo feitas a cidadãos que vivenciaram as mudanças do período abordado e visitas “in loco”, para isso nos baseamos numa leitura paisagista. O projeto está em andamento, mas já podemos classificar alguns resultados de acordo com as metodologias que estão sendo utilizadas. Visto que os espaços e suas paisagens vão sendo modificados e reutilizados no decorrer do tempo de acordo com a necessidade da sociedade, consideramos ainda a influência da cotonicultura, que se fazia presente, na época da (re)organização da área central da cidade de Jardim do Seridó, sendo essa economia um processo fundamental no crescimento da cidade.

19. A (re)definição do espaço urbano em Natal no início do século XX: um estudo sobre a criação do bairro Cidade Nova.

Ricardo José Vilar da Costa

Este trabalho busca compreender os ideais de modernidade presentes em Natal na Primeira República. Especificamente, estuda a formação de um bairro – Cidade Nova –, que foi concebido por intelectuais da cidade e implementado pelo Estado a partir de concepções modernas européias. Dedica especial atenção aos vínculos entre esses intelectuais e elite agrária decadente que se transferiu para Natal, desde o final do século XIX e, sobretudo, no início do século XX. Procura identificar as particularidades das modificações ocorridas no espaço urbano da cidade, bem como as características que se assemelham a processos que ocorriam em outros locais do Brasil desse momento. Identifica que intelectuais e políticos, ao adotarem um padrão modernizador para o espaço urbano, redefiniram a urbanização da cidade, constituindo um “espaço natalense” a partir de diferentes referenciais. Demonstra que as origens rurais desses políticos e intelectuais se somam à noção de mundo moderno, constituindo-se, tal simbiose, em elemento crucial para se compreender a nova configuração do espaço urbano. Sugere que a “adaptação” adotada por essa elite permitiu sua permanência em tal posição privilegiada, fazendo que o novo espaço da cidade, se apresentasse como um mundo urbano, moderno. Constituíram-se como fontes para compreensão desse momento o jornal A República; o traçado urbano e as casas construídas no período; os escritos de Manoel Dantas e Henrique Castriciano. Encontra nos jornais os padrões fundamentais para a modernidade natalense de beleza, saúde, conforto e higiene existentes no período em Natal. Almeja-se identificar nas fontes da cultura material diferentes possibilidades e imagens da cidade nesse período. Detecta nas obras de Manuel Dantas exemplos de adaptações da cidade ao "mundo moderno". Demonstra que membros de camada privilegiada desempenhavam funções públicas importantes. Além disso, a cidade foi responsável pela formação de uma concepção de mundo urbano, civilizado e, colaborou para a consolidação de diversos referenciais modernos.

20. SOBRE OS ITALIANOS: ESTRANHAMENTO NA VILA DO PRINCIPE NA SEGUNDA METADO DO SECULO XIX

Erivan Ribeiro de Faria

Ms. Ciências Sociais – PPGCS – UFRN

erivan.faria@bol.com.br

Esta pesquisa surgiu a partir da Catalogação dos Processos-crime da Comarca de Caicó (1853-1900) e com base na historia oral, em que se identificou a constante presença de indivíduos de nacionalidade italiana em tais processos, ora como vítima, ora como réus, ora ainda como testemunhas. A partir dessa constatação, resolvemos fazer uma pesquisa sobre o cotidiano de italianos na Vila do Príncipe (1850 – 1900), pela ótica das relações de sociabilidade, onde, com o aprofundamento do estudo, acabou por se ter como tema central o estudo do processo de estranhamento sofrido pelas famílias italianas no território do Príncipe, por parte da comunidade local, na segunda metade do século XIX, como resultante dessa constante presença nesses processos. Para tanto, foram elencados como motivos desse estranhamento o fato de serem comerciantes e usarem da usura como forma de enriquecimento fácil, o fato de trabalharem com o comercio ilícito (trafico de escravo e roubo de jóias da santa padroeira da cidade, á época), bem como o próprio fato de serem estrangeiros, considerados como invasores, portadores de costumes diferentes.

21: Formulações para uma cidade (jardim) tropical

Proponente: Angela Ferreira

Autores: George Dantas

Anna Rachel Eduardo

Grupo de Pesquisa HCURB, Depto de Arquitetura, UFRN

O pensar e o produzir as cidades no Brasil foram marcados por diversas referências que se entrecruzaram amiúde e que, mais ainda, extrapolaram a dimensão puramente técnica do debate. Nesse sentido, é importante observar como certas idéias, temas, conceitos e termos foram apropriados e mobilizados em meio as disputas dos saberes e poderes sobre a cidade. O que significa, por exemplo, na justificativa do seu Master Plan para Natal, a menção do arquiteto Giacomo Palumbo à “cidade-jardim”? Que valores o termo agrega per se? Ele se limita à realização de um sistema de jardins públicos, de amplos gramados, arborização urbana e, como corolário, sombras aprazíveis? Esta comunicação pretende portanto entender as mediações que aí se confrontam a partir de uma discussão sobre os processos de transferência e circulação de idéias e modelos urbanísticos no Brasil, no caso específico das cidade-jardim. Para entender a materialização deste processo, propõe-se três eixos investigativos: a concepção de planos gerais por engenheiros politécnicos (como instrumentos que viabilizariam o ideal de cidade moderna e salubre nos trópicos); a criação de bairros-jardins como partes integrantes destes projetos e essenciais para se pensar a cidade como um todo (a partir do novo desenho urbano e dos benefícios das áreas verdes); e a proposta destes bairros como núcleos isolados na cidade (em parte, ícones de valorização do mercado imobiliário). Parte-se do princípio que a discussão desse processo inclui, por um lado, a emissão (ou o emissor) das idéias e, por outro, o receptor (ou leitor) destas que se encontram imersos num ambiente técnico e cultural pré-existente que ampara e credita os novos conceitos.


 

GT-12: RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE

Coordenadores:

Orivaldo P. Lopes Junior

E-mail: orivaldojr@matrix.com.br

Maria Lucia Bastos

E-mail: mluciabastos@bol.com.br

Departamento de Ciências Sociais

Local: Setor de Aula II, sala G2

O novo milênio trouxe consigo uma nova composição no quadro religioso da sociedade mundial e de modo notável no Nordeste brasileiro. No quadro que se apresenta, cresce simultaneamente o secularismo e a religiosidade privatizada, forjando novas formas de espiritualidade. Devido ao lugar que tal fenômeno ocupa na sociedade, seu estudo tem sido privilegiado nas ciências humanas, tendência só mais recentemente seguida na academia norte-riograndense. Estamos propondo um grupo de trabalho que dê oportunidade à apresentação da produção acadêmica nas mais diversas facetas do estudo da religião, como identidade, ritos, mitos, saúde, gênero, globalização, etc. e com isso dinamize futuros estudos, criando uma rede entre os pesquisadores da religião e da espiritualidade. O grupo de discussão “espiritualidade, saber e arte” vinculado ao GRECOM (Grupo de Estudos da Complexidade), vem se reunindo sistematicamente há dois anos. Com a proposta deste GT, o grupo pretende ampliar as redes trans-disciplinares e inter-institucionais de estudos da religião e espiritualidade, não restrito às Ciências Sociais, mas incluindo qualquer área de estudo que se interesse no tema.

Primeiro dia

01. O MOVIMENTO SEBASTIANISTA NO BRASIL - RAZÕES E CONTEXTO DE SEU SURGIMENTO

Otaviano Lacet de Lima Segundo

O movimento messiânico sebastianista surgiu na Portugal do séc. XVI como resposta a crise sócio-econômica e de poder vivida na época. Com a morte de Dom Sebastião durante a batalha de Alcácer-Qibir (Marrocos), assim como pelo desaparecimento de seu corpo jamais encontrado, mitos foram tecidos em torno de sua figura fortalecendo a idéia – já presente em vida – deste como sendo o redentor do povo português. A esperança de retorno do rei – que acreditavam ter sido encantado por uma feiticeira moura – simbolizava na verdade o anseio pelo restabelecimento da soberania nacional – tomada pelos espanhóis – assim como a volta dos tempos áureos da nação. Dom Sebastião encarnava assim o poder transformador próprio dos heróis mitológicos. Apesar do sebastianismo estar presente no Brasil desde o séc. XVI – graças aos portugueses que aqui se estabeleceram – somente no séc. XIX este surgiu em nossas terras com a força de movimento organizado, precisamente no sertão de Pernambuco. O fato ocorreu apenas nesse momento porquê precisamente nele se deu à repetição das mesmas condições e situações de crise experimentadas por Portugal quando do surgimento da crença sebastianista. Deste contexto nasce o ‘sebastianismo brasileiro’, que culminará com o evento do ‘Massacre da Pedra do Reino’.

02. O SANTO DO PURGATÓRIO: O MAL COMO CONSTITUINTE DO HUMANO

Kesia Cristina França Alves

A simbologia cristã, em particular da Igreja Católica, é um campo fértil para a reflexão sobre os aparentes paradoxos produzidos pela dialética entre o bem e o mal e a força propulsora desses valores para as ações sociais. Um caso ocorrido aqui no Rio Grande do Norte é um fenômeno que em particular facilita o caminho para este tipo de abordagem. A história de José Leite Santana, vulgo Jararaca, um cangaceiro assassinado por policiais em 1927, na cidade de Mossoró e que hoje é cultuado como santo no catolicismo popular. Na (re)construção do mito dilui-se, ou desloca-se a noção do que se convencionou chamar de mal. A pesquisa segue no caminho de perceber o mal enquanto interpretação e, como tal, indispensável ao jogo social.

03. A ARTE RUPESTRE COMO EXPRESSÃO COMUNICATIVA DA CULTURA

Gerlúzia de Oliveira Azevedo Alves

As populações humanas que constituíram suas singularidades culturais Antes do período da escrita alfabética fizeram das imagens seu código de comunicação predominante. Num artifício de duplicar os utensílios, os animais e o próprio indivíduo, essas populações acabaram por nos legar uma forma de comunicação cujos contextos e detalhes foram e continuam sendo um enigma a ser decifrado. Partindo deste argumento, caminhamos na direção de construir, a partir da leitura das imagens, campos de compreensão do cotidiano e da história de grupos culturais que nos antecederam. Como num jogo de quebra-cabeça, a diversidade das imagens rupestres compõe um mosaico que perfaz uma totalidade aberta, mas possível de ser retotalizada pelos conjuntos iconográficos. Ao tomar como parâmetro o bricoleur que constrói o seu projeto a partir de materiais que encontram a sua disposição, procuramos nas imagens deixadas em formações geológicas, para articular indícios do que pode ter sido a configuração da cultura e a cosmovisão dos habitantes, temporários, da área conhecida hoje como Complexo xique-xique que está localizada próximo a cidade de Carnaúba dos Dantas/RN. O discernimento de aspectos da arte rupestre, entendendo-a como forma de comunicação que expressa o cotidiano de nossos antepassados, costumes, crenças e valores simbólicos da cultura, é uma forma de elucidar e interpretar, também, nossa própria história.

04. MIDIANIZAÇÃO DOS MITOS CRISTÃOS: DA GÊNESE Á BANALIZAÇÃO

Eliude Gomes Buarque de Souza

Dentro de uma perspectiva interdisciplinar dos Estudos da Religião, com fundamento nos estudos fenomenológicos do mito, esta pesquisa se propõe a uma reflexão sobre o cristianismo nos dias atuais. Partindo do pressuposto de que o cristianismo é o grande fenômeno religioso que caracteriza o ‘sagrado’ da civilização moderna ocidental, e a mídia televisiva seu agente disseminador, nossa proposta é analisar como este fenômeno se evidencia em modelos ‘massificados’ de propagação. Para esta compreensão, buscaremos analisar o cristianismo, dentro da perspectiva do “Mito Vivo”, aquele que vive e revive a história sagrada, vivenciada pelos modelos exemplares, e que, “revelada” ao homem, pode ser preservada, transmitida e repetida de maneira infinita, em todo o seu percurso fenomenológico, e refletir acerca das ‘infantilizações’ que lhe são acometidas, quando submetidas a propagações midiático-televisivas. Com esta análise, é possível inferir a hipótese de que, como mito, sobrevive, porém ao passar por um processo de ‘massificação”, ele se descaracteriza.

05. UMA FENOMENOLOGIA DA LUZ

Anaxsuell Fernando

É a luz que nos permite perceber o mundo ao redor. A luz é uma das formas pelas quais a energia se manifesta, Graças à radiação luminosa, nossos olhos percebem, com exatidão, formas, tamanhos, cores, movimentos. Desde a Antiguidade, os físicos vêm tentando investigar a natureza da luz, mas ainda não se conseguiu estabelecer princípios que expliquem a totalidade dos fenômenos luminosos. Tudo é criado a partir da luz, além de produzir o universo físico, ela é responsável por suas permutações. As duas grandes mudanças históricas da física no século XX (teoria da relatividade e mecânica quântica) estão relacionadas com a luz. Este impulso da ciência ajuda a compreender a imagem da luz. As tradições religiosas valem-se dela para ajudar na compreensão das experiências subjetivas, tornando-a uma metáfora universal para a divindade. Partindo da trajetória das descobertas cientificas relacionadas à luz; o presente trabalho pretende discutir a importância deste símbolo nas tradições religiosas.

06. ESPAÇO SAGRADO

Priscila Vieira

O espaço sagrado é um lugar que pode instigar muitas emoções. Lugar de adoração, reflexão e comunhão. Esse lugar é revelado ou descoberto pelo homem. Ao tirar as sandálias dos pés para pisar em solo santo, Moisés simbolizou uma atitude que o fiel deve assumir quando entra no lugar sagrado. Esse ritual remete uma separação de limites entre o espaço sagrado (cosmizado) e o espaço profano (desorganizado).Os templos são a manifestação física de uma relação íntima do seres humanos com o sagrado, por isso, vê-se edificações suntuosas simbolizando o lugar sagrado, das orações, da comunhão e das cerimônias rituais. Vemos indicações de mudanças quanto à manifestação da fé no quadro religioso atual. O secularismo e a racionalização das religiões possibilitou uma mudança do espaço sagrado. Qualquer lugar pode ser escolhido para expressar a união com o sagrado. Os shows e cultos evangélicos acontecem em ginásios de esporte, auditórios, clubes, salões, galpões, etc. A música, em particular, a música gospel, afirma essa mudança em suas alternativas distintas de apresentações. A mudança de espaço não mostra apenas uma mudança física, mas principalmente, uma mudança social, cultural e religiosa. Conseqüências do processo de sistematização das novas formas de espiritualidade do mundo ocidental. Como se expressa as modalidades de cosmização e consagração dos espaços sagrados e profanos? Como se constrói o espaço sagrado e por que a mudança ou a escolha pelos cenários profanos nos rituais cristãos?

07.A MÚSICA GOSPEL E O NEGRO ESPIRITUAL: A INFLUÊNCIA DA POESIA ESCRAVA AMERICANA NO CONTEXTO RELIGIOSO BRASILEIRO

André Gustavo Gomes Buarque de Souza

O presente artigo tem como objeto de reflexão a influência da poesia escrava americana, que interferindo no modelo musical dos espaços religiosos brasileiro, propõe, através da música ‘gospel’, novas formas de se conceber o ‘sagrado’. A principal intenção deste artigo é refletir como este estilo musical, apercebendo-se da ‘comunicação sensitiva’, interage com as emoções humanas e proporciona ‘o alívio’ espiritual. Entendendo que este estilo adveio do lamento do escravo nos Estados Unidos, que buscou na música o consolo pela perda da liberdade, nossa proposta é estabelecer parâmetros de comparação entre este estilo poético, que irrompe como fenômeno ‘espiritual’, trazendo consigo a influência do cântico negro afro-americano para os espaço religiosos, até então delimitados pela música anglo-saxônica.

08. RELIGANDO OS SABERES DA CIÊNCIA E DA ESPIRITUALIDADE

Maria Tereza Penha de Araújo Silva

Pretende-se dar uma panorâmica dos caminhos percorridos pela ciência e pela espiritualidade durante o período da Renascença, bem como a cisão entre essas duas áreas de conhecimento humano. Pretende-se ainda mostrar que apesar de todo o empenho da cultura moderna para banir o Sagrado, através de um trabalho de dessacralização e secularização filosófica e tecnológica, procurando explicar tudo pela razão, desligando o homem da religião não foi de todo eficaz. Mas, ao contrário, o que ocorreu foi um despertar do Sagrado em grandes proporções e nas mais variadas formas de expressão. O capítulo finaliza procurando mostrar que não há necessidade de um duelo entre a ciência e a espiritualidade; que é possível um dueto, pautado na interpretação, em nível antropológico, e não na tentativa de explicação.

Segundo dia

09. A VISÃO DOS ACARIENSES EM RELAÇÃO AOS EVANGÉLICOS DA IGREJA ASSEMBLÉIA DE DEUS

Francisco Flávio Epifânio

Nesta pesquisa pretendemos analisar os discursos que construíram a visão preconceituosa da população de Acari em relação aos evangélicos da Igreja Assembléia de Deus. Discutiremos as fontes históricas que explicam a conduta ética dos evangélicos da Igreja Assembléia de Deus. Destacaremos usos e costumes dos evangélicos considerados “diferentes” pela sociedade e que geram preconceitos. Analisaremos a postura dos evangélicos da Igreja Assembléia de Deus diante da visão preconceituosa de moradores da cidade. A partir dessas proposições iniciais, pretendemos dar início a pesquisa bibliográfica documental e oral – para esse fim, fará parte da pesquisa entrevistas com pessoas de diferentes faixas etárias, ou seja, cidadãos acarienses que vão da juventude à terceira idade – com a finalidade de acrescentar novas informações à literatura que trata sobre religiosidade no Brasil, especialmente sobre a história da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, apresentando assim,algumas respostas que ajudem a esclarecer certas indagações que têm sido levantadas a respeito do referido assunto.

10. BATISTAS REGULARES: UMA EXPRESSÃO RELIGIOSA DA MODERNIDADE

Francisco Jean Carlos da Silva

As Igrejas Batistas Regulares, instaladas desde 1938 em solo potiguar, têm representado e produzido seu discurso através de suas 50 igrejas espalhadas pelo estado, além de contar com uma Escola Teológica, dois Acampamentos, uma Associação (AIBRERN) e uma Casa de Assistência Espiritual aos Dependentes de Drogas (CAEDD). Esse trabalho tem como objetivo compreender as mudanças do novo perfil religioso do protestantismo brasileiro. Também se faz importante um futuro aprofundamento que possibilite uma reflexão mais apurada do substrato simbólico da espiritualidade dos Batistas Regulares no RN, que pousa sob a herança de um fundamentalismo cristão. Além disso, partimos do pressuposto que de que os Batistas Regulares representam uma das mais perfeitas traduções de um discurso religioso da modernidade e assim, observamos esse agrupamento procurando encontrar em suas doutrinas, práticas e regras de condutas, uma demonstração de que o espírito da pós-modernidade sugere uma nova dinâmica no modelo tradicional da espiritualidade das Igrejas Batistas Regulares deste Estado.

11. NOVOS MOVIMENTOS COMUNITÁRIOS

José Roberto Oliveira dos Santos.

Do século XX até hoje o mundo tem passado por transformações céleres. As relações entre os seres humanos, e estes com o meio-ambiente tem sofrido mudanças drásticas que comprometem a qualidade de vida de todo o planeta. Neste contexto, iremos refletir sobre a relação comunitária. Como ela na sociedade tradicional/rural se apresenta “natural”, tácita; como na sociedade industrial/urbana foi desfeita essa relação “natural”; e atualmente, a retomada desse ideal comunitário por alguns grupos. Tendo como ponto de base o seguinte problema: de que maneira está sendo a constituição desses novos movimentos comunitários, especificamente os religiosos? Primeiramente, abordaremos a racionalização técno-científica e a secularização relacionando-as ao mito prometeico. Depois, introduziremos a questão do pluralismo cultural e religioso. Para então tratarmos do surgimento de novos movimentos religiosos comunitários na atualidade. Na reflexão e compreensão desse problema utilizaremos como fundamento teórico a perspectiva de Peter Berger, Anthony Giddens, Aldo Natale Terrin e Zygmunt Bauman, no intuito de apontarmos indicativos para discussão em grupo.

12. SERIAM OS MIDI-ÁTICOS, CHARISM-ÁTICOS?

Eliude Gomes Buarque de Souza

O presente artigo tem como objetivo fazer uma análise da palavra ‘carismático’, interpretando, com a perspectiva epistemológica do termo, sua aplicabilidade no tipo social ‘‘homem-carisma’’. E, sob a égide desta análise, examinar as premissas atuais, requeridas ao ‘personagem carismático’, quanto se adequar a ‘um modelo de sucesso’ nos espaços organizacionais, dentre eles a mídia televisiva. Seguiremos três linhas de raciocínio: a primeira, premissa fundadora de nossa investigação, diz respeito à utilização do neologismo Paulino ‘carismático’ por Max Weber, quando procedeu às análises sobre a ‘liderança carismática’ no trabalho “tipos puros de dominação social”; a segunda, contextualizada por um recorte, reflete e legitima as refutações que Pierre Bourdieu faz a Weber no texto ‘Uma interpretação da teoria da religião de Max Weber’; na terceira, foco de nossa maior atenção, propomos uma reflexão do termo ‘charisma’ a partir de uma pesquisa do léxico grego, de forma a refletir a interpretação que adveio ao uso da expressão, que, por técnicas de oralidade, domínio de público, linguagem persuasiva e magnetismo pessoal, impingiu à palavra ‘carisma’ uma pseudo-caracterização, que lhe conferiu um sentido banalizado.

13. A IMPORTÂNCIA DA RELIGIÃO NA PÓS-MODERNIDADE

Edivaldo Correia Bastos

Este trabalho resulta da reflexão colhida das circunstâncias históricas geradas a partir da “ilustração iluminista” que gerou a modernidade, cujos resultados, em pleno esplendor tecnológico, surpreende aos que previam o desaparecimento da Religião. Como ser globalizado, do alto de seu status mais elevado como criador, o ser humano rende-se a Religião deixando perplexos os vaticinadores de seu fim. A proposta é mostrar que o fator religioso é um dos componentes essenciais da personalidade humana. A dimensão religiosa, apesar de ter sido marginalizada na modernidade continua a orientar o ser humano no descobrimento do seu verdadeiro sentido existencial. Por isto, para remediar a herança vazia, angustiante e desesperadora da sociedade produtora e consumista, acrescenta a prática da religião. Num sentido geral, a religião significa a relação moral que une o homem a Deus através da inteligência e vontade que, por sua vez, se baseiam na relação física e ontológica, pela qual toda a criatura depende inteiramente do criador. É possível, dentro da crítica pós-moderna à racionalidade iluminista afirmar que, como criatura racional, dotado de inteligência e vontade, o homem para não quebrar a ordem do universo, que exige inter-relação de criatura-criador, de filho-pai e servo-dono, deve reconhecer intelectualmente as relações morais que ligam a Deus, como criador e, conseqüentemente, através da sua vontade, ordenar toda a sua atividade livre de tal forma a prestar a Deus o culto que lhe é devido?

14. HÁ VIDA NO CÂNCER: EXPERIÊNCIAS DE UMA VIDA TRANSFORMADA

Débora Cristina Gomes Buarque de Souza

Nossa proposta tem como foco de atenção um estudo de caso, a partir da experiência vivenciada por um portador de câncer, relatada em um modelo autobiográfico, de forma que possibilite uma reflexão acerca da pessoa, a partir de sua ‘experiência espiritual’ e das interatividades sociais, vivenciada antes, durante e depois da doença. Com a ‘experiência espiritual’, o trabalho ressalta pelo campo de conhecimento da religião, o Mito - o fenômeno social que pode apreender o significado do comportamento do humano diante do sagrado. Através de análises de autores como Mircea Eliade, o trabalho busca refletir o fenômeno da fé como “emancipação absoluta de qualquer tipo de ‘lei’ natural”, que transpõe o homem à ”mais elevada liberdade” que ele pode imaginar, provendo ‘respostas’ e ”garantia de apoio em Deus”, proporciona com isso maior liberdade existencial. Dentro da visão interdisciplinar do fenômeno religioso e do ‘Interacionismo Simbólico’, o trabalho busca percepções mais detalhadas acerca das reações do homem, através dos estudos que diz respeito aos ‘Momentos Charneiras’, proposto António Nóvoa,

15. MATRIMÔNIO E RITOS MATRIMONIAIS – SACRAMENTO OU EXPRESSÃO SOCIOCULTURAL?

Érica Verícia de Oliveira Canuto

A família, enquanto vínculo importante para formação da sociedade, sempre teve como paradigma a existência de um matrimônio. Importa estudar o casamento como possibilidade de formação de vínculos de parentesco. Em si mesmo, ou isoladamente, não é o casamento indispensável à formação da família, considerando-se, inclusive, as mudanças pelas quais tem passado nossa sociedade, reconhecendo a família como plural, formada que é por inúmeros outros vínculos afetivos ou jurídicos, além do casamento. Tal fato, no entanto, não retira do matrimônio o status de paradigma para formação da família. Quanto à forma com que esse matrimônio se realiza, tornando-se válido, não só enquanto vínculo jurídico reconhecido, mas também enquanto vínculo social e relacional entre os interessados, há, culturalmente, a co-existência de ritos matrimoniais, sejam eles impostos pela lei, ou mesmo pela expressão da religiosidade. Embora se percebam certos e determinados ritos e formalidades nas diversas expressões religiosas, onde o casamento é considerado também como sacramento, tais práticas (rituais) não advêm de um comando religioso, senão pela própria expressão sociocultural. O presente trabalho tem por objetivo discutir o matrimônio e os ritos matrimoniais existentes nas mais diversas culturas, enquanto fenômeno sociocultural, importante para formação do núcleo social de família. Também tem por objetivo discutir a existência de diversos arranjos familiares como expressão sociocultural, confrontando a visão dos grupos religiosos a seu respeito.

 

GT-13: JORNALISMO ECONÔMICO E REALIDADE SOCIAL

Coordenadores:

Adriano Lopes Gomes

E-mail: adrianogomes@cchla.ufrn.br

Luciano Ferreira Oseas

E-mail: lucianoferreira@cchla.ufrn.br

Departamento de Comunicação Social

Local: Auditório de Comunicação

Este GT pretende reunir trabalhos que mantenham estreita relação entre a epistemologia do Jornalismo Econômico e a construção social da realidade através das notícias veiculadas pela imprensa. Tem por objetivo problematizar o cotidiano e refletir sobre as rotinas de produção da notícia, adotando as editorias de Economia como delimitação de estudo, qualquer que seja o suporte midiático. Apresenta-se como uma proposta transdisciplinar de interação de conhecimentos, no âmbito do jornalismo especializado, tendo em vista a necessidade e a relevância de se priorizar assuntos que incidam diretamente sobre a atividade jornalística e o enfoque sistêmico da Economia.

01. Jornalismo e Economia: transdisciplinaridade a serviço do conhecimento

Albery Lúcio da Silva

Bolsista de Iniciação Científica/Pesquisador

Adriano Lopes Gomes

Orientador/Docente UFRN

A busca pelo conhecimento aponta um horizonte cheio de transformações. Nessa procura, as ciências têm a oportunidade de dialogar entre si, até surgirem novos conceitos. Quando Jornalismo e Economia se unem à procura de explicações para o desenrolar dos acontecimentos, nasce uma forma de desvendar a realidade social. Com o objetivo de analisar como ocorre o processo transdisciplinar do conhecimento nesses dois ramos científicos, está em desenvolvimento o presente trabalho de pesquisa. O estudo apresenta-se em caráter inicial e pretende acompanhar a construção do saber durante o Curso de Especialização em Jornalismo Econômico, promovido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A metodologia utilizada foi a aplicação de questionários. Como resultado dos dados obtidos, percebemos a carência de um maior aprofundamento na área econômica por parte dos profissionais que já atuam do segmento.

02. Conjuntura Brasileira e Expectativas Econômica e Política

Luiz Carlos Santos Júnior

Departamento de Economia

A demanda agregada - que é sensível a curto prazo - pode ser aumentada através do incremento no consumo das famílias, investimentos e gastos governamentais. Esse conjunto de fatores, por sua vez, pode ser elevado através de uma modificação na taxa de investimento, para cima. Dessa forma aumentar-se-ia o nível de emprego e o Governo Lula cumpriria o prometido nas últimas eleições. Por que então não se altera tal taxa? Para a síntese deste artigo foi utilizada a pesquisa bibliográfica, através de uma visão macroeconômica sobre a notícia chegada aos receptores da informação. O Governo Lula não altera a taxa de investimento porque considera a estabilização da economia prioritária em relação ao crescimento. A preocupação gira em torno da incerteza frente à inflação, além da dívida externa, que pode aumentar através do uso de mecanismos desenvolvimentistas-estatistas. Há dois possíveis rumos para a economia brasileira: especula-se a possibilidade de uma volta ao populismo, já que o Governo atual não vêm cumprindo suas promessas quanto a números (emprego, salário mínimo etc); ou se pode manter o uso de ferramentas ortodoxas de ajuste fiscal e estabilização - o futuro é incerto.

03. Carcinicultura em Barra de Cunhaú: Desenvolvimento econômico para os grandes, esperança para os pequenos

BRENO PERRUCI DE PAIVA

Aluno da especialização em Jornalismo Econômico

O trabalho pretende abordar jornalisticamente a atual realidade econômica da Praia de Barra de Cunhaú, transformada há alguns anos, após a instalação de várias grandes empresas carcinicultoras. Pudemos acompanhar o processo evolutivo da atividade no local, bem como as mudanças no estilo de vida dos nativos, que antes viviam da pesca e hoje trabalham quase nos criadouros e laboratórios. A questão é que o desenvolvimento não foi sentido pelos trabalhadores. Eles apenas mudaram de profissão, sem conseguir melhorar de vida de forma considerável.

04. Mídia e economia: paradoxos do desenvolvimento econômico potiguar

Edwin dos Santos Carvalho

Aluno da especialização em Jornalismo Econômico

Diariamente, o noticiário exibe o resultado de tabelas, números e gráficos que comprovam o crescimento da economia potiguar. As manchetes dos jornais apontam para uma fase de intensa evolução dos indicadores econômicos do Estado, seja pelo aumento do fluxo de turistas ou por mais um recorde nas exportações. Mas de que modo a imprensa contribui (u) para esse crescimento e que mudanças tal avanço trouxe para a sociedade? Esta reflexão teórica se propõe a discutir o papel do jornalismo econômico na construção deste novo cenário de progresso e desenvolvimento que se forma no Rio Grande do Norte.

05. O Jornalismo econômico na Inteligência Competitiva

Érika Zuza

Aluno da especialização em Jornalismo Econômico

Um dos métodos usados pelas organizações para coletar, analisar e disseminar informações para tomada de decisão no nível estratégico é a Inteligência Competitiva. A IC visa gerir o conhecimento da organização acerca dos ambientes interno e externo, além de buscar informações sobre os concorrentes. As informações coletadas geram conhecimento que, sendo aplicado em beneficio da organização, transforma-se em inteligência, uma vantagem competitiva. Entre as fontes lícitas para a aquisição de informações está a imprensa. Este trabalho visa analisar o jornalismo econômico na atuação dos programas de inteligência competitiva nas empresas.

 

GT-14: COMUNICAÇÃO, CULTURA E MÍDIA

Coordenadores:

Moacir Barbosa de Sousa

Gerson Luiz Martins

E-mail:  gmartins@cchla.ufrn.br

Departamento de Comunicação Social

Local: Setor de Aula II, sala A4

Este GT é um espaço de discussões teóricas no qual serão aceitos trabalhos de pesquisa que estabeleçam relações conceituais de estudos contemplados nesse eixo temático, além da relevância e pertinência com a área de concentração. Os trabalhos devem refletir aspectos relacionados ao fenômeno da comunicação e suas implicações na cultura das mídias, observando-se coerência, fundamentação bibliográfica e consistência do ponto de vista epistemológico.

Primeiro dia

01. O mito ninfeta na cultura dos meios de comunicação

Lindinês Barros

A sexualidade é um tema que está sempre abordado nos meios de comunicação de massa, e em virtude da própria dimensão e do alcance dos mesmos, falar sobre a sexualidade traz uma ampla discursão para ser explorado, e quando este tema se assenta na mídia televisiva os questionamentos ganham uma efervescência ainda maior. Pretendemos analisar como esta temática é representada, e que paradigmas são tomados para ser difundida na nossa sociedade através dos meios de comunicação. Salientamos que no meio televisivo o símbolo da sensualidade/sexualidade e erotismo, em muitas vezes, é representado através do mito da ninfeta dentro do nosso contexto sócio-cultural. Diante da representação da sensualidade/sexualidade através da imagem da ninfeta, analisaremos como ele está presente e como foi incorporado na nossa cultura, se deslocando do imaginário até suas materializações em peças da mídia nacional, como por exemplo, a mini-série Presença de Anita exibida na Rede Globo; na novela Laços de Família (2000) a personagem Íris; na novela Celebridade (a personagem Darlene); recentemente na novela América (a personagem Lurdinha) interpretada por Cléo Pires. Esses exemplos materializam este mito através dessas expressões comunicativas, que ao mesmo tempo configura-se enquanto linguagem, para abordar a temática da sensualidade/sexualidade. Dentro desses campos empíricos citados, iremos direcionar a nossa problemática na mini-série Presença de Anita, por considera-la a peça comunicativa que sintetizou e construiu de forma bem visível este mito da ninfeta. Teremos como referencial do mito da ninfeta a obra de Vladimir Nabokov, Lolita, considerada uma das obras mais polêmicas da literatura contemporânea, por ser um romance muito arrojado para moral vigente na época. Observaremos na mídia nacional como Lolita é representada e resignificada dentro da cultura brasileira.

02. Desafios para a mídia educação: comunicar, informar e educar

Denise Accioly

O objetivo do trabalho é refletir sobre os desafios da mídia educação. A linguagem audiovisual predominante na mídia, sobretudo na televisão, é conseqüência da aceleração no trânsito de informações, proporcionada pelo avanço tecnológico e se fundamenta na imagem, que é a forma mais poderosa de comunicação. Cada novo meio de comunicação incorpora a linguagem do anterior, melhorando e abrindo novos espaços. Assim, a televisão adotou a linguagem do jornal, do rádio e do cinema, utilizando-as de maneira mais ampla e eficaz, principalmente com a introdução de novas tecnologias. A partir desta reflexão é preciso pensar no espaço que a mídia pode ocupar dentro da escola, não só fisicamente, mas em todo o universo conceitual da educação, em toda forma de reflexão sobre o que seja educar. O novo conceito de educação para o século XXI inclui a leitura dos meios como parte de uma nova ordem mundial. O termo educação para a mídia pode receber diferentes nomeações que dependem das diferentes tradições e teorias pedagógicas em diversos paises. Tem sido chamada de “educação para a compreensão da mídia”, “educação para a conscientização da mídia”, “compreensão visual da linguagem” e “educação para a mídia”. Segundo Maria Luiza Belloni, autores brasileiros utilizam o termo “mídia-educação” ou “educação para as mídias”, que se refere à dimensão “objeto de estudo” e tem importância crescente no mundo da educação e da comunicação. De acordo com Lúcia Santaella a palavra mídia utilizada no Brasil tem origem do termo medium (singular) e media (plural) que significam meio e meios. Em inglês, os termos são usados para designar um meio (medium) e os meios (media) de comunicação.

03. Rádio e voz: a higiene vocal dos locutores natalenses

Adriano Charles da Silva Cruz

A voz é um dos principais componentes da comunicação humana. O radialista, como locutor, é um profissional da voz, por excelência, utilizando-a como maior instrumento de trabalho. Sendo assim, esse estudo tem por objetivo geral diagnosticar os hábitos vocais dos locutores das rádios FM de Natal além de apontar a necessidade de ser ter uma boa higiene vocal. Inicialmente, foi realizada uma pesquisa quantitativa, por amostragem, onde foi aplicado um questionário de questões fechadas, respondido pelos locutores de três rádios FM de Natal: FM Universitária, 96 FM e Rádio Cidade. Elas foram escolhidas em função da disponibilidade dos locutores em responder o questionário e, também, porque englobarem programas variados com diversos estilos de locução. O questionário foi aplicado a dez locutores; esse número foi escolhido por representar uma mostra significativa dos locutores de FM da cidade. Todas as perguntas referem-se a atitudes relacionadas à higiene vocal. Além disso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Após a analise dos dados constatou-se um baixo nível de conhecimento vocal e uma deficiência na prevenção de problemas de voz, já que a maioria dos entrevistados não tem o hábito de procurar especialistas para diagnosticar possíveis doenças ou atitudes inadequadas.

04. O onírico e o efêmero no pós-guerra: cultura de consumo no Recife entre os anos de 1950 e 1960

Marcos Arraes

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945, e a conseqüente “bipolarização” do mundo entre os lados vitoriosos, boa parte do mundo ocidental caiu sobre a influência econômica e política dos Estados Unidos capitalista, que, em luta contra o “medo vermelho”, representado pela URSS, iniciam uma política de pesados investimentos em novas formas de propaganda para a divulgação de um ideal de liberdade que, segundo queriam fazer acreditar, se atingia com a sociedade capitalista. Nesta, as pessoas, “diferentes por natureza”, poderiam ter a livre escolha de adquirir aquilo que melhor atingia a suas necessidades. Dentro desse panorama, nasce, nas pessoas comuns, não sem um certo conflito, novas formas de entender o mundo, novas formas de se relacionar, de necessidade, de ser, de prazer. É a emergência de um mundo pós-moderno, segundo alguns filósofos, no qual se verifica a exacerbação e institucionalização social do hedonismo moderno ou do prazer obtido a partir de imagens construídas mentalmente. A mercadoria tornou-se um fetiche, para usar a idéia de Marx e o ter e o ser se fundem, sendo um necessário e mesmo imprescindível para a obtenção do outro. Buscaremos, então, apresentar nosso plano de pesquisa de fazer um breve apanhado das negociações das elites recifenses na aceitação dos valores culturais divulgados pelo bloco capitalista, a partir da(s) lógica(s) do consumismo nos limites do espaço e tempo dados. Para tornar tal objetivo mais claro, tentaremos, na pesquisa, diferenciar o consumo pré-industrial que busca apenas a satisfação das necessidades, e o consumismo pós-moderno, ligado à dimensão do desejo, explicitando a relação entre o consumo de produtos e a aquisição de princípios e valores culturais imanentes a estes produtos como legitimadora da dominação imperialista.

05. Cultura em quadrinhos

Carlos Macedo

Uma pesquisa realizada por Serpa e Alencar publicada na revista Nova Escola, nº 111, de abril de 1998 mostrou que 100 % dos alunos pesquisados gostavam de ler histórias em quadrinhos (Calazans, 2004). Conhecidas preconceituosamente apenas como forma de entretenimento, as HQs também podem ser usadas com outros fins, como a transmissão da cultura por meio da quadrinização de livros clássicos. A Editora EBAL, já em 1948, lançou a coleção Edição Maravilhosa, com adaptação de romances estrangeiros, e a partir de 50, passou a trabalhar com romances nacionais, estreando a coleção com "O Guarani", de José de Alencar. A coleção deixou de ser publicada em 1964, após mais de 200 edições (Cirne et al, 2002). O projeto experimental "Cultura em Quadrinhos" tem um pouco disto. Só que ao invés de quadrinizar obras consagradas, o trabalho pretende resgatar as lendas nacionais, tão importantes para a identidade de um povo. O nosso público alvo são as crianças e os adolescentes para que logo cedo despertem o interesse pela área.

06. Poti de saudades e lembranças: o radiodocumentário como instrumento de reconstituição da memória

Edivânia Rodrigues

Este radiodocumentário é proveniente da pesquisa Mídia e Memória: um estudo dos documentos sonoros das emissoras de rádio da cidade do Natal (1941-1955) fundamentada no método da História Oral. As narrativas orais reconstituem a história da Rádio Poti, delimitando o surgimento, episódios, atores sociais e grade de programação da emissora, contextualizada nos programas de auditório, de humor, radionovelas e radiojornalismo. Os resultados preliminares da pesquisa sobre a emissora foram formatados na linguagem dinâmica e simples do documentário. “Poti de Saudades e Lembranças”, composto de texto do locutor, sonoras produzidas, depoimentos e efeitos de sonoplastia, caracteriza-se como um instrumento que possibilita a reconstituição da memória radiofônica Potiguar.

Segundo dia

07. Educação pelo rádio – um estudo de caso

Konia Racheqelle e Antonio Eufrazio Neto

No Brasil, o rádio e a educação estiveram associados nos primórdios do veículo Roquette Pinto, fundador da primeira emissora de rádio no país (embora registrem-se divergências acerca do assunto, já que os Pernambucanos clamam para si a primazia), defendia a transmissão de edu8cação e cultura pelo rádio como estratégia para erradicar o analfabetismo no país. Antropólogo, Roquette dizia que o homem brasileiro não precisava ser estudado, mas educado. Ao doar os equipamentos e a estrutura já montada da Rádio Sociedade à União, ele não imaginava a mudança de rumo que o veículo tomaria a partir dos anos 1930 com a popularização dos programas e a apropriação do meio pelo governo Vargas. O rádio, então, adquiriu um tom apologético dos feitos governamentais. Hoje, o veículo está voltado para o entreteniumento, visando ao lucro fácil dos donos de concessões. O objetivo do trabalho, é conhecer o papel do rádio na educação popular, como o Movimento de Educação de Base, cujos expoentes no estado, nos anos 1960, foram as emissoras de Educação Rural de Natal, Mossoró e Caicó.

08. Prolegômenos para uma teoria da análise discursiva aplicada à Comunicação Social

Sheila Accioly

Este artigo propõe uma possível aplicação da metodologia da análise do discurso ao campo da Comunicação Social e do Jornalismo, inovando a abordagem a partir das teorias do imaginário.

09. Rádio e Educação: a experiência do MEB de 1961 a 1965

Aidil Brites Fonseca Guimarães

Orientador: Adriano Charles da Silva Cruz

O trabalho a ser apresentado tem por objetivo resgatar a história da utilização do rádio no Movimento de Educação de Base, MEB, no período de 1961 a 1965, ou seja, nos primeiros anos de sua existência. O MEB nasce como uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, a partir da expansão das Escolas Radiofônicas que pretendia educar o homem do campo através do rádio. Na época, esse era o veículo mais moderno e de maior penetração social. Para tanto, foi feita uma reconstituição histórica do Movimento, utilizando o método da história oral apresentado por Jacques Le Golff, através da realização de entrevistas com os atores sociais, divididos entre monitores, idealizadores e líderes do Projeto. Além disso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental. Esse estudo, justifica-se pela escassez de trabalhos sobre o tema no curso de Comunicação Social e pela necessidade de se resgatar a contribuição histórica do Projeto na educação brasileira , já que o MEB existiu a partir de uma experiência pioneira desenvolvida no Estado e, posteriormente, ampliada nacionalmente. Após essa pesquisa, percebeu-se que, através do MEB, o rádio tornou-se um instrumento importante na formação das consciências, na promoção da pessoa humana e na transformação social. Verificou-se ainda, que os meios de comunicação social podem ser ferramentas fundamentais para a educação em massa.

10. As rádios comunitárias como espaço de alternativa popular

Alexandre Ferreira dos Santos

As rádios comunitárias podem desempenhar um papel muito importante no desenvolvimento da cidadania. Quando geridas democraticamente representam o espaço do cidadão. O espaço em que a pessoa e suas organizações coletivas, de uma dada localidade, podem se apropriar de um canal de comunicação e colocá-lo a serviço dos interesses e necessidades da comunidade.este trabalho visa discutir a importância das rádios comunitárias na construção da cidadania, estimulando a cultura local e atuando como instrumento a serviço da democratização da comunicação por isso, levanta alguns questionamentos e mostra-se de extrema relevância uma vez que as rádios comunitárias estão cada vez mais presentes nas pequenas cidades e grandes centros, um estudo como esse poderá fornecer subsídios para uma avaliação mais consistente desse novo panorama da comunicação social no Brasil, mais especificamente em Natal e na Grande Natal.

11. Publicidade e ideologia: representações do feminino e do masculino na publicidade

Dalvacir Andrade

Este estudo busca uma interpretação da publicidade, de forma a retirá-la do campo das análises sobre o consumo de bens materiais e o modo de produção capitalista, para focalizá-la em um espaço mais amplo, que se desenrola na cultura, nas representações sociais e na ideologia da sociedade, na qual a publicidade se apresenta. Partimos dos pressupostos de que a publicidade se configura como um artefato cultural, que, encontrando, nas práticas cotidianas, os objetos para a sua materialização, se relaciona com a ideologia, uma vez que difunde padrões, costumes etc., divulgando significações que são consumidas em níveis maiores que os próprios produtos anunciados. Nesse sentido, a partir da questão da relação entre os sexos - tema bastante apresentado na publicidade -, procuramos investigar como se configuram nesta as representações do feminino e do masculino, mediante a análise de anúncios publicitários.

12. As telenovelas e a representação da classe política brasileira

João Paulo Araújo

O Brasil é um dos principais produtores mundiais de telenovelas. Esse gênero ficcional vem ano a ano consolidando sua posição no cenário cultural nacional e internacional. A despeito da qualidade das produções da teledramaturgia brasileira e da importância que elas representam como cenário de confluência das diversas formas de linguagem, as telenovelas não receberam dos estudiosos da academia o tratamento adequado. Elas ainda são vistas como “arte menor”, ou muitas vezes não são consideradas produções artísticas. Dada a importância que as telenovelas apresentam hoje no cenário cultural brasileiro, este trabalho propõe-se a estudar a forma como as telenovelas retratam um dos principais elementos da sociedade: a política. Mais especificamente, o estudo deve centrar-se na representação da classe política nas telenovelas.

 

GT-15: QUESTÕES AMBIENTAIS NO SEMI-ÁRIDO

Coordenador:

Fernando Moreira da Silva

E-mail: fmoreyra@ufrnet.br

Departamento de Geografia da UFRN

Local: Setor de Aula II, sala B2

O GT objetiva discutir as questões ambientais no semi-árido do Nordeste, bem como conscientização de pesquisas inerentes ao ecossistema e seu estado da arte. Área: Geografia Física, Bioclimatologia, Hidrologia, Meteorologia.

Primeiro dia

01. ANÁLISE PRELIMINAR DAS PROBABILIDADES PLUVIOMÉTRICAS DOS ANOS 04 E 06 NO MUNICÍPIO DE LAJES/RN

Gustavo Szilagyi

Mestrando do curso de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia - UFRN

Professor orientador

Fernando Moreira da Silva

Docente do Curso de Geografia/UFRN

Objetivando dar uma contribuição ao entendimento do fenômeno das secas e por conseguinte, entender a dinâmica climática da pluviometria na região de Lajes, Estado do Rio Grande do Norte, foi realizado um estudo sobre as estimativas mensais dos anos 04 e 06 das chuvas ocorridas em uma série temporal de 9 décadas neste município, coletadas e armazenadas no banco de dados da Empresa de Pesquisa e Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN. Para tanto, fez-se uso de ferramenta computacional e análise dos dados por vias do modelo estatístico, distribuição de Kimball, que nos indicaram probabilidades de ocorrência de intensa pluviosidade (acima dos 600mm) variando na ordem de 35 a 40% nos anos 4, enquanto que para os anos 6, a probabilidade de ocorrência de grandes precipitações é de apenas 10%, o que nos indica uma pré-disposição deste último à ocorrência de secas. Estes resultados probabilísticos indicam que os anos terminados em 04 são de bons invernos, e consequentemente bons para a agricultura, concordando com a crença popular. Este estudo, preliminar, vem nos mostrar que para minimizar os riscos de perdas de safra por conta das secas e, consequentemente, reduzir o avanço das áreas desertificadas na região, se faz necessário um monitoramento e prevenção de fenômenos inerentes à falta de precipitação.

02. A IMPORTÂNCIA DO UMBUZEIRO NA CULTURA SERTANEJA

Marcel Lima Pinheiro

Marcelo de Medeiros Nascimento

Fernando Moreira da Silva

A pesquisa procura mostrar à dinâmica ambiental, fisiológica e cultural do umbuzeiro (Spondias tuberosa), árvore típica da caatinga nordestina, possui esse nome pela importância de suas raízes cultural (do tupi-guarani “ymbu”, que significa “árvore-que-dá-de-beber”). A metodologia utilizada foi um levantamento teórico do ecossistema caatinga, disponível na literatura. Esta árvore possui características de pequeno porte (6m), tronco curto, esparramada, copa em forma de guarda-chuva, vida longa (100 anos), é xerófila, com raízes superficiais que possuem uma túbera (xilopódio) para armazenamento de água e minerais; o caule tem ramos novos e lisos e ramos velhos, folhas verdes e imparipenadas, flores brancas, frutos com diâmetros médios de 3 cm e sementes arredondas e ovaladas. A árvore torna-se “Sagrada no Sertão” (Euclides da Cunha, 1929), principalmente, pela sua capacidade de sobrevivência durante longos períodos de seca, pois os xilopódios armazenam reservas que servem para a nutrição da planta em períodos cítricos da água. O umbuzeiro necessita de algumas características ambientais para se desenvolver, como clima quente, temperatura acima de 18ºC, umidade relativa do ar entre 30% e 90%, insolação anual de 2.000-3.000 horas/luz e uma precipitação média de 400 mm e 800 mm. A planta necessita de solos com boa fertilidade, e necessariamente com boa permeabilidade e bem arejados. Resultados de campo mostram que do umbu representa o mais frizante exemplo de adaptação ao clima semi-árido, chegando a produzir em média 300Kg/ano por péem umbuzeiro nativo. Vale salientar que; nada se perda, polpa para sucos, doces e geléias, casca e folhas para alimentação de animais, caroço para o farinha e/ou ração animal, além disso, o umbuzeiro dá lenha, sombra e “água fresca”.

03. CONDIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS E INSUSTENTABILIDADE NO MANEJO DA CAATINGA NO ASSENTAMENTO HIPÓLITO, EM MOSSORÓ-RN

Apresentadores:

Francisco das Chagas Silva Souza

Jacqueline Cunha de Vasconcelos Martins

Autores:

Gildson Souza Bezerra

Maria do Socorro Moura Paulino

Maria Luciana da Silva Nóbrega

Jailton Barbosa dos Santos

Denílson Antonio Maia da Silva

Elainy Danielle Guedes Pereira

(INTRODUÇÃO) Desde a década de 1970, cresce a preocupação com o modelo de desenvolvimento implementado pelos governos. Estudos reivindicam políticas que se baseiem na sustentabilidade – um crescimento econômico com eqüidade social e prudência ecológica. Na área rural, pesquisas visam analisar a sustentabilidade nas ações públicas de desenvolvimento. No Rio Grande do Norte, nas últimas décadas, foram criados vários projetos de assentamentos de reforma agrária no semi-árido, um bioma devastado ao longo de séculos. Esta pesquisa levantou dados socioambientais e suas implicações no uso da caatinga no assentamento Hipólito, em Mossoró, buscando verificar a possível ocorrência de desenvolvimento rural sustentável. (METODOLOGIA) A escolha desse assentamento deu-se por ser um dos primeiros da região, implantado em meados dos anos 1980. Partindo-se de revisão bibliográfica, foram realizadas entrevistas com 29 assentados, representando 20% da população. Quanto à variável sócio-econômica, observou-se os aspectos: produção, ocupação, renda e qualidade de vida. Concernente à variável ambiental, verificou-se: conservação da fauna e flora da caatinga e análise do solo. (RESULTADOS) A principal atividade econômica é a agricultura de sequeiro, sendo a renda complementada com a venda esporádica da mão-de-obra, além de aposentadorias e programas de assistência social. Os entrevistados asseguraram que a utilização dos recursos naturais da caatinga é feita exclusivamente para a subsistência, contrariando estudos outrora realizados; a agricultura ocasiona impactos negativos ao meio ambiente e o desmatamento desordenado agrava problemas como salinização do solo, desertificação e redução e/ou desaparecimento de espécies endêmicas. (CONCLUSÃO) A realidade da área aponta para a insustentabilidade sócio-econômica e ambiental, verificada pelo estado de pobreza, na maioria das famílias, implicando na qualidade de vida; a falta de políticas que gerem emprego e renda faz com que utilizem irracionalmente os recursos naturais disponíveis. Assim, faz-se necessário um trabalho de orientação técnica e de educação ambiental.

04. O USO DO SATÉLITE CBERS COMO FERRAMENTA EM ESTUDOS AMBIENTAIS NO NORDESTE DO BRASIL

Rodrigo de Freitas Amorim

Fernando Moreira da Silva

Cilene Gomes

Devido aos processos de ocupação o Nordeste brasileiro há muito tempo vem sofrendo com problemas ambientais, tais como: desmatamento, erosão, desertificação, entre outros. Assim, considerando que a região é um ecossistemas frágil, e que devido à forma de ocupação, já se encontra bastante antropizada, é neste contexto que se fazem necessários estudos, técnicas e ferramentas que venham auxiliar no monitoramento e preservação do semi-árido. Uma das principais ferramentas no monitoramento ambiental é o uso de técnicas do sensoriamento remoto, notadamente as imagens obtidas pelo satélite CBRES. O objetivo do trabalho é mostrar a viabilidade do sensoriamento com o uso do satélite CBERS nas questões do semi-árido. A metodologia utilizada foi um levantamento teórico do sistema CBERS, disponível na literatura. Resultados mostram que; atualmente o Brasil já detém de tecnologia em sensoriamento remoto com destaque para o satélite CBERS, uma parceria brasileira e chinesa onde o Brasil responde por 30% e a China 70%. O CBERS tem como maiores vantagens o preço das imagens em média três vezes mais barato, o usuário pode ter acesso as imagens quase em tempo real em relação à passagem do satélite. Uma das características do CBERS é a câmara CCD que fornece imagens em uma faixa de 113 quilômetros quadrados, com resolução de 20 metros. Este sensor leva 25 dias para cobrir totalmente a terra. Isto faz do CBERS uma nova ferramenta nos estudos ambientais, bem como no auxilio para com o planejamento urbano. Um dos maiores benefícios que o domínio da tecnologia em satélite pode trazer, sem duvidas, é a autonomia do país em relação aos países ricos que economicamente, tecnologicamente e belicamente dominam a área.

05. USO DO SPRING EM ESTUDOS AMBIENTAIS NO SEMI–ÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE

Miguel Zanic Cuellar

Manoel Joseane M. Carvalho

Ana Mônica de Britto Costa

Fernando Moreira da Silva

Cilene Gomes

O SPRING é um sistema de processamento de informações espaciais que oferece mecanismos para combinação de diferentes tipos de informações. Com o uso dessa ferramenta, é possível estudar temas urbanos, ambientais, socioeconômicos, rodoviários, de gestão das águas, dentre outros. O clima com seus elementos e fatores impõe ao Rio Grande do Norte o contextualizado fenômeno das secas. A região do semi-árido do Estado é submetida a precipitações pluviométricas torrenciais, concentradas e irregulares, no tempo e no espaço, causando ao norteriograndense, entre outros problemas, a escassez de águas. Considerando que essa problemática é mais política e cultural do que natural, exigindo cada vez mais estudos especializados para subsidiar estudos de impactos sócio-ambientais, bem como nos processos de tomadas de decisões, foi produzido, usando o software SPRING, um mosaico de imagens CBERS e LANDSAT para o estado do RN. Esperamos que os resultados possam ser agregados aos futuros Sistemas de Informações Geográficas (SIG), e assim poder auxiliar nos processos de planejamento regional, políticos e administrativos do Estado.

Palavras-chave: Semi-árido, SPRING, CBERS, Mosaico, Planejamento Regional.

06. GEOGRAFIA DA SAÚDE E MAPEAMENTO DE VETORES ENDÊMICOS NO SEMI-ÁRIDO UTILIZANDO O SISTEMA DE PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES GEOREFERENCIADAS (SPRING)

Luiz Antonio Nascimento de Paiva

A Geografia da Saúde como ramo da geografia estuda a geografia das doenças sob a ótica dos conhecimentos geográficos e no semi-árido nordestino verifica-se um desamparo sobre à vigilância de endemias. Para uma melhor compreensão sobre incidência de vetores endêmicos o conhecimento sobre o ambiente é necessário, levando em consideração características do uso e ocupação humana do solo e suas relações, o ambiente físico e vetor endêmico propagador da doença. Nesse sentido o uso de Sistemas de Informações Geográficas torna-se uma ferramenta importante para ações de planejamento, levando em conta a maior agilidade e precisão para o mapeamento das ocorrências de endemias. A metodologia pode ser bem aplicada utilizando o software SPRING, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em escalas urbanas a partir de 1/15.000, com imagens digitais de fotografias aéreas ou de satélite. Os dados a serem coletados devem ser os municipais através das secretarias de saúde pelos agentes endêmicos para o mapeamento cadastral das ocorrências, com a finalidade de geração de cartas cadastrais temáticas localizando as áreas com maiores incidências. O uso do SPRING demonstra que hoje é possível obter um maior controle de vigilância endêmica a custos relativamente baixos, visto que o software desenvolvido pelo INPE é de fácil aquisição, além de também de executar outras funções além do controle de vetores endêmicos que requeiram Planejamento Urbano e Regional ou Ambiental.

07. CONDIÇÕES BIOCLIMÁTICAS DE PROLIFERAÇÃO DO AEDES AEGYPTI

Bruno Claytton Oliveira da Silva

Eruska Rocha de Sousa

Fernando Moreira da Silva

O projeto versa a respeito de um dos maiores problemas relacionados à saúde pública no mundo, a dengue. A metodologia utilizada se constituiu de um levantamento bibliográfico, além do uso de climogramas. A literatura mostra que: em condições naturais sua proliferação se dá com temperaturas oscilando entre 24º e 28ºC, com uma umidade relativa do ar acima de 70%. Assim, a região tropical é um ambiente ideal para seu desenvolvimento. A doença atinge, atualmente, mais de 100 países por todo o mundo, resultando na infecção de 80 milhões de pessoas, sendo que, desse total, pelo menos 20 mil chegam a falecer vítimas do seu contágio. O Brasil está inserido, geograficamente, na principal faixa de atuação do mosquito da dengue, o Aedes Aegypti, principal vetor da doença. Dados do Ministério da Saúde estimam que no Brasil aproximadamente 800 mil pessoas foram infectadas no ano de 2002, onde a maior parte dos casos foram localizados na região Nordeste do País. O Rio Grande do Norte não foge a essa tendência nacional: no ano de 2003, tivemos a ocorrência de 31.507 casos de dengue, entre esses os casos da doença mais tênues e os mais graves (dengue hemorrágica). O esforço público aliado à diminuição das condições de desenvolvimento do mosquito resultou na redução significativa dos casos verificados no ano seguinte (2004). Grandiosos são os problemas para controle da dengue no Estado. Tais problemas vão desde as precárias condições sanitárias onde vive a maior parcela da população, até o deficiente e imediatista programa de controle endêmico instalado no RN. Os resultados bibliográficos sugerem que é possível avaliar as condições bioclimáticas do vetor, a partir de um climograma ambiental do Aedes Aegypti.

08. CONFORTO TÉRMICO EM DUAS PRAÇAS COM CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DISTINTAS

Érika Danielle de Oliveira

Bernardete de Lourdes Queiroga

Kelly Stefany Diniz de Lima

Rodrigo de Freitas Amorim

Ana Mônica de Britto Costa

Maria do Socorro Costa Martim

Fernando Moreira da Silva

Conforto térmico é a satisfação térmica relacionada ao ambiente em que estamos. Um exemplo básico disto é quando estamos em um mesmo ambiente confortável, mas com vestimentas completamente diferentes, ou seja, uns com roupas quentes e outros com roupas leves e frescas. O mesmo pode ser usado para o desconforto térmico, onde o corpo humano é uma máquina térmica que constantemente libera energia e qualquer fator que interfira na taxa de perda de calor do corpo afeta sua sensação de temperatura. Além da temperatura do ar, outros fatores significativos que controlam o conforto térmico do corpo humano são: umidade relativa, vento e radiação solar. O objetivo da pesquisa é comparar o conforto térmico entre as praças Augusto Leite e André de Albuquerque, ambas localizadas na cidade de Natal/RN, onde as mesmas possuem características geográficas distintas. A metodologia utilizada constitui-se de verificações de temperaturas em cinco pontos espaciais das praças, que foram feitas a partir das 9hs da manhã até 16hs, em dias favoráveis. Os termômetros ficaram dentro de um abrigo meteorológico, protegidos da radiação solar, e coletados a cada 30 minutos. A fundamentação física foi o Índice de Temperatura e Umidade – ITU, proposto por Tom (1959). Os resultados obtidos demonstram que o ITU, nas duas praças apresenta um valor que causa uma sensação de desconforto. Na praça Augusto Leite o ITU máximo e médio é variável, mas não chega a valor de 25, considerado confortável. A praça André de Albuquerque, também apresentou índice de desconforto chegando a ser maior que 25, apesar de a mesma possuir uma maior cobertura vegetal e estar situada próximo ao mar e ao rio Potengi.

 

GT-16: ITINERÁRIO DA LITERATURA PORTUGUESA

Coordenador:

Márcio de Lima Dantas

E-mail: mdantas@cchla.ufrn.br

Departamento de Letras

Local: Setor de Aula II, sala D5

Aceitamos trabalhos relacionados ao engendramento da Literatura Portuguesa ao longo da sua história, remontando ao século XII. Nesse sentido, os trabalhos deverão ressaltar o papel histórico e estético das obras ou de autores que detiveram alguma espécie de importância para a construção dos principais topoi que permeiam os diversos discursos que integram o conjunto das obras, quer sejam de natureza ficcional, dramática ou poética.

Somente quarta-feira 06/06

01. O RITMO NA POESIA DE FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO

Prof. Márcio de Lima Dantas

Departamento de Letras e Coordenador do GT

Inútil dizer que o signo poético é entretecido no decorrer da leitura do texto. É por demais sabido que o referente do poema é construído, como imagem mental, a partir do seu processo de estruturação. O discurso poético é engendrado tendo em vista uma específica maneira de articulação, cujo dito se caracteriza por ser o resultado de um conjunto de procedimentos empregados para a consecução de um macrosigno que o leitor decodifica consoante o cristalizado nas diversas camadas constituidoras do poema. Um dos principais procedimentos empregados para a elaboração do signo poético é o ritmo. A nossa comunicação busca alcançar alguns sentidos na poesia da escritora portuguesa Fiama Hasse Pais Brandão.

02. Pedro, o cru, por António Patrício e Afonso Lopes Vieira: dois textos, uma mesma saudade

Aldinida Medeiros

O episódio de amor e morte de Inês de Castro tem rendido à literatura Portuguesa vários textos que a tornaram um mito do amor eterno, do amor que, apesar de impossibilitado se sobrepõe mesmo à morte. O texto dramático Pedro o cru (1913), de António Patrício, traz um personagem construído sob o signo da saudade. Toda as falas e atitudes de Pedro, chamado O cru pela vingança aos assassinos de Inês, são marcadas pela dor e pelo tormento de uma saudade infindável. O romance de Afonso Lopes Vieira, A paixão de Pedro o cru (1943), difere do texto de Patrício tanto na forma, quanto no estilo. Entretanto, traz o mesmo tema: a paixão de um homem ensandecido pela perda da mulher amada. Para Afonso Lopes Vieira, razões do coração e razões de Estado se cruzam no fato histórico da morte de Inês de Castro, fato este que se justifica pelo que diz Eduardo Lourenço sobre a saudade como palavra-mito do povo português. Depois da morte de Inês, Portugal se torna para Pedro um reino de saudade, coroado da lembrança que perdura, no espaço atemporal da memória. É esse reino de saudade que se faz presente em dois diferentes estilos literários, de espaçadas épocas, nos textos de Patrício a Lopes Vieira.

03. As máscaras da literatura e do homem

Natalia de Lima Nobre

A literatura não é, pois, sucedânio de nenhuma nenhuma outra atividade.Ela preenche um desejo humano. Representa uma emergência da imaginação. (Bachelard, 2001, p. 257). Dize-se que a literatura é a expressão do homem na busca do essencial e do universal, explorando todas as potêncialidades da linguagem. Talvez por causa disso tendamos a procurar nela um espelho , no qual reconheçamos à nós mesmos e os outros. Procuramos o que não somos, ou ainda, reafirmar o que somos e não sabemos. Seria o que o francês Gaston Bachelard chama de “máscaras virtuais colhidas pela imaginação”(Bachelard, 1994, p.170). Destas a literatura é rica e preenche o desejo humano de dissimulação e simulação. “Todos os rostos descritos pelos romancistas são máscaras. São máscaras virtuais. E cada leitor as ajusta, deformando-as a seu sabor; à sua própria vontade de possuir uma fisionomia. Quantos tesouros psicológicos dormem esquecidos nos livros! E quantos leitores quase nem prestam atenção à vida dos semblantes descritos nos livros!” (Bachelard, 1994, p.170). Mascarar-se é uma necessidade e um verdadeiro instinto humano, logo, tal qual “expressão do homem”, a literatura transcreve, inova e renova as máscaras humanas. . Por volta dos séculos XI e XIII, o alvorecer da literatura portuguesa já nos dava exemplos de que mascarar-se é inerente ao homem e à literatura. Para exemplificar modestamente tal afirmação, deter-me-ei às cantigas de amor e de amigas galego-portuguesa, que, apesar do seu caráter simplório, nos presenteia com sua beleza e encanto. Na poesia trovadoresca, com sua simplicidade, estilização e depuração, podemos encontrar “um ser que quer parecer o que não é e acaba por se descobrir ao se dissimular, por meio de sua dissimulação”: o homem.

04. A tragédia e o trágico – algumas reflexões sobre o Diário do último ano de Florbela Espanca

Alessandre Tavares

As reflexões acerca do fenômeno do trágico, entendendo esse, não como uma morfologia da tragédia, seguindo a tradição aristotélica, em que busca-se ora a lei formal da composição poética, ora uma teoria dos efeitos do poético nos espectadores. Mas como uma configuração das tenções ou dos paradoxos implicados na apresentação, ou melhor, na encenação trágica. O presente trabalho pretende assim, desenvolver essas reflexões, tendo em vista, a sua realização no livro póstumo da escritora portuguesa, Florbela Espanca, Diário do último ano. Onde pode-se perceber uma série de tenções que dizem respeito tanto ás noções de gênero, a saber a natureza ficcional ou confessional da obra, quanto acerca da natureza do literário, a saber as relações entre verdade e mimesis.

05. Projetos de um homem, sonhos de um herói: poéticas sebastianistas em Camões e Pessoa

Abnele de Queiroz Ramalho

CERES

Jossefrânia Vieira Martins

Ms. Joel Carlos de Souza Andrade – orientador

Em uma perspectiva histórico-literária a tradição do sebastianismo será analisada em dois momentos da produção poética portuguesa. Enfocando dois escritores em diferentes épocas: Luís de Camões e Fernando Pessoa. Portugal em meados do século XVI, não era mais a potencia marítima de antes. O declínio foi irrevogável e os portugueses projetaram em Dom Sebastião a angustia de perder o poder, a possibilidade de expandir a fé e os domínios; ele passara ser o Desejado. Já no século XX, no contexto da política imperialista Ocidental, Portugal se ver mais uma vez ameaçado, despertando nos seus poetas e escritores uma reapropriação do mito sebastianista. Portanto, a discussão concentra-se na “dedicatória” feita por Camões em sua obra Os Lusíadas publicada em 1572, como também, no modernismo de Fernando Pessoa quando em sua obra “Mensagem” faz uma ‘invocação” ao Rei Dom Sebastião e busca as origens e os “fatos” gloriosos da história portuguesa enquanto afirmação de sua identidade.

06. Murilo Mendes: As Janelas Como Metáforas do Espaço

Márcio Rodrigo Xavier Sobrinho

Departamento de Letras

O presente trabalho tem por objetivo continuar o mapeamento e leitura das obras do poeta brasileiro Murilo Mendes, dando atenção especial, neste caso, à sua relação com a tradição literária portuguesa. Trataremos aqui do livro Janelas Verdes, título de relevante diálogo com a cultura portuguesa na obra do autor, por tratar-se de relato de viagem pela mais variadas localidades - geográficas, psicológicas e espirituais - de Portugal.

07. A Gênese do Trovadorismo IBÉRICO

Francislí Costa Galdino

Dentro da temática exposta, proponho-me a apresentar trabalho em torno do Trovadorismo, levando como aspectos principais o nascimento da Trova e sua relação com o nascimento da Literatura Portuguesa, onde também serão analisados as obras mais importantes, seus autores e paralelos com a contemporâneidade.

08. São Cristóvão: a encarnação do panteísmo em Eça de Queirós

Samuel Anderson de Oliveira Lima

Orientadora: Profa. Dra. Luísa Nóbrega

PPGEL -Departamento de Letras – CCHLA – UFRN

A novela eciana cria um personagem que, em si mesmo, apresenta características do Titã, do deus-Pã e do santo da lenda hagiográfica. Nessa mistura, Eça constrói o ideário panteísta, através de irrupções pulsionais na obra São Cristóvão; porém, não só nesta como em outros textos ecianos. Dessa forma, nossa comunicação objetiva mostrar as marcas recorrentes do panteísmo, primordialmente na obra em estudo, mas também em outros textos do autor português.

 

GT-17: MEIO AMBIENTE URBANO E GEOMORFOLOGIA

Coordenadora:

Tásia Hortêncio de Lima Medeiros

E-mail: tasiahlm@ufrnet.br

Departamento de Geografia – UFRN

Local: Setor de Aula II, sala D4

O olhar a paisagem na cidade de Natal está no entendimento dos arranjos naturais, sociais e da sociedade como ela apreende a partir do uso e ocupação do solo, e de sua geomorfologia. A paisagem natalense constitui-se num espaço físico, com predominâncias de dunas fixas e móveis, lagoas interdunares e de ações antropogênicas, que vão descaracterizar as feições geomorfológicas. É no olhar e no apreender do como está inserida essa paisagem, que são passiveis de identificar as mudanças ocorridas ao longo dos seus 403 anos. Conhecer a paisagem permite compreender como um sistema ambiental, físico e socioeconômico funciona e, sua dinâmica. Assim, entende-se que essa paisagem ultrapassa o perceptível e o observável, pois, ela representa o ontem e oagora. Mas ela vai além, quando o real esconde mudanças sutis, que estão além do visível e que a transformam, sempre no linear do estar e do que será. Entender os processos formadores dessa paisagem aguça o espírito investigativo no sentido de descobrir nos vestígios deixados pela natureza ao longo do tempo e do espaço, transformações que provocaram a formação de sua paisagem, atual. O objetivo deste trabalho é compreender as constantes transformações da cidade de Natal, já que suas mudanças geo-ambientais estão atreladas ao espaço. Atualmente, visualiza-se um arranjo espacial que denota e caracteriza uma história cultural da paisagem e que vai interceder nas mudanças, ora de ordem geo-ambiental e socioeconômica.

Primeiro dia

01. A CIDADE DO FUTURO.Estrutura Ecológica Urbana: da sustentabilidade do ecossistema urbano. Estudo de caso: Natal/RN – Brasil

Carla Alexandra Filipe Narciso

Departamento de Planejamento Biofísico e Paisagístico

Universidade de Évora – Portugal

O crescimemento acelerado e casuístico da cidade determinou que o campo pré-industrial e a fantasia paisagística a ele associada fossem sendo substituídos por subúrbios fragmentados, sociais e sensorialmente preocupantes, marcados por uma dinâmica imobiliária volúvel e especulativa. O desenvolvimento da cidade não obedece aos condicionamentos biofísicos do lugar original de implantação, sendo na sua intervenção feita de forma desorganizada, desintegrada e sem qualquer unidade e harmonia. Desta forma, os espaços de vivência da Cidade sofreram uma forte segregação deteriorando o sentido do “lugar” e resultando na “volatilização” e desgaste dos espaços abertos públicos. É importante criar modelos e mecanismos de ligação e interacção que possam contribuir para a união dos sistemas vivos dentro do perímetro urbano. Este mecanismo passa por um novo conceito de intervenção, em que a componente ambiental constitua a base de uma política em que a sustentabilidade ecológica seja assumida no contexto territorial ao nível do perímetro urbano, por uma estrutura com características próprias, impondo-se de forma inquestionável através das componentes unívocas que a constituem. Assim, é objectivo do presente trabalho um ensaio de implementação da Estrutura Ecológica Urbana na Cidade de Natal, actuando através dos Corredores Verdes, contemplando propostas que integre e salvaguarde os sistemas naturais e culturais fundamentais ao equilíbrio ecológico e à qualidade de vida da população. Por fim, pretende-se contribuir para a reflexão sobre este modelo de organização da Paisagem Urbana (EEU), no município de Natal e sua integração com o Plano Director de Natal e o Plano de Arborização.

02. A ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA DO JIQUI E SUA IMPORTÂNCIA PARA O ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL NA CIDADE DE NATAL/RN

Breno Gurgel Bezerra

Aluno do curso de Administração na UFRN.

e-mail: tecnoamcefet@yahoo.com.br

O crescente processo de urbanização da cidade de Natal, sem um projeto de saneamento básico que o acompanhasse, implicou em problemas no aqüífero Dunas/Barreiras, devido à contaminação por nitratos provenientes das transformações químicas ocorridas nas fossas sépticas, principal disposição final dos efluentes domésticos. A cidade não sofre com problemas de seca, mas a qualidade da água pode interferir no seu abastecimento doméstico. Cerca de 70% da Zona Sul da cidade é abastecida com água proveniente do aqüífero, que vem apresentando aumento da concentração de nitrogênio em sua fase mais estável, o nitrato, sendo necessário uma filtração bastante específica e onerosa, o que levou a empresa responsável pelo abastecimento de água de Natal, a CAERN, a optar por uma maneira mais viável: a diluição das águas captadas no aqüífero utilizando a água das lagoas de Jiqui e Extremoz. O trabalho tem como objetivo demonstrar o tratamento de água potável para abastecimento na Estação de Tratamento de Água do Jiqui, localizada no município de Parnamirim, e sua importância na saúde ambiental, e foi estruturado com base na experiência de estágio na Estação de Tratamento de Água do Jiqui – ETA-Jiqui, realizado no período de 19 de novembro de 2002 até 30 de junho de 2003.

03. (RE) PENSANDO A PROBLEMÁTICA DA POLUIÇÃO VISUAL NA

AVENIDA ENGº ROBERTO FREIRE: UM DESAFIO A SER VENCIDO

Ana Cristina de Lima Rodrigues

cressrn@veloxmail.com.br

Aluna do curso de especialização em Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável - UnP

A Avenida Engenheiro Roberto Freire, situada nos bairros de Capim Macio e Ponta Negra, na cidade do Natal, registra-se o excesso de propaganda espalhada pela Avenida causa impactos visuais, colocando em risco a saúde da população, como também a integridade física e psicológica, através de acidentes automobilísticos, elevação de nível de stress das pessoas visto que os painéis luminosos, desviam a atenção dos motoristas e; com relação ao stress, o excesso de informações ao alcance das pessoas gera uma espécie de cansaço, irritação, tontura, entre outros.Pretendemos através deste trabalho apresentar alternativa de soluções para o problema em enfoque, contribuindo assim para a amenização dos tais impactos. Tal pretensão justifica-se pela constação da incômoda poluição observada na citada área anteriormente mencionada e pela necessidade de mudança radical no cenário ora estudado.Desta forma tem sê como objetivo conscientizar a comunidade local dos danos causados pela poluição visual. Baseado nesse objetivo foi realizado um levantamento fotográfico da área e o mapeamento, visitamos o Departamento de Controle Ambiental e Urbanístico da SEMURB (Secretaria Especial de Meio Ambiente e Urbanismo). órgão responsável pela fiscalização e concluímos que o problema da poluição visual na Avenida Engenheiro Roberto Freire, se dá pela falta de um trabalho de fiscalização consistente dos órgãos competentes, e conscientização da população local no que diz respeito o desenvolvimento urbanístico da cidade do Natal.

04. Poluição Visual em Natal-RN

Ilton Sávio Batista Martins

Dentro das problemáticas ambientais observados na cidade de Natal, elegeu-se como tema de trabalho a poluição visual. Percebe-se a poluição visual nos principais corredores da cidade, tais como: Av. Roberto Freire, Av. Prudente de Morais, Av. Salgado Filho, João Medeiros Filho,Av. Hermes da Fonseca, Av. Bernardo Vieira, Av. Alexandrino de Alencar, como as demais formas de poluição encontradas em Natal são frutos de um crescimento urbano desordenado, que não é privilégio de Natal, mas da maioria das cidades do Brasil. Analisar-se-á os tipos de poluição visual encontrados em Natal , que são os gerados por meios de publicidade (faixas, outdoors, muros, tapumes, banners, fachadas, etc) e aqueles gerados por resíduos sólidos. Busca-se identificar os principais pontos de incidência de poluição visual nas quatro zonas administrativas do município de Natal decorrentes dos meios de publicidade fundamentado no decreto Lei n˚ 4.621/92 – Publicidade ao ar livre, e sua interferência na paisagem urbana, conforme a Lei n˚ 4.100/92 – Código de Meio Ambiente do Município de Natal. Com isso, este projeto tem por finalidade analisar de que forma os órgãos municipais responsáveis pelo controle, conscientização e fiscalização da poluição visual estão fazendo para minimizar este tipo de problema na cidade de Natal. Outro ponto de suma relevância a ser analisado é o papel da educação ambiental como processo de gerenciamento destes problemas.

05. GEOPROCESSAMENTO APLICADO A GESTÃO DE INFORMAÇÕES TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE GROSSOS – RN ESTUDO MULTITEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Sergio Roberto Vidal do Nascimento

Mestre em Geociências - UFRN

O presente trabalho foi realizado no Município de Grossos – RN e teve como principais objetivos a elaboração de um levantamento físico-ambiental, sócio-econômico e execução uma avaliação multitemporal de 10 anos, entre o período de 1986 e 1996, para avaliar as modificações ocorridas na utilização e ocupação do solo, visando a geração de uma base informacional para implementação de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) voltado para a gestão ambiental do referido Município.

Segundo dia

06. ASPECTOS GEO-AMBIENTAIS DA DRENAGEM URBANA NO BAIRRO DE PAJUÇARA, NATAL / RN, VISANDO OS RISCOS SOFRIDOS PELO MANANCIAL LOCAL.

Nivânia Ferreira Costa

Graduanda em Geografia

nfc.natal@gmail.com

O presente trabalho foi desenvolvido para compreender a variação da influência antropogênica na rede de drenagem urbana e suas conseqüências em uma área de Dunas localizado no Bairro de Pajuçara, no município de Natal / RN, margeando o vale de curso fluvial. A área de estudo compreende o complexo de Dunas e Lagoas, localizados no trecho superior da bacia do Rio Doce, na zona Norte de Natal. O rápido crescimento populacional, o incremento industrial e mercantilização de uma nova concepção de qualidade de vida fizeram com que a política habitacional implementasse uma impermeabilização do solo fazendo com que, a água superficial advinda pluvialmente, passe a se acumular e inundar ruas e casas por causa da falta de vias de infiltração. Com isso, foram admitidas políticas governamentais que visavam à construção de poços de visitas, que no Bairro de Pajuçara, são drenados para a lagoa do Sapo, impedindo um novo alagamento da região. No entanto, a população, na sua concepção individualista, vem fazendo ligações clandestinas do seu esgoto particular às galerias dos poços de visitas, bloqueando sua função principal devido à presença de muito lixo e excrementos sólidos e contaminando o aqüífero da lagoa de Extremoz, principal manancial de abastecimento da zona Norte de Natal. O trabalho foi desenvolvido através da revisão bibliográfica e do levantamento do uso do solo, nas áreas de saturação da drenagem do bairro. Afinal, deve-se haver a manutenção e o monitoramento da área, reconhecendo a influência das intervenções do passado sobre o cenário atual, identificando as paisagens atuais de acordo com suas características, potencialidades, fragilidades, acertos e impactos e identificando as áreas e alternativas para ações prioritárias.

07. "ANÁLISE DO SISTEMA DE DRENAGEM DO BAIRRO PITIMBU NATAL-RN NO PERÍODO 2000-2004", PARA O GT: MEIO AMBIENTE URBANO E GEOMORFOLOGIA.

Ingrid Graziele

Os impactos que ocorrem na drenagem urbana são, em primeiro lugar, conseqüência direta das práticas de uso do solo e da forma pela qual a infra-estrutura urbana é planejada legislada e implementada. O processo de “pensar” as cidades não tem sido realizado de forma sistemático e coerente ao longo dos últimos anos do Brasil, justamente quando foi intenso o processo de urbanização.As conseqüências dessa ausência são as enormes perdas de vidas humanas, qualidade de vida, bens e serviços materiais e ambientais, causados pelas águas pluviais urbanas. O trabalho a ser elaborado se propõe a realizar uma análise do sistema de drenagem urbana do bairro Pitimbu, que se localiza na zona Sul da cidade de Natal, é uma área de relevante importância devido a estar inserido em uma região de recarga do aqüífero da cidade. O bairro apresenta sérios problemas no sistema de drenagem urbana, destacando-se a avenida dos Xavantes e áreas próximas a lagoa de captação o que acaba ocasionando sérios transtornos tanto para a comunidade local quanto para o meio ambiente.Para se conduzir o presente trabalho será realizado pesquisas de gabinete, visitas a órgãos públicos e observações “in loco”.

08. DIAGNÓSTICO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS DO BAIRRO DE ROSA DOS VENTOS EM PARNAMIRIM – RIO GRANDE DO NORTE.

William Leonardo Oliveira da Silva

Departamento de Geografia – Programa de Educação Tutorial (Pet)

wfdgeo@yahoo.com.br

O Trabalho Diagnóstico dos problemas ambientais urbanos do bairro de Rosa dos Ventos em Parnamirim – Rio Grande do Norte, ainda em andamento, tem por objetivo diagnosticar os problemas de caráter ambiental-urbano deste bairro, uma vez que estão intrinsecamente associados ao processo de urbanização e de crescimento demográfico que vem ocorrendo no município de Parnamirim desde o final da década de 1940; o bairro em estudo, que começou a se formar por volta dos anos 1980, apresenta a mesma dinâmica municipal, e, por está em pleno processo de (re)organização espacial possui uma série de problemas como os associados ao lixo, à drenagem, à poluição sonora etc. Para tanto foi realizado um estudo que possibilitou representar a realidade da vivência – enquanto moradia num lugar, e relações que se faz nele – dos moradores, demonstrando assim os problemas existentes, utilizando estratégias metodológicas como pesquisa bibliográfica, levantamento estatístico de informações socioeconômicas, aplicação de questionários à população residente avaliando o nível de qualidade de vida e a percepção dos moradores para a existência dos impactos, pesquisas em instituições públicas e/ou privadas em busca de informações relevantes ao estudo, além de análise crítica das questões envolvidas no assunto.

09. ESTUDO DO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA PAISAGEM URBANA DOS BAIRROS DE CAPIM MACIO E PONTA NEGRA NA CIDADE DE NATAL

Francisco Ivam Maia Alves

ivam_alves@yahoo.com.br

O trabalho intitulado “ESTUDO DO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA PAISAGEM URBANA DOS BAIRROS DE PONTA NEGRA E CAPIM MACIO” tem como objetivo identificar os momentos históricos do processo de construção da paisagem urbana dos bairros de Capim Macio e Ponta Negra localizados na zona Sul de Natal/RN. Ao longo dos anos a cidade de Natal cresceu e se urbanizou de forma bastante acelerada acarretando inúmeras modificações no seu tecido urbano e fazendo surgir novas paisagens, criadas e/ou transformadas pela interação de diversos agentes políticos, econômicos e culturais, que fizeram com que as mesmas adquirissem novas formas e funções. Os bairros aqui trabalhados são exemplos dessas transformações, ganhando um novo valor, um novo sentido e uma nova função dentro da Capital, onde uma das principais causas foi o desenvolvimento da atividade turística, que nos últimos anos vem se destacando como umas das principais atividades da cidade. Capim Macio e Ponta Negra apresentam hoje uma nova paisagem, com novos elementos, ausentes em tempos pretéritos. Referenciado nessas constatações o trabalho, ainda em andamento, procurará identificar as mudanças lá ocorridas no que concerne a sua morfologia, ao seu meio ambiente e a sua estrutura urbana, dentro da perspectiva da evolução da paisagem, entendida como sendo dinâmica, e que reflete o hoje e ontem, o visível e o invisível.

10. OS TERRENOS BALDIOS EM CAPIM MACIO SÃO UM PROBLEMA?

Leonlene de Sousa Aguiar

Departamento de Geografia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

O presente trabalho surgiu por acreditar-se que o acúmulo de lixo em áreas indevidas está se tornando um sério problema, sobretudo na zona Sul de Natal. No caso, dos terrenos baldios em Capim Macio, eles são alvo de constantes despejos de resíduos. Caminhões, moradores e carroceiros descarregam entulhos e lixo nessas áreas. Esta atitude constitui um crime ambiental podendo trazer problemas relacionados a doenças, a impacto ambiental, e a alteração da paisagem. Outra abordagem relacionada a estes terrenos baldios é a questão da violência, já que estes terrenos ficam desprovidos de iluminação e segurança à noite. Na tentativa de abordar todas essas questões que vem ocorrendo nos terrenos baldios do bairro de Capim Macio na cidade de Natal, o trabalho visa comprovar se eles constituem de fato um problema inserido no meio urbano das cidades. Geralmente estes terrenos, conhecidos também como vazios urbanos, são frutos do processo de especulação fundiária, estes por passarem tanto tempo sem um uso para construção por parte dos seus donos ou por parte do poder público passam a assumir uma outra função considerada ilegal e que pode acarretar sérios problemas. O problema é que os terrenos baldios vêm assumindo o papel de depósito de lixo por causa da deposição de materiais por parte de carroceiros e algumas empresas, o que pode implicar num sério problema ambiental. Estes terrenos também não vêm cumprindo a lei que diz que eles têm que ser cercados, o que acarreta em casos de violência. Enfim o trabalho tem como objetivo estudar o que, o não cumprimento das leis ambientais vem propiciando nos terrenos baldios do bairro de Capim Macio na cidade de Natal, no que se refere ao lixo que é depositado nestas áreas e a violência que vem sendo proporcionada.

11. EDUCAÇÃO AMBIENTAL – UM INSTRUMENTO VIÁVEL À EFETIVAÇÃO DO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA NO BAIRRO DA CIDADE DA ESPERANÇA – NATAL/RN

 

MARIA HOSANA DA SILVA

Aluna do Curso de Especialização em

Meio Ambiente e Políticas Públicas,

UFRN.

cressrn@veloxmail.com.br

Com o intuito de dar um destino final correto para o lixo e, ao mesmo tempo, inserir no mercado de trabalho os ex-catadores que atuavam no extinto “lixão”, foi criado e implantado (no mês de outubro do ano de 2004 -, pela Companhia de Limpeza Pública da cidade do Natal – URBANA), no bairro da Cidade da Esperança (situado na zona Oeste da cidade do Natal/RN), o Programa de Coleta Seletiva Modalidade Porta. Porém, tal Programa não está surtindo efeito, visto que a maioria da população do referido bairro não adotou o sistema de coleta seletiva, postura esta decorrente da ausência de um árduo trabalho de Educação Ambiental e, conseqüentemente, da falta de conscientização dessa população. Diante de tais fatos, este trabalho pretende, por meio de estudos e visitas in loco, buscar alternativas de soluções para o problema apontado. A efetivação da proposta ora apresentada justifica-se pela necessidade de realização de trabalhos educativos na Comunidade em foco. O objetivo deste trabalho é, pois, promover Educação Ambiental formal para o desenvolvimento do Programa de Coleta Seletiva Modalidade Porta. Baseado mais precisamente neste objetivo, foi feito um levantamento fotográfico das atividades desenvolvidas através do citado Programa, o mapeamento da área, bem como visita à sede da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis do Rio Grande do Norte (ACRRN) e à URBANA, dados estes que muito subsidiarão o trabalho proposto.

 

GT-18: HISTÓRIA, PODER E ESPAÇOS

Coordenador:

Almir de Carvalho Bueno

Departamento de História

e-mail: abueno@ufrnet.br

Local: Setor de Aula II, sala E3

O GT se propõe a discutir pesquisas e trabalhos referentes a íntima relação entre o conhecimento histórico e o(s) poder(es) em diferentes tempos e espaços sociais, entendendo poder em sua concepção mais ampla e não apenas restrita ao político, procurando abarcar as diversas maneiras pelas quais se dá a legitimação de poderes na concretude das lutas sociais cotidianas.

Primeiro dia

01: OS MILITARES DE COR EM PERNAMBUCO EM FINS DO SÉCULO XVIII E INÍCIO DO XIX.

Clécia Maria da Silva. Cleciamaria@yahoo.com.br

Universidade de Pernambuco (UPE)

Prof. Ms. Maciel Henrique Silva. Macielcarneiro@bol.com.br

Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET/PE)

O recrutamento militar no Brasil em fins do século XVIII e início do XIX é caracterizado por uma complexa rede de negociações, resistências e compromissos. Isto se deve ao Estado, que não tinha capacidade de exercer sua autoridade de forma direta por causa das precariedades das bases materiais e morais da administração patrimonial tendo que para isto delegar aos notáveis da terra amplos poderes. Dentre estes: privilégios, imunidades e isenção, principalmente no recrutamento militar conhecido na época como “tributo de sangue”, o qual isentava as pessoas da mor condição, seus criados e dependentes. Os que ficavam à margem viam o recrutamento como uma caçada humana, porque as vilas e cidades ficavam abandonadas, os recrutados se auto-mutilavam, falsificavam documentos, arrumavam documentos de última hora, tudo servia de estratégia para evasão militar. Entretanto, a província de Pernambuco apresentou significativo aumento nas tropas militares, principalmente nos terços de homens pretos e pardos, que desde o século XVIII constituíam redes de sociabilidades políticas, as quais congregavam em torno delas identidades sociais de matizes étnicas e raciais, associando no século XIX com o nativismo radical, cuja participação foi intensa nos movimentos ocorridos nos anos de 1817 e 1824.

02: PODER E DISCURSO NA REVOLTA DA PRAIA (1837-1850).

Nome: Diego Henrique Barros Nery.

Orientador: Maciel Henrique Carneiro Silva (CEFET – PE).

E-mail: Macielcarneiro@bol.com.br

Título da pesquisa: Poder e discurso na revolta da Praia (1837 – 1850).

Instituição: UPE – FFPNM.

Este trabalho procura analisar o movimento da Praieira, ocorrido em Pernambuco (1837-1850), sob a perspectiva das práticas discursivas, considerando os métodos discursivos utilizados no convencimento dos diversos grupos, como lavradores meeiros, senhores de engenho, moradores de engenho, grupos médios urbanos, lideranças políticas, entre outros. Com um enfoque nos jornais, nos manuscritos e fontes bibliográficas, este trabalho busca trazer as relações entre os diversos grupos envolvidos, correlacionando os discursos e práticas ao entendimento do contexto existente no período, caracterizado pelo esfacelamento gradual do tráfico de escravos e pela formação do estado nacional. Neste movimento, os grupos que apoiavam tanto os liberais como os conservadores procuravam lutar por motivos pessoais e políticos, visto que estes motivos se misturavam. A importância deste trabalho para a historiografia reside na análise dos meios de persuasão construídos para que cada grupo participasse. Com o intuito de atingir os objetivos da pesquisa, foi necessário estabelecer uma articulação entre as lutas armadas ocorridas no campo com os conflitos político-partidários, entre praieiros e ‘guabirus’ (liberais e conservadores).

03: A CASA DE DETENÇÃO DO RECIFE: INSTITUIÇÃO (IN)DISCIPLINAR, ESPAÇO DE (DES)ORDEM.

Flávio de Sá Cavalcanti de Albuquerque Neto – História/UFPE

A partir do final do século XVIII, a Europa passou por um processo de reforma penal, a partir da qual o crime deixara de ser uma “lesa-majestade” ou heresia, como fora durante o Antigo Regime, e a penalidade ficara, assim, independente do arbítrio do monarca. Crimes e penas eram, doravante, previstos nas leis, passando as penas a ter a função de reeducar e reinserir no convívio social o criminoso. No Brasil, a formalização destas mudanças se consolidou com o Código Criminal de 1830. Em seus artigos nota-se uma “humanização” das punições, e, no caso da pena por trabalhos forçados, uma preocupação com a correção do criminoso. Os espaços em que a correção dos indivíduos seria fomentada foram as penitenciárias, idealizadas, no Brasil, a partir da década de 1850. Tendo isto em mente, o objetivo deste trabalho é analisar o funcionamento da Casa de Detenção do Recife, construída entre os anos de 1850 e 1867, e que fora projetada para ser uma instituição disciplinar modelo, adequada para a reeducação e reinserção dos criminosos no convívio social. Porém, por questões operacionais, que serão discutidas nesta comunicação, todo o aparato disciplinar da Casa de Detenção tornou-se “letra morta”.

04: A CRÍTICA LITERÁRIA DE LUÍS DA CÂMARA CASCUDO COMO ARMA DISCURSIVA.

Marília Barbosa de Brito

Graduanda em História – UFRN

Em 1921 Luís da Câmara Cascudo lança seu primeiro livro: Alma Patrícia. Nele o autor realiza uma critica literária sobre poetas e jornalistas do Rio Grande do Norte. Uma das coisas que nos chama a atenção é o publico a quem é endereçado este livro, a elite local, pois, segundo Cascudo, uma das coisas que faz parte da identidade da elite é fazer poesias, e só ela é capaz de apreender sua obra. Dessa forma, objetiva-se compreender quais eram os vínculos políticos de Câmara Cascudo com as elites locais, e observar também como ele utiliza seu discurso para legitimar seu lugar dentro dessa elite. Analisar o discurso de Cascudo como aparece na obra, quando ele realça o lugar de destaque da elite, pensando também na exterioridade do texto, ou seja, quais eram as relações por trás do texto, é também um dos objetivos desta comunicação.

05: CARTOGRAFIAS DE UM DISCURSO, ESPAÇOS DE UMA ESCRITA: O NORDESTINO, O NORDESTE E SUAS INVENÇÕES.

Leonardo Carneiro Ventura – PPGH/CCHLA/UFRN

Olívia Morais de Medeiros Neta – PPGH/CCHLA/UFRN

Os discursos como produções históricas enunciadoras de poder são construtores de visibilidades e dizibilidades. O nordestino e o Nordeste são invenções discursivas, saberes e enunciados que deram corpo a inúmeros discursos para o homem e a terra hoje denominada Nordeste; estes não são naturais, são produções imagético-discursivas. Assim, a partir de obras que destacam o Nordeste e o nordestino buscamos perceber as imagens, os sons e a escrita que corporificam espaços e signos para estes. Elencamos para nossa análise obras como “A invenção do Nordeste e outras artes” e “Nordestino uma invenção do falo” de Durval Muniz de Albuquerque Júnior, para assim discutirmos a noção de invenção do nordestino e do Nordeste em contraposição as representações de Manuel Correia de Andrade em “A terra e o homem do Nordeste” e de Ariano Suassuna e o Movimento Armorial.

Segundo dia

06: ARRUDA BARRETO E A INFLUÊNCIA DO PATRIOTISMO NA EDUCAÇÃO DOS JOVENS MOSSOROENSES: 1900-1904

Rozélia Alves da Silva – UERN

(INTRODUÇÃO) A partir do final do século XIX, época da mudança do regime monárquico para a república, a educação brasileira teve uma grande influência dos ideais patrióticos, devido a concepção dos republicanos de que a educação serviria como um instrumento de consolidação do novo regime e de transformação do país. Um exemplo disso é a presença do patriotismo na prática educativa de Arruda Barreto na formação dos jovens mossoroenses no período de 1900 a 1904. (OBJETIVOS) Explicitar a presença dos ideais patrióticos na prática educativa de Arruda Barreto na formação dos jovens mossoroenses. (METODOLOGIA) Utilizou-se como referência bibliográfica, entrevistas com pesquisadores sobre a educação de Arruda Barreto (como por exemplo, Raimundo Soares e Vingt-un Rosado), pesquisa do arquivo do Jornal O Mossoroense e o Museu. (RESULTADOS) Detectou-se na prática educativa de Arruda Barreto, atos patrióticos como a exaltação da pátria, culto aos símbolos nacionais, homenagens aos “heróis nacionais” e desfiles. Como também a formação de um modelo de homem a ser alcançado: sábio e patriótico, apto às causas políticas e capaz de realizar qualquer sacrifício em nome do país. (CONCLUSÃO) A pesquisa mostra que a influência educativa deste paraibano na cidade de Mossoró no período de 1900 a 1904 foi muito forte, levando os jovens a conceberem o patriotismo como algo essencial em suas vidas, com a idéia de que seriam retribuídos ao terem seus nomes na História do Brasil como bravos defensores da Pátria, sendo lembrados e relembrados pelos cidadãos brasileiros como “heróis nacionais”.

07: CONSTRUÇÃO DOS HERÓIS REPUBLICANOS POTIGURES

Consolação Linhares de Carvalho

Graduanda em História/UFRN

Bolsista de Iniciação Científica/ PIBIC/CNPq

O presente trabalho se propõe a estudar as tentativas feitas pelos republicanos potiguares de legitimar socialmente o novo regime, ligando o movimento republicano, do final do século XIX, à participação dos “heróis” do Rio Grande do Norte nas insurreições de 1817 e 1824: André de Albuquerque Maranhão e Frei Miguelinho. Este trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa do Professor Dr. Almir de Carvalho Bueno, que estuda o processo de legitimação da República no Rio Grande do Norte. O nosso estudo vem sendo, inicialmente, orientado pelo levantamento documental realizado no jornal situacionista, A República, no período que vai de 1889 a 1930. Depois, analisaremos os discursos dos jornais de oposição e, em seguida a esse trabalho nos jornais, pretendemos registrar monumentos e espaços públicos no Estado que celebram a memória desses “heróis”. A análise dessas fontes evidencia que os discursos dos republicanos buscavam atribuir aos “heróis” uma personalidade que se enquadrasse nos modelos coletivamente valorizados, associando-os aos ideais religiosos e enfatizando, com muita freqüência, suas origens potiguares. Assim tem sido possível reconstituir as estratégias usadas pelos novos donos do poder político no Rio Grande do Norte para respaldar historicamente o novo regime.

08: A IMPRENSA POTIGUAR COMEMORA A REPÚBLICA (1890-1896).

Verbena Nidiane de Moura Ribeiro

PPGH/UFRN

Todo regime político recém-instituído necessita de legitimação popular. Contudo, no Brasil, a República foi instituída sem a participação do povo, tendo assim o governo que buscar esta legitimação. Uma das “armas” utilizadas foi o uso de símbolos, mitos, datas comemorativas que alcançassem o imaginário popular, uma identificação entre o povo e o novo regime. No Rio Grande do Norte, nos conturbados anos iniciais do regime, entre 1890 e 1896, o governo republicano teve de enfrentar as oposições formadas, que reclamavam da maneira como os governantes exerciam a República e ainda tinham que se preocupar com a divulgação do novo regime. Já em janeiro de 1890 o governo federal instituiu datas que deveriam ser comemoradas em memória do novo regime. E em agosto do mesmo ano, o governo do Rio Grande do Norte decretou as datas que considerava caras à República. Os jornais, principal meio de comunicação do período, foi também o principal veículo de divulgação de idéias políticas, que também eram perpassadas através dos artigos comemorativos. Situação e oposição travaram uma batalha nas folhas de seus jornais, utilizando-se das datas comemorativas para divulgar seus ideais e construir, cada um a sua maneira, suas memórias do regime republicano, travando desta forma uma luta pelo poder.

09: DISCURSOS DE UM FATO: PROCLAMAÇÕES DA REPÚBLICA NOS LIVROS DIDÁTICOS.

Bruna Rafaela de Lima

DEHIS/UFRN

Olívia Morais de Medeiros Neta

PPGH/UFRN

Os livros didáticos constituem-se enquanto fonte histórica e são entendidos como uma produção histórica de seus autores, em determinado tempo e contexto histórico. Os discursos produzidos e difundidos nos livros didáticos marcam concepções de história e veiculam determinadas visões, daí decorrendo as histórias ensinadas; assim, a partir da análise de livros didáticos de diferentes épocas (décadas de 60, 70, 80 e 90 do século XX), esta pesquisa deu visibilidade a Proclamação da República brasileira como fato histórico ocorrido em 1889, em que se busca destacar pela dimensão discursiva como tal fato é visto nos livros, considerando seus autores, suas editoras, o contexto de produção e as concepções de história nos livros didáticos. Metodologias, escrita, iconografia, atividades propostas, fontes e tantos outros elementos são por nós elencados para mostrar a construção da escrita da história como relações de poder e saber que a envolvem. Percebe-se que autor, obra e contexto constituem uma tríade que expressa elementos da produção dos livros didáticos e da escrita da história. O fato destacado para a análise é escrito e representado distintamente a cada década.

10: O RÁDIO COMO IMPORTANTE VEÍCULO FORMADOR DE OPINIÃO.

Rosângela Monteiro Aragão

PPGH/UFRN

O rádio foi um importante veículo de informação, entretenimento, lazer e socialização na primeira metade do século XX em Natal. Mesmo quando a cidade ainda não possuía uma estação local, milhares de natalenses se reuniam para escutar as retransmissões radiofônicas que ocorriam no período. As antigas diversões, assistir as retretas militares, as competições esportivas, apresentações folclóricas, tiveram que ceder espaço às retransmissões radiofônicas, que ao lado das exibições cinematográficas foram tomando lugar de destaque no cotidiano social da cidade e assumindo um importante papel como veiculo formador de opinião e influenciando o comportamento de seus ouvintes. Durante o período da Segunda Grande Guerra foi o rádio que possibilitou aos natalenses o acesso rápido às informações sobre o desenrolar do conflito além de exercer seu poder de persuasão influenciando a opinião pública em favor dos norte-americanos. Durante as décadas de 1930 e 1940 o rádio influenciou comportamentos, criou novos hábitos de consumo e lazer além de ter sido um importante aliado a determinados grupos políticos (que usavam o rádio como veículo de sua mensagem política aumentando seu poder de alcance).

GT-19: SOCIEDADE, DINÂMICAS CULTURAIS, MEMÓRIA

Coordenadores:

Vânia de Vasconcelos Gico

E-mail: gico@digi.com.br

Departamento de Ciências Sociais

Local: Setor de Aula II, sala G6

Propõe-se discutir os estudos e pesquisas sobre memória e sociedade; pesquisas da educação e da saúde em sua dimensão sócio-politíca-antropológica; análise de obras e correntes de pensamento representativo do Campo da Ciências Sociais, bem como das Imagens traçadas nesse percurso, numa perspectiva transdisciplinar.

Primeiro dia

01: A emergência de mudanças na formação universitária em saúde: a visão dos alunos da Saúde e Cidadania/SACI-UFRN (2001-2004)

Proponentes: Geovânia de Silva Toscano

Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/UFRN

E-mail:geovania_toscano@ig.com.br

Vânia de Vasconcelos Gico

Profa. Dra. Departamento Ciências Sociais

E-mail: gico@digi.com.br

Pretende-se identificar as mudanças na formação universitária de estudantes da área de saúde participantes do Projeto Ensino e Extensão Saúde e Cidadania / SACI da UFRN, no período de 2001 a 2004. Iniciado em 2002.2, participando professores e estudantes dos cursos de Fisioterapia, Nutrição, Farmácia, Enfermagem, Medicina, Odontologia, e Psicologia do Centro de Ciências Humanas. O Programa PESC/SACI tem como meta fortalecer uma formação geral sólida a partir do trabalho em equipe interdisciplinar e multiprofissional, de uma pedagogia problematizadora, na perspectiva da ação-reflexão-ação mediante o diálogo entre ensino, serviço e comunidade. Desenvolvido nos bairros da zona Oeste de Natal/RN: Bairro Nordeste, Felipe Camarão, Guarapes, Cidade Nova e Cidade da Esperança. O embasamento teórico discutido será sobre Universidade, extensão universitária e educação possibilitando o diálogo entre os saberes, a partir de aportes bibliográficos como Darcy Ribeiro, Luiz Antonio Cunha, Cristovão Buarque , José Ortega Y Gasset, Boaventura de Sousa Santos, Edgar Morin, Humberto Maturana, entre outros. Realizar-se-ão leituras e análises do projeto da PESC/SACI, relatórios de alunos, textos produzidos sobre suas experiências, no qual aparecem as falas dos alunos sobre a contribuição das atividades desenvolvidas na SACI para a formação profissional. Constata-se que as atividades desenvolvidas pela SACI contribuem para a ampliação da dimensão social e política da universidade, com a formação mais ampliada do aluno, aproxima a universidade da comunidade, estabelece a relação teoria e prática, permite uma formação crítica e social da realidade, aspectos estes de uma renovação na formação universitária em busca de uma sociedade menos excludente, cooperativa, cidadã e humana.

02: Rezadeiras e Programa de Saúde da Família (PSF) – Práticas de saúde sob a visão da população de Cruzeta/RN.

Francimário Vito dos Santos

UFRN- Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social

E-mail: ppgas@cchla.ufrn.br

 

Em pesquisas já realizadas no município de Cruzêta-RN, na região do Seridó, pudemos perceber que a prática mágico-religiosa desenvolvida pelas rezadeiras ou benzedeiras de tradição católica continua latente e resistindo às transformações sócio-econômicas e culturais. As pessoas tanto utilizam os serviços de saúde da medicina “popular” quanto da medicina oficial - estabelecendo uma complementaridade. Nesta perspectiva, buscamos fazer uma análise antropológica tendo como viés as práticas das rezadeiras e as políticas do Programa de Saúde da Família (PSF). Este modelo faz parte da medicina tradicional e tem como proposta atuar junto à comunidade no sentido de implantar uma cultura de saúde preventiva. E como recomenda o Ministério da Saúde (1997), cada equipe deve ter no mínimo, um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Podendo ampliar o quadro de profissionais de acordo com o número de habitantes existentes. Diante do exposto, o nosso objetivo é entender como as ações destas duas práticas - medicina “popular” (rezadeiras) e medicina oficial - são vistas e vivenciadas pelas pessoas da comunidade. Que representações os clientes das rezadeiras, têm sobre o PSF e vice-versa. Apesar da pesquisa estar em fase preliminar, a análise reflexiva que se fará no decorrer do mestrado vai discutir tais práticas populares com as políticas de saúde do PSF, sob o ponto de vista da comunidade. Na obtenção dos dados acompanharemos as equipes de saúde em visitas às famílias, e na ocasião faremos entrevistas abertas, aplicação direta de questionários e observações participantes. O mesmo ocorrerá com clientela das rezadeiras quando estiverem aguardando a vez de se rezar.

03: Histórias e Causos de Botijas em Carnaúba dos Dantas

Thiago Stevenny Lopes

Departamento de História e Geografia CERES/UFRN

Helder Alexandre Medeiros de Macedo

Programa de Pós-Graduação em História/UFRN

E-mail: heldermacedo@katatudo.com.br

O Projeto Carnaúba dos Dantas: Inventário do Patrimônio Imaterial de uma Cidade do Sertão do Rio Grande do Norte - PRONAC N° 043906 abriga este estudo. Objetiva-se investigar as histórias sobre botijas contadas pelos moradores de Carnaúba dos Dantas (zona urbana e rural) e como essas histórias vieram a contribuir para a reafirmação do imaginário dos mesmos narradores. Justifica-se tendo em vista as discussões que o patrimônio imaterial tem levantado, tanto na historiografia, como nos estudos patrimoniais, com relação à participação ativa de grupos minoritários ou marginalizados na construção das histórias locais. Enfatizamos, também, que a rememoração dessas histórias dá visibilidade a esse patrimônio - oral, material e imaterial - pertencente aos carnaubenses. Discute-se como essas histórias vieram a inserir visões fantasiosas de mundo na imaginação dos moradores do município. A metodologia está baseada na leitura e discussão do referencial teórico - ancorado no conceito de memória discutido por Jacques Le Goff, Ecléa Bosi e Maurice Halbwachs - e no de patrimônio cultural, cujos aportes são levantados por Françoise Choay, Maria Cecília Londres Fonseca, Carlos Lemos e Roque de Barros Laraia. Seguiu-se o reconhecimento da colônia de narradores - que agrupa os mais antigos moradores - e coleta das entrevistas, sendo utilizadas para este trabalho apenas as que já se apresentam digitadas, revisadas e que se relacionam ao tema em questão. Viajar pelas memórias dos narradores nos permitiu compreender como as narrativas em torno de tesouros enterrados, no mundo rural e na paisagem citadina, contribuem para que se pense a relação entre medo, religiosidade popular e crença na existência do sobrenatural presentes no tecido mnemônico desses indivíduos.

04: JOÃO DA cOSTA MACHADO - UM PSIQUIATRA POTIGUAR Humanista a FRENTE DE SEU TEMPO

Juliana Rocha de Azevedo

Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/UFRN

E-mail: julliarocha@yahoo.com.br

Discute-se a trajetória do psiquiatra potiguar João da Costa Machado, trazendo ao Rio Grande do Norte a vanguarda dos tratamentos médico-hospitalares na psiquiatria. A sua chegada, na década de 1930, se constituiu um marco divisor de águas para o entendimento da loucura no estado. João Machado foi o difusor da Psiquiatria Social numa época em que a doença mental era vista como degenerescência racial. Seu trabalho foi constituído de mudanças nos âmbitos: da estrutura manicomial, e das mentalidades. Sua meta era esclarecer à sociedade o que seria a loucura mostrando que, os fatores sociais colaboram diretamente para a mudança do estado psíquico do homem. Era a psiquiatria social derrubando a eugenia facista. Entre seus feitos destacam-se a fundação da "Sociedade de Assistência a Psicopatas de Natal" na qual organizou uma ação educativa para a população com a realização de Semanas de Higiene Mental e publicação mensal do Boletim de Saúde Mental e criação do Hospital Colônia de Psicopatas, hoje Hospital João Machado. O hospital foi construído nos moldes de colônia agrícola, onde uma das finalidades era o tratamento pela laborterapia (terapia pelo trabalho). Não possuía grades de ferro nem muros internos separando as enfermarias, pelo contrário elas convergiam e se interligavam, favorecendo a integração e a convivência entre pacientes, funcionários e corpo clínico. A idéia era dar continuidade a vida social do paciente. A relação médico-paciente passava a ser reconhecida no contexto dos laços afetivos e produtivos, priorizando o respeito humano. Sendo contra os internamentos, ele idealizou os “hospitais dia” nos quais os pacientes voltariam para casa ao fim do dia, essa idéia hoje materializou-se nos CAPS (Centros de Atendimento Psico- social).

05: Memória de Pescadores: a socialização dos saberes na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual - RDS Ponta do Tubarão/RN

Lenice Lins Goulart

Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/UFRN

E-mail: lenicelins@digizap.com.br

Vânia de Vasconcelos Gico

Profa. Dra. Departamento de Ciências Sociais/UFRN

E-mail: gico@digi.com.br

Discute-se as representações sociais de moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual – Ponta do Tubarão, através das memórias de mulheres, companheiras de pescadores, com idade acima de sessenta e cinco anos e possuidoras de um saber socialmente construído. Especificamente através de relatos orais autobiográficos, busca-se as representações de suas histórias de vida. A memória será trabalhada acreditando-se na importância da transmissão cultural e na vivência dos grupos sociais que refletem seus valores, crenças, hábitos e visões de mundo. O ponto de partida para análise foi o processo de criação da RDS. O rito da criação da reserva foi tomado como fato que motivou a pesquisar a partir da memória de antigos moradores. Outro viés que se deseja conhecer e a consciência ecológica que a população da RDS possui e como deseja preservá-la. O processo de criação da RDS foi conduzido por várias instituições de classe, atores e atrizes sociais, que reagiram aos estrangeiros que ameaçavam o equilíbrio dos ecossistemas. O objetivo é uma reflexão sobre a Memória Cultural que revela a socialização dos saberes das mulheres, numa perspectiva transdiciplinar, unindo os conhecimentos da tradição, a partir da realidade empírica das comunidades, e o conhecimento científico, compatibilizado-os com o paradigma emergente em que se leva a acreditar que “todo o conhecimento é autoconhecimento” expresso por Santos, (2003).

06: A transformação das representações mortuárias e a constituição de uma nova “sensibilidade”.

Luciana Lima Vasconcelos

Curso de Ciências Sociais/UFC

E-mail: lulushilu@hotmail.com

Discute-se as transformações sofridas pelas representações sociais da morte, em cerimônias fúnebres. Especial destaque será conferido à influência do discurso sanitarista que estabelece-se em Fortaleza em meados do século XIX, principalmente de 1860 a 1930, instituindo todo um sistema de controle e disciplina social através da higienização das cidades e medicalização das populações. Observa-se que qualquer referência à morte passa a ser afastada do nosso cotidiano, por isso falo da constituição de uma nova sensibilidade. Esta pode ser entendida como o resultado do desenvolvimento de um maior comprazimento com a dor alheia da perda, mas também de uma maior “delicadeza”, de uma repulsa frente a qualquer referência de morte, culminando num processo cada vez maior de “falência ritualística”, quando se observa uma considerável diminuição dos ritos fúnebres e uma re-significação dos mesmos. Almejo analisar costumes, hábitos e representações referentes aos rituais de morte e luto na cidade de Fortaleza, a partir da experiência individual e de como essa experiência é vivenciada pela coletividade. Tento compreender o conjunto padrão de atitudes morais que constituem a “etiqueta do morrer” e do comportar-se frente ao morto, já que existe todo um sistema de ações esperadas dos indivíduos, no qual o decoro e o comedimento são atributos essenciais de “civilidade”. Trata-se de um paradoxo exprimido no dever social de manifestar certo sofrimento ao mesmo tempo em que este deve ser contido. Se por um lado a distância emocional entre as pessoasaumenta, por outro, a exigência de solidariedade e demonstração de afeto para com quem sofre uma perda é eminente. Para coleta de dados realizaremos entrevistas e observação participante em sepultamentos, velórios e missas de sétimo dia.

07: DELIMITANDO CARTOGRAFIAS, CRIANDO PAISAGENS: AS CERCAS DE PEDRA NO MUNICÍPIO DE CAICÓ (RN)

José Mário Morais do Nascimento

E-mail: nascimento.z@bol.com.br

Erivan Ribeiro de Faria

E-mail: erivan.faria@bol.com.br

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ/UFRN

O município de Caicó (RN), localizado na microrregião do Seridó potiguar, possui uma forma peculiar de delimitação: as cercas de pedra, que tendem a persistir dentro da cultura das cercanias existentes no Brasil, no estado do Rio Grande do Norte, e mais especificamente no caso do nosso estudo, na região do Seridó. Estas eram construídas para fins de delimitação de propriedades particulares, sobretudo, nas circunscrições territoriais dos currais de gado, tão presentes na citada região. Na atualidade, a cerca de pedra, no espaço seridoense, vem passando pelo um processo de resignificação, sendo substituída por outros tipos de delimitações cartográficas. Objetivamos nesta pesquisa destacar a importância histórico-cultural das cercas de pedra, identificando os principais fatores que processaram sua erradicação/substituição nas últimas décadas do século passado e atual. Como metodologia estamos utilizando a observação “in loco”, bem como recorrendo a fragmentos de memórias de pessoas mais antigas da cidade e da região que construíram ou que tinham a cerca como algo presente em seu desenrolar cotidiano e que, através de entrevistas, cederem estes fragmentos para a (re)construção da importância da cerca de pedra para aquela dada sociedade. Desse modo, observamos que a cerca de pedra está sendo destruída/substituída e que a arte da construção desta tornou-se incomum. Um dos possíveis fatores que compromete a sua perpetuação é a capacidade involuntária destas de abrigar o barbeiro, inseto que transmite o mal de Chagas. Consciente que os valores sociais são (re)criados na escala temporal é interessante destacar , no momento, a importância cultural das cercas de pedra, ainda, existentes na paisagem do Seridó.

Segundo dia

08: A narrativa visual fotográfica na compreensão da sociedade:uma experiência em educação e saúde.

Itamar de Morais Nobre

E-mail: itanobre@bol.com.br

Vânia de Vasconcelos Gico

E-mail: gico@digi.com.br

Profa. Dra. Departamento de Ciências Sociais/UFRN

Discute-se o uso da fotografia na sala de aula como uma narrativa visual, conferindo-lhe as qualidades de fonte de informação para a compreensão do contexto sociocultural do qual foi captada, refletindo sobre a compreensão do seu significado a partir do entendimento dos signos organizados na sua composição. A experiência que nos serviu como argumento para esta discussão foi realizada em uma sala de aula com 30 alunos do Curso de Enfermagem, na disciplina de Sociologia da Saúde, oferecida pelo Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no ano de 2003. Os dados foram coletados a partir da observação em sala, dos seminários promovidos e das avaliações utilizando a imagem fotográfica como mediação no ensino superior na área da saúde.

09: TEMPO DE FESTA: um estudo sobre a cultura popular no litoral norte paraibano

Gekbede Dantas da Silva

Luiz Carvalho de Assunção

E-mail: ppgas@cchla.ufrn.br

Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/UFRN

Barra de Camaratuba, localizada no extremo norte do litoral paraibano, foi à comunidade escolhida para desenvolvermos uma pesquisa de campo, levando em conta a oralidade, a memória e as narrativas dos seus moradores. Essas vozes tornam-se essenciais para a construção da história cultural e a percepção das mudanças decorrentes da inserção do turismo no local. As mudanças ou transformações ocorridas causam desestruturação ou uma reestruturação, substancializada. Ao invés da participação tem-se a apresentação. A festa é esquematizada e as tradições viram espetáculos. Assim como a festa, os espaços também mudam. Há interferência na vida dos pescadores e nos seus espaços: o mangue, o mar, o rio, a caiçara dos pescadores. O turismo torna-se uma mercadoria intermediadora das relações sociais, dentro de todo esse processo cultural. O turismo que se pretende desenvolver e implementar na comunidade precisa ser repensado de forma a beneficiar seus moradores. Essa comunicação portanto, tem como proposta refletir sobre a relação da comunidade de Barra de Camaratuba com o turismo, a realização da festa de São Pedro e a produção de novas formas de sociabilidade.

10: Narradores de Pium: a festa da padroeira pela memória social

Adriene do Socorro Chagas

Curso de Antropologia/UFRN

E-mail: adoraflink@gmail.com

Busca-se entender os motivos para a emergência de uma festa pela memória. Para tanto concentra-se as narrativas sobre a festa de Santa Luzia, padroeira de Pium, no município de Parnamirim-RN, segundo os que a vivenciaram em tempos idos. A memória como categoria socialmente construída permite compreender determinados processos sociais, além de contribuir para a visibilidade de uma “história vivida”.Utilizamos como metodologia a história oral. Nas narrativas colhidas a referência à dinamicidade espacial e à formação de constituição da prática religiosa são uma constante. Inferimos que a seleção desta festa religiosa pela lembrança funciona como um registro sobre um tempo e um espaço grandemente pertencido aos “primeiros” moradores do local.

11: Trajetória Educacional de Mulheres Participantes do Programa Universidade Aberta Para a Terceira Idade - UnATI /UnP

Ana Cristina Cabral Medeiros

E-mail: anacristina@interjato.com.br

Vânia de Vasconcelos Gico- gico@digi.com.br

Profa. Dra. Departamento de Ciências Sociais/UFRN

Discute-se a trajetória de mulheres participantes da Universidade Aberta para a Terceira Idade – UnATI, da Universidade Potiguar, sediada em Natal/RN/Brasil, enfocando seu itinerário educacional. Este estudo integra uma pesquisa mais abrangente intitulada “Re-invenção da velhice cidadã” em elaboração e constituíndo-se em tese vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais discutindo os desafios postos pelo acelerado envelhecimento da população mundial, em particular a do Brasil, cuja população idosa, em 2003, era de 16,7 milhões de pessoas, representando 9,6% da população total, com previsão de dobrar nos próximos 15 anos (IBGE). Foi realizado um estudo transversal, de base populacional junto às alunas da UnATI-UnP, nascidas na primeira metade do século XX. Utilizando-se o processo de amostragem, foram entrevistadas 33 mulheres, com nível superior, entre as alunas matriculadas em 2005, que constituíram a amostra desse estudo. Para a coleta de dados foi utilizado o Questionário multidimensional BOAS (Brazil Old Age Schedule), acrescido de questões específicas sobre a trajetória de vida com enfoque na educação. A análise e a discussão dos dados foi realizada numa abordagem transdisciplinar numa visão da complexidade, tendo como instrumento principal o conjunto das idéias de Humberto Maturana sobre a Biologia do Conhecimento. O estudo revelou que, a trajetória de cada uma dessas mulheres, possui uma potencialidade transformadora dessa estrutura, pois cada uma delas superou seus problemas de maneira singular. Revelou, ainda, que para elas a UnATI-UnP representa o espaço privilegiado de apropriação das experiências vividas, necessária à transformação que favorece um envelhecimento ativo numa perspectiva de uma educação para a vida toda.

12: Carnaúba dos Dantas: a arte do debulhar feijão

Sidney Santos da Silva

Departamento de História e Geografia CERES/UFRN

E-mail: sidneysantosilva@yahoo.com.br

Helder Alexandre Medeiros de Macedo

E-mail:heldermacedo@katatudo.com.br

UFRN-CCHLA-Programa de Pós-Graduação em História

O Projeto Carnaúba dos Dantas: Inventário do Patrimônio Imaterial de uma Cidade do Sertão do Rio Grande do Norte, PRONAC Nº 043906, vinculado ao Ministério da Cultura e financiado pela Petrobras, coordenado pelo mestrando Helder Macedo, abriga a pesquisa em questão. Objetivamos compreender quais eram os espaços de sociabilidade no mundo rural de Carnaúba dos Dantas e como as pessoas se relacionavam nesses espaços. Justificamos esse trabalho na perspectiva de valorizar os estudos patrimoniais nos quais se alargam de tal forma que inserem os estudos da historiografia, como também dar visibilidade a essas histórias como patrimônio imaterial dos moradores de Carnaúba dos Dantas. O contato com os narradores nos despertou um interesse pessoal, já que esses eventos nos remetem a um passado festivo e contagiante. O referencial teórico está ancorado no conceito de memória discutido por Jacques Le Goff, Ecléa Bosi e Maurice Halbwachs, e nas discussões sobre Patrimônio Cultural que emergem das obras de Françoise Choay, Maria Cecília Londres Fonseca, Carlos Lemos e Roque de Barros Laraia. A sistematização está pautada na leitura e discussão dos textos teóricos, na etapa de reconhecimento da colônia de narradores, na coleta das entrevistas gravadas, transcrição e digitação das mesmas, tomada da carta de sessão e por fim análise das narrativas tendo em vista a base teórica e o referencial bibliográfico. Quarenta pessoas foram entrevistadas, destas, um número significativo, percorrendo os caminhos da memória revisitaram as lembranças das debulhadas como momentos de encontros, de conversas, de sociabilidades e festividades entre amigos e familiares.

13: ENTRE O ESQUECIMENTO E A LEMBRANÇA DOS AGRICULTORES NAS CERCANIAS DO MUNDO NOVO.

Jossylúcio Jardell de Araújo.

Curso de Geografia CERES/UFRN

Evaneide Maria de Mélo.

Curso de Geografia CERES/UFRN

Eugênia Maria Dantas

Profa. Dra. do Departamento de História e Geografia –DHG/CERES/UFRN.

Palmilhando pelas veredas do meio agrário seridoense, nos deparamos com um mundo múltiplo discursivo e efervescente, cujas vivências e lembranças do passado tocam o presente. Nesta perspectiva, objetivamos compreender as práticas cotidianas alicerçadas nos saberes e fazeres de um homem singular e plural. Para tanto, nosso suporte corresponde às narrativas dos agricultores assentados na Fazenda Mundo, localizado no município de Caicó – RN, que é gerenciado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN. A nossa pesquisa de campo recorreu metologicamente ao uso da história oral, para as discussões teóricas nos inspiramos nas leituras de autores como Éclea Bosi, Paul Thompson, Roberto Lobato Corrêa e Zenny Rosendahl. Com a ida ao campo e a sistematização das informações, passamos a acreditar que todos os agricultores do Mundo Novo têm um ponto de intersecção que os unem, que os aproxima, que os liga ao meio rural num desejo individual, social e coletivo, que expressa o desejo de permanência nas cercanias agrícolas até os últimos dias de suas vidas.

14: Fragmento de memória: estudo e documentação do acervo fotográfico do Instituto de Antropologia Câmara Cascudo/UFRN

Aline Gurgel da Silva

Graduando do Curso de História/CCHLA

Wani Fernandes Perreira

Museu Câmara Cascudo

Objetiva-se registrar a história do “Instituto de Antropologia Câmara Cascudo”, atual Museu Câmara Cascudo/UFRN. Escolheu-se um conjunto de fotografias que retrata parte da trajetória da instituição compreendida no período 1960-1970. De um total de quinhentas fotos, escolhemos vinte delas para criar uma primeira coleção museológica. Até o momento estas fotografias representavam uma recordação coletiva ou individual, revestidas de um valor afetivo - expressado pelos professores e funcionários entrevistados -, não eram consideradas como fonte de informação, não se conhecia seu valore documental, nem se constituíam como acervo museológico. Para transformar este contexto recorremos a um cenário teórico que desse conta e validasse o valor documental da fotografia compreendendo-a como uma fonte relevante e indispensável para a história e pesquisa histórica, tanto quanto os documentos oficiais, atas e jornais, dentre outros, como defende Jaques LE GOFF (1996); a fotografia representa sempre um objeto de contexto, um fragmento (SONTAG, 1981); um instrumento de apoio à pesquisa nos diferentes campos da ciência, um documento visual, um original fotográfico é uma fonte primaria (KOSSOY, 2001), um objeto de pesquisa relativamente pouco explorado pelos historiadores (BURKE, 2004). Por se tratar de uma pesquisa interdisciplinar, contamos com uma co-orientação na área da documentação e conservação museológicas. Assim após a identificação, uma primeira catalogação e higienização das fotos, demos então início à uma sistematização desses registro imagético (LÉVY, 1993) e elaboramos uma Ficha de Documentação – em processo de revisão e complementação -, até então inexistente. Pensa-se assim contribuir para o conhecimento e divulgação da memória da primeira instituição de pesquisa e primeiro museu universitário ambos pioneiros nestas áreas no Rio Grande do Norte.

 

 

GT-20: MODELOS DE EXPLICAÇÃO NA CIÊNCIA E NA FILOSOFIA

Coordenadores:

Maria da Paz Nunes de Medeiros

E-mail: mpaz@ufrnet.br

Departamento de Filosofia

Daniel Durante Pereira Alves

Departamento de Filosofia

Local: Setor de Aula II, sala F5

Visa à análise de variados modos de entender a realidade, encontrados na história da ciência e da filosofia ou propostos na contemporaneidade, como modelos de explicação e representação do conhecimento. Trata de investigações acerca dos fundamentos lógicos e ontológicos dos modelos e das implicações para estudos interdisciplinares que priorizam entendimentos mais amplos dos conceitos.Serão consideradas propostas de trabalhos que discutam:

1. Análises conceituais na ciência, na filosofia;

2. Sistemas de lógica clássica e não-clássicas;

3. Modelagens conceituais e suas implicações para a pesquisa interdisciplinar.

Primeiro dia

 

01. A AÇÃO SOCIAL COMO TEXTO

Prof. Dr. Abrahão Costa Andrade

UFRN / Departamento de Filosofia

Relacionar as características do conceito de texto de Paul Ricoeur às características do conceito de ação social desenvolvido por Max Weber.

02. CONDICIONAIS CONTRAFACTUAIS

Adriano Marques da Silva

UFRN / Departamento de Filosofia

Sabemos que em sistemas formais o ‘significado’ dos conectivos lógicos, por ser determinado de forma funcional-veritativa, é muito mais restrito do que o dos conectivos das linguagens naturais. Historicamente, as discrepâncias entre o conectivo formal ‘"’ e o ‘se’ foram consideradas as mais sérias, dando origem a um novo ramo da filosofia da lógica, conhecida como “lógica dos condicionais” e cujo objetivo central é elucidar as condições de assertabilidade dos condicionais. Os objetivos do presente trabalho são dois: dar uma breve introdução a um dos tópicos da lógica dos condicionais, a saber, a interpretação dos condicionais contrafactuais (do tipo ‘Se tivesse sido o caso que A, teria sido o caso que B’) e mostrar de que maneira este problema está relacionado a tópicos cruciais da filosofia da ciência, tais como a definição de lei, confirmação e o significado de potencialidade.

03. SISTEMAS TUTORIAIS INTELIGENTES NA WEB: UMA APLICAÇÃO EDUCACIONAL DAS LÓGICAS PARACONSISTENTES

Antonio Júlio Garcia Freire

UFRN / Programa de Pós-Graduação em Filosofia

O desenvolvimento do ensino-aprendizagem sob a perspectiva de uma rede mundialmente conectada, como a internet, possibilitou o surgimento novas atividades interativas e de cognição, ao mesmo tempo em que colocou, para educadores, filósofos e cientistas da computação, problemas e desafios de grande complexidade, principalmente no que tange ao modo como o conhecimento é representado. Nesse escopo, os ambientes virtuais de ensino-aprendizagem já evoluíram de forma significativa, desde o seu aparecimento nos anos 60, passando por sistemas centrados no paradigma behaviorista (CAI-Computer-Aided Instruction), até às mais recentes abordagens baseadas em simuladores, micromundos, ambientes de aprendizagem social e os sistemas de tutoria inteligente na web (STI). Tais abordagens têm em sua concepção, muito dos progressos na área da IA (Inteligência Arificial). Nos STI, o conhecimento do processo de raciocínio do aluno se dá através de técnicas de modelagem qualitativa, simulando o processo de solução de um problema. Teoricamente, fundamentam-se na Psicologia Cognitivista, com uma estrutura baseada em módulos e de inspiração heurística. Além disso, fazem uso de uma modalidade interativa que privilegia o diálogo do tipo socrático, acrescido da detecção de erros. Sob o aspecto lógico, tais sistemas são complementados pelos avanços dos sistemas lógicos paraconsistentes, uma vez que admitem teses contraditórias mas não triviais em suas estruturas. Utilizam intensivamente os avanços teóricos na área de aprendizagem de máquina (Machine Learning), através da descrição de princípios e processos gerais de ensino-aprendizagem em sistemas computacionais. O objetivo desta comunicação é apresentar um panorama dos sistemas de tutoria inteligente baseados em interface web, apontando as eventuais conexões com os princípios da lógica paraconsistente.

04. A noção de conseqüência lógica nos

contextos informal e formal

Ângela Maria Paiva Cruz

UFRN / Base de pesquisa “Lógica, Conhecimento e Educação”

A Lógica tem sido definida por vários lógicos contemporâneos como uma área do conhecimento que trata da noção de “conseqüência lógica”. Essa noção é definida em um sistema lógico por satisfazer determinadas propriedades. Em Cruz; Dal Pian; Lycurgo (2002) encontra-se uma análise obtida pela metodologia da “Grade de Repertório” – proposta por Kelly (1955) -, evidenciando em que medida a modelagem lógica dessa noção se aproxima dos modos informais de entendê-la e explicá-la. Esse trabalho tem por objetivo, apresentar os resultados desta análise e discutir certas propriedades da conseqüência lógica em algumas lógicas.

05. A lógica da dor: um estudo sobre a percepção

da dor como fenômeno psíquico.

Bertulino José de Souza

Professor Universitário - Mestre em Educação UFRN - 2002

A presente proposta de investigação foi gestada a partir do curso Racionalidade e lógica no contexto das mudanças epistêmicas. O estudo situa-se no âmbito das estruturas de pensamento interrogando as crenças nele formalizadas (C). Nesse contexto, busca na racionalidade, discutindo os diversos graus de credibilidade (G), uma forma de explicação do referido mecanismo (M – J) e sua compreensão pela juventude (15 a 17 anos de ambos os sexos), indicando com isso, um estado epistêmico (K). Trata da questão da dor, investigando na etimologia da palavra, diferentes orientações, uma das quais, capturando a lógica (no sentido da estruturação da racionalidade), que permeia a formação dos sujeitos sociais e lhes imprime uma orientação que durará toda a vida. Para tanto, baseia-se na Metafísica assim como sugerida no livro IV de Aristóteles e nas proposições de teóricos como: Cruz (2001, 2004); Epstein(1999), entre outros.

06. O MUNDO DE TARSKI E O ESTUDO DA LÓGICA

David Gomes da Costa

Flammarion Gomes Mendonça

UFRN / Departamento de Filosofia

Um dos grandes problemas que os alunos iniciantes enfrentam ao se deparar com o estudo da Lógica é a dificuldade em perceber sua real amplitude, já que nem sempre é possível assimilar de forma clara sua aplicabilidade, bem como de suas fórmulas e sentenças. Esta comunicação, na tentativa de resolver este problema, introduz o aluno ao programa de computador Mundo de Tarski, parte integrante do livro Language, Proof and Logic, dos professores norte-americanos Jon Barwise e John Etchemendy, da Universidade de Standford. O programa simula vários mundos, que podem ser construídos a partir da inserção de três formas geométricas – que podem assumir três diferentes tamanhos – num tabuleiro. Sobre a disposição feita pelo aluno, pode-se construir em outra janela sentenças baseadas em predicações pré-determinadas pelo programa, juntamente com os símbolos veri-funcionais da lógica clássica e os quantificadores. A pertinência entre o que aparece no mundo e a sentença escrita pode ser verificada numa terceira janela, dispondo o programa de um jogo que pode ser utilizado quando ainda restam dúvidas sobre o valor de verdade da sentença. O objetivo desta comunicação é justamente dar um panorama do programa, dando vários exemplos práticos de construção de mundos e sentenças através do seu manuseio, bem como dos outros recursos citados anteriormente. Desta forma, ao formalizar situações dadas em um mundo restrito, o aluno terá mais facilidade na formalização de situações cada vez mais complexas, que extrapolam as limitações do programa.

07. Lógica Lúdica : aprendendo lógica através de charadas

Prof. Dr.Daniel Durante Pereira Alves

UFRN / Departamento de Filosofia

Um interessante e poderoso recurso didático para a aprendizagem de lógica são as charadas e adivinhações. Nesta comunicação pretendo, através de alguns exemplos, mostrar como importantes conceitos da lógica podem ser aprendidos, exercitados e exemplificados em situações lúdicas de enigmas e adivinhações. Tais situações motivam os alunos a buscarem saídas intuitivas, chegando, através de suas próprias pernas, aos antes "complexos" e "inacessíveis" conceitos lógicos. Usaremos alguns exemplos dos livros de Raymond Smullyan, eminente lógico, filósofo e matemático norte-americano que se dedica ao tema."

08. CORPO E EPISTEMOLOGIA: apontamentos em torno da transversalidade dos saberes

João Carlos Neves de Souza e Nunes Dias

Profª. Drª. Maria da Conceição de Almeida - orientadora

Grupo de Estudos da Complexidade - GRECOM

UFRN / Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais

Esse trabalho caracteriza-se como um projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido no programa de pós-graduação strictu sensu - mestrado - em Ciências Sociais da UFRN, na linha de pesquisa Estudos da Complexidade. Para o desenvolvimento dessa pesquisa, partimos da compreensão de que há configurações que podem ser reconhecidas como ciência por apresentarem caracteres de objetividade e de sistematicidade e há as que não possuem estes critérios, mas que possuem coerência e são determinadas por sua positividade, condição que não deve ser tratada de forma negativa, uma vez que significa o reconhecimento de outras configurações do saber que não apenas o saber científico. Objetivamos, nesse sentido, refletir sobre a configuração epistemológica dos saberes, apontando na direção de um arranjo mais flexível do conhecimento, numa configuração transversal dos saberes. Nesse movimento de (re)configuração epistêmica, torna-se importante compreender que a ciência não é a única forma de conhecimento existente, bem como reconhecer os limites e relações entre o saber científico e de outras positividades. Nesse contexto, buscamos evidenciar as diferentes lógicas e mecanismos de explicação e compreensão que configuram esses saberes, a partir da produção do conhecimento em torno do corpo e da gestualidade enquanto indicadores epistêmicos para pensarmos um arranjo transversal do conhecimento. As concepções sobre o corpo constituem-se como uma narrativa marcada pelos códigos do conhecimento científico, filosófico, artístico, social, das tradições, entre outras, nessa escrita epistêmica o corpo não se separa no espaço e no tempo das marcas da estrutura biológica humana, ela mesma simbólica, nem dos aspectos sociais, econômicos e éticos. Uma narrativa que não pretende naturalizar a cultura ou culturalizar a natureza, indivíduo e sociedade, sujeito e objeto, de modo disjuntivo, mas fazer dialogar o conhecimento sobre estes domínios do humano e em geral da vida, separado por um paradigma disjuntor dos saberes humanos.

09. CONTROLE, RACIONALIDADE E NEUTRALIDADE CIENTÍFICA

Prof. Josailton Fernandes de Mendonça

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

A discussão em torno da racionalidade cientifica deve considerar quais os objetivos estabelecidos para a ciência. E da mesma forma que a racionalidade envolve tanto grupos como indivíduos, os objetivos tendem a ressaltar aquele conjunto de valores e regras fixadas pela comunidade cientifica para a ciência, tanto quanto aquelas regras fixadas por indivíduos, sobretudo filósofos e cientistas. Igualmente deve ser considerado que ao longo dos quatro últimos séculos, isto é, a partir da revolução cientifica moderna a idéia de racionalidade cientifica tende destacar como valor fundamental da ciência a idéia de controle da natureza. Neste sentido os objetivos fixados para a ciência de modo geral querem, entre outras coisas, apontar a identificação dos meios para a realização desse controle. Assim, talvez, ao invés de falar como Paul Thagard de objetivos epistemicos e objetivos práticos, fosse mais apropriado descrever a relação entre racionalidade e objetivo científico em termos de controle teóretico e controle prático. O que remete a análise da questão da neutralidade e da imparcialidade cientifica. Aquela uma temática ligada a tese do controle prático e esta última uma tese ligada a idéia de controle epistemico. Em assim sendo o objetivo do trabalho é mostrar, tomando como referencia o trabalho de Hugh Lacey e Paul Thagard, que a racionalidade cientifica fixa objetivos para a ciência de modo a comprometê-la com o controle prático da natureza.

09. Lógica e Direito

Leonardo Oliveira Freire

Orientadora: Drª Ângela

UFRN / Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Ao investigar a Lógica Jurídica, encontramos uma estrutura que não é simplesmente uma lógica matemática ou formal, no sentido clássico. O que ocorre é que não se pode conceber o raciocínio jurídico partindo de premissas absolutas e incontestáveis, sobretudo porque os juízos jurídicos são invariavelmente juízos de valor, a saber: o direito como e a moral processando-se com suas estruturas lógicas. Os procedimentos decisórios e o raciocínio jurídico não obedecem a esquematismos pré-concebidos ou a qualquer tipo de pré-determinação de seus conteúdos. Enfim, acima de tudo quando se pensa na aplicação do Direito, deve-se afirmar que está a utilizar o Logos do razoável. Devemos entender o Direito a partir da noção de Logos. E este corresponde a razão no sentido universal como ampla possibilidade de realização da idéia do bem. Assim o principio axiológico nasce enquanto norma, cuja validade lhe é imanente pela ordem universal que lhe dá origem. Por exemplo, o juízo negativo: não matarás. A afirmativa desta lei preconiza um juízo de valor universal, a vida como um bem inalienável, ou seja, um direito fundamental. No entanto, existem as excludentes de ilicitude. Tomemos a penas uma delas, o estado de necessidade. Neste contexto, no qual a vida está em iminente perigo o detentor de direitos e deveres não seguirá a norma a respeito de conservar sua própria vida, agredindo a de outrem, contradizendo a norma que estabelece o homicídio como crime. Isso, porém não torna o sistema ineficaz ou a ação um erro, pois a contradição se estabelece, mas resolve-se pela concretização do mundo prático, onde a exceção é devido a própria natureza das possibilidades. Assim a razão amplia a capacidade de compreensão da lide, pois o problema não é visto no contexto da lógica aristotélica, onde a contradição não é aceita mas é tratado a partir de uma lógica mais ampla que consegue absorver as características do mundo mesmo. Entrando na esfera do direito enquanto realização efetiva.

10. A razão - um modelo válido de explicação na ciência e na filosofia?

Maria José da C. Souza Vidal

UFRN / Programa de Pós-Graduação em Filosofia

O objetivo desse trabalho é desenvolvermos uma análise filosófica na perspectiva de penetrarmos no núcleo da chamada “crise da razão”. Assim como verificarmos a origem dessa “crise” e como esta se apresenta na contemporaneidade. Na tentativa de identificarmos quais as suas implicações, no intuito de respondermos a questão proposta no título desse ensaio, se a razão ainda pode se constituir enquanto um modelo válido de explicação.

11. A aplicação do paradigma cibernético nas Ciências Sociais: Um diálogo com o pensamento complexo de Edgar Morin

Maria de Lourdes de Medeiros

UFRN / Programa dede Pós-Graduação em Ciências Sociais – PPGCS

A obra “O Método” de Edgar Morin pretende desenvolver um novo paradigma científico a fim de solucionar problemas que ultrapassam os limites dos velhos cânones cartesianos e religar as diversas dimensões do real, a partir da Teoria Geral dos Sistemas de Ludwig von Bertalanffy e da revolução cibernética de Norbert Wiener. A generalização dos conceitos físicos de “sistema” e “máquina” abrange todo ser que dispõe das propriedades organizacionais de competência, práxis, poíesis e transformação, e dá conta da propriedade generativa da organização sistêmica e sua evolução na physis, deduzindo daí a originalidade das máquinas sociais como prolongamentos do princípio de auto-poiésis e de suas potencialidades. A cibernética wieneriana toma a “máquina” como objeto de uma ciência geral, desencadeando a revolução paradigmática que Morin anuncia mediante a analogia estrutural entre astros, seres vivos, organizações humanas e máquinas artificiais, e define o circuito recursivo da produção-de-si como fundamento lógico da generatividade da linguagem, da cultura, da sociedade e do Estado. Para além dos ganhos heurísticos dessa revolução, pode-se questionar, seguindo a discussão de Jürgen Habermas com o sistemismo de Niklas Luhmann, até que ponto a subversão das barreiras epistemológicas não renova velhos preconceitos naturalistas e o projeto positivista de uma ciência totalizadora e única.

12. RELEVÂNCIA DE SOFTWARES NA CONSTRUÇÃO DE PROVAS EM SISTEMAS FORMAIS

Patrick César Alves Terrematte

Stanley Kreiter Bezerra Medeiros

UFRN / Base de Pesquisa “Lógica, Conhecimento e Educação”

As provas lógico-formais são de grande relevância para os lógicos. Com elas, podemos provar a validade sintática de argumentos que, às vezes, informalmente, não nos parecem intuitivos. Ao estabelecer um sistema formal, o lógico decidirá quais regras ou axiomas (ou ambos) lhes melhor caberá para suas demonstrações. No presente trabalho, utilizaremos o sistema Fitch como sistema lógico-formal base para demonstrações lógicas. Apresentaremos o programa de computador Fitch, parte integrante do livro Language, Proof and Logic, dos professores norte-americanos Jon Barwise e John Etchemendy, da Universidade de Standford para ressaltarmos a relevância de softwares na construção de provas em sistemas formais. Tal programa, com considerável praticidade, permite a construção de provas formais e a demonstração de teoremas em linguagem de primeira ordem. Deste modo, utilizamos de uma maneira didática a lógica e a computação, mantendo uma visão prática do sistema lógico-formal e suas provas em dedução natural.

13. A INDUÇÃO E SUAS CRÍTICAS

Stanley Kreiter Bezerra Medeiros

Orientadora: Profa. Dra. Ângela Maria Paiva Cruz

UFRN / Base de Pesquisa “Lógica, Conhecimento e Educação”

O processo de raciocínio pelo qual se infere uma proposição geral a partir de uma ou mais proposições particulares é geralmente conhecido por indução; com base em um conjunto finito não-vazio de proposições particulares, que descrevem algum tipo de fenômeno, a razão humana pode, através do raciocínio indutivo, inferir uma proposição geral como conclusão. Tal processo do entendimento humano sempre foi bastante utilizado por todos nós. Em contrapartida, as questões levantadas contra a utilização da indução como base para o conhecimento são datadas já dos meados do século XVIII, com Hume. Apesar de todas as críticas levantadas contra a indução, alguns a defenderam ou tentaram defendê-la tenazmente. Estes, pela sua postura de defensores da indução, ficaram conhecidos como indutivistas. O presente trabalho propõe uma explanação acerca da indução e das críticas mais comuns levantadas contra ela, tomando como base a discussão de Hume e seguindo até as críticas de Popper.

14. LÓGICAS CLÁSSICAS E NÃO-CLÁSSICAS E SUAS POSSÍVEIS RELAÇÕES COM A METAFÍSICA

Jorge dos Santos Lima

Programa de Pós-Graduação em Filosofia/UFRN

Lógica e metafísica são indissociáveis. A relação entre elas consiste no fato que a metafísica trata as questões que a lógica faz referência. No modelo da lógica clássica, utilizamos o modelo da lógica há pressupostos de natureza metafísica. Reflete-se sobre o que a coisa é, mas para isso é preciso encontrar um princípio que oriente todo raciocínio, sendo esta uma questão da lógica. Dessa forma, concordando com teorias que afirmam a existência de mais de uma concepção de lógica, afirmamos que as que se fundam no princípio da não contradição, não são as únicas capazes de dar conta das relações mente-mundo. Também não são as únicas que possuem questões de caráter metafísico. Algumas, não-clássicas, derrogando o princípio da não contradição, percebem que o homem não fica impedido de agir racionalmente, mas sim, seu entendimento de mundo interior e exterior torna-se muito mais significativo admitindo a contradição. Essa visão no campo das lógicas não clássicas, através da lógica Paraconsistente e baseando-se nos argumentos de CRUZ (2003), nos leva a considerar aspectos metafísicos. De acordo com essa perspectiva, o sujeito possui estado(s) epistêmico(s) onde ocorre(m) conflitos, gerados pelas possíveiscontradições entre crenças. Ousamos dividi-lo em três conjuntos para demonstrar como lidamos com crenças contraditórias: conjunto constituído de crenças aceitas; o constituído de crenças refutadas; e o de crenças indeterminadas. Observamos, assim, que o princípio da não contradição pode ser derrogado. Concluímos, afirmando que o metafísico nesta abordagem, além da tentativa de compreender o ser do mundo a partir do contraditório e do não contraditório, de tomar decisões baseadas nestas compreensões, são as relações existentes entre as crenças de um estado epistêmico qualquer e entre este e mundo.

 

GT-21: CAMINHOS DO CORPO

Coordenadores:

Edson César Ferreira Claro

E-mail: ecesarclaro@digi.com.br

Teodora de Araújo Alves

E-mail: teodora@ufrnet.br

Departamento de Artes

Local: Sala 19 do DEART

Trata-se de um GT que pretende atender uma demanda crescente de pesquisas, debates e relatos de experiências no campo da Corporeidade. Incluindo temas transdisciplinares como arte, cultura e educação, a proposta expressa a possibilidade de diálogo, do contato entre pessoas de diversas áreas do conhecimento, da exploração criativa e da construção de posturas que reconheçam as inter-relações e a característica interminável do conhecimento (Abreu Jr., 2002). Desse modo, o GT propõe refletir sobre tais questões, buscando reconhecer a importância do corpo, do ponto de vista da existência e expressividade humana e portanto da corporeidade, tantas vezes silenciada no processo de construção do conhecimento ocidental.

01. CORPOS EM-CENA: UM ESTUDO SOBRE DRAGS QUEENS

Anne Christine Damásio

annecdamasio@yahoo.com.br

Departamento de Ciências Sociais/PPGCS/UFRN

O projeto que pretendemos apresentar surge quando da observação participante para dissertação do mestrado, intitulada: Ilhas de Lesbos: uma cartografia do desejo orgíaco feminino em espaços de lazer. Dentro dos espaços que analisamos nos deparamos com sujeitos que transgrediam explicitamente e através do corpo a fronteira construída entre sexo/gênero. A sociedade como um todo, eivada de representações sociais, irá considerar o corpo sexuado e as práticas sexuais enquanto fundantes no processo de identificação do humano. Ao observarmos o transgênero percebemos que ele desfaz as polaridades e hierarquias, revelando o assujeitamento ao “verdadeiro sexo”, causando claramente um desassossego. A escolha do objeto nos remete, dentre outras coisas, ao questionamento das supostas evidências identitárias, sociais e biológicas. Pois percebemos que é a identidade e nesse caso em particular, a identidade de gênero que institui sua própria imagem.

 

02. A PERFORMANCE DO CABOCLO DE LANÇA: UM ESTUDO SOBRE A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A PREPARAÇÃO CORPORAL DO ATOR

Maria Cristina da Silva Pereira

DEART/UFRN

Essa pesquisa é uma investigação sobre a performance corporal do caboclo de lança do maracatu – rural pernambucano. Através do estudo da gestualidade desse personagem buscamos elementos que pudessem contribuir para a formação do ator, mas especificamente na sua preparação corporal. Para efeito da pesquisa, nosso principal instrumental metodológico foi o sistema de analise do domínio do movimento de Rudolf Laban. O material disponível para as nossas observações foram imagens do objeto de estudo disponibilizados em fitas de vídeo e CD Rom.

03. POESIA E SUBJETIVIDADE: REPRESENTAÇÕES POÉTICAS DO CORPO NA ESCOLA

Cynthia Larissa M. Cortez

Departamento de Pedagogia/UFRN

Teodora Alves/Orientadora/DEART/UFRN

O trabalho aqui inscrito teve início com observações da prática de ensino/estágio com alunos do primeiro ciclo de uma escola pública de Natal/RN. Na referida prática buscamos conhecer em primeiro lugar o aluno e o mesmo conhecer o professor numa relação dialógica em que um não se efetiva sem o outro. A partir de tal experiência, de caráter prático-investigativo, objetivamos promover/reconhecer a unidade corpo e mente, através do contato com a poesia e seu ritmo. Para tanto, optamos pela ampliação do conceito de poesia como pressuposto para que esse objetivo acontecesse, bem como considerando a corporeidade como expressão e da formação da subjetividade plural e concreta. Nessa ampliação do conceito de poesia encontramos através do diálogo com Morin e outros autores, a necessidade de trazermos para sala de aula uma “hiperpoesia”, a partir da qual outras interrogações vão perfazendo o caminho. Nesse sentido, fizemos tentativas em encontrá-la na poesia em movimento. Seguindo esse caminho, a corporeidade e sua expressão poética foi apresentada na prática, como representação de poemas e estórias trabalhadas com as crianças. De um modo geral, vivenciamos/interpretamos/descrevemos sinais das subjetividades, que demonstraram também o que caracteriza a metodologia da pesquisa-ação como descritiva. Apresentando a poesia como linguagem diversa e de múltiplos canais de expressão, realizamos uma revisão bibliográfica, onde abordamos a questão da poesia como necessidade do jogo social, do mesmo modo que o movimento. Nesse contexto, tivemos a necessidade de trazer a dança, também como jogo social em movimento e como um dos possíveis elos para alcançar a nossa busca pela essência do ser humano, bem como em trabalhar os potenciais humanos de forma lúdica. Trilhando esse caminho descobrimos também a necessidade de o professor rever suas próprias atitudes dualistas, as quais muitas vezes impede um olhar mais efetivo sobre a corporeidade de seus alunos no processo ensino-aprendizagem. O conteúdo vivencial, se apresenta então como de essencial relevância, para que possamos, "dançar com o poema jogado em sala de aula".

04. O EXPERIMENTO COMO CAMINHO PARA O FAZER DA DANÇA

Emmanuela Regina de Azevedo Costa

DEART/UFRN

Prof Es. Leonardo Rocha da Gama – DEART/UFRN

O Grupo de Dança Experimental (GRUDE) se reuniu pela primeira vez em 1999, com intuito quase espontâneo de fazer dança. Esta fase de ação espontânea foi amadurecendo ao longo desse tempo e deu origem a segunda e atual fase denominada referencialização, nessa etapa o GRUDE passou a buscar o conhecimento no seu sentido lato. Em ambas as fases o experimentar foi o foco das ações, seja no fazer da dança enquanto uma experiência, no sentido estrito, seja na organização do conhecimento que cerca esse fazer e o descobrir de outras linguagens como poesia e teatro. É objetivo desse trabalho apontar os caminhos que constituem o experimentar do GRUDE. Entendemos o experimentar não como uma doutrina, mas, como uma possibilidade para o exercício criativo, uma ação de conhecer, produzir e expandir a linguagem da dança de uma forma coletiva. A importância dessa intervenção se constitui principalmente pelo perfil dos integrantes do grupo: quatro professores de Educação Física e uma arte-educadora da rede municipal de educação, três alunos de Artes Cênicas, um de Música e um de Educação Física, todos da UFRN; juntos buscando além do fazer artístico, ampliar seus conhecimentos e melhorar a qualidade do fazer educativo no contexto escolar e não escolar através do experimento referencializado. O experimento parte da aplicação do conhecimento produzido por Laban, Viola Spolin, Tchkov e Stanislavsk. Esse estudo é realizado através de uma pesquisa-ação em processo.

05. A DANÇATERAPIA: UM CAMINHO PARA A CORPOREIDADE

Gabriela Olivar de Oliveira Santos

 graduanda do curso de Comunicação Social – Jornalismo, na UFRN, e Tecnologia em Lazer e Qualidade de Vida, no CEFET-RN].

O tema corporeidade sucita discussões bastante pertinentes no que diz respeito ao homem enquanto sujeito (construtor) e objeto (construído) do mundo em que vive. O assunto deve ser explorado e analisado de forma interdisciplinar, já que o entendimento do corpo como matéria e espírito, existência e essência, numa constante dicotomia, só é alcançado com muitas e diversas reflexões biológicas, culturais e sociais. A presente pesquisa acadêmica é bibliográfica e trata especificamente da questão da dançaterapia, uma técnica de autoconhecimento corporal através da dança, como um dos caminhos para se obter a corporeidade em sua essência. O estudo baseia-se, quase totalmente, no trabalho de Maria Fux, profissional da dança e uma das precursoras da técnica. E teve como objetivos específicos caracterizar a dançaterapia; conceituar a corporeidade; analisar a influência da dança na recuperação da auto-estima e na melhora da auto-imagem e autopercepção e analisar a influência da dançaterapia no processo educacional. O estudo despertou grande interesse pelas várias possibilidades que o corpo oferece enquanto discussão fenomenológica, que abrange a filosofia, a antropologia e outras ciências. A relevância pessoal consiste no interesse em aprimorar um repertório sobre práticas de qualidade de vida através da dança. Socialmente, pode vir a ser uma vertente para futuras pesquisas que desejem se aprimorar mais na temática da dançaterapia enquanto caminho para a corporeidade, já que o seguinte trabalho não constitui uma análise tão profunda do tema. Concluiu-se que a dançaterapia é um caminho para o entendimento do corpo na medida em que, com os próprios movimentos, o indivíduo percebe-se e percebe também seu ritmo, sua essência, seu interior e sua subjetividade. A corporeidade vem de encontro à dualidade sensível/inteligível imposta, principalmente na sociedade ocidental, e reafirma o homem como tendo um corpo que pensa, sente, reage, dança, movimenta-se, vivencia o lúdico e, vale ressaltar, cria símbolos e significados, deixando marcas para a construção da posteridade, e isso não de forma segmentada, mas constantemente inter-relacionada.

06. CORPORALIDADE: REPRESENTAÇÕES E SEXUALIDADE DO CORPO FEMININO

Maria das Dores Honório

dorahonorio@ig.com.br

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais/UFRN

Esta comunicação apresenta pesquisa em andamento que tem como objetivo investigar a construção de representações de corpo e sua relação com a sexualidade, em adolescentes de 14 a 17 anos, do sexo feminino, de camadas populares. Partindo da concepção de corpo como uma construção cultural e social específica de cada cultura, sociedade e/ou classe social, pretendemos investigar essa construção, localizando significados/representações do corpo e sua relação com a sexualidade enquanto linguagem na construção de gênero.

07. UM OLHAR PARA AS RAINHAS DRAGÕES

Pedro Vieira da Costa Filho.

Departamento de Antropologia da UFRN.

O ovo da Rainha Dragão é meu trabalho acadêmico na graduação em antropologia (urbana e visual). Nele descrevo os seres andróginos de hábitos noturnos. O interesse dessa pesquisa é dar visibilidade, principalmente, às drag queens. Andando pelas boates e eventos gay deste 2000, capto imagens através de fotografias, em Natal. Focalizo na observação e descrição dos signos e comportamentos que os caracterizam enquanto tribos urbanas. Esse movimento crescente existente hoje em dia, se dá pelas aberturas em vários meios sociais, artísticos e políticos mundiais. Na pesquisa exponho a visualidade drag, com suas características específicas. Defendo o ser drag queen enquanto uma produção de arte, com peculiaridades nas modalidades do teatro, da dança e das artes visuais, conectado com o mundo da moda e da criação artística. O que mais me chama a atenção são as drags com a tendência top model de ser: cabelos, roupas e maquiagens inspiradas nas modelos e coleções das famosas passarelas. Ao mesmo tempo em que, também, lançam formas de ser e de se produzir pois ousar e criar é o tema das drags.

08. COMUNICAÇÃO SEM LIMITES: A CORPOREIDADE DO ATOR COMO EIXO DO PROCESSO CRIATIVO NA MONTAGEM DO EXPERIMENTO TEATRAL “COMO ANJOS”

Sandro Souza Silva

Departamento de Comunicação Social /UFRN

Teodora Alves/Orientadora/DEART/UFRN

As transformações culturais que emergiram solidamente no século XX, dentre outros fatores, limitam a compreensão do fenômeno da comunicação humana aos meios tecnológicos de transmissão de informação de massa. "Estes meios são tão poderosos e importantes em nossa vida atual que às vezes esquecemos que representam uma mínima parte de nossa comunicação total" (BORDENAVE,1982, p.18). Mas o que seria essa comunicação total? Como pensar o homem através da comunicação? Podemos nos remeter a um enorme número de signos, que originam diversas formas de linguagens e que expõem um universo comunicacional irrestrito que não deve ser confundido nem limitado pela lógica capitalista do lucro e do consumo. Na contemporaneidade, existe um culto ao corpo que exalta, em primeiro lugar, a estética e o padrão de beleza mistificado pela sociedade. Este trabalho apresenta a possibilidade de um encontro com uma visão diferenciada a respeito do corpo e da comunicação humana através do teatro. Encontrei nas raízes do trabalho do ator uma descoberta da corporeidade humana que vem das heranças culturais e se estrutura como técnica teatral, explorando a comunicação de diversas maneiras e possibilitando repensá-la e vivenciá-la de forma ampla e direta. A pesquisa traz uma discussão que parte da realização de um experimento teatral cujo foco principal foi o trabalho de ator, baseado em estudos a cerca da Antropologia Teatral de Eugênio Barba e de autores contemporâneos como Artaud, Grotowisk, Burnier e Ferracine, que propõem uma criação cênica a partir da corporeidade humana, buscando uma energia e presença capaz de transmitir verdade e “vida” em estado de representação.

09. MEXE-MEXE: DAS BRINCADEIRAS DE CRIANÇA ÀS PRÁTICAS TEATRAIS

Weid Sousa da Silva

Departamento de Artes/CCHLA/UFRN

Este projeto, ainda que inicial, trabalha com as crianças do Curso de Iniciação Artística – CIART/EMUFRN, de faixa etária entre 06 e 10 anos, a partir de brincadeiras pertencentes as suas cultura e realidade, para a partir deste contato com elementos próprios e/ou conhecidos delas, perceberem o teatro e suas linguagens. É necessário que a criança se perceba e não entre em “amarras e couraças” que venham sofrer pela sociedade, diante desta situação, a escola torna-se um dos lugares mais propício para esta percepção, por ter contatos, principalmente, com crianças outras crianças, e é neste espaço lúdico que ela pede para ser livre, poder se expressar e pensar como criança, percebendo seu corpo e suas sensações. Acredito que as brincadeiras são formas lúdicas de socialização e quebra de rotina já estabelecida na vida destas crianças, além de liberta-la corporalmente, sendo assim mais fácil aderir ao processo teatral, aguçando sua sensibilidade para a vida.

10. O ESPETÁCULO DOS ``METALEIROS´´ EM FORTALEZA: CENÁRIOS E ENCENAÇÕES CORPORAIS

Abda de Souza Medeiros

Universidade Federal do Ceará

A apresentação trata da relação entre o rock pesado e o estilo corporal (gestos, adereços e vestimentas) a partir da pesquisa realizada com duas bandas de Fortaleza que estão agregadas à Associação Cultural Cearense do Rock (ACR). A pesquisa foi iniciada em maio de 2001 e se concluída em novembro de 2004. O trabalho de campo consistiu em idas a shows das bandas, observação e registro das apresentações, participações nas reuniões da ACR, conversas informais e entrevistas com os integrantes das bandas. Os resultados da pesquisa mostraram que o corpo é por eles utilizado como extensão da música à qual se dedicam e que conformam um estilo de vida próprio.

 

GT-22: EDUCAÇÃO E SOCIEDADE

Coordenador:

José Willington Germano

E-mail: wgermano@digi.com.br

Departamento de Ciências Sociais

Local: Setor de Aulas II – G5

A educação se constitui um dos temas mais importantes na agenda pública e no debate acadêmico neste início de século. Vários são os ângulos da discussão envolvendo questões atinentes a cidadania, ao mundo do trabalho, a chamada sociedade do conhecimento, a exclusão social, ao imaginário e a memória sócio-cultural das sociedades. Pretende-se, pois, discutir no GT a educação sob múltiplos aspectos. compreendendo as políticas públicas, universidade, práticas educacionais, imaginário social, história e memória. Será dado especial relevo as práticas alternativas de ação coletiva no campo educacional, como as redes sociais, que se inserem na perspectiva de construir uma outra globalização, contra-hegemônica, orientada ao fortalecimento do espaço público, a cidadania planetária e a cultura política democrática.

Primeiro dia

01: A ORDEM E O DESEJO: AS RAZÕES DOS CASOS DE “FRACASSO” DO PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO

Geraldo Magela Daniel Junior

UFRN

Mestrando em Ciências Sociais/PPGCS

Departamento de Ciências Sociais

As ciências humanas designam de processo de socialização o amplo leque de experiências educacionais pelas quais passam todos os seres humanos que vivem em sociedade, a fim de internalizarem os padrões sociais necessários para que se tornem adultos adaptados e funcionais a seus respectivos universos culturais. O processo de socialização é levado a cabo por uma vasta gama de instituições e mecanismos educacionais através dos quais a ordem simbólica (conjunto de representações sociais) é internalizada em cada indivíduo particular. O êxito do processo de socialização é determinado pelo grau de simetria alcançado entre o mundo objetivo da sociedade e o mundo subjetivo do indivíduo. A socialização de êxito é aquela que consegue estabelecer grande semelhança entre a subjetividade e a sociedade ou, quando menos, a interiorização, pelo indivíduo, das representações sociais básicas à manutenção da ordem social. Inversamente, o “fracasso” do processo de socialização é atestado por um grau elevado de assimetria entre o indivíduo e a sociedade, principalmente aquela assimetria oriunda da rejeição das representações sociais básicas. Embora pouco expressivos em termos quantitativos, casos de “fracassos” do processo de socialização ocorrem, resultando na constituição de subjetividades culturalmente rebeldes e/ou transgressoras. Embora a teoria social admita a possibilidade desses “fracassos” da socialização, ainda não teorizou sobre suas “causas” ou “determinantes”. O objetivo deste trabalho é encontrar possíveis explicações para os casos de “fracasso” da socialização. Para tal, conjugará procedimentos teóricos (análise e síntese das perspectivas teóricas que interpretam a subjetividade como socialmente determinada) e procedimentos empíricos (entrevistas em profundidades com indivíduos classificados como rebeldes ou transgressores - militantes socialistas e anarquistas, artistas e intelectuais contestadores, prisioneiros civis, homossexuais travestis etc.).

02: A Intimidade Visitada: O sentido de prazer na vida e obra de Marx, Weber, Freud, Jung, Bachelard e Foucault – Aspectos gerais de um estudo

Paulo Henrique Façanha de Miranda

Maria da Conceição de Almeida (Orientadora)

O estudo proposto levanta, de maneira preliminar e geral, qual o sentido de prazer na vida e obra de Marx, Weber, Freud, Jung, Bachelard e Foucault. O prazer é um acontecimento ao mesmo tempo natural e cultural. Proponho-me a observar, como este acontecimento pode apresentar-se na obra dos diversos autores: Como abordam e como desenvolvem seus pensamentos-sentimentos a respeito do prazer - seja na dimensão dos seus estudos e/ou na dimensão de suas diversas relações sociais/pessoais -? É inegável a contribuição, para o pensamento ocidental, desses intelectuais que fizeram da ciência e da filosofia sua condição de vida. Entretanto, não é desconhecido do mundo acadêmico o pessimismo teórico (só teórico?) de Weber, Freud e Foucault e suas agudas analises a respeito da vida moderna. Por outro lado, é também conhecida a perspectiva aberta e otimista da vida social e da vida em geral por parte dos estudos de Marx, Jung e Bachelard. Seja por um aspecto ou por outro há um sentido de prazer na produção e visão de mundo dos referidos autores. Minha intenção é estudar o sentido de prazer enquanto um assunto de interesse intelectual para os referidos autores, mas também como eles lideram com tal sensação, sentimento e sentido em suas vidas. O que escreveram era aquilo que viviam e sentiam e experimentavam ou ao escreverem buscavam realizar teoricamente o que na sua vida cotidiana-social-familiar não conseguiam resolver? É um estudo que pretende cruzar a vida pessoal e intelectual de pensadores notórios mediados pelo sentido de prazer.

03: A ESCOLA E O FETICHISMO DA NOTA

Sérgio Luiz Lopes

UFRN

Orientador: Prof. Dr. Alípio Souza Filho

A pesquisa se propõe fazer uma arqueologia da nota como prática escolar, a partir de sua origem na Idade Média até a contemporaneidade, apresentando as várias mudanças que a mesma sofreu ao longo desse período. Os objetivos de nossa pesquisa são: investigar, dentro de um contexto escolar definido, as representações em torno da nota; analisar os fatores que contribuem para a construção de uma cultura escolar cuja preocupação primeira é a nota; revelar esse fenômeno em uma escola pública de ensino médio na cidade de Natal; situar, histórica e criticamente, o homem como sujeito portador de uma linguagem discursiva, sua relação quanto às representações sociais, ideologia e o fetichismo da nota. Os tópicos são possíveis envolvimentos e ramificações dos escritos de Alípio Filho, Monroe, Mayer, Cambi, Durkheim, Germano, Becker, Manarcorda e principalmente Bourdieu, Ariès e Foucault. A pesquisa privilegiará o estudo de caso, por considerá-lo o mais adequado para apreender o fenômeno supra-mencionado – o fetichismo da nota. Entendemos que através desse procedimento se torna possível retratar a realidade escolar, desvelando ações e práticas pedagógicas que continuam centradas na figura do professor. A pesquisa comporta um estudo bibliográfico para a construção do referencial teórico, relativos à temática. O corpus empírico da pesquisa está constituída do levantamento de dados realizado em escola pública, a partir de entrevistas abertas com os professores. As entrevistas estão sendo analisadas mediante categorias abstraídas da leitura do material coletado e análise das representações circulantes no discurso dos entrevistados. Esta pesquisa, eminentemente exploratória, busca a crítica epistemológica da prática escolar, epistemologia praticamente inconsciente, subjacente ao trabalho docente. Objetivamos elaborar uma reflexão acerca de como o HABITUS DA NOTA criou uma dimensão ideológica, envolvendo a todos, de forma que os sistemas de ensino sedimentaram e transformaram a obtenção de notas em privilégios naturais e não de construção.

04: entre o púlpito e a cátedra: Padre ANTONIO VIEIRA E A EDUCAÇÃO COLONIAL

Rodson Ricardo Souza do Nascimento

Doutorando em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientador: Prof. Dr. José Willington Germano, UFRN

O trabalho pretende analisar a importância da obra do Padre Antonio Vieira (1608-1697) na formação intelectual e moral das elites do século XVII. A partir de pesquisa na literatura pertinente e da hermenêutica de seus textos. Busca-se compreender a relação entre a estrutura retórica de seus sermões e o contexto social da época, particularmente aqueles produzidos entre 1640 e 1662. Tomando-se como base as noções de “intelectual” e “situação de vida” (Sitz im Lebem) procura-se explicar a ação educativa do autor. Verifica-se a existência de uma tensão na sua obra, tanto no âmbito político - religioso, quanto educacional, no que concerne a visão de homem, tradição e modernidade.

05: A TESSITURA DO CONCEITO DE GLOBALIZAÇÃO/GLOBALIZAÇÕES EM BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS

Orientando: Alcides Leão Santos Júnior

Orientanda: Lenina Lopes Soares Silva

Orientador: Prof. Dr. José Willington Germano

Trata-se de uma atividade de natureza teórica desenvolvida no Grupo de Estudos Boa- Ventura, da Base de Pesquisa: “Cultura, Política e Educação,” do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, coordenado pelos professores: Dr. José Willington Germano e Dra. Vânia de Vasconcelos Gico. Nesta atividade, discute-se o conceito de globalização/globalizações que vem sendo construído por Boaventura de Sousa Santos. Objetiva-se analisar o referido conceito para compreender seu lugar, importância e desenvolvimento na composição de suas idéias, enquanto componente epistemológico articulador, tendo em vista que o conceito em estudo encontra-se entre aqueles que conferem unidade e coerência lógica a sua obra, permitindo que aflorem, tanto argumentações explicativas, contextuais e significativas para diferentes fenômenos e questões sociais tais como: a educação, a crise nas Universidades, os movimentos sociais e o desemprego, quanto caminhos metodológicos para as mais diversificadas áreas do conhecimento, dentre eles: a cartografia como técnica de sistematização e análise de dados e conteúdos de pesquisas.

06: ENTRE UM PEDAÇO DE TAPIOCA E UM GOLE DE CAFÉ: EDUCAÇÃO DO CAMPO, RELAÇÕES DE GÊNERO E DE TRABALHO NAS CASAS DE FARINHA DO ALTO-OESTE POTIGUAR

Maria Elis Natália Alves Silva

Aluna do Curso de Pedagogia do Campus Avançado de Pau dos Ferros/UERN

Maria Euzimar Berenice Rego SILVA

Professora do Departamento de Educação/Campus Avançado de Pau dos Ferros/UERN

(INTRODUÇÃO) Partindo do estudo das categorias: relações de gênero (FARIA, NOBRE, 1997; HIRATA, 2000; LOPES, 1994; SCOTT, 1996), educação do campo (ARROY, CALDART, MOLINA, 2004; LACKI, 2004; LEITE, 1999), cultura (SANTOS, 1995; CUCHE, 2002) e relações de trabalho (MARX, 1996), refletimos sobre os diferentes papéis desempenhados por homens e mulheres nas casas de farinha de cidades serranas do Alto-Oeste Potiguar, articulando-os com a análise dos fatores de exclusão de escolaridade no campo. (METODOLOGIA) Para isso, realizamos pesquisa bibliográfica, documental, observação in loco e entrevistas com proprietários(as), produtores(as) de mandioca e trabalhadores(as) de 06 casas de farinha dos municípios: Dr. Severiano, Luís Gomes, Portalegre e São Miguel. (RESULTADOS) Através das farinhadas visitadas, constatamos, preliminarmente, a existência de intensas jornadas de trabalho, baixa remuneração e baixo nível de escolarização, tanto para homens como para mulheres. Embora que, no município de Dr. Severiano as mulheres sejam mais escolarizadas do que os homens. Observou-se também que as atividades produtivas são distribuídas segundo o sexo, refletindo-se na existência de “salários” diferenciados. (CONCLUSÃO) A existência de baixo nível de escolaridade na população do campo, especialmente as mulheres nordestinas, tem sido atribuído na literatura feminista e sobre educação do campo, dentre outros fatores, ao currículo escolar inadequado às especificidades da vida no campo; à formação inadequada dos(as) professores(as); a dificuldade das mulheres conciliarem o trabalho domiciliar, atividades desenvolvidas no mercado de trabalho e o estudo; e a falta de infra-estrutura das escolas rurais.

07: O TRABALHO NA EDUCAÇÃO E UMA EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO

Osicleide de Lima Bezerra – Mestranda em Ciências Sociais (PPGCS - UFRN)

Orientador: José Willington Germano – Departamento de Ciências Sociais (DCS - UFRN)

Nossa proposta busca pensar as representações elaboradas pelos sujeitos-trabalhadores em torno do trabalho - dimensão central de organização das sociedades capitalistas. O trabalho aparece envolto de um conjunto de valores e representações, que perpassam o campo educacional, via formação escolar, enquanto uma atividade-ação que “dignifica e moraliza o Homem”. Para pensar isso se propõe algumas reflexões sobre as relações entre o sistema educacional e o sistema ocupacional. Em determinados momentos da história brasileira (em 1942; em 1961 e posteriormente em 1971, já em meio à ditadura militar; e num momento mais recente, com a Lei de Diretrizes e Bases – LDB, de 1996) podemos delinear algumas problemáticas que se expressam no caráter das reformas no sistema educacional brasileiro, considerando interesses gerais assentados no plano do trabalho. Tentamos chamar atenção para o modo como têm sido instituídas tais transformações no sistema educacional numa correlação implícita com demandas do sistema ocupacional. Nessas correlações indiretas e difusas observa-se a formação educacional para o trabalho destinada à determinada camada da sociedade através da bifurcação histórica presente nos nossos sistemas de ensino.

08: QUALIFICAR PARA O TRABALHO PRECÁRIO: O PLANFOR E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA A INFORMALIDADE

Francisco José Lima Sales

Doutorando PPGEd-UFRN

Desenvolve-se uma reflexão sobre a natureza do Plano de Qualificação Profissional (PLANFOR) implementado pelo governo Fernando Cardoso, no período 1995-2002. Procura-se estudar a intervenção do Estado, materializada por meio do PLANFOR, que se apresentou como o principal indutor da promoção de cursos de qualificação profissional de nível básico aos desempregados, e envolveu um número significativo de organizações e instituições como Organizações Não Governamentais, empresas, sistema “S”, sindicatos e centrais sindicais, na promoção da formação dos trabalhadores. Reflete-se também sobre o processo de articulação entre qualificação profissional e emprego, em um mercado de trabalho cada vez mais flexibilizado/precarizado em função das transformações técnico-organizacionais ocorridas na produção capitalista, que resultaram no agravamento das relações de trabalho informais. Analisam-se as ações voltadas para a qualificação profissional, tentando descortinar o caráter de seu uso como estratégia de combate ao desemprego, erigindo conceitos, como o de empregabilidade, que redirecionaram a educação dos trabalhadores aos interesses diretos do grande capital, sob a justificativa das atuais exigências da produção flexível. Objetiva-se demonstrar que o PLANFOR, por meio de cursos de curta duração, visava à inserção dos trabalhadores na informalidade. Para alcançar tal objetivo, o exame das complexas relações que envolvem o objeto de estudo será realizado por meio da captação das mediações necessárias que possam desvelar a sua constituição, revelando por sucessivas aproximações as conexões internas, tão necessárias à configuração das múltiplas determinações dessa totalidade histórica que é o objeto aqui demarcado. Por fim, uma das características desta pesquisa é o seu caráter documental. No que se refere a tal caráter, se valerá da técnica de documentação indireta, quando se recorrerá tanto aos instrumentos da pesquisa bibliográfica (dados secundários), como aos da pesquisa documental (dados primários), que possibilitem subsídios teóricos e elementos do real para a análise e apreensão do objeto estudado.

09: EDUCAÇÃO e TRABALHO SINDICAL NO CAMPO: olhando a experiência de mulheres da FETAGRI.

Neila Reis

A educação integral, envolvendo o desenvolvimento intelectual, emocional e afetivo é uma referência atualíssima à humanização do gênero humano, ocorrendo em diferentes espaços e continuamente no processo histórico-social. Neste sentido, refletir sobre educação e sociedade, considerando que a dimensão pedagógica vai além da escola, é significativo para trazer para a academia o pensamento, as ações e propostas de mulheres da Amazônia paraense, vinculadas à Federação de Agricultura do Estado do Pará, visando socializar suas experiências, nas associações, nos sindicatos de trabalhadores rurais, nas organizações de mulheres e nas unidades produtivas familiares, em torno de crédito agrícola, previdência social, saúde da família, agrocoecologia, reforma agrária, violência no campo, a partir de seus depoimentos no Seminário Estadual de Mulheres da FETAGRI, em julho de 2003. A importância da atuação das mulheres do campo, para o redimensionamento das políticas públicas é especial, uma vez que acontecem embasadas nas demandas sociais do coletivo de muitas Vilas Rurais, para os sujeitos históricos do campo. Além disso, ocorrem em movimento para transformar as relações sociais e as políticas compensatórias, feitas, na maioria das vezes, de maneira centralizadora e não atendendo as necessidades básicas dos trabalhadores do campo de cada região. Nesse cenário, no tempo histórico analisado das últimas décadas, as mulheres camponesas têm tido uma participação qualificada, não só para buscar um crédito para si, como também, buscar o direito social de participação na legislação, nos programas e nos projetos de desenvolvimento do campo (como exemplo, PROAMBIENTE, PROTEGER, PRONAF), entre esses, discutem e solicitam uma outra educação para seus filhos. Assim, os temas discutidos nas oficinas temáticas deste evento, pelas mulheres da FETAGRI têm um caráter pedagógico e, muito mais, têm relevância sócio-educativa para o debate acadêmico.

10: TÍTULO: A DESIGUALDADE SOCIAL COMO ELEMENTO DIFERENCIADOR NA FORMAÇÃO DE MONITORES PROFESSORES DO MST.

Maria José Nascimento Soares

Professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe

Orientadora: Profª Drª BETÂNIA LEITE RAMALHO

UFRN-PPGED

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organiza trabalhadores para conquistar direitos sociais, mediante a promoção de cursos de formação e escolarização, com a intenção de formar o novo homem que se consolidará no coletivo. Na perspectiva de explicitar a práxis dos monitores professores envolvidos no MST, especialmente no Estado de Sergipe, surgiram questionamentos a respeito da diferenciação e peculiaridade dessa ação docente. Este estudo trata de aspectos relevantes do caminhar de um processo educativo diferenciado, que se desencadeia num grupo bastante singular, qual seja: áreas de assentamentos. Temos a pretensão de realçar os fatores significativos que fundamentam a ação docente, os quais surgem a partir do entendimento por parte dos monitores professores da discrepância social e econômica, visto que eles tomam como bandeira de luta a superação da gritante desigualdade social entre os homens, presente no contexto atual. O objetivo deste estudo é de desvelar as estratégias metodológicas que os monitores professores adotam para operacionalizar os princípios educativos propostos pelo MST, numa perspectiva de entender seus pressupostos e motivações para re-significar e re-dimensionar propósitos definidos anteriormente no planejamento, com a postura de um “idealizador, transformador sócio político da sociedade” (Gauthier, 1996). A estratégia metodológica para a estruturação dessa pesquisa é a associação de momentos no campo empírico (análise dos diários de campo; realização de entrevistas; análise de relatórios técnicos e pedagógicos) para uma reflexão teórica numa direção empírico-teórica simultaneamente, viabilizando assim, a possibilidade de sistematizá-la sem perder de vista, no âmbito da investigação, as contribuições e as contradições presentes no projeto de educação do MST.

11: AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NO ÂMBITO DO PLANO TERRITORIAL DE QUALIFICAÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - PLANTEQ- RN / 2003

Autores:

Profa. Dra. Denise Câmara de Carvalho ( Mestrado em Serviço Social/UFRN),

Profa. Dra. Dinah dos Santos Tinoco (PPGA/DEPAD/UFRN),

Profa. Ms. Antônia Agripina Alves de Medeiros (Associada do Depto de Serviço Social /UFRN)

Profa. Ms. Vanusa Alves Resende (Depto de Economia da UERN)

A qualificação profissional no Estado do Rio Grande do Norte como nos demais estados brasileiros passou por mudanças com a implantação do Plano Nacional de Qualificação – PNQ, criado em substituição ao PLANFOR (Plano Nacional de Formação Profissional). O PLANFOR, ao longo de sua atuação se concretizava nos diversos estados por intermédio dos Planos Estaduais de Qualificação-PEQs. No Rio Grande do Norte o PEQ teve inicio em 1996 vinculado à Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social - SETAS, em 1999 passou a vincular-se a Secretaria do Trabalho da Justiça e da Cidadania. Após evidenciar dificuldades quanto a aplicação desse recurso em alguns PEQs, o Governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva extinguiu o PLANFOR e conseqüentemente o PEQ e criou, em 10 de julho de 2003 um novo plano de qualificação – PNQ, o qual busca promover tanto a integração entre as políticas publicas quanto a articulação das medidas de qualificação profissional no país em prol da universalização do direito dos trabalhadores à qualificação. Partindo dessas mudanças imposta às políticas de qualificação, este trabalho tem como objetivo avaliar as Ações de Qualificação do PlanTeQ/RN 2003 face as diretrizes do Plano Nacional de Qualificação – PNQ. Em termos metodológicos utilizou-se de pesquisa documental e de pesquisa de campo mediante entrevistas com os envolvidos diretamente no processo (tais como: executoras, educadores e educandos). Dos principais resultados observou-se que as novas diretrizes do PNQ foram incorporadas aos Planos de Ações das entidades executoras, apresentando avanços em termos de concepção, mas que apresenta dificuldades quanto aos recursos financeiros disponíveis e ao processo de mudanças de orientação. Como também, dificuldades quanto as estruturas e procedimentos institucionais como as referentes ao funcionamento dos Conselhos, que dificultam e atrasam o alcance dos seus objetivos e resultados.

12: PAZ NAS ESCOLAS: UMA PERSPECTIVA FRENTE À VIOLÊNCIA NO MEIO ESCOLAR

Autora: Jane Cristina Guedes da Costa – Departamento de Serviço Social

Orientador: Prof. Dr. João Dantas Pereira

Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte - UFRN

A experiência escolar marca profundamente a vida dos sujeitos. Nesse espaço desenvolvem-se capacidades como: ouvir, interagir, participar, colaborar, entre outros. Destarte, a escola é afetada pelo contexto histórico, social, moral e cultural da violência. “Violência nas escolas” tornou-se um marco dentro da atuação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil, na medida em que chamou a atenção de pesquisadores, acadêmicos e formuladores de políticas públicas para uma problemática que, quando presente nas escolas, prejudica seu funcionamento, impedindo que ela cumpra sua função institucional, ensinar crianças e jovens. “Paz nas escolas: Uma perspectiva frente à violência no meio escolar” é um projeto que vem sendo desenvolvido no Mestrado em Serviço Social. O objetivo deste trabalho é entender o fenômeno da violência e mais especificamente no ambiente escolar, além de analisar seus desdobramentos e o papel do assistente social neste contexto. Inicialmente, realizaram-se pesquisas bibliográficas. Para a consecução dos objetivos propostos serão realizadas: aplicação de questionários e observação participante. É uma articulação das abordagens extensiva e compreensiva dada a natureza do fenômeno. O trabalho de pesquisa encontra-se em fase de elaboração de questionários e aplicação do pré-teste, visando a construção definitiva do instrumento de coleta de dados: Paralelamente, estão sendo feitas leituras sistemáticas do rol de literatura especializada, neste caso em particular, das publicações da UNESCO. Os dados disponíveis sobre a incidência da violência nas escolas exigem, sobretudo políticas públicas de prevenção e implementação de parcerias com Organizações Governamentais e Não Governamentais que desenvolvem estudos sobre esta temática. Os resultados, ainda que insípidos, apontam uma luz no fim do túnel no que se refere a implementação de uma cultura de paz nas escolas em detrimento de uma cultura da violência há muito instalada no nosso país.

13: DIREITOS HUMANOS: NO ESPAÇO ESCOLAR, REALIDADE OU UTOPIA?

Autor: Ana Cristina Petter Gitaí ( aluna especial do mestrado)- UFRN

Professora: Ana Tereza Lemos – Nelson

Departamento Ciências Sociais - UFRN

Disciplina: Política Global Dos Direitos Humanos

O presente trabalho é um estudo que está sendo realizado nas cidades de Natal e Parnamirim, onde aborda a violência doméstica cometida contra crianças e adolescentes oriundas de famílias de baixa renda. Pretendemos investigar a postura social que a Escola toma diante do binômio: família e violência doméstica. O espaço escolar se revela como a extensão do “Lar”, onde se alicerça a construção de saberes, onde focaliza, num constante exercício, uma cidadania fundamentada num princípio maior, o combate a discriminação, a promoção da igualdade entre as pessoas e a proteção dos direitos humanos da criança e do adolescente e a afirmação que estes direitos sejam indivisíveis e interdependentes. Quando pesquisamos dados sobre crianças e adolescentes, nos assustamos com o índice de violência doméstica que permeia a classe “infância feliz” e isso nos faz repensar sobre o papel da Escola como agente de socialização e interlocutora de ações pertinentes à defesa dos direitos humanos no espaço escolar e junto aos conselhos tutelares e DCA. Quando falamos em direitos humanos, queremos chamar a atenção para a relação entre Escola - família - violência e como estas se dimensionam diante de um contexto que vem crescendo cada vez mais. A violência que crianças e adolescentes sofrem em seus lares. Embora estudos científicos procurem desvendar questões sobre cultura , gênero e violência, cidadania, percebemos uma sociedade onde homens e mulheres se enfrentam em experiências conflitantes que muitas vezes, recebem participações externas como alcoolismo, desemprego, dificuldades financeiras. Estas influências externas estimulam o comportamento agressivo dos homens e mulheres que por sua vez recai sobre as crianças apresentando assim, um recorte triste e cruel. Percebemos, em nossa pesquisa, que um número expressivo de Escolas são indiferentes a este problema social e esta indiferença gera invisibilidade. Dentre muitos autores que participam na composição da pesquisa, destacamos: Norma Takeuti,, Orlando Miranda, Heleieth I.B. Saffioti, Alípio de Sousa, Boaventura santos, Pierre Bourdieu e outros.

14: ITINERÁRIOS DA ADOÇÃO NO BRASIL:

o Estado como modelador das relações familiares

Autora: Juliana Alves de Oliveira – Aluna do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientador: Doutor José Antonio Spinelli Lindoso – professor e Pesquisador do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

A presente pesquisa é um estudo sobre o universo adotivo brasileiro. Referido universo é constituído, em termos de adoções por brasileiros, por pessoas que, a fim de adotar, conseguem uma criança: a) de modo particular e formalizam esta ação num cartório (modalidade conhecida, internacionalmente, como “adoção à brasileira”); b) também de modo particular, denominada de “pronta”, formalizam essa ação no Juizado da Infância e Juventude; c) buscando-a junto ao Juizado. Essa modalidade adotiva é conhecida como “cadastral”. Entre as modalidades supracitadas, apenas duas geram registros oficiais (“pronta” e “cadastral”), ou seja, somente duas delas são lícitas. O que faz pensar em DaMatta (1997) e nas relações que ele descreve para dar conta dos “indivíduos” que fazem fila contrapondo-os as “pessoas” que preferem “dar um jeitinho” para resolverem seus assuntos públicos. Escolhi pesquisar sobre os brasileiros que, tendo outras alternativas adotivas, optaram pela realização dessa sua experiência absolutamente em respeito a legislação. Busquei compreender o que os motivava a optar pela modalidade “cadastral”. Nesse sentido foi realizada uma pesquisa preliminar por estudo quantitativo através da aplicação de questionário sob 86% dos processos de “adoção cadastral” (1997-2001) no Juizado da Infância e Juventude de Fortaleza – CE e, também, por estudo qualitativo através de entrevistas semi-diretivas e semi-estruturadas com 40% dos adotantes cadastrais, que possibilitou a construção de um perfil destes adotantes (64% tinha entre 30-50 anos; 100% eram considerados inférteis até o período da adoção; 52% tinha, no mínimo, nível médio; 75% tinha envolvimento religioso ativo; 55% tinha per capta superior a 01 salário mínimo e 82% gozava de imóvel próprio). A pesquisa também indicou que as variáveis, nível de escolaridade e religião, pareciam exercer uma maior influência sobre a escolha dos adotantes.

15: TÍTULO: AS ESTRATÉGIAS FORMATIVAS PARA A DOCÊNCIA NO INTERIOR POTIGUAR: QUE SABERES? QUE COMPETÊNCIAS?

Nome do proponente: SORANEIDE SOARES DANTAS FREIRE VILLA FLOR

neidesd@uol.com.br

Departamento de Ciências Sociais e Humanas – DCSH – CERES

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

O estudo se propôs a discutir a formação e profissionalização do professor no contexto do conhecimento da sociedade moderna e da noção de competência como um novo conceito pedagógico na prática da formação. Os modelos formativos tradicionais não conseguem atender às condições reais de trabalho, acentuando o despreparo técnico e pedagógico para atuar efetivamente na construção do conhecimento. O problema também é evidenciado pela ausência de uma política de aperfeiçoamento e fortalecimento da docência para atuarem competentemente, de forma que as crianças aprendam mais na escola pública. (Ramalho, 2003; Gauthier, 1998; Alarcão, 1996; Perrenoud, 2002 e Schön, 2000). O objetivo central foi analisar, sob a perspectiva crítica-reflexiva, o desenvolvimento de práticas formativas de professoras, tendo em vista a construção de um novo paradigma emergente para a formação do ensino, tanto em seu aspecto teórico quanto operacional. Adotou-se como categoria de análise a competência profissional para a ação, tomando como referência à ação multiplicadora da prática educativa num contexto real. Elege-se o Programa Integrado para o Desenvolvimento da Educação Infantil no Rio Grande do Norte, que busca a construção permanente de um núcleo de reflexão sobre os saberes e fazeres da docência. Propõe uma metodologia diversificada, pautada em atividades de extensão em articulação com o ensino e a pesquisa. Optou-se por um procedimento metodológico, de caráter qualitativo, que possibilitasse a organização das estratégias formativas para o ensino. Os resultados obtidos indicam que o agir competente atende a capacidade de saber, saber-fazer e saber ser (DELORS, 2000). Ademais, reafirma a necessidade do pensamento crítico e acentua a dimensão coletiva de atividades dos professores em formação, tomando como base o elemento identificador desta atividade pedagógica: a ação multiplicadora da prática educativa.

GT-22: EDUCAÇÃO E SOCIEDADE

Coordenador:

José Willington Germano

E-mail: wgermano@digi.com.br

Departamento de Ciências Sociais

Local: UFRN

A educação se constitui um dos temas mais importantes na agenda pública e no debate acadêmico neste início de século. Vários são os ângulos da discussão envolvendo questões atinentes a cidadania, ao mundo do trabalho, a chamada sociedade do conhecimento, a exclusão social, ao imaginário e a memória sócio-cultural das sociedades. Pretende-se, pois, discutir no GT a educação sob múltiplos aspectos. compreendendo as políticas públicas, universidade, práticas educacionais, imaginário social, história e memória. Será dado especial relevo as práticas alternativas de ação coletiva no campo educacional, como as redes sociais, que se inserem na perspectiva de construir uma outra globalização, contra-hegemônica, orientada ao fortalecimento do espaço público, a cidadania planetária e a cultura política democrática.

 

Segundo dia

16: ESCOLA PROFISSIONAL FEMININA DE NATAL, UM ESPAÇO PARA A EDUCAÇÃO.

Fabiana Ferreira Batista

Fabibatista_rn@hotmail.com

Departamento de Educação – CCSA.

O presente trabalho é parte da monografia intitulada Escola Profissional Feminina de Natal, um espaço para a educação, orientada pela Professora Doutora Maria Arisnete Câmara de Morais, que trata do processo de criação e desenvolvimento de uma entidade publica profissional, situando a participação de Maria Eutália Menezes Ribeiro como diretora desta escola. A sua prática educativa ganhou forma e expressão potiguar entre os anos de 1950 e 1960, período este marcado pelo acentuado debate em torno da Lei de Diretrizes de Bases de Educação, votada em 1961, principalmente, no que diz respeito ao controle da gestão de educação em nosso país. Realizei um levantamento de dados, através de fontes bibliográficas, acervo da família, visitas ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Arquivo Público do Estado, Escola Estadual Padre Monte, entrevistas com ex-alunas e professoras da Escola Profissional Feminina. Percebi que estudar sobre a formação dessa escola e vida dessa professora, se justifica pela importância de analisar o papel que a sociedade de sua época havia estabelecido para a mulher.

17: O I CURSO DE CONFERÊNCIAS DO ATHENEU (1943): RESGATE DE UMA MEMÓRIA

Edilma da Silva Cortez

Eva Cristini Arruda Câmara Barros

Depto. de Ciências Sociais e Humanas / UFRN

O Atheneu Norte-Riograndense foi palco, no ano de 1943, do I Curso de Conferências do Colégio Estadual, idealizado pelo então diretor Alvamar Furtado de Mendonça. Este evento constou de quatro conferências proferidas, nas noites de 01, 17, 24 de julho e 05 de agosto, por alunos daquele estabelecimento, a saber: Rivaldo Pinheiro (Retrato de uma hora de transição), Antônio Pinto de Medeiros (Conversa sobre Anatole France), João Wilson Mendes Melo (Presença de alguns mortos) e Luiz Inácio Maranhão Filho (Lembrança de Zaratustra). Todos eram alunos do 2º ano do Curso Clássico, com exceção de Antônio Pinto, estudante do 1º ano do Curso Científico. Muito embora a sociedade natalense estivesse envolvida com o desenrolar da 2ª Guerra Mundial, as Conferências do Atheneu obtiveram grande repercussão, tendo sido prestigiadas por intelectuais, jornalistas e políticos e rendido 38 inserções na impressa periódica da época nos meses de junho, julho e agosto daquele ano. Passados 62 anos da realização desse ciclo de conferências, o mesmo ainda não recebeu um tratamento teórico-metodológico necessário à elucidação de questões tais como: por que realizar as conferências; em que contexto esse evento está inserido; como justificar, entre outros aspectos, a repercussão que recebeu na imprensa; quais os sentidos emanados dessas matérias; como ocorreu o processo de seleção dos conferencistas e dos temas; quais os seus objetivos; qual público visava atingir; quais as representações construídas a partir desses discursos; que práticas culturais foram ou não instituídas; que identidades ajudaram a elaborar de si próprios e do Atheneu; quais trajetórias idealizadores e conferencistas traçaram após sua participação no evento, dentre outras. Nesse sentido, o presente trabalho constitui-se em uma proposta de estudo e um esforço no sentido de resgatar essa memória adormecida do Atheneu, com vistas a favorecer a reconstituição de fragmentos da história dessa instituição.

18: Educação e política: o ideológico e o pragmático na 12ª legislatura de Sergipe

Helcimara de Souza Telles, Dra em Ciência Política, coordenadora do projeto de pesquisa

Jonatha E. F. dos Santos, bacharelando em Ciências Sociais (UFS) e bolsista PIBIC/CNPq

 Esta comunicação apresenta resultados parciais da pesquisa intitulada “Políticas Educacionais em Sergipe: um diagnóstico dos ensinos médio e fundamental – 1991/2002”, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Sergipe – FAP/SE e CNPq/MTC, através do Programa Primeiros Projetos - PPP. Nesta parte, será apresentada uma interpretação das indicações para a educação, que foram apreciadas no legislativo sergipano, no período compreendido entre 1991-1995, durante os trabalhos da 12º legislatura. A Assembléia Legislativa é composta pelos deputados, eleitos por um período de quatro anos; tem sua sede na capital do Estado e o recinto normal de seus trabalhos no Palácio Governador João Alves Filho. A Assembléia exerce a sua função legislativa através de proposições, como os projetos de lei, moção, indicação e emendas. A “indicação” é uma proposição que sugere aos poderes do Estado medidas de interesse público que não caibam em projetos de iniciativa da Assembléia. No decorrer da coleta de dados, ficou evidente a existência de interesses que se voltaram para a construção e a reforma de escolas públicas. Observou-se que há uma quantidade majoritária de indicações que objetivam apenas mudanças quantitativas, em detrimento do reordenamento das políticas educacionais. Por detrás do conteúdo desta proposição, observou-se um comportamento baseado na personalização das práticas políticas e na relação instrumental dos representantes com a educação. Pôde ser notado que a atuação dos deputados estaduais no legislativo, no que tange ao tema da educação, orienta-se mais por um movimento pragmático de apropriação da educação para a maximização de suas bases eleitorais, do que por questões de natureza ideológica.

19: POR UMA CULTURA SUSTENTÁVEL: PRÁTICAS SÓCIO-EDUCATIVAS NO PROJETO CANUDOS

Lúcia de Fátima Vieira da Costa

Mestre em Ciências Sociais; professora substituta do Departamento de Ciências Sociais-UFRN

Departamento de Ciências Sociais-UFRN

Base de Pesquisa “Cultura, Política e Educação

Discute as práticas sócio-educativas desenvolvidas no Projeto Canudos (PROEX-UFRN), implementado no período de junho a dezembro de 2004, em Bento Fernandes/RN, município constituído por assentamentos rurais organizados e comunidades agrárias. A proposta do Projeto era estabelecer a integração de atividades sócio-econômicas e sócio-educativas, que permitissem o desenvolvimento de uma cultura sustentável. Neste sentido, as atividades produtivas existentes no município – piscicultura, avicultura, apicultura, entre outras – serviram de alicerce para as atividades sócio-educativas, que se destinaram à formação pedagógica de alfabetizadores de jovens e adultos, principalmente, e tiveram, como enfoques da prática educativa: “Qualidade de Vida”, “Desenvolvimento Local”, “Organização Política” e “Geração de Renda”. O processo de formação pedagógica dos educadores, bem como as atividades sócio-econômicas, priorizavam aspectos da organização social como discussões coletivas sobre as possibilidades e limitações dessas atividades, formação de cooperativas, controle do meio ambiente, qualidade de vida, distribuição de renda. As ações do Projeto, portanto, tiveram como base as concepções de cidadania e desenvolvimento sustentável e buscaram viabilizar aproximações entre a organização social e o processo educativo como meios de promover uma cultura sustentável.

20: POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO E O CONTROLE SOCIAL DE PROGRAMAS PARA BIBLIOTECAS ESCOLARES E O LIVRO DIDÁTICO

Aquiles Sá Xavier de Lira – Graduando em Biblioteconomia UFPB

Jemima Marques de Oliveira – Prof. Ms. Departamento de Biblioteconomia UFPB jemamar@yahoo.com.br

Trabalho de Conclusão de Curso que investiga as Políticas Públicas de Informação no Brasil , e o monitoramento de Programas, Planos e Projetos que objetivam a criação de bibliotecas e acervos nas escolas públicas, em especial o Programa de Leitura É PRA LER da Secretária de Educação do Município de João Pessoa desenvolvido nos anos de 2003-2004. O acesso a informações , o desenvolvimento e disponibilização de conteúdos que estabeleçam a comunicação com a sociedade apesar de ser dever legal do Estado, ainda não é suficiente para o exercício do controle social autônomo das ações públicas que envolvam políticas de geração, uso e transferência de informação. O programa municipal examinado, embora tenha se configurado como uma política pública, não apresenta possibilidades de avaliação nem de monitoramento pois com a mudança de governo todas as informações anteriores foram deletadas e até mesmo a equipe executora não possui documentos referentes ao planejamento da política, embora este tenha sido parte do Programa Nacional Biblioteca na Escola. Comparando dados apresentados na imprensa à época divulgando o Programa, foi possível identificar que das intervenções inicialmente planejadas, apenas quatro se efetivaram consumindo cerca de um milhão e quatrocentos mil reais em recursos. Conclui pela necessidade de maior transparência dos poderes públicos municipais com o planejamento e desenvolvimento de suas ações, principalmente aquelas desenvolvidas em parceria com o Governo Federal, disponibilizando informações e promovendo a participação cidadã dos atores sociais envolvidos no monitoramento das ações públicas.

21: A APRENDIZAGEM DA PARTICIPAÇÃO NA ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Proponente: Luciane Terra dos Santos Garcia

Autora: Luciane Terra dos Santos Garcia

Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Este trabalho tem como objetivo analisar a elaboração do projeto político-pedagógico da Escola Municipal Ascendino de Almeida, situada na zona sul de Natal (RN), como uma aprendizagem da participação no âmbito escolar. Utilizamos como procedimentos de pesquisa: entrevistas semi-estruturadas, análise de documentos e revisão da literatura. Historicamente, no contexto da democracia, os sujeitos sociais foram considerados inaptos a tomarem decisões importantes na sociedade, devendo deixá-las a cargo de representantes hábeis que decidem em seu nome. Entretanto, a representação democrática vem apresentando problemas que podem ser minorados com uma maior participação política dos atores sociais. Para tanto, torna-se necessário que esta seja aprendida, sendo o contexto escolar um local privilegiado desse aprendizado. A participação dos atores escolares na elaboração do projeto pedagógico é uma oportunidade para as pessoas refletirem acerca da educação que pretendem instituir, sendo importante que toda comunidade escolar esteja nela envolvida, a fim de que este ideal se mantenha vivo no cotidiano escolar. A participação, neste contexto, permite que os sujeitos se comprometam com a execução do que definiram, podendo se tornar uma postura perante a vida.

22: Um Olhar Sobre as Imagens

Sandra Maria Rëgis de Sousa Lins

E-mail: sandrarlins@ig.com.br

Profª: Patrícia Carla de Macedo Chagas (orientadora)

Departamento de Educação/ UFRN

Este trabalho faz parte de um projeto desenvolvido, através de oficinas pedagógicas, em oito turmas de alfabetização de Jovens e Adultos do Programa Geração Cidadã, uma parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Prefeitura Municipal do Natal. Considerando as particularidades desse grupo, buscamos levar para esses alunos assuntos que tornassem as aulas mais dinâmicas e prazerosas, utilizando como fonte de aprendizagem o não-verbal, através de imagens fixas. O objetivo desse trabalho é despertar nos educandos um novo olhar diante das imagens, percebendo o teor de suas mensagens, carregadas de valores sociais, políticos, econômicos e culturais, de uma determinada sociedade, em distintas épocas. Para a realização desse estudo, utilizamos como metodologia à seleção e coleta de várias imagens fotográficas antigas e recentes, cartazes, panfletos, outdoor, elaboração de desenhos livres e discussões sobre a linguagem não verbal. Como culminância, os partícipes apresentaram seminários explicativos das temáticas trabalhadas e de suas interpretações acerca do que foi exposto. O resultado desse trabalho favoreceu aos educandos outras interações e socializações com o não-verbal, possibilitando uma nova compreensão diante da linguagem imagética, contribuindo para a educação do olhar, dando-lhe contornos críticos. Ademais, favoreceu a construção e reconstrução do conhecimento dos alfabetizandos, enriquecendo na multiplicidade de experiências e situações captadas do cotidiano, aprimorando a leitura e a interpretação do mundo.

23: EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO: CAMINHOS ENTRELAÇADOS

Denise Cortez da Silva Accioly

Departamento de Educação - UFRN

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a relação educação/comunicação, denominada por alguns autores de comunicação educativa, educomunicação ou educação para os meios. O texto aborda o assunto a partir do pensamento de Paulo Freire, um dos primeiros educadores a traçar um conceito de comunicação e sua ligação com a educação. Também recorre aos estudos de Mario Kaplún, considerado um dos mais destacados estrategistas latino-americanos no campo da interação educação/comunicação, cujo núcleo ideológico fundamental do seu pensamento é baseado nos pressupostos teóricos de Paulo Freire. No seu livro Extensão ou Comunicação, Freire estabelece uma noção de comunicação que se insere no agir pedagógico libertador. Para ele a comunicação é “co-participação dos sujeitos no ato de pensar”. De acordo com o autor a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados. Mário Kaplún denomina a inter-relação comunicação/educação de comunicação educativa, cuja função é dar à educação um suporte capaz de qualificar os docentes para que possam adquirir uma competência necessária ao uso adequado dos meios de comunicação. A troca de experiências entre educandos e educadores é condição básica para aquisição do conhecimento. Educar-se é, sobretudo, envolver-se em uma rede de interações. Essa opção tem seu correlato na comunicação entendida como diálogo em um espaço entre o emissor e o receptor, que também reflete o pensamento de Paulo Freire.

24: A ROTINA COMO EIXO DE INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

Marianne da Cruz Moura

Prof. ª Dr.ª Denise Maria de Carvalho Lopes

Departamento de Educação

Base de Pesquisas Processo de Aprender e Ensinar na Educação Infantil.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Este trabalho vincula-se ao projeto “O atendimento à criança de 0 a 6 anos na grande Natal: em busca de um perfil”, desenvolvido pela Base de Pesquisas “Processos de Aprender e Ensinar na Educação Infantil”, vinculada ao Departamento de Educação (DEPED) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Propõe-se a analisar os modos de participação de crianças com necessidades especiais diversas incluídas em salas de ensino regular na rotina diária. Considerando-se a rotina (organização dinâmica do tempo e das ações da criança na instituição educativa) como um eixo estruturador do trabalho pedagógico e possibilitador da função educar-cuidar da Educação Infantil, busca-se identificar as dificuldades/necessidades percebidas na inclusão dessas crianças na rotina fazendo uma reflexão acerca dos aspectos que devem ser considerados para um melhor atendimento das necessidades educacionais especiais no sentido de uma inclusão efetiva. A pesquisa assume os princípios qualitativos de investigação com caráter exploratório, envolvendo o estudo bibliográfico e sessões de observações, do tipo não-participativa em salas de aula do Núcleo de Educação Infantil. Os dados obtidos ainda em processo de análise, apontam para a necessidade de adaptação/flexibilizações na organização do cotidiano das crianças como forma de garantir uma inclusão que respeita as diferenças e cria condições de educação.

25: SONHOS REVOLVIDOS, ESPERANÇA INCRUSTADA NOS MODOS DE FAZER DOS EDUCADORES

Marinalva Pereira de Araújo (autora)

Marrypy2000@yahoo.com.br

Pedagogia-graduanda

Departamento de Estudos Sociais e Educacionais-DESE

Maristela Pereira de Araújo( co-autora)

Antônio Lisboa L. de Souza (orientador)

Quando os sonhos parecem perdidos, a maré traz perspectivas de articulação nos fazeres que valorizam a aprendizagem escolar, sob conversas que dão lugar às vozes caladas num silêncio de uniformidades. Os diálogos dos educadores vêm constituir o curso de pedagogia realizado através do Programa de formação em nível superior dos professores da Educação Básica (PROBÁSICA). No compromisso de observarmos os efeitos desta formação, detemo-nos na turma de 1998, perscrutamos os discursos colhidos em questionários, sentamos em conversas informais e finalmente analisamos as opiniões, ancorados nos teóricos: Edgar Morin, Paulo Freire e Perrenoud. Relações travadas inferem a polifonia dialógica que faz bater e culminar em conflitos, por excelência condutores da construção mediante interesses coletivos dos profissionais. O diálogo como instante de reflexão sobre competências, ocasião onde se traçam marcas que aventam mudança nos modos de fazer, na relação com todos os membros da comunidade escolar. Emergem dos escombros ânsias de maior participação e de continuidade da formação. A formação em pedagogia-PROBÁSICA transcende ao mero diploma e constrói ímpetos de reflexão do educador sobre suas ações, deixando florescer um mar de possibilidades na produção do conhecimento pedagógico, onde o ensino passa a ser cerne de inquietações, onde o professor abre-se à invenção e à construção nos diálogos, rumores de inovação nas ações educativas.

26: CRECHES E PRÉ-ESCOLAS: ESPAÇOS DE VIVÊNCIA PARA A INTEGRALIDADE NA ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA.

Rosalba Pessoa de Souza Timoteo

Doutora em Educação. Professora da Disciplina Enfermagem na Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente

Sara Lira Silva da Costa

Acadêmica do 8º período do Curso de Enfermagem da UFRN. Bolsista PIBIC / CNPQ.

A convivência nos espaços da saúde e educação tem nos mostrado a pouca articulação entre esses setores, dificultando a realização de ações conjuntas impulsionadoras de mudanças de hábitos e condições de vida e saúde das crianças do bairro de Felipe Camarão em Natal/RN. Essa preocupação somada as demandas oriundas das pré-escolas e do serviço de saúde, nos mobilizou a realizar o presente estudo com o fito de colaborar com a aproximação desses espaços e subsidiar discussões e construções coletivas com vistas intersetorialidade como a melhoria da saúde e educação da criança desse bairro. Assim, durante os meses de outubro de 2004 a janeiro de 2005, foi realizado, por acadêmicos de enfermagem da UFRN que cursavam a disciplina “Enfermagem na Atenção à Saúde da criança e do adolescente”, um mapeamento de dez instituições educacionais do bairro, utilizando-se um formulário aplicado aos diretores, com o objetivo de obter dados sobre a infra-estrutura, recursos humanos e organização das instituições, realizar ações de promoção e proteção à saúde nas creches e escolas e conhecer as expectativas das instituições quanto à participação do serviço de saúde na vida da escola. Os resultados apontaram as diferenças organizativas, econômicas e infra-estruturais das instituições independentemente da sua natureza jurídica; os recursos humanos em sua maioria não estão preparados para lidar com crianças; inexistência de ações sistemáticas para promoção e proteção à saúde da criança; e, a necessidade de ações conjuntas, tendo a unidade de saúde como responsável para a viabilização dessas ações voltadas à saúde da criança. Assim, compreendemos que é preciso ter uma ação mais efetiva dos serviços de saúde junto aos espaços de inserção da criança, e a escola é um deles, com vistas a assegurar uma atenção mais integral à sua saúde, e assegurar a efetivação das políticas públicas previstas no Sistema Único de Saúde-SUS.

27: Viagens pedagógicas e reformas de ensino: uma análise de seus registros nos jornais (sergipe, primeiras décadas do século XIX)

Maria Neide Sobral da Silva

Doutroranda do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, da linha de Pesquisa “Cultura, Política e Educação” (Bolsista da CAPES)

Marlúcia Menezes de Paiva (Orientadora)

Viagens pedagógicas realizadas pelos chamados “missionários do progresso” (HERSCHMANN; KROPF; NUNES, 1996), especialmente para São Paulo, objetivavam buscar referencia no modelo de ensino adotado naquele estado, para a realização de reformas na Instrução Pública de Sergipe. Essas viagens, com maior ou menor repercussão, eram acompanhadas, divulgadas e discutidas nos jornais locais, em forma de propaganda de determinado partido político que estivesse no poder ou, em alguns casos, tornavam-se motivo de conflito, gerando matérias em jornais da oposição. Num ou noutro caso, procuramos analisar a forma como os jornais locais davam importância às referidas viagens (pelo número de matérias ou notas publicadas) e como traduziam as possíveis inovações nas reformas ou medidas adotadas em conseqüência da realização das mesmas. Esse estudo tem como objetivo, portanto, acompanhar e analisar os registros das seguintes viagens: de Carlos da Silveira (São Paulo a Sergipe, em 1911), convidado pelo governo sergipano para assumir a direção da Escola Normal e da escola-modelo anexa e, quase de imediato, a Diretoria da Instrução Pública de Sergipe; de Abdias Bezerra (Sergipe a São Paulo, 1923) que, no retorno, elaborou um novo regulamento de ensino, efetivado pelo Decreto nº 836, de 11 de setembro de 1924; de José Augusto da Rocha Lima (Sergipe a São Paulo), com o objetivo de adequar os métodos e processos pedagógicos lá adotados à realidade sergipana e, no mesmo ano, de Penélope Magalhães que fez esse mesmo itinerário, com passagem no Rio de Janeiro, para estudar os jardins de infância. Consultamos fundamentalmente jornais digitalizados do Instituo Histórico e Geográfico de Sergipe e alguns CDs do Arquivo Público de Sergipe para a realização desse estudo.

28: O nacionalismo de Djalma Maranhão

Pablo Cruz Spinelli (PIBIC/CNPq-UFRN)

Orientador: Prof. Dr. José Willington Germano

Este trabalho aborda o pensamento de Djalma Maranhão, prefeito de Natal (1961-64), procurando identificar o seu ideário nacionalista presente na “Campanha de Pé no Chão se Aprende a Ler” e em outras iniciativas de seu governo. Maranhão dizia querer “emancipar a economia do país, a valorização do trabalho, o respeito à dignidade da pessoa humana e às liberdades democráticas”. Posicionando-se como um nacionalista de esquerda, favorável à reforma agrária e à industrialização nacional, busca romper com a dominação imperialista. Entretanto, não faz reverência ao caráter conservador e de dominação de uma classe sobre outra no capitalismo industrial. Conforme o contexto de intensa crise político-econômica das classes dominantes nordestinas e por meio de Comitês nacionalistas (onde discutia com as populações locais sobre a campanha eleitoral bem como os problemas locais e nacionais), que Maranhão logo se constitui como “o prefeito do subúrbio”, visto que não mostrou vínculo ao pólo dominante da sociedade natalense da década de 60. Assim, as camadas populares se politizaram local-regional e nacionalmente consubstanciando em reivindicações e organização dos trabalhadores urbanos e rurais (Ligas Camponesas). Por conseguinte, com o nascimento de movimentos e Campanhas de Educação e Cultura Popular, oriundas de instituições da sociedade civil e até mesmo por ramificações do aparelho do Estado é que floresce em março de 1961 a “Campanha de Pé no Chão” pretendendo erradicar o analfabetismo, levantando a bandeira de luta contra a miséria, a espoliação e “por uma escola brasileira consciente, crítica e demonstrativa”. Dessa maneira, estimula as manifestações populares como resgate da tradição popular da cidade do Natal. Todavia, com o advento do Golpe Militar de 1964, “a campanha” foi eliminada e teve seus participantes perseguidos, presos, depostos e até torturados.

29: Origem e Primeiros Passos da UNE (1937-1945)

Thalita Costa da Silva

Orientador: Prof. José Willington Germano

O presente trabalho aborda a origem da UNE em 1937, em pleno Estado Novo, assim como os primeiros anos de sua existência, procurando destacar os conflitos internos do movimento estudantil, a sua relação com o Governo Vargas e suas principais lutas no período,como a implantação do “ensino popular obrigatório”, as atuações contra as potências nazi-fascistas por ocasião da II Guerra Mundial, exigindo um posicionamento do governo brasileiro, bem como a sua participação em favor da redemocratização do Brasil no pós-Guerra.

30: OS GRUPOS ESCOLARES SOB VALORES CÍVICOS, MORAIS E PATRIÓTICOS: A CONSTRUÇÃO DE CRIANÇAS-MODELO NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Gracielle Cristine Farias MOURA

Eva Cristini Arruda Câmara BARROS (orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento de Ciências Sociais e Humanas

Campus de Currais Novos

E-mail-ninf85@bol.com.br

Este trabalho é produto do Projeto de Pesquisa denominado Grupo Escolar Capitão Mor Galvão: a institucionalização de uma cultura escolar no município de Currais Novos (1911-1929), vinculado à Base de Pesquisa Cultura e Educação no Seridó Norte Rio Grandense. Trata-se de um estudo sobre a proposta e o desafio de uma higienização de costumes mediante a disseminação dos valores de moral, civilidade e patriotismo dentro dos grupos escolares, em conseqüência do percurso à instauração de um novo plano pedagógico no âmbito da Primeira República. Para tanto, partiu-se da análise dos materiais requeridos e utilizados por esse novo modelo de escola mediante a observação de exemplares textuais inerentes às anotações feitas por diretores, inspetores e professores em documentações como inventários ou diários de classe do Grupo Escolar Capitão Mor Galvão (1911-1929). Os ideais cívicos, morais e patrióticos, situados neste período como prenúncios de uma nova cultura escolar, são representados nos conteúdos programáticos das disciplinas escolares; nos jogos recreativos; nos passeios; nas festas; na imagem física dos alunos e na materialidade e estrutura arquitetônica dos suntuosos prédios dos grupos escolares e, por fim, são simbolizados através dos hinos nacionais; estaduais; municipais e escolares bem como pelo hasteamento de bandeiras, preparando e produzindo a construção de crianças-modelo como espelho e como reflexo do ideário republicano.

 

GT-23: SOCIOLOGIA ECONÔMICA

Coordenadores:

Edmilson Lopes Júnior

E-mail: edmilsonlj23@yahoo.com

Departamento de Ciências Sociais

Marconi Gomes da Silva

E-mail: marconi.br@ufrnet.br

Departamento de Economia

Local: Auditório de Psicologia (Tarde)

O GT reunirá trabalhos que analisem fenômenos econômicos a partir de uma perspectiva sociológica, especialmente aqueles que busquem articular as ferramentas teórico-metodológicas fornecidas tanto pela sociologia da cultura quanto pela chamada Nova Sociologia Econômica. Identificamos os seguintes temas como constituintes de nossa pauta: a) a análise teórica de categorias e conceitos sociológicos – tanto clássicos quanto contemporâneos - dedicados à análise da vida econômica; b) a articulação entre interesses e ação coletiva; c) a instituição social de mercados específicos; d) os elementos culturais fornecedores de sentido para o consumo na contemporaneidade; e) instituições, política e mercado; e e) estudo dos fundamentos sociológicos das formas coletivas da ação econômica, temática que se desdobra nos seguintes itens: processos contemporâneos de descentralização do trabalho, economia solidária, marcas territoriais de qualidade e organizações de micro-finanças, dentre outros.

01. A RACIONALIDADE ECONÔMICA DIANTE DA VIDA COTIDIANA: O CASO DO PLANEJAMENTO FAMILIAR E SEUS DISCURSOS ACRÍTICOS EM POLÍTICAS SOCIAIS

Jean Henrique Costa

Mestrado em Geografia –UFRN

Esta proposta de trabalho, ausente inicialmente em seu conteúdo de grandes inovações, é uma tentativa de análise relacional, no sentido de que os fatos em geral, ou seja, as heterogêneas realidades sociais, “são na medida em que estão” num patamar de relações com as demais esferas sociais, “durkheimianamente” fixadas ou não, no qual as mesmas podem e até possuem suas dinâmicas e estruturações próprias, mas não se constituem absolutamente como autônomas. Pierre Bourdieu, para exemplificarmos e “sentarmos” numa teoria, que em nosso caso, constitui uma escolha totalizante, possui tal compromisso com esta possibilidade de apreensão/compreensão do mundo social vivido. Tal reflexão relacional nos oferece condições de prosseguirmos, com vistas aos objetivos aqui estabelecidos. Ver-se-á demograficamente nosso objeto de estudo numa análise sociológica da vida econômica quanto à constituição familiar contemporânea. Tal modelo de análise é então aplicado neste trabalho sociológico, ao se situar um aspecto pertinente na dinâmica demográfica de nossa sociedade, mas que, sob um rótulo ideológico de aparente importância, é distorcido de suas reais necessidades analíticas e práticas. É o caso do planejamento familiar e o seu sentido acrítico em realidades como o Brasil, nas quais as condições objetivas, ou seja, a relativa queda nas taxas de fecundidade, vêm contribuindo cada vez mais para a redefinição de sua necessidade enquanto práxis teórica e social, aonde, inversamente, tal contribuição analítica não vem ocorrendo de maneira geral. Tentar-se-á, então, fazer a relação entre “um certo” sentido de planejamento familiar que abarca algumas práticas e discursos já efetuados no Brasil, baseados em elementos por nós denominados de “conspiratórios” e “vitimizadores”, de maneira geral; o seu redefinido significado proposto neste ensaio e algumas críticas feitas à ideologia capitalista do controle da natalidade enquanto diminuição das mazelas sociais entre as populações mais pobres.

02. O TRABALHO VOLUNTÁRIO: UMA FACE DA ECONOMIA SOLIDÁRIA

Marcos Antonio Gomes Pena Júnior

PEP – UFRN

marcospenajr@gmail.com

Françoise Dominique Válery

PEP – UFRN

As ações sociais fora do âmbito do Estado não são um fenômeno recente. A sociedade civil denomina-se assim para representar o lócus social que tem suas ações norteadas não pelo estado nem pela iniciativa privada, mas pelas iniciativas individuais de caráter público, a representação da economia solidária. Estas iniciativas encontram sua maior expressão quando norteadas pela o interesse de apoio social às classes e populações excluídas e é dentro dessa iniciativa que se percebe a realização de trabalhos voluntários. A finalidade da presente discussão é esboçar um quadro teórico que fundamente a participação popular às questões do trabalho voluntário, caracterizando um espaço econômico de solidariedade. Analisam-se textos que tratam da evolução do conhecimento acerca do terceiro setor e do voluntariado aí colocado. Conclui-se que em decorrência da atual crise mundial do trabalho e da precarização das condições de vida de boa parte da população, o trabalho voluntário é um caminho alternativo viável à consecução de atividades geradoras de melhores condições de vida à boa parte da população que necessita de apoio externo a si.

03. BARRACRÉDITO: MICROCRÉDITO, MUDANÇA SOCIAL E ECONÔMICA NA COMUNIDADE DO CAÇA E PESCA

Manuella de Souza Oliveira

PIBIC/CNPq Ciências Sociais - UFC

A presente pesquisa tem como objetivo analisar as mudanças ocorridas na comunidade do Caça e Pesca localizada em Fortaleza-CE, após a implementação de um Programa de Crédito Solidário (no formato do microcrédito) denominado Barracrédito. Este programa foi criado e gerenciado por um grupo reduzido de pessoas e não está vinculado a nenhuma instituição pública ou privada. Este se caracteriza por conceder empréstimos de valores pequenos a pessoas de baixa renda que, em geral, vivem na economia informal. Analisando através disso, em que medida a comunidade se liga ao Barracrédito de tal maneira que possa surgir certa dependência e certeza quanto à ajuda financeira que estará sempre lá quando precisarem. Segundo Muhammad Yunus, “microcrédito é muito mais do que dar e receber o crédito, é também mudança social”. Tomarei como princípios metodológicos leituras bibliográficas, pesquisa de campo, internet, jornais, entrevistas feitas com os criadores do Barracrédito, como também com os moradores da comunidade em questão e banco de dados feito com as fichas preenchidas pelas pessoas que pedem o crédito, servindo para analisar algumas questões como: Quais as mudanças que ocorreram na comunidade do Caça e Pesca? Como os moradores lidaram com essas mudanças? Qual o olhar dos moradores e por que pedir empréstimo ao Barracrédito e não aos bancos convencionais? Quais as atividades que mais realizam? Além de outras questões que vão surgir no decorrer da pesquisa

04. FAMÍLIA E TV: CONSTRUINDO MAIS DO QUE UMA RELAÇÃO DE DOMINAÇÃO E SUBORDINAÇÃO

Mônica Costa de Oliveira Zacarias

Ciências Sociais-UFRN

A indagação central deste trabalho é investigar a relação social entre a Televisão e a Família, a partir das ressignificações dos indivíduos sobre as mensagens televisivas e os discursos que eles próprios fazem sobre família. Tentar-se-á, para isso, responder a questões como: 1) De que forma princípios, valores e crenças construídos e repassados dentro da Família medeiam a mensagem dos Meios? 2) Qual é o lugar da identidade cultural familiar ou, dito de outra forma, ainda existe uma cultura familiar capaz de forjar uma identidade neste momento de profundos intercâmbios culturais? 3) Qual é o papel dessa identidade enquanto mediação na produção de sentidos? Para tanto foi estabelecido como meta o estudo das representações que os sujeitos constroem sobre Família, a descrição das práticas sociais dentro e fora da Família, a percepção do confronto e/ou a confirmação dos valores defendidos pelo sujeito nos seus discursos sobre as mensagens televisivas. Foi elaborada e aplicada uma pesquisa qualitativa através de entrevistas com todos os membros de treze Famílias oriundas de Natal/RN, pertencentes à Classe Média.

05. EVOLUÇÃO DO EMPREGO FORMAL NAS METRÓPOLES NORDESTINAS (1996/2003)

William Eufrásio Nunes Pereira

Economia/Ciências Sociais-UFRN

Nos últimos anos a questão do emprego tem se acentuado principalmente, nas grandes cidades, devido às elevadas taxas de desemprego fruto de diversos fatores estruturais e conjunturais. Este trabalho não tem por intuito estudar os fatores responsáveis pelo desemprego, mas tão somente analisar a evolução do emprego formal nas metrópoles nordestinas, procurando perceber que segmentos do mercado de trabalho apresentaram maior crescimento relativo e absoluto. Partindo-se da concepção de que o aglomerado urbano metropolitano apresenta normalmente um núcleo e uma periferia, se utiliza os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego, de forma desagregada - nas duas esferas - visando perceber quais os rumos do emprego formal assumiu nos últimos oito anos. Assim, pretende-se nesse trabalho apresentar e avaliar comparativamente a evolução do emprego formal nos núcleos das metrópoles frente a sua periferia. Busca-se perceber se nos últimos anos o emprego formal das metrópoles nordestinas cresceu mais no núcleo ou na periferia e quais os setores que apresentaram variação positiva ou negativa. Este trabalho se estrutura assim em quatro partes, além dessa breve introdução. A segunda procura apresentar sucintamente o processo de urbanização no Brasil, fornecendo alguns dados e informações sobre o processo de institucionalização das metrópoles brasileiras. A caracterização das metrópoles nordestinas visa ambientar o leitor para uma exposição acerca da evolução do emprego formal nessas metrópoles e encontra na terceira parte deste trabalho. Por fim, a quarta parte consta de uma breve conclusão acerca das informações dos dados apresentados. O período de estudo deste trabalho refere-se aos últimos oito anos (1996-2003) e os dados apresentados constam do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) do Brasil.

06. SETOR TERCIÁRIO E MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO: UM CONTRAPONTO ENTRE REALIDADE NACIONAL E O LOCAL

Ricélia Maria Marinho da Silva

Geografia-UFRN

Este trabalho tenta promover uma articulação entre o setor terciário, o mercado de trabalho brasileiro e suas às exigências, principalmente no que tange a qualificação da mão-de-obra. Sendo assim, o objetivo é estudar como se estrutura e se amplia o setor terciário brasileiro para então fazer a relação com o setor terciário que se desenvolve e se amplia no município de Bayeux-PB. Assim, recorre-se à literaturas que versam sobre o desenvolvimento do capitalismo no Brasil, as ações governamentais, e particulariza o mercado de trabalho brasileiro. Ao estudar o mercado de trabalho brasileiro Theodoro (2004) aponta que é possível verificar a existência de importantes marcos temporais, e com base nisso subdividi-se o mercado de trabalho em três momentos: um período que se estendeu da escravatura aos anos 30, um segundo, dos anos 40 a 70, e um terceiro dos anos 80 aos dias atuais, dando um destaque à década de 90. Estes recortes históricos além de ajudar entender as especificidades do mercado de trabalho e o setor terciário, eles também apontam para as raízes da informalidade no Brasil.

07. O MERCADO EM WEBER: ESPAÇO DE PODER E DOMINAÇÃO

Marconi Gomes da Silva

Economia/Ciências Sociais-UFRN

Objetiva-se empreender uma discussão sobre “O mercado” segundo uma perspectiva weberiana. A instigação à realização desse esforço de interpretação foi provocada pela leitura do capítulo sexto do livro Economia e Sociedade de Weber, de leitura bastante complexa, sobretudo em função do seu caráter inacabado. Além desse capítulo foram utilizados como referências importantes à formulação de tal “perspectiva”, os capítulos econômicos da citada obra, notadamente os do capítulo 2 da primeira parte, bem como alguns trabalhos da área da ciência econômica. Então, é importante destacar que a “perspectiva” adotada é a de que o mercado é, por excelência, um espaço que envolve relações de poder e dominação marcadas pela presença decisiva “do dinheiro”, portanto, é algo bem distante da perspectiva dominante por longo período na teoria econômica, segundo a qual o mercado caracteriza-se por relações simétricas entre distintos agentes econômicos.

 

GT-24: LETRAMENTO E GÊNERO NA CONTEMPORANEIDADE

Coordenadores:

Maria do Socorro Oliveira

E-mail: msroliveira@yahoo.com

Alzir Oliveira

E-mail: alzir@digizap.com.br

Departamento de Letras

Local: Setor de Aula II, sala C3

Os novos estudos de letramento têm focalizado esse fenômeno como um complexo multifacetado, constituído como uma prática social mediada por gêneros discursivos. Em razão disso, este Grupo de Trabalho (GT) tem como objetivo aprofundar a discussão a respeito dessa prática discursiva, explorando a forma como esta é determinada pela cultura, pelas estruturas sociais, pelas atividades em que se insere e pelas relações de poder que a atravessam. Nesse sentido, serão aceitas comunicações que tratem de leitura, escrita e oralidade, em contextos diversos. Serão, também, focos de discussão construtos teóricos relacionados a esses temas (por exemplo: a nova retórica, comunidade discursiva, metáfora e pedagogia, ação comunicativa, textualização, interação), bem como a questão da formação do professor e de outros agentes de letramento.

Primeiro dia

01. LETRAMENTOS MÚLTIPLOS: UMA EXPERIÊNCIA DE INTERCÂMBIO CULTURAL

Maria do Socorro Oliveira – UFRN/DL/PPgEL

Esta comunicação tem como objetivo apresentar um Programa de Intercâmbio de professores em formação, desenvolvido através de um acordo de cooperação firmado entre a UFRN e a Universidade de San Diego, na Califórnia. O foco está centrado na questão dos letramentos múltiplos, pretendendo-se examinar os diversos mundos de letramento e as formas usar a linguagem para comunicar, compartilhar conhecimento, desenvolver a comunidade e celebrar a sua história. Nesse sentido foram desenvolvidas várias atividades, relacionando linguagem, história, cultura e memória. A experiência aponta para a importância do desenvolvimento da consciência crítica do professor e de outros agentes de letramento em face da questão dos fundos de conhecimento dos alunos no processo de letramento acadêmico

02. A DIMENSÃO RETÓRICA DO GÊNERO

Alzir Oliveira – Doutorando do PPgEL/DL/UFRN

Maria do Socorro Oliveira – Orientadora (DL/UFRN)

Tanto a Retórica, em sua versão moderna denominada Nova Retórica, quanto a teoria dos gêneros discursivos têm como fundamento uma visão de linguagem que ultrapassa de muito a língua em si, envolvendo o uso e, conseqüentemente, tudo o mais que lhe diz respeito. Buscamos aqui estabelecer os fundamentos da concepção sócio-retórica dos gêneros tal como preconizada por Miller (1984) e por outros autores que seguem na sua esteira, tais como Swales (1990) e Bhatia (1993), tendo como ponto de partida a teoria dos gêneros de Bakhtin (1992).

03. A CIDADE COMO UM ESPAÇO DE LEITURA E ESCRITA: RÁXIS DE UMA PROFESSORA-AGENTE DE LETRAMENTOS

Glícia Marili Azevedo de Medeiros Tinoco

UFRN/UNICAMP

Diferentemente do que se pode observar na maioria das escolas brasileiras e em determinados documentos que sustentam a necessidade de um projeto de educação para a cidadania, entendida como algo a se conquistar no futuro, há professores que já atuam em uma práxis de cidadania dentro do ambiente de ensino-aprendizagem. Esse fazer pedagógico emancipatório utiliza a linguagem para motivar os alunos a analisar situações-problema, lançar opiniões, defender pontos de vista, produzir projetos de ação, avaliar propostas e colocá-las em votação. Trata-se de utilizar a leitura e a escrita para o exercício político de todos os dias, de lutas cotidianas de resistência e de reivindicação. É desse fazer pedagógico de uma professora-agente de letramentos (KLEIMAN, 2004) que nos ocuparemos nesta comunicação, por meio da análise de um projeto de ensino a partir do qual eventos de letramento são desenvolvidos em função dos propósitos comunicativos dos agentes envolvidos: professora e alunos.

04. O ENSAIO JORNALÍSTICO COMO UM GÊNERO DISCURSIVO RECORRENTE

Maria Assunção Silva Medeiros

Doutoranda do PPgEL /DL/UFRN

Maria do Socorro Oliveira – Orientadora (DL/UFRN)

Ao analisar os ensaios de Roberto Pompeu de Toledo, publicados na revista Veja, partimos da definição de ensaio proposta por Severino (2000:153) visto que percebemos claramente a liberdade que o autor demonstra ao defender seus posicionamentos sem aquela preocupação de se apoiar em rigoroso e objetivo suporte teórico que envolva documentação empírica e bibliográfica como exigem outros gêneros discursivos tais como os artigos científicos, dissertações e teses acadêmicas. Realmente, são perceptíveis aqueles gêneros que são mais livres e que admitem reestruturações e usos muito mais criativos do que outros. Entretanto, Bakhtin (1992) aconselha que para alguém usar criativamente os gêneros é necessário que tenha um bom domínio sobre eles. Reconhecemos que Roberto Pompeu de Toledo, além de já ter publicado livros, revela, nos ensaios publicados semanalmente na revista Veja, erudição e uma acentuada tendência literária. Para esse trabalho escolhemos apenas um ensaio, cujo título é: “Discurso da esperança contra o medo”, publicado no dia 15 de junho de 2005 na revista citada anteriormente. Uma das características marcantes nos ensaios de Roberto Pompeu de Toledo e que reafirma a idéia de liberdade do autor são os subtítulos que mostram de forma resumida o tema que será tratado. Nesse ensaio que nos propomos analisar o subtítulo é: “Dedicado ao Presidente Lula, sem ônus, e com carinho, para tirar proveito da presente conjuntura”. Gostaríamos de salientar que para os termos título e subtítulo vamos denominá-los, de acordo com a abordagem sócio-retórica proposta por Miller (1984) e que influenciou a proposta de análise de gênero de Jonh Swales (1990) de movimentos retóricos, ou seja, esse é um modelo de análise que tomará por base os movimentos retóricos através dos quais o autor expressa suas intenções ou propósitos comunicativos.

05. Práticas de Escrita e Cultura: um estudo sobre o gênero cartões de saudação em língua inglesa.

Silvana Moura da Costa

Doutoranda do PPgEL / DL/UFRN

Maria do Socorro Oliveira – Orientadora (DL/UFRN)

Esta comunicação tem como objetivo analisar “cartões de saudação”, prática sócio-cultural bastante produtiva, usada por povos falantes de língua inglesa, especificamente, britânicos e americanos. Os dados a serem analisados foram produzidos por falantes nativos dessa língua, coletados através de correio tradicional e eletrônico. Metodologicamente, a pesquisa é de natureza documental, sendo informada teoricamente por estudos que consideram a noção de “gênero” como uma ação social (Miller, 1984; Bazerman, 1993, 2003). Dentro desse quadro teórico, cada comunidade lingüística é, em geral, produto de sua história e apresenta características peculiares, o que vai construir a base de sua evolução cultural e social. Interpretar o que uma comunidade lingüística expressa através de escritos autênticos recorrentes possibilita compreender os traços culturais que caracterizam essa prática.

06. A METÁFORA NAS HISTÓRIAS DE VIDA: IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Cristiane Soares Guerra Pereira

Bolsista do PPPg/DL/UFRN

Maria do Socorro Oliveira – Orientadora (DL/UFRN)

Nesse trabalho, discutimos a metáfora não sob o ponto de vista poético, mas como uma necessidade de singularização do sujeito. Para autores como Lakoff (2002) e Johnson (2002), a metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na linguagem, mas também no pensamento e na ação. De acordo com essa idéia, realizamos um estudo que tem por objetivo analisar as metáforas ligadas ao cotidiano do letramento de professores. O corpus analisado é constituído de histórias de vida, na forma de narrativas escritas produzidas por professores integrados ao Programa de Formação Básica (PROBÁSICA), desenvolvido no pólo de Santa Cruz (Natal/RN). A análise dos dados coletados evidencia que a metáfora estrutura o pensamento e o modo como o sujeito concebe a sua realidade. As conclusões indicam que nas histórias de vida narradas há um partilhamento de medos, problemas, conflitos vividos e conquistas alcançadas, que se apresenta relevante para a compreensão do letramento do professor.

07. AS REPRESENTAÇÕES CONSTRUÍDAS PELO PROFESSOR ACERCA DO PAPEL DE ESCRIBA DE DIÁRIOS DE MEMÓRIAS EM EVENTOS DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Ana Maria de Oliveira Paz

Doutoranda do PPgEL/UFRN

Maria do Socorro Oliveira – Orientadora (UFRN)

Em se tratando de prática de escrita configurada através de relatos ou descrições de fatos perpassados ou não por comentários reflexivos da parte do autor, a escrita diarista ultrapassa os limites das produções meramente técnicas elaboradas pelo professor com vistas a atender às exigências burocráticas do exercício da docência, apresentando-se como uma nova situação de produção textual a ser implementada pelos professores em eventos de formação continuada. Nessa perspectiva, se constitui foco de nosso interesse as representações construídas pelo professor frente à nova tarefa de produção textual, bem como de que modo essas representações interferem na atuação do professor ao assumir o papel de escriba. Para tanto, tomaremos como suporte teórico os fundamentos estabelecidos por Moscovici (1978), Abric (1994), Jodelet (1994; 2001), dentre outros autores vinculados à Teoria das Representações Sociais. A pesquisa proposta assume uma perspectiva que se adequa aos moldes das investigações de caráter interpretativista, enquadrando-se no paradigma de pesquisa próprio da Lingüística Aplicada.

08. LEITURA DIALÓGICA E ATIVA: O DIÁRIO COMO FACILITADOR DESSA INTERAÇÃO

Sibéria Maria Souto dos Santos

DL/UFCG

A prática de elaboração de diários é antiga, inclusive com finalidades didáticas. Grandes pensadores como Gide, Maiakowski, Virgínia Woolf, Elias Canetti, Wittgenstein, Anais Ninn declaravam que o uso do diário proporcionou a eles um desenvolvimento de seus trabalhos intelectuais. Entretanto, houve um tempo que esse gênero foi esquecido, desprezado, não chamando a atenção dos pesquisadores. Atualmente, estudiosos se voltaram mais à pesquisa dos diários como instrumento valioso de reflexão dos indivíduos no processo de ensino-aprendizagem, pois os diários se apresentam como uma ferramenta para a reflexão de práticas docentes e do ensino-aprendizagem de atividades relacionadas à linguagem. Eles não registram apenas a expressão do que se pensa, mas também a forma de descoberta dos próprios pensamentos; são um instrumento de pesquisa interna, um balanço das próprias ações, um julgamento de si. Apoiados em estudos como os de Machado (1998) e (1999), Zalbaza (1994) e Kleiman (1998), pretendemos investigar os diários produzidos por alunos de Língua Inglesa Instrumental I e II, da Universidade Federal de Campina Grande. Nosso objetivo principal é identificar quais os tipos de informações estão presentes nos diários desses alunos e como o diário de leitura se apresenta como uma ferramenta que leva o aluno a uma leitura sociointeracional. Esse gênero permite ao aluno registrar seus pensamentos e impressões sobre os textos lidos, seus problemas de compreensão, suas interpretações etc.

09. A ABORDAGEM DO GÊNERO TEXTUAL NAS ORIENTAÇÕES PARA A REESCRITA NO ENSINO MÉDIO

Germana Correia de Oliveira

Mestranda do PPgEL/UFRN/CNPq

Symone Nayara Calixto Bezerra – UFCG/CAPES

Os atuais estudos sobre o ensino da escrita têm apontado como práticas ideais aquelas conduzidas de modo que os alunos reconheçam a importância social do gênero textual, enfatizando os aspectos discursivos que lhe são subjacentes e reforçando a importância de um trabalho sócio-histórico de produção de textos em sala de aula. Dentro desta perspectiva, este estudo visa identificar que traços discursivos do gênero textual são contemplados pelo professor na orientação para a reescrita. Para tanto, analisamos os “recados” avaliativos escritos por um professor do 3º ano do Ensino Médio com relação às produções textuais elaboradas por seus alunos, às quais foram submetidas à reescrita. Como suporte teórico para nossas análises utilizamos alguns estudos recentes sobre gênero e didática da escrita (Bakhtin (1997), Bronckart (1999), Schneuwly (1994), Dolz e Schneuwly (1996), Swales (1990), Bathia (1993), Menegassi (2000) e Rocha (2003)). A análise interpretativa dos dados nos revelou que o professor informante ainda não contempla satisfatoriamente os traços discursivos peculiares ao gênero textual estudado, não sugerindo aos alunos um trabalho de reescrita que vise adequar os textos produzidos à situação comunicativa em que se inserem, realizando, no entanto, uma atitude de privilégio aos elementos estruturais dos textos dos alunos.

10. AS CHARGES ELETRÔNICAS DO CHICO (CARUSO) COMO SUPORTE PARA O TEXTO DE OPINIÃO

Suzana Maria de Queiroz Bento

PROLER – Campina Grande – PB

O presente trabalho pretende discutir as CHARGES ELETRÔNICAS do CHICO CARUSO apresentadas no Jornal Nacional da TV Globo, como suporte para formar opinião. Essas charges são a reprodução animada do trabalho de CHICO publicado no jornal impresso “O Globo”, do estado do Rio de Janeiro. Atualmente, em plena fase da então intitulada “cultura eletrônica”, a Charge “constitui-se na ilustração de um fato contado inteiramente numa forma gráfica” ( Fernando Moretti, 2001). Marcuschi (2002:19) defende que “os gêneros surgem emparelhados a necessidades e atividades sócio-culturais, bem como na relação com inovações tecnológicas”. Em seu trabalho para a televisão, CHICO procura retratar principalmente fatos políticos, caricaturando pessoas públicas, na maioria das vezes, individualizando-as. Foram analisados vários vídeos contendo esse gênero midiático e apresentados a dez leitores assíduos de jornais e revistas, dez pessoas não escolarizadas e dez estudantes da 6ª série para verificarmos o grau de compreensão dessas pessoas em relação ao conteúdo que as respectivas CHARGES estavam querendo repassar e como esses conhecimentos interferem ou não na produção de textos de opinião orais ou escritos dessas pessoas. Nas primeiras análises, constatamos que é preciso que o expectador esteja por dentro dos fatos e notícias “quentinhos” do cenário nacional e internacional, pois muitas pessoas ao verem a exibição das CHARGES no vídeo, riem mais pela animação e movimentos dos personagens do que pelo conteúdo crítico deste tipo de gênero e por isso se restringem a dar uma opinião mais consistente e embasada no que realmente as charges estão querendo repassar. O trabalho com charges eletrônicas deveria ser realizado efetivamente nas salas de aula como uma possibilidade de os alunos compreenderem melhor a realidade e tornarem-se leitores proficientes.

Segundo dia

11. A INTERAÇÃO EM SALA DE AULA: ASPECTO LINGUÍSTICO E ASPECTO PEDAGÓGICO.

Lucineide Socorro Dantas da Silva

PIBIC/CNPq /UFRN

Marise Adriana Mamede Galvão – Orientadora (DCSH / CERES /UFRN)

A incessante busca por novas técnicas de ensino reflete a grande necessidade de inovação da educação. Em meio a tantas evoluções, a tradicional aula expositiva recria seu perfil. O professor, peça chave nessa prática, renuncia ao seu papel de porta-voz do saber e passa a dividir com o aluno a responsabilidade de mediar conhecimentos. Essa exposição da vivência dos alunos transporta-os para além dos limites do conteúdo restrito da aula e até da proposta pedagógica. As diversas vozes que compõem um evento educacional direcionam essa perspectiva. Buscando dados que subsidiem essa proposta, observamos e gravamos a aula de Psicologia aplicada à Educação – curso de Administração/DCSH/CERES/UFRN. Para efetivarmos essa análise, baseamo-nos nos estudos de FREIRE e SHOR (1986), FREI e FAUNDEZ (1985), SAVIANI (1983), BARROS (1991) e VAN LIER (1990). Nesse âmbito, esperamos contribuir para reflexões sobre a importância da interação em sala de aula.

12. A REFERENCIAÇÃO ANAFÓRICA EM ARTIGOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA.

Lidiane de Morais Diógenes

Orientador: Prof. Dr. Luis Passeggi

Mestranda do PPgEL/DL/UFRN

Com esta pesquisa, objetivamos analisar os processos de referenciação anafórica em artigos científicos, observando, ainda, como os autores organizam as informações em seus textos. Para isso, discutimos os conceitos de informação dada e informação nova (TOMLIN et al., 2000). Segundo os estudos de Koch (2002), partimos de uma concepção interacional da língua, que compreende o texto como o próprio lugar da interação, uma vez que o sentido é construído na interação texto-sujeitos. A partir dos estudos de Koch (2004), definimos nossas categorias de análise (anáfora correferencial/anáfora não-correferencial). A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa documental, com objetivos descritivos e exploratórios. Quanto à forma de abordagem, a pesquisa mostra-se de cunho qualitativo, com algumas quantificações de maneira a organizar os dados a serem interpretados. O corpus é construído por cinco artigos científicos publicados na revista DELTA (Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada), extraídos de três números especiais. A seleção dos artigos focalizou aqueles escritos por autores brasileiros reconhecidos no campo da lingüística, e que, após uma primeira triagem, nos pareceram exemplificar melhor o assunto abordado. A metodologia de análise seguirá os seguintes passos: identificação das ocorrências de referenciação anafórica; quantificação destas ocorrências e a interpretação das regularidades identificadas. Num primeiro momento, podemos observar que o tipo de anáfora mais utilizado foi a anáfora por repetição parcial, uma vez que a anáfora retoma parcialmente um termo já introduzido no texto. A presente pesquisa encontra-se em andamento e acreditamos que a mesma possa contribuir para uma melhor descrição dos mecanismos lingüísticos utilizados no artigo científico e, do ponto de vista prático, para o ensino de técnicas de leitura direcionadas para esse gênero textual.

13. RESISTÊNCIA E VOZ EM JOÃO COTA: O PAPEL DO CONTADOR DE HISTÓRIA E A ORALIDADE NA SALA DE AULA

Arandi Robson Martins Câmara

Especialização em Leitura e Literatura/UnP

Dilma Cléa Barbosa Gomes da Silva

Especialização em Psicopedagogia/UnP

Pesquisadores do GPCP (Grupo de Pesquisa sobre Cultura Popular)

Podemos encontrar espaços onde brotam e emanam manifestações culturais capazes de resistir, preservar e legitimar a cultura local. Seu João Cota é um símbolo de resistência a esse modelo de mundialização, através de suas narrações orais. Este trabalho tem o objetivo de legitimar o papel do contador de histórias, João Cota, como uma atividade de transmissão de memória capaz de ocupar um lugar relevante na transmissão escrita literária de leitura em sala de aula, tornando possível o diálogo entre o que o aluno estuda como normativo e codificado com o não normativo e o não codificado. Além disso, faz-se necessário aplicar a performance de Zumthor e Graciela Ravetti na reconstrução desse contador de história, haja vista, que o corpo em performance pretende atuar como mobilizador de margens, de territórios, de saberes engavetados, procurando resgatar as forças que resistem as infinitas formas de encarcerar a liberdade, a resistência e a voz.

14. CONCEPÇÕES DE LETRAMENTO DOS ALFABETIZADORES DE JOVENS E ADULTOS: UM ESTUDO DE CASO DO PROGRAMA GERAÇÃO CIDADÃ

Rute Régis de Oliveira – DEPED/UFRN

Maria Estela Costa Holanda Campelo – Orientadora (DEPED/UFRN)

As questões que motivaram a realização do presente trabalho tiveram origem durante uma significativa experiência que vivenciamos no período de março de 2002 a novembro de 2003, como alfabetizadora de jovens e adultos do Projeto Redução do analfabetismo, hoje Programa Geração Cidadã. Essa experiência nos colocou diante da problemática em desenvolver uma proposta de alfabetização sob a ótica do letramento, com base em nossa formação durante o curso de Pedagogia e pelas vivências nas capacitações do referido Programa. Assim sendo, decidimos que a temática da nossa Monografia do final do curso de graduação versaria sobre o letramento na alfabetização de jovens e adultos. E aí, nos deparamos com uma preocupação que passou a se constituir na Questão de Pesquisa do nosso trabalho; e essa questão, assim, se configura: ‘será que os alfabetizadores do Programa Geração Cidadã têm clareza acerca dos pressupostos teórico-metodológicos de uma proposta de alfabetização na perspectiva do letramento?’. Tomando, pois, a questão de pesquisa como referência, definimos os Objetivos do nosso trabalho monográfico: a) investigar as concepções dos alfabetizadores do Programa Geração Cidadã acerca dos pressupostos teórico-metodológicos de uma proposta de alfabetização na perspectiva do letramento; b) contribuir para um maior conhecimento do nosso objeto de pesquisa e do campo empírico onde foi feita a investigação. Para a concretização do estudo de caso, trabalhamos com o questionário, a entrevista semi-estruturada e a análise documental. Da análise dos dados emergiram as categorias concepções teóricas dos alfabetizadores e prática pedagógica dos alfabetizadores de jovens e adultos.

15. LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: COMO PENSAM E AGEM OS ALUNOS

Saimonton Tinôco da Silva

DEPED/UFRN

Denise Maria de Carvalho Lopes

DEPED/UFRN

O presente trabalho objetiva analisar os motivos e as expectativas de alunos alfabetizandos jovens e adultos em relação ao seu retorno à escola e à aprendizagem da língua escrita. Partimos da consideração de que estas concepções são relevantes ao processo de ensino-aprendizagem, posto que os usos e funções da escrita são aspectos constitutivos de sua natureza sócio-funcional e que as idéias iniciais dos alunos são ponto de partida para novos conhecimentos. O estudo assumiu as características de uma pesquisa exploratória (Gonsalves, 2001) e envolveu entrevistas com sessenta alunos do Projeto GerAção Cidadã – Reduzindo o Analfabetismo (MEC/UFRN/SME-RN). Dos sujeitos entrevistados, foram selecionados dezenove respostas mais significativas às questões propostas. A partir da análise das informações obtidas foi possível constatar que esses alunos não vêem a escrita apenas com uma função acadêmica, portanto, restrita à escola. Demonstraram compreender que a escrita está presente em diversas situações do dia a dia, assumindo funções e usos diversos e importantes em sua vida cotidiana, embora seja da competência da escola sistematizá-la enquanto objeto de conhecimento em suas dimensões de sistema relevância desta questão na formação e atuação de professores alfabetizadores. e prática cultural. Suas respostas revelaram, ainda, que o aprendizado efetivo da escrita serve também para constituí-los/efetivá-los enquanto atores sociais, pois aumenta sua auto-estima e suas possibilidades de socialização e inserção social. Estes resultados, ainda que iniciais e provisórios, apontam para a importância desta questão converter-se em conteúdos na formação e atuação de professores alfabetizadores.

16. A UTILIZAÇÃO DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS TEXTUAIS COMO PROPOSTA DE FORMAÇÃO DE ALFABETIZADORES DE JOVENS E ADULTOS.

Marta Carola Coelho de Brito

DEPED/UFRN

Patrícia Carla de Macedo Chagas – Orientadora (DEPED/UFRN)

Este trabalho faz parte de um projeto desenvolvido através da prática pedagógica que pertence a um trabalho de formação continuada com alfabetizadores do programa: Alfabetização Solidária no Município de Montanhas-RN. A análise contempla e considera as particularidades desse grupo de professores. Essa proposta de formação tem como objetivo possibilitar ao alfabetizador e alfabetizando um contato com as formas de escrita da qual a sociedade faz uso, bem como, promover o aperfeiçoamento prático dos alfabetizadores quanto ao trabalho com as diferentes tipologias textuais na sala de alfabetização de alunos jovens e adultos, ao visar também, formar indivíduos que participem das relações sociais as quais lhe são impostas aos possibilitar a fazer uso desses instrumentos nos diferentes segmentos de sua vida. Diante disso, surgiu a idéia de trazer para o espaço formador, situações concretas de leitura e escrita, com as quais a clientela dos alfabetizandos sinta necessidade de interagir em sua vida social e cotidiana como, no trabalho, no supermercado, na rua e nos mais diversos espaços sociais. O resultado desse trabalho favorece e busca apresentar aos alfabetizadores a construção do conceito de letramento, e análise do texto como unidade mediadora significativa no processo ensino-aprendizagem na prática com a alfabetização.

17. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: REFLETINDO SOBRE SUAS ESPECIFICIDADES E RELAÇÕES.

Giane Bezerra Vieira

DEPED/UFRN

Partindo do pressuposto de que o letramento é uma questão central no debate educacional na atualidade, o presente trabalho discute as especificidades e relações dos conceitos de letramento e alfabetização à luz de referenciais que verticalizam estudos sobre essa temática. Busca-se em SMOLKA (1991), KLEIMAN (2000), SOARES (2003), BAKHTIN (1997) e CURTO (2000) as dimensões técnicas, cognitivas e culturais da alfabetização e do letramento. Parte-se da concepção de letramento como atividade simbólica, como discurso e interação entre sujeitos concretos que constróem significados de acordo com as relações que mantêm com a língua. Realça-se os aspectos constitutivos dos dois conceitos, sua simultaneidade e interdependência e sua importância para a pedagogia. O processo de aquisição da leitura e da escrita na perspectiva do letramento proporciona à criança significativas mudanças nos seus processos cognitivos e discursivos. Essa pesquisa bibliográfica possibilitou a compreensão de que os usos sociais da leitura e da escrita são fatores indispensáveis para o desenvolvimento dos processos de socialização e comunicação humana. A síntese entre alfabetização e letramento se expressa na indissociabilidade entre o ler e o escrever e a utilização efetiva dessas habilidades em práticas sociais concretas.

18. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: ASPECTOS CONCEITUAIS E IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

Edileide Gonzaga de Lira

DEPED/UFRN

Francinaide de Lima Silva

DEPED/UFRN

Giane Bezerra Vieira (Orientadora)– DEPED/UFRN

O presente artigo traz uma análise sobre os conceitos de alfabetização e letramento e suas implicações para a prática pedagógica através de uma pesquisa de campo e de um estudo bibliográfico. Essa análise é feita tendo por base Curto (2000), Ferreiro (2001, 2002, 2003), Ribeiro (2001) e Soares (2000, 2003, 2004), referencial teórico estudado na disciplina Processo de Alfabetização, e a concepção de uma professora de educação infantil a respeito de tais conceitos. Visto que os conceitos de alfabetização e letramento são amplamente discutidos e várias são as teorias que lançam luz a esses processos os quais auxiliam o trabalho pedagógico, no sentido de evitar o fracasso escolar .Verificou-se através dessa articulação de perspectivas a consonância entre o dizer da professora de alfabetização de crianças e a definição desses processos feita pelos teóricos estudados na disciplina, para os quais a alfabetização é um processo de aquisição da língua oral e escrita e o letramento é o conjunto das práticas sociais de uso da leitura e da escrita. Evidenciou-se, ainda, através da observação da aula ministrada pela educadora, a aplicação prática dos conceitos em estudo. Dessa forma, acreditamos que o ensino aprendizagem eficaz seria a articulação de conhecimentos e metodologias, fundamentadas em diferentes ciências, e sua tradução em uma prática docente que integre as várias facetas, articulando a aquisição do sistema de escrita que é favorecida por ensino direto, explícito e ordenado (processo de alfabetização), com o desenvolvimento de habilidades e comportamentos ao uso competente da língua escrita nas práticas sociais de leitura e de escrita (processo de letramento).

19. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: DOIS PROCESSOS PARALELOS

Liliane Gomes da Silva

DEPED/UFRN

Maria Monique da Silva Dantas

DEPED/UFRN

Giane Bezerra Vieira (Orientadora) – DEPED/UFRN

O presente artigo constitui-se na sistematização de estudos realizados a respeito das concepções sobre alfabetização e letramento, baseado em alguns autores, como Curto (2000), Ferreiro (2001, 2003), Soares (2000, 2003, 2004) e Kleiman (1995) e a fala de uma professora alfabetizadora. Orientada metodologicamente pelo programa da disciplina Processo de Alfabetização e por uma entrevista semi-estruturada, podemos perceber, que existe uma articulação entre as concepções da professora e dos autores lidos. Para eles, alfabetização é o processo de aquisição da linguagem oral e escrita e o letramento é o uso que o sujeito faz daquele código que ele adquiriu nas suas práticas sociais, ou seja, o uso do código falado e escrito.Constata-se também que a discussão sobre alfabetização e letramento no Brasil vem se tornando algo muito abrangente e de grande relevância, pois esses processos estão interligados, embora sejam distintos. As possibilidades de aplicação e reconhecimento da ligação desses dois processos viabilizam o desenvolvimento das capacidades de interpretação da criança em relação ao estabelecimento de diferentes significados nas suas práticas cotidianas. Dessa forma, acreditamos que os profissionais que atuam na área de educação devam estar comprometidos com a formação de seus alunos no sentido de continuarem a refletir sobre a proposta do letramento e da alfabetização na sua prática pedagógica.

 

GT-25: METAFÍSICA E TRADIÇÃO

Coordenadores:

Markus figueira da Silva

Juan Adolfo Bonaccini

E-mail: markus@cchla.ufrn.br

Departamento de Filosofia

Local: Setor de Aula II, sala E4

O GT Metafísica e Tradição é composto por professores e alunos do Curso de Filosofia e do Programa de Pós-graduação em filosofia da UFRN. Conta também com a participação de professores e alunos de outros cursos, ligados à Base de Pesquisa GEMT. Seu maior objetivo é congregar, discutir e divulgar toda a produção acadêmica na área da Metafísica no âmbito da UFRN, além de fomentar a participação e integração de outros membros da comunidade científica desta universidade.

Primeiro dia

01. A morte como limite natural para o desejo dentro do pensamento de Epicuro

Everton Rocha

heyasha@hotmail.com

O exame da natureza, ou physiologia,é a principal ferramenta utilizada pelo sábio que busca conhecer a constituição das coisas. Fazendo uso dela, Epicuro separou diferentes categorias de desejos, seguindo basicamente dois critérios, a saber: se são naturais e se podem ser encarados como necessários. No homem há um patamar de desejo que corresponde aos desejos necessários para a sobrevivência do corpo, ao analisar os limites desse composto chamado homem, Epicuro ressaltou a importância de delimitação dessas necessidades fundamentais. Para evitar a morte é preciso tratar da manutenção desses desejos, que nos apontam a carência de alimentos, de água, certas condições ambientais. Aquilo que é necessário encontra-se em abundancia na natureza, assim acreditava Epicuro, essa perspectiva ressaltava a postura de sustentar a felicidade como possível, entendida como ausência de dor no corpo e perturbação na alma. A nitidez em relação a simplicidade do que é necessário a continuidade da vida é um bem produzido pelo exame da natureza, que aponta um outro caráter aos desejos ao mostrar que muitos deles se sustentam sobre opiniões vazias. O desejo de imortalidade é um exemplo emblemático de afastamento e esquecimento em relação a nossa própria condição natural. O distanciamento diz respeito a alienação no que refere-se ao próprio corpo como composto vivo em equilíbrio transitório, o esquecimento pode ser encarado como produto desse afastamento, a medida que os desejos são sustentados por opiniões que negam a morte como limite incontornável. A morte surge como fim do equilíbrio chamado vida, surpreendente por estar completamente fora da experiência, mas que precisa ser assimilada pelo sábio, visto que tratar desta questão é imprescindível para desfrutar da tranqüilidade e do prazer inerentes a uma vida preenchida pelo exercício da sabedoria prática.

02. Mito: razão e fantasia n'A República de Platão

Enoleide Farias

Aluna especial Mestrado em Filosofia - UFRN

Ao estabelecer as partes da alma e, a partir dessa classificação, a ordenação política n'A República, Platão propõe excluir do seu estado ideal o poeta criador de mitos, capaz de enganar quantos lhe ouvem, portanto, alguém cuja existência parece dominada pela parte concupiscente da alma. Assim, renega a poesia mimética e seus autores, referidos como meros imitadores, incapazes de colaborar na construção da cidade justa, por ele pensada como possível, apenas, a partir de um rigoroso método educacional. O trabalho busca entender como o filósofo, mesmo criticando o mito, o utiliza como recurso dialógico na construção do seu texto. É, pois, n'A República onde se encontra o mais comentado mito filosófico, a Metáfora da Caverna. Os argumentos são construídos a partir de uma leitura d'A República, apoiados nas considerações apresentadas por Vernan, Rodrigues e Nunes acerca dos mitos presentes na filosofia pré-filosófica, na filosofia e na linguagem contemporânea.

03. Deus e o Mundo: Participação e Criação em Escoto Eriúgena

Íris Fátima da Silva - PPGFIL - Mestranda

Em que consiste a participação? Instigado pelo problema da criação, que circula todo o livro III do periphyseon, cujo argumento principal anela a obra dos seis dias Eriúgena entende que deve evitar a confusão entre Deus e o mundo e ao mesmo tempo a separação entre um e outro. O mundo é criado e eterno, era e não era, procede de Deus, mas é distinto de Deus, é a antinomia que porta consigo o ato criativo e que Eriugena tenta resolver e conciliar; o mundo procede de Deus porque é uma participação de Deus. A palavra participação, no entanto pode gerar equívoco, necessitamos, entretanto melhor definir o seu significado. Para Eriúgena a participação é atividade, causalidade, criação, a dificuldade está no determinar a essência desta atividade ou causalidade por evidenciar-se a natureza da relação entre a causa e o efeito, entre o mundo e Deus. Nada no sistema eriugeniano é imóvel tudo é dinamicidade, visto que o princípio da realidade não é o Ser, mas o Ato; por isso o seu monismo se diferencia essencialmente do monismo grego.

04. EPICURO E O TÝCHE

Maíra Bezerra da Costa

mairabcosta@yahoo.com.br

O termo Týche significa acaso enquanto noção necessária para pensar a questão do conhecimento, sendo a ciência em Epicuro o desvelamento do limite do individuo, que ao conhecer a natureza conhece a si mesmo. Esse desvio ou parênklises, como é conhecido o acaso, ocorre como necessidade ativa para que existam corpos, quando na queda os átomos desviam-se e chocam-se com outros, nisso nascem os compostos. É extremamente importante para o exercício da prática da sabedoria conhecer para não temer o desconhecido. A mudança de curso espontânea e sem explicação do átomo justifica a liberdade individual, abolindo toda a determinação exterior que fantasia através das opiniões vazias, originando homens fracos, ansiosos e dependentes da providencia divina. O týche relativisa o conhecimento por causa do movimento atômico que afeta elementos e compostos. Na constante mudança as possibilidades e as dúvidas são muitas, mas o homem precisa ser capaz de construir a sabedoria de acordo com sua maneira de ser, em uma realidade formada por partículas que materializam para não abrir espaço para os mitos, enfatizando que tomar atitudes próprias ou não esperar pelos Deuses era facil.

05. Entre Apolo e Dioniso: análise nietzschiana da tragédia

Joana Brito de Lima

Trata-se de uma pesquisa em desenvolvimento a respeito da análise nietzschiana da tragédia grega clássica. Procurando os elementos definidores da arte trágica grega nos dramaturgos clássicos, como Eurípides, Ésquilo e Sófocles, além de buscar inspiração na mitologia, notadamente pela escolha dos deuses gregos Apolo e Dioniso como referenciais teóricos, Nietzsche elabora em O Nascimento da Tragédia uma teoria do trágico fundamentada sobre a oposição e complementaridade entre apolíneo e dionisíaco, racionalismo e instinto, e a rejeição do pessimismo como afirmação da vida. Nosso objetivo é pensar a teoria da tragédia elaborada por Nietzsche, na qual Dioniso representa o excesso e Apolo a medida, aspectos incorporados ao herói trágico a representar a limitação humana diante das Moiras do destino.

06. O uso das palavras phýsis, kósmos e lógos pelos estóicos gregos

Thiago Barbalho

thiagobarbalho@hotmail.com

Para compreender a physiología estóica é preciso, antes de tudo, traçar os conceitos que, ao longo da tradição filosófica, foram se confundindo, fato que dificulta o entendimento do estoicismo como sistema filosófico. O trabalho fará, portanto, um contorno ao redor de três termos fundamentais para a doutrina estóica: phýsis, kósmos e lógos, com ênfase no caráter divino esboçado nas noções ontológicas de todos eles.

07. Da Ética a Nicômaco: conhecimento x ação

Sheila Mendes Accioly

Este artigo discute as relações entre conhecimento (saber) e ação (fazer) na obra aristotélica Ética a Nicômaco. Propõe que entre as dimensões da teoria e da prática há uma cisão, passível de unificação na dimensão estética.

Segundo dia

08. A Teoria do Conhecimento de Benedictus de Spinoza: considerações a partir do Tratado da Correção do Intelecto

Ana Carolina Nogueira Guedes

Universidade Estadual do Ceará (graduação)

Prof. Dr. Emanuel Angelo da Rocha Fragoso

Nossa intenção com o presente trabalho é a de expormos, por meio de uma detalhada descrição seguida de uma análise, os argumentos propostos por Benedictus de Spinoza em sua crítica e subseqüente reforma do método pelo qual o intelecto melhor se dirige ao verdadeiro conhecimento das coisas. Para tal, inicialmente, faremos a exposição, seguida de uma análise mais detalhada e comparativa, dos modos de conhecimento conforme descritos por Spinoza nas três obras em que nosso autor trata desse tema, o Breve Tratado, o Tratado da Correção do Intelecto e a Ética. A partir da leitura dessas obras, procuraremos explicitar a descrição spinozista dos modos de conhecimento, evidenciando a alteração da terminologia da primeira à terceira obra, dos termos “modos de conhecimento”, empregado nas duas primeiras, aos termos “gêneros de conhecimento”, empregados por Spinoza na Ética. Também evidenciaremos a opção de Spinoza pelo conhecimento do terceiro gênero, ou conhecimento intuitivo, pois é este o tipo de conhecimento que possibilita ao homem atingir a beatitude. Por absoluta necessidade do sistema, abordaremos também a questão do método desenvolvido por Spinoza, o método geométrico ou euclidiano, e qual a sua importância dentro da reforma do conhecimento, bem como sua importância dentro do sistema considerado em sua totalidade. Por fim, faremos uma apresentação por meio de uma “introdução” presente em nosso texto, na qual evidenciaremos a importância do Tratado da Correção do Intelecto para a fundamentação epistemológica da Ética.

09. Os modos de conhecimento segundo Benedictus de Spinoza

Isabel Maria Pinheiro Arruda

Mestranda em Filosofia – UECE

Bolsista da FUNCAP

Orientador. Prof. Dr. Emanuel Angelo da Rocha Fragoso

Esta pesquisa tem como finalidade descrever os modos do conhecimento na filosofia de Benedictus de Spinoza. Esta questão é abordada em três obras, o Tratado da Reforma da Inteligência – TIE (1662) o Breve Tratado – KV e a Ética (1677). Iniciaremos nossa exposição pelos modos de conhecimento no TIE, no qual o conhecimento não é mais apresentado como o resultado de uma influência da coisa sobre a mente. No TIE o conhecimento é o meio pelo qual o homem alcançará a beatitude, ou seja, é através do conhecimento que o homem alcança a perfeição, aqui entendida como “o conhecimento da união da mente com a natureza inteira”. No § 19 desta obra Spinoza distingue quatro modos de percepção: o primeiro se baseia numa percepção que temos pelo ouvir dizer ou por algum outro sinal designado convencionalmente, no segundo, há uma percepção adquirida por experiência vaga, no terceiro há uma percepção na qual a essência de uma coisa se conclui de outra e finalmente, há uma percepção em que uma coisa é percebida só pela sua essência ou pelo conhecimento de sua causa próxima e, é denominado conhecimento intuitivo. No KV, Spinoza inicia demonstrando alguns conceitos ou a consciência do conhecimento de nós mesmos e das coisas que estão fora de nós. Na Ética, Spinoza modificou a nomenclatura utilizada em suas obras anteriores no que se refere ao conhecimento passando a adotar o termo “gêneros de conhecimento”, devido à natureza do conhecimento verdadeiro. A descrição e análise dos mesmos se encontram na Parte 2 deste livro, cuja denominação é as seguintes: conhecimento do primeiro gênero, do segundo gênero e, finalmente o terceiro gênero. Sendo este último necessariamente verdadeiro, pois procede de uma idéia adequada de um atributo de Deus.

10. Heidegger e a Questão da Técnica.

Alan Marinho Lopes.

Orientador: Oscar Bauchwitz.

A proposta de meu trabalho é efetuar uma investigação acerca da segunda fase do pensamento de Martin Heidegger, precisamente o momento em que ele resolve abordar e problematizar a técnica moderna. Colocando o Dasein (ou ser-aí) de “Ser e Tempo” como ponto de partida, o raciocínio será desenvolvido a partir de um argumento embrionário encontrado na obra principal e desdobrado em textos como “A Questão da Técnica” e “Língua de Tradição e Língua Técnica”. Pretendo, junto de Heidegger, desvelar a técnica em sua essência não técnica, e será explicitado, também, que onde está o perigo e alienação, pode residir salvação.

11. Hegel e o Ceticismo

Oscar Cavalcanti de Albuquerque Bisneto.

Orientador: Prof. Dr. Juan Adolfo Bonaccini

O presente trabalho tem por objetivo encetar uma discussão em torno da problemática da possibilidade do conhecimento, tendo por norte três posturas filosóficas: uma cética, cujo principio basilar se assenta numa recusa geral do conhecimento; outra, parcialmente cética, é o pensamento kantiano, cujo pensamento se coloca a meio caminho entre o ceticismo e a metafísica dogmática; e, enfim, a postura de Hegel, para quem a possibilidade do conhecimento, alçando para além do dogmatismo, se afirma como total. Sendo que, ao fim da discussão, após pesar os principais argumentos de cada uma das três vertentes, forçoso será concluir a favor de uma das posturas, notadamente a do ceticismo.

12. O conceito de atributo em Espinosa

Wander Resende

Trata-se da articulação do conceito de atributo exposto na obra “A Ética” de Espinosa. A exposição visa a explicitação deste conceito em relação à noção de substância ali apresentada.

13. O Devir em Hegel

Bartira Calado

bartiracalado@yahoo.com.br

Dentro do sistema hegeliano, o devir tem um caráter importantíssimo, pois – representando a lembrança do movimento efetuado pela consciência, durante o seu processo de descobrimento – garante que a verdade seja percebida na sua totalidade, passando a ser encarada não mais como um alvo que pode ser alcançado de imediato ou por uma revelação, mas essencialmente como algo que demanda desenvolvimento para mostrar-se. Este trabalho pretende fazer uma pequena, mas significativa exposição, sobre como o vir a ser na história da humanidade corresponde à própria manifestação do Absoluto – que se faz mundo para conhecer-se; de como é imprescindível ao sistema de Hegel a adoção de uma lógica polivalente, para que, dessa maneira, seja evidenciado o valor e a necessidade da série sucessiva de figuras que compõem a vida do Todo; analisa-se também, o papel que a negatividade assume dentro do processo dialético, permitindo e determinando o surgimento dos estágios do saber. E por fim, esclarece sobre a necessidade do Absoluto ser entendido não como substância, mas sujeito.

14. A relação entre o mundo sensível e o inteligível na filosofia de Plotino

Assileide de Melo Dantas.

Orientador: Prof. Dr. Oscar Federico Bauchwitz

Nas Enéadas, Plotino apresenta como tese fundamental a distinção entre o mundo inteligível e o mundo sensível. Distinção esta que apresenta um grave problema, tendo em vista que o sistema plotiniano se pretende essencialmente monista. Ou seja, se partirmos do pressuposto segundo o qual o sistema de Plotino é monista, como de fato o próprio pretendia, a distinção entre os dois mundos necessita de uma justificativa. O presente trabalho, portanto, visa a uma apreciação da resposta oferecida por Plotino no que respeita especificamente à passagem (processão) ontológica da dimensão do incorpóreo para a do corpóreo, pois, segundo Plotino, apenas há uma única realidade, a saber, o Uno, do qual todas as coisas procedem. Dessa forma, os dois mundos, o sensível e o inteligível, participam desta única realidade, e a processão do incorpóreo para o corpóreo se afigura como necessária. E do resultado de tal processão fica eliminado o caráter dualista, uma vez que a matéria é tida como não subsistente, o que acaba por garantir que o sistema plotiniano deve, sim, ser considerado monista, pois o mundo sensível não foi produzido do nada.

15. "Hegel e o Ceticismo".

Juan Adolfo Bonaccini

Depto. de Filosofia

A relação de Hegel com o ceticismo está longe de ser clara. A par de existirem alguns poucos trabalhos sobre o assunto, e de Hegel abordar o tema em várias obras, não está bem determinado se Hegel possui uma teoria global sobre o ceticismo ou se apenas é um mero crítico de posturas céticas clássicas na antiguidade e na modernidade. O presente trabalho pretende primeiro sugerir que apesar de Hegel ser um crítico ferrenho do ceticismo moderno (por ex. em Sobre a relação do Ceticismo com a Filosofia, nas Preleções sobre História da Filosofia, na Enciclopédia das Ciências Filosóficas), a sua crítica não se restringe a esta ou aquela forma de ceticismo. Sustenta-se que a posição de Hegel se funda numa teoria geral do saber da consciência que compreende o ceticismo como uma pretensão de verdade que implica a absolutização de um de seus saberes parciais e pretende refutá-lo mediante a descrição do modo como ele mesmo seria auto-refutativo (sobretudo na Introdução à Fenomenologia e no início da Ciência da Lógica). A partir de essa análise são tecidos comentários sobre a fecundidade de um tratamento análogo como estratégia a ser recuperada para refutar posturas céticas em outros âmbitos do conhecimento filosófico. Por fim, atesta-se a atualidade do pensamento de Hegel em face do problema filosófico do ceticismo.

16. UMA “TEORIA DAS FORMAS” CHINESA: O SURPREENDENTE “PLATONISMO” DE CHU HSI

Edrisi Fernandes (GEMT/UFRN)

Chu Hsi (1130-1200) é certamente o maior pensador chinês dos últimos mil anos, pela relevância e pela duradoura influência de seus escritos, capitais para o estudo do Neo-confucionismo, corrente de pensamento que, notadamente pela assimilação de elementos metafísicos antes encontradiços apenas no Taoísmo e no Budismo, buscou neutralizar a debilitação do Confucionismo. Uma das coisas que mais chama a atenção de pensadores ocidentais que se debruçam sobre os escritos de Chu Hsi é a notável semelhança entre as noções chinesas de Li (“princípio”) e Ch’i (“força material”) e suas relações ontológicas, e as noções platônicas das “idéias” e dos “entes” que “representam” aquelas mediante “participação”. Passagens de Chu Hsi serão lidas e contextualizadas em articulação com o pensamento de! Platão (ao qual Chu Hsi, segundo consenso geral, não teve acesso), para indicar afinidades insuspeitadas do pensamento de filósofos tão distanciados no tempo, no espaço e no universo das culturas, mas surpreendentemente próximos no continente das idéias.

17. Os fundamentos da técnica e da informação em Ser e Tempo

Soraya Guimarães da Silva

Extraído do capítulo dedicado à obra Ser e Tempo, de Martin Heidegger, da dissertação ainda sem título definido, mas que investiga a tecnologia da informação a partir da essência da técnica e de uma ontologia da informação, estudo completamente baseado no pensamento do filósofo alemão, o trabalho pretende abordar brevemente duas reflexões a cerca do tema geral proposto para a pesquisa de mestrado e que estão contidas nas investigações feitas em Ser e Tempo: a relevância do modo da ocupação [Besorgen] na questão da técnica e a gênese da informação do conceito de Compreensão [Verstehen] e Interpretação [Auslegung].

GT-26: IDENTIDADE E ETNIA

Coordenadores:

Liliane Cunha de Souza

E-mail: lilivertov@yahoo.com.br

Departamento de Antropologia

Luiz Antonio de Oliveira

E-mail: luizantov@yahoo.com.br

Departamento de Antropologia

Local: Setor de Aulas II, sala D3

O presente Grupo de Trabalho pretende reunir professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação e graduação, das áreas de antropologia e história, que trabalham sobre a temática das identidades diferenciadas. Os assuntos a serem abordados deverão tratar da questão étnica e das identidades culturais, preferencialmente no Rio Grande do Norte, dentro das perspectivas etnográfica e historiográfica, em diferentes contextos urbanos e rurais. Os principais objetivos do GT são: levantar questionamentos sobre as marcas memoriais e o devir dos grupos; reunir pesquisadores interessados na temática; apontar para novas problemáticas e perspectivas teórico-metodológicas de pesquisas sobre etnicidade, bem como propor a investigação sistemática de grupos étnicos presentes no Nordeste e no estado do Rio Grande do Norte.

Primeiro dia

01. Parque das Dunas: reminiscências de povos sem história

Abrahão Sanderson Nunes F. da Silva

Mestrando em Arqueologia no Programa de Pós-Graduação do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP)

A região concernente ao município de Natal, mesmo com uma documentação escrita e uma presença vestigial passíveis de reconhecimento, possuí indícios que apontam para o esquecimento da etnia Potiguar. Neste caso específico, podemos exemplificar a ocorrência dessa situação através da importância outorgada ao Parque das Dunas, uma área considerada patrimônio do estado devido apenas aos seus atributos ecológicos. Contudo, essa iniciativa não contempla os materiais representativos das ações concretas de determinados grupos humanos, em nosso caso específico os indígenas potiguares, responsáveis por uma cultura material presente nesse local e que mesmo costeando um dos principais acessos turísticos da cidade e, em meio aos acréscimos urbanísticos de uma zona em pleno crescimento comercial e residencial, está bastante distante da memória e da identidade dos natalenses.

02. Etnicidade, indigenismo e as razões do Estado: entendendo os processos de emergência étnica no Nordeste indígena

Prof. Dr. Carlos Guilherme do Valle

Departamento de Antropologia (DAN/UFRN)

Ao longo de boa parte do século XX, casos de emergência étnica ou etnogênese irromperam no Nordeste brasileiro, sobretudo nos últimos 25 anos. Estados como o Ceará e agora o Rio Grande do Norte, se eram antes conhecidos pela ausência de índios, têm assistido o paradoxo do reaparecimento de povos que eram dados como desaparecidos ou supostamente estavam diluídos na população regional. Caracteristicamente conflitivos por meio das relações interétnicas entre índios e “não-índios”, a destacar os interesses fundiários em jogo, estes processos de emergência étnica não têm se concretizado sem a intervenção de agentes e instituições variadas, que vão desde o órgão indigenista oficial, a FUNAI, a missionários e pesquisadores, conformando um campo social bastante heterogêneo e atravessado por tensões políticas, além das convergências e contradições no conjunto de suas idéias e práticas. Ao considerar tais pontos, este trabalho pretende discutir os impasses mais recentes que envolvem o indigenismo, em particular na sua atualização no Nordeste, atravessado por pressões e demandas étnicas, mas igualmente condicionando os processos de etnogênese segundo suas próprias idéias e diretrizes conceituais. Por meio de uma abordagem histórica e antropológica, espero refletir sobre alguns pontos centrais envolvidos nos processos de emergência étnica. Estes pontos tocam em questões teóricas igualmente importantes, especialmente a tensão entre abordagens essencialistas e construcionistas da idéia antropológica de cultura.

03. A Arquidiocese de Fortaleza e a questão territorial Tapeba

Igor de Meneses Soares

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGCS/UFRN)

Em meados dos anos 80 do século XX, no instante em que nos deparamos com a realidade de um grupo étnico estabelecido na região Nordeste – os Tapeba – são perceptíveis os conflitos existentes, centralizados prioritariamente em duas questões: a identidade e a terra. Referimo-nos a todo um processo de mobilizações e reivindicações dos indígenas que vêm configurar a idéia de etnia e “luta”. Luta seria o termo apropriado, utilizado pelos índios Tapeba, a fim de denotar os esforços convergidos para fins que motivaram o início das referidas manifestações. Os variados processos envolvendo os índios Tapeba que tiveram continuidade estavam freqüentemente, direta ou indiretamente, ligados à questão territorial. Eram associados à invasão de propriedades, a violências ou formas de intimidações que objetivavam a imposição de uma condição de insegurança e medo a fim de excluir os indígenas da posse de uma determinada porção de terra. Partindo dessa idéia, explicitamos a motivação que nos impele à realização deste trabalho. Uma vez que nos deparamos com uma intensa participação da Arquidiocese de Fortaleza em todo o processo de reconhecimento da identidade étnica dos índios Tapeba, bem como das referidas questões territoriais, acreditamos ser fundamental recuperar a ação da Igreja nesse processo. A representatividade política que a Arquidiocese de Fortaleza assume possibilita a consolidação de um movimento social. Buscamos analisar as motivações que levaram a Arquidiocese de Fortaleza a desenvolver intensa apoio aos índios Tapeba, utilizando para tal fim algumas entrevistas realizadas com antigos integrantes da Pastoral Indigenista, índios Tapeba, bem como documentos escritos, formulados a partir dos esforços empreendidos pelos membros da Arquidiocese de Fortaleza e jornais que estavam atentos, noticiando esse contexto em questão.

04. Identidade e diferença

Rita Gomes do Nascimento

Mestranda do PPGEd da UFRN

Bolsista da FUNCAP

A trajetória de constituição das identidades étnicas indígenas está marcada pelas ações desses grupos em se afirmarem enquanto tais, em busca do (auto) reconhecimento, tanto, particularmente, para si mesmos, quanto, no geral, frente à sociedade nacional. Tal movimento vai se corporificando na (re) elaboração de práticas culturais visando a economia de ganhos simbólicos (Bourdieu,1998), precisamente através da “luta” empreendida entre estes e as instituições de Estado na demarcação de direitos sociais. Compreendemos os processos identitários como uma construção social, ou seja, como “identificações” em curso, pois participamos da concepção de que a identidade não é algo fixo, invariável, (pré) determinado, mas sim, que vai se constituindo historicamente, sendo, portanto, modificada conforme “o sujeito é interpelado ou representado, a identificação não é automática, mas pode ser, ganhada ou perdida” (HALL,1997). Neste artigo apresentamos as histórias de três grupos indígenas, sobre os sentidos que atribuem à constituição de seus processos identitários. Para a execução deste trabalho, guiadas pela análise compreensiva do discurso oral (Kaufman,1999), tomamos como unidade de referência principal as falas de 08 (oito) entrevistados, participantes do Curso de Formação de Professores Tapeba, Pitaguary e Jenipapo-kanindé, sendo 01 (um / a) professor / a e 01 (uma) liderança de cada uma dessas etnias e 02 (dois) membros da Associação de Professores Indígenas Tapeba (APROINT), entidade proponente do Curso. Ao longo de seus discursos percebemos uma seqüência temporal e situacional, atribuídos as categorias medo e preconceito, saltadas de suas falas. Inicialmente, tais categorias, implicam na negação de suas identidades, usadas ora como impedimento, ora como explicação para o não - ser – índio. Mais adiante, em outro contexto, medo e preconceito, aparecem com a conotação de superação numa situação e / ou num tempo de assunção identitária, precisamente quando estes grupos decidem afirmarem-se etnicamente, realizando “a viagem da volta”, alusão à expressão de Oliveira (1997), presente em seus estudos sobre os povos indígenas do Nordeste Brasileiro.

05. Memória, organização política e etnicidade: os Eleotérios - Catu/RN

Claudia Maria Moreira da Silva

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAS/UFRN)

Situado entre os Municípios de Canguaretama e Goianinha o Catu dos Eleotério, conforme é identificado na região, fica distante da capital Natal em 79 Km. A área que abrange a localidade constitui parte da microrregião Litorânea Sul do Estado. A partir do final dos anos 90 uma parcela dos Eleotério, família que se diz ocupar o local tradicionalmente e que originou o povoamento, passou a se mobilizar afirmando uma “descendência indígena”, e a reivindicar o reconhecimento étnico enquanto coletividade. Nesse contexto passaram a procurar articulações junto ao povo Potiguara no Estado da Paraíba. Este estudo possui como objetivo compreender como está sendo reelaborada a identidade indígena, nesse contexto, onde articulam memória com organização política e se mobilizam pela reapropriação das matas e antigos modos de vida. As Entrevistas até então realizadas sinalizam que os Eleotério passaram a se auto identificar indígenas, ressaltando uma história comum. As narrativas possuem como suporte referências a memória de parentes que habitavam as matas e memórias de eventos vivenciados que circunscrevem toda sua construção sobre a ocupação antiga do território que no atual momento histórico se encontra sob controle oficial de empresas que promovem o cultivo da cana-de-açúcar.

06. Identidade Étnica entre os Xukuru do Ororubá – A Festa de Nossa Senhora das Montanhas na Vila de Cimbres.

Ana Sávia Farias Ramos

Aluna do curso de graduação em Ciências Sociais da UFCG

O presente resumo é baseado em um primeiro exercício etnográfico realizado entre os Xukuru do Ororubá, povo indígena cuja terra está localizada no município de Pesqueira, interior de Pernambuco. O trabalho etnográfico foi realizado a partir de observações feitas no dia 2 de julho de 2004 durante a festa de Nossa Senhora das Montanhas, uma festa popular que acontece anualmente na Vila de Cimbres, terra indígena Xukuru, e que cuja abrangência ultrapassa os limites étnicos proporcionando a confluência entre índios e não-índios. A partir da observação da festa de Nossa Senhora das Montanhas enquanto uma situação representativa do processo de afirmação da identidade étnica que se deu em um contexto de ação política em função da reivindicação do direito às terras identificadas como terra indígena Xukuru, pretende-se tratar da afirmação da identidade indígena deste povo através da observação da utilização do espaço durante a festa, como uma forma de se perceber o lugar ocupado pelos índios em três momentos principais; a missa, o toré e a procissão. Partindo da percepção de que a afirmação da identidade indígena Xukuru se dá através da comunicação de um discurso que os expressa como etnicamente distintivos, observou-se que durante a festa de Nossa Senhora das Montanhas foi também através das “tradições” que este discurso foi expresso, e que por meio da prática das “tradições” os índios Xukuru marcaram sua distintividade em meio aos festejos populares, portanto, é também objetivo deste trabalho tecer considerações acerca do discurso comunicado através das “tradições” percebendo os significados atribuídos a estas pelos índios Xukuru.

07. FESTA E PODER: O CICLO FESTIVO-RELIGIOSO DOS FULNI-Ô

Eliana Gomes Quirino

Mestranda em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGCS/UFRN)

O grupo está situado entre o agreste e o sertão de Pernambuco, mais precisamente no município de Águas Belas. São, em média, 4.300 índios que apresentam como signos de identificação étnica: o Yaathê, língua específica do grupo que continua sendo utilizada no cotidiano; o Ouricuri, termo que designa o ritual, o lugar e o período de reclusão que acontece durante a primavera; o Toré dança comum aos índios do Nordeste. Tratamos de escolher as festas religiosas – a abertura do Ouricuri; a festa da padroeira da aldeia, Nossa Senhora da Conceição; festas juninas – para trabalhar situações de poder e etnicidade. Buscaremos fazer uma análise conjunta dos temas: festas – religiosidade – etnicidade. Estas festas supracitadas, onde se tem a presença garantida de regionais, do poder local e do órgão indigenista oficial por convite e permissão dos próprios índios para circularem no espaço aldeão, podem ser visualizadas como campo de demonstração dos sinais de identificação, tomados como bandeiras étnicas. Também podem ser vistas como um campo de forças, disputas e conquistas associadas à mobilização étnica Fulni-ô. Há autores que defendem que a festa é uma inversão da ordem, uma negação da estrutura social, política e econômica vigente, como se ela representasse uma descontinuidade em relação ao cotidiano. Todavia, nos afastamos de concepções como estas para adotarmos a idéia de que a festa, mesmo sendo um momento de diversão, de descontração coletiva, não chega a superar as normas da vida cotidiana. Portanto, preferimos defender que a festa, sobretudo a festa religiosa, é “uma recriação das normas da vida diária”. O nosso campo empírico nos conduz a essa perspectiva teórica, nos faz entender a festa, com sua natureza comunicativa, como uma continuidade da vida cotidiana. As festas Fulni-ô buscam informar e reforçar a posse sobre o território e a identidade étnica; renegar o passado da desconstrução étnica; reiterar as formas de (re) construção identitária.

Segundo dia

08. A Linguagem do Corpo

Nury Isabel Jurado Herrera

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Rio Grande do Norte(PPGCS/UFRN)

"O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência, nem uma culpa como nos faz crer a religião. O corpo é uma festa". Eduardo GaleanoA noção do corpo tem transformado consideravelmente o panorama Antropológico nas últimas décadas, um dos primeiros pilares que ínsita olhar o corpo como uma linguagem além do visual encontra-se no estudo clássico de Mauss sobre as técnicas corporais, segundo Lévi-Strauss, Mauss abriu às investigações etnográficas um novo território: o das técnicas do corpo. Baseada na obra de Jacques Galinier, “La otra mitad Del mundo. Cuerpo y Cosmos en los rituales Otomíes”, pretendo discutir neste trabalho o uso da linguagem do corpo como uma forma de interpretação das relações cosmológicas nas sociedades primitivas.

09. Identidade e etnicidade no Marabaixo: uma abordagem etnomusicológica

Ms. Sheila Mendes Accioly

Prof. Decom/UFRN

Ms. Sandro Guimarães de Salles

Prof. CPM/PE

Os primeiros negros chegaram ao Macapá no século XVIII, vindos de Belém, do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Maranhão, para a construção da Fortaleza de São José. Além destes, aportaram, no município de Mazagão, várias famílias negras fugidas das guerras entre mouros e cristãos, travadas no norte da África. O Marabaixo nasce do encontro entre estas diferentes etnias e os colonizadores brancos, interagindo dentro de um mesmo contexto social. Símbolo de identidade social e etnicidade do povo do Amapá, este folguedo consiste em uma manifestação musical elaborada a partir das referências do catolicismo popular. Nele, os aspectos lúdicos, religiosos e transgressores transpõem os limites entre o lícito e o não lícito, entre o sagrado e o profano. Na vila do Curiaú, comunidade rural a oito quilômetros da capital, esta tradição se mantém, por vezes vinculada a práticas afro-religiosas. No contexto urbano, ela é praticada em Macapá, notadamente nos bairros do Laguinho e Favela. A música do folguedo consiste em cânticos acompanhados de membranofones, feitos em madeira esculpida. Sua coreografia, seguindo a tendência da maioria das danças religiosas afro-brasileiras, é circular e em sentido anti-horário. O aspecto religioso aparece, ainda, na presença de uma bebida ritual denominada “gengibirra”. Nosso trabalho busca compreender, dentro de uma perspectiva interpretativa, a importância do Marabaixo enquanto elemento de identidade social e etnicidade, partindo de uma abordagem etnomusicológica.

10. Negros na cidade da liberdade? A construção da identidade negra em Mossoró-RN

Francisco Carlos de Lucena

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAS/UFRN)

Existe em Mossoró um contexto social interessante para se refletir acerca do processo de construção da identidade negra. Esta cidade se proclama a pioneira do Brasil a libertar seus escravos. Para a história local, tal fato acontecera em 30 de setembro de 1883 cinco anos antes da sansão Lei Áurea. Este feito é comemorado anualmente com grandes festividades artísticas e culturais organizadas pelo poder público local, vangloriando o heroísmo do povo mossoroense. Além dos eventos festivos, encontram-se em Mossoró diversos marcos que relembram a abolição da escravidão na cidade. São nomes de bairros como o bairro Abolição I, Abolição II, um Shopping com o nome de Liberdade e uma rádio por nome de libertadora. Estes referenciais, arquitetados pela elite política local, se direcionam no sentido de construir um discurso acerca do espírito libertário do mossoroense. Há também em Mossoró um movimento negro por nome de Raízes que busca afirmar a negritude na cidade. Podemos perceber, então, que existe em Mossoró um contexto histórico e social que põe em relevância a figura do negro com um dos referencias da história local. Esta pesquisa pretende apreender como os negros mossoroenses se autopercebem e percebem a negritude dentro de um contexto que tenta se afirmar como a “terra da liberdade”. Nosso trabalho está ancorado nas discussões de Antonio Alfredo Guimarães, Carlos Hasenbalg, Livio Sansone, Stuart Hall e Florestan Fernanades sobre as relações raciais brasileiras.

11. Negros do Riacho: memórias contadas e silenciadas

Joelma Tito da Silva

Bolsista Propesq

UFRN/CERES, Campus de Caicó

Prof. Ms. Joel Carlos de Souza Andrade

DHG/CERES/UFRN

Entre lembranças e esquecimentos caminham cotidianamente os negros do Riacho, comunidade rural localizada no município de Currais Novos/ RN. O grupo começa a se formar no final do século XIX, quando o ex-escravo Trajano “Passarinho” e parentes próximos teriam se apossado das terras do Riacho dos Angicos, casando-se e constituindo famílias que deixaram descendentes e deram substância à manutenção daquele espaço em torno da comunidade. No trabalho direto com as fontes o nosso olhar sobre os moradores do Riacho efetiva-se a partir da entrevista oral, que possibilitou uma leitura histórica a partir de imagens presentes na memória, em silêncios e vozes que delineiam as singularidades inseridas no cotidiano do grupo. Teórico/metodologicamente desenvolvemos discussões acerca da memória, da oralidade e da arte da narrativa e questões referentes ao cotidiano inspiradas nas discussões de Michel de Certeau. Na prática da pesquisa com os negros do Riacho lemos silêncios, interpretamos dizeres - histórias contadas – identidades sentidas e refeitas nas tramas incertas da memória, tecendo espaços a partir da arte de narrar e lembrar.

12. Auto-afirmação e Reconhecimento: A Busca da Identidade Étnica

Wellington de Jesus Bomfim

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAS/UFRN)

Este resumo introduz a discussão sobre Identidade Étnica enquanto uma categoria auto-atributiva que se remete a elementos do passado, de uma história comum de cada grupo, concepção esta presente nos processos de titulação das terras dos “remanescentes de quilombos”. Com a Constituição de 1988, no Artigo 68, percebemos a necessidade de um laudo antropológico que comprove a ligação destas comunidades com os eventos de quilombagem. Em 2003 o Congresso aprova o Decreto 4.887 de 20 de novembro de 2003, onde apresenta a auto-identificação como critério fundamental para o reconhecimento de direito às terras. Levantamos este fato para discutir as implicações desta nova legislação no tocante as declarações de pertencimento ressaltadas por estes grupos, perante este quadro. Para tanto nos valemos de algumas publicações que destacam este procedimento em determinados agrupamentos localizados em diferentes regiões do Brasil. Nos baseamos na concepção de Frederik Barth (2000) acerca de grupos étnicos que se relaciona diretamente com a prerrogativa legal, assim como a idéia de memória coletiva de Maurice Halbwachs (1990) para analisar os fatores de identidade coletiva (Michel Pollak, 1987) presentes em tais grupos. Foi possível perceber que algumas implicações são comuns nessas comunidades: a coesão do grupo, o reconhecimento de descendência, aderência do grupo ao lugar e lembranças de um passado próximo. Contudo, trata-se de um debate em andamento que carece de alguns aprofundamentos, e possíveis esclarecimentos.

13. Judeus Retornados: Identidade e Representações Sociais.

Prof. Ms. Thadeu de Sousa Brandão

Faculdade Câmara Cascudo - RN

O presente trabalho preocupa-se em compreender o processo de construção e efetivação da identidade social dos indivíduos pertencentes à Comunidade Judaica de Natal/RN. Assim, propomos o estudo dessa “comunidade” que transita em torno do Centro Israelita de Natal, um velho prédio em escombros, mas sacralizado como local de culto, tentando perceber como se efetiva a construção da identidade do grupo enquanto judeus e enquanto indivíduos pertencentes a uma sociedade mais ampla e que, acredito, tende a englobá-los. Do mesmo modo, analisar as relações que são construídas a partir desse centro, que se torna espaço privilegiado de sociabilidade para a comunidade. Para tanto, partimos do conceito de comunidade presente na obra de Ferdinand Tönnies, assim como os conceitos de Representações Sociais presentes em Durkheim e Mauss e em Peter Berger e Luckman. Nosso caminho teórico-metodológico pauta-se na perspectiva da etnografia densa, tal qual pensada por Clifford Gertz. Nosso eixo central tenta dar conta das motivações que levam a um indivíduo (os bal-teshuvah – “aqueles que retornam”) a se converter a uma religião “fechada” (no sentido de não proselitista) como o judaísmo.

14. O Grupo Calon em Natal: construção de identidade cigana e espaço

Andria Carla Araújo da Silva

Departamento de Geografia (Bolsista PET)

Estudo sobre como os ciganos Calon na cidade de Natal constroem seu espaço mantendo sua identidade; mostrado através de trabalho de campo, entrevistas e levantamentos bibliográficos. Apresenta caráter etnográfico no que se refere à vida semi-sedentária deste grupo residente na Zona Norte de Natal, analisando as relações de espacialidade do grupo, mediante as referências identitárias que os tornam unidos quanto ao aspecto dos seus símbolos e elementos culturais, e distinguindo-os da porção majoritária em que estão inseridos. Será exposto como os ciganos estão fixados na localidade habitada, e fazendo alguma possível relação com as suas condições sociais, não desprezando a forma como eles são vistos pela população local. Será explorado o espaço produzido por eles, onde através de suas dimensões simbólicas e estéticas fica notória a forma como se dá a dinâmica identitária, levando em consideração que o espaço se constitui em um dos principais elementos de estruturação da realidade humana, determinando dentro das práticas sociais a sua organização, definidora das relações entre as pessoas, grupos, atividades e conceitos. Serão abordados elementos formadores da identidade cigana, onde alguns são considerados “herança” proveniente dos ciganos há anos atrás, como a prática da leitura de mãos, e alguns outros elementos pertencentes ao costume cigano que tiveram o sentido modificado ao longo dos tempos, como o casamento de um cigano com um não-cigano.

GT-27: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA GEOGRAFIA

Coordenadora:

Maria do Socorro Costa Martim

E-mail: smartim@ufrnet.br

Maria Francisca de Jesus Lírio Ramalho

Departamento de Geografia

Local: Setor de Aula II, sala D2

O objetivo do Grupo de Trabalho "A educação ambiental na Geografia" é, proporcionar discussões sobre o tema entre os participantes, de modo que essa integração crie condições de troca de experiências, contribuindo para o enriquecimento de propostas de modo exeqüível.Sabe-se que a educação ambiental, necessariamente, não é exclusividade da geografia, contudo, por ser o profissional, enquanto licenciado ou bacharel, a tratar das questões ambientais onde existe o envolvimento das pessoas, interagindo em uma constante busca para o equilíbrio sociedade/natureza, faz-se imprescindível a sua atuação à luz da legislação ambiental brasileira.

Primeiro dia

01: O CURSO UNIVERSITÁRIO FREQÜENTADO ESTÁ RELACIONADO COM O POSICIONAMENTO AMBIENTAL DOS ESTUDANTES?

Ana Beatriz Bezerra Cortez

Bolsistas de Iniciação Científica (Curso de Psicologia/UFRN)

Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa-Ambiente/UFRN

E-mail: bia_psique@hotmail.com

Prof. Dr. José Q. Pinheiro (Orientador)

O objetivo do trabalho é analisar o posicionamento ambiental de estudantes universitários, para verificar se esse posicionamento tem relação com o curso universitário freqüentado. O estudo de Ewert (2001) mostrou evidências de que estudantes de diferentes disciplinas acadêmicas revelam níveis diferenciados de compromisso ambiental e expressam crenças diferenciadas em relação ao ambiente.Trata-se assim de um estudo exploratório realizado a partir do banco de dados de um trabalho mais amplo que está sendo realizado por nosso grupo de pesquisa. Foram aplicados questionários em 355 alunos universitários, atingindo cursos de todas as áreas de conhecimento. Procuramos por diferenças nas médias dos seguintes fatores: Ecocentrismo e Antropocentrismo (Escala de Thompson & Barton, 1994); na questão que perguntava se o respondente teve ou tem algum tipo de cuidado ambiental e no item que pedia um tipo de contato para uma possível participação em uma campanha ecológica. Constatamos que alunos do curso de Enfermagem e dos de Biologia/Ecologia obtiveram escores altos em Ecocentrismo. Por outro lado, cursos como odontologia e direito apresentaram resultados diferentes aos primeiros, tendo obtido médias baixas em Ecocentrismo e altas em Antropocentrismo. Com relação às demais variáveis investigadas, cuidado e contato, foi encontrado que cursos como enfermagem, serviço social e pedagogia, a maioria dos respondentes afirmam ter cuidado e deixam algum tipo de contato. Já cursos como matemática e odontologia mostram índices diferentes, já que a maioria afirma não ter cuidado e não deixa contado. Pode-se observar que estes últimos apresentam um posicionamento ambiental diferente dos primeiros, sugerindo que “curso freqüentado” pode ser uma das variáveis responsáveis por tal diferença no posicionamento dos alunos. Esses resultados, assim como escores intermediários que serão oportunamente apresentados, permitem concluir que o posicionamento ambiental pode ter ligação com o curso universitário, justificando atenção para com esse aspecto por parte de pesquisas futuras sobre o tema.

02: EXPLORAÇÕES VISANDO O DESENVOLVIMENTO DA NOÇÃO DE COMPROMISSO AMBIENTAL

Mônica de Oliveira Link

Prof. Dr. José Queiroz Pinheiro

Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa-Ambiente – UFRN

Educação ambiental e outras iniciativas que visam proteger o ambiente têm crescido nas últimas décadas, em conseqüência do esforço empreendido por vários setores da sociedade com o intuito de reduzir o impacto humano sobre seu entorno, ao mesmo tempo as pessoas têm procurado se adaptar a estilos de vida compatíveis com o cuidado com o ambiente sem perder o conforto e qualidade de vida. Compreender como elas reagem a essa nova forma de viver tem sido o objetivo de muitas pesquisas e nosso grupo realizou um programa de pesquisa onde utilizamos a Escala Novo Paradigma Ecológico (NPE) para identificar e descrever o compromisso das pessoas com o ambiente, base para uma conceituação de conduta sustentável. Os 15 itens dessa versão revisada foram traduzidos para o português e realizada sua análise semântica, assegurando a inteligibilidade da redação final. Empregamos quatro níveis de concordância (estilo Likert) e mantivemos a estruturação dos itens conforme a sintaxe original. Junto a ela, foram incluídas outras três escalas, a saber: Coletivismo e Individualismo, Ecocentrismo e Antropocentrismo, e inventário de Zimbardo de perspectiva temporal (IZPT), além de um questionário que continha itens sobre a situação sócio-demográfica dos respondentes e questões abertas sobre alguns aspectos de seu comportamento pró-ambiental como definição de desenvolvimento sustentável, participação em eventos relacionados ao meio ambiente e deixar contato. Responderam ao questionário 355 universitários, de diversos cursos, da cidade de Natal, RN; 229 mulheres e 126 homens, sendo de universidade pública e de particulares, com média de idade de 22,7 anos. Apesar das diversas tentativas de análises fatoriais, a escala NEP não se mostra muito adequada a nossa realidade cultural, uma vez que seus resultados não foram os esperados de acordo com a literatura e o estudo realizado aponta recomendações para usos futuros da Escala NPE. E essa inadequação que pretendo discutir.

03: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: OXE!? O QUE É ISSO?

Hugo Juliano Duarte Matias

Bolsistas de Iniciação Científica, PIBIC-CNPq (Curso de Psicologia/UFRN)

E-mail: hugo_jdm@yahoo.com.br

Prof. Dr. José Q. Pinheiro (Orientador)

Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa-Ambiente/UFRN

Desenvolvimento Sustentável (DS) é um conceito complexo, porém muito importante na história do crescente movimento de preocupação com a crise ambiental pela qual passamos, sendo, por isso mesmo, bastante divulgado pela mídia em todo o mundo, estando presente nos debates acadêmicos, no discurso político, etc. Isso se deve ao fato de que Desenvolvimento Sustentável é aceita por políticos, cientistas e ambientalistas, como a mais efetiva estratégia de enfrentamento da crise ambiental de que dispomos. É por isso que propomos, para esta comunicação, uma reflexão sobre o conhecimento que a população local possui sobre essa idéia, a partir de um estudo, realizado com estudantes universitários da cidade de Natal/RN. Solicitamos deles uma definição de DS, junto com informações sócio-demográficas, auto-relato de cuidados pró-ambientais, informações sobre disposição e forma de contato para participar de campanhas ecológicas, e utilizamos escalas de predisposição pró-ambiental e perspectiva temporal, tudo isso parte de um projeto mais amplo. Depois da realização de uma análise do conteúdo dessas definições, comparando-as com uma definição simples e muito aceita do que seja DS, pudemos ver que as definições dadas pelos universitários contêm poucos temas daqueles que compõem a noção de DS, mostrando o desconhecimento do seu caráter multidimensional. Além disso, constatamos a ocorrência de um tema, que é contrário à noção de DS, como parte da definição dada. Contudo, pudemos ainda relacionar a ocorrência de alguns temas que fazem parte da noção de DS com outras variáveis concernentes ao comportamento pró-ambiental (gênero, cuidado ambiental, etc.). O quadro esboçado com esses resultados mostra que aquilo que os universitários conhecem de DS é uma idéia empobrecida, possivelmente, pela mediação dos meios de comunicação de massa, que provavelmente tem implicações sobre a mentalidade da população, de modo que torna mais difícil a consecução dos objetivos essenciais do Desenvolvimento Sustentável.

04: O CUIDADO AMBIENTAL COMO UM INDICADOR DE COMPORTAMENTO PRÓ-AMBIENTAL

Thiago F. Pinheiro

Bolsistas de Iniciação Científica (Curso de Psicologia/UFRN)

Prof. Dr. José Q. Pinheiro (Orientador)

Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa-Ambiente/UFRN

E-mail: thiagopinheiro@hotmail.com

O comportamento pró-ambiental tem se destacado ultimamente nas pesquisas e no interesse das pessoas preocupadas com os níveis atuais de destruição do meio ambiente. O cuidado ambiental, aspecto importante do posicionamento pró-ambiental, no entanto, tem sido pouco estudado. Com a intenção de investigar o posicionamento das pessoas em relação a cuidar ou não do ambiente e o tipo de ação que elas qualificam como atividade de cuidado ecológico, nosso grupo de pesquisa aplicou um questionário em 355 universitários da cidade de Natal, RN, como parte de um projeto de pesquisa mais amplo. A prática de cuidado com o ambiente se mostrou associada com variáveis das escalas utilizadas no estudo maior, indicadoras de um posicionamento pró-ambiental, como Ecocentrismo (Escala de Thompson & Barton) e Pró-Ecologismo (Novo Paradigma Ecológico). O não cuidar, por sua vez, associou-se com os fatores Apatia Ambiental e Individualismo. A resposta de prática do cuidado ambiental, portanto, mostrou-se consoante com a postura pró-ecológica medida por escalas sugeridas pela literatura, configurando-se como indicadora adicional da disposição ao comportamento pró-ambiental. A análise de conteúdo das práticas relatadas como atividades de cuidado ambiental revelou que a maior parte das expressões do cuidado apresentam aspectos lingüísticos que sugerem positividade e implicação do sujeito na ação. Além disso, a maioria das atividades de cuidado foi apresentada como sendo atual, espontânea e dispendiosa de esforço. Tais aspectos relacionais são configuradores de um ambientalismo que parece genuíno e implica responsabilidade e comprometimento. Este estudo forneceu informações importantes sobre a clara associação do cuidado ambiental com formas tradicionais de investigação do posicionamento pró-ambiental das pessoas. Considerando que o indicador estudado seja uma forma de comportamento auto-relatado, que se aproxima mais do comportamento real do que as tradicionais medidas disposicionais internas, sugerimos maior atenção ao tema em estudos futuros sobre o ambientalismo das pessoas.

05: INDICADORES DO VÍNCULO AMBIENTAL DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS NA CIDADE DE NATAL

Fernanda Fernandes Gurgel

Aluna do Doutorado em Psicologia UFRN/UFPB

Orientador: José Queiroz Pinheiro

Grupo de Estudos Inter-Ações Pessoa-Ambiente – UFRN

Atualmente é de grande relevância o estudo de temas relacionados ao meio ambiente e, principalmente, que tentem compreender as formas do relacionamento pessoa-ambiente associadas à grave crise ecológica que enfrentamos. Isto porque os problemas ambientais são problemas humano-ambientais, pois a ação do homem está na raiz de sua grande maioria. Num dos nossos mais recentes trabalhos investigamos características associadas a uma atuação responsável em relação ao meio ambiente, levando à compreensão dos motivos que contribuem para uma “Vínculo ambiental”. Participaram da pesquisa 355 universitários de Natal, RN, alunos de diversos cursos de universidades pública e particular, sendo 229 mulheres (64,5%) e 126 homens (35,5%) e a média de idade de 22,7 anos (DP = 5,05). Utilizando uma estratégia multimétodos, que nos permitiu uma melhor aproximação do fenômeno estudado, investigamos algumas das diversas dimensões que caracterizam o Vínculo Ambiental, segundo a literatura da área, tais como: ambientalismo antropocêntrico e ecocêntrico, individualismo e coletivismo e perspectiva temporal .Os resultados confirmam estudos anteriores, realizados em 1999, no sentido de um claro pró-ambientalismo dos estudantes universitários. Mas é necessários destacar o efeito do “modismo ambiental”, pois ser a favor das causas ambientais é algo valorizado socialmente, o que provoca o efeito de contaminação dos resultados por desejabilidade social. Os resultados desse estudo chegam a ser desanimadores, no sentido de que os estudantes desconhecem até mesmo o conceito de Desenvolvimento Sustentável e que seus motivos para preservação do meio ambiente visam as vantagens que podem obter a partir da extração de recursos da natureza. Diversos focos de investigação dessa temática estão sendo realizados em colaboração com colegas e que acrescentam informações importantes àquela constatação, no sentido de identificar valores diversos para as dimensões componentes do ambientalismo dos respondentes. Destacamos ainda a importância de compartilharmos e utilizarmos amplamente o conhecimento das diversas áreas que trabalham com a temática ambiental (Arquitetura, Ciências bio-ecológicas, Geografia, Urbanismo, Antropologia, psicologia etc.).

06: A GEOGRAFIA, O MEIO AMBIENTE E O LIXO

Mariete de Araújo Freitas

Especialista em Geografia

O presente trabalho envolve as questões ambientais, as quais pode proporcionar algumas mudanças na geografia do lugar, causando, dessa forma, conseqüências desfavoráveis ao Meio Ambiente. No desenvolver do trabalho, utilizou-se uma forma inteligente e tomou-se como base a utilização de três palavras iniciadas com a letra R: Reduza o lixo, consumindo menos e fazendo a coleta seletiva, separando plásticos, metais, papel e vidros; Reutilize o lixo orgânico transformando-o em adubo de boa qualidade e utilize os demais resíduos para o trabalho artesanal; Recicle o que for possível, evitando desperdícios na comunidade onde vive, garantindo, dessa forma, mais qualidade de vida para as gerações presente e futuras. Por isso, tendo a escola como ponto de partida, numa junção professor/aluno/aluno para realizar uma ação mais efetiva através da educação ambiental, buscou-se a sensibilização das pessoas em relação ao problema do lixo. Diante disso, acredita-se que haja maior clareza e que essas pessoas atinjam um maior nível de conscientização.

07: EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONFORTO TÉRMICO EM PRAÇAS DE NATAL/RN

Érika Danielle de Oliveira – Bolsista PIBIC – Geografia UFRN (Apresentadora)

Ana Mônica de Britto Costa – Geografia - UFRN

Bernardete de Lourdes Queiroga – Geografia – UFRN (Apresentadora)

Fernando Moreira da Silva – Prof. Dr. Geografia - UFRN

Kelly Stefany Diniz de Lima – Geografia - UFRN

Maria do Socorro Costa Martim – Profª. Drª. Geografia - UFRN

Rodrigo de Freitas Amorim – Bolsista PROEX - UFRN

Uma das preocupações atuais em sala de aula é a forma como se dá a educação ambiental para um efetivo desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, surge uma variável que tem relação direta com a qualidade de vida, o conforto térmico. Conforto térmico é a satisfação térmica relacionada ao ambiente em que estamos inseridos. O mesmo pode ser usado para o desconforto térmico, onde o corpo humano é uma máquina térmica que constantemente libera energia e qualquer fator que interfira na taxa de perda de calor do corpo afeta sua sensação de temperatura. Além da temperatura do ar, outros fatores significativos controlam o conforto térmico do corpo humano: umidade relativa, vento e radiação solar. O objetivo da pesquisa é comparar o conforto térmico entre as praças Augusto Leite e André de Albuquerque, ambas possuindo características geográficas distintas, e assim poder dar subsídios aos educadores de nível médio, quanto às condições de conforto ambiental em praças, freqüentadas essencialmente por jovens e jovens estudantes. A metodologia utilizada constitui-se de verificações de temperaturas em cinco pontos espaciais das praças, que foram feitas a partir das 9hs da manhã até 16hs, em dias astronomicamente favoráveis. Os termômetros ficaram dentro de um abrigo meteorológico, protegidos da radiação solar, e coletados a cada 30 minutos. A fundamentação física foi o Índice de Temperatura e Umidade (ITU). Os resultados obtidos demonstram que o ITU, nas duas praças, apresentam um valor que causa uma sensação de desconforto, com índice variável; apresentando na praça Augusto Leite um nível confortável e na praça André de Albuquerque, desconfortável, apesar de a mesma possuir uma maior cobertura vegetal e estar situada próximo ao mar e ao rio Potengi. Os resultados, também, mostram que é possível levar ao conhecimento de estudantes secundaristas o comportamento da relação praça versus qualidade de vida.

08: O ESTUDO DA PERCEPÇÃO PÚBLICA FRENTE AOS PROBLEMAS AMBIENTAIS NA CIDADE DE NATAL/RN

Camila Dantas

Bolsista do PET – Geografia, UFRN

E-mail: camiladantas128@hotmail.com

A pesquisa intitulada “O estudo da percepção pública frente aos problemas ambientais na cidade de Natal/RN” objetiva avaliar como se encontra o nível de percepção ambiental dos moradores da cidade de Natal/RN, procurando identificar os principais problemas ambientais dos bairros, e traçar o perfil socioeconômico dos entrevistados, assim como oferecer uma análise comparativa do nível de percepção ambiental nas diferentes zonas da cidade; entendendo-se por percepção ambiental a maneira como os indivíduos vêem, compreendem e se comunicam com o ambiente. Para tal, foi aplicado formulários contendo questões que possibilitavam apreender o nível de entendimento da população acerca das questões ambientais. A amostra compreendeu três bairros das quatro zonas administrativas da cidade, totalizando um número de cento e vinte questionários aplicados. Os resultados obtidos permitirão uma reflexão sobre o pensamento ambiental dessas pessoas, constituindo-se, inclusive, num subsídio para possíveis programas de educação ambiental voltados para os problemas locais, podendo com isso, proporcionar um melhor êxito nos resultados propostos.

09: EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA OS PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DE CAICÓ/RN.

Cleane Garcia de Medeiros (Apresentadora)

E-mail:cleane@bol.com.br

Danielle Góis de Oliveira (Apresentadora)

E-mail:daniellelabesa@bol.com.br

Diógenes Félix da Silva Costa

E-mail:diogenesgeo@yahoo.com.br

Gênison Costa de Medeiros

E-mail: genisoncosta@yahoo.com.br

José Mário Moraes do Nascimento

E-mail: nascimento.z@bol.com.br)

Marcos Antônio Alves de Azevedo

E-mail:geomarconio@bol.com.br

Milton Araújo de Lucena Filho

E-mail: miltonfilhocaico@hotmail.com

Verônica Vera da Silva

E-mail:veronicavera@bol.com.br

Alunos integrantes do Laboratório de Ecologia do Semi-árido – LABESA

Coordenador: Prof. Renato de Medeiros Rocha (renatocaico@yahoo.com.br)

A cidade de Caicó-RN está localizada na mesoregião do Seridó Ocidental, área hoje indicada como um dos pólos avançados de desertificação no Brasil, onde a problemática ambiental urge uma providência(s) imediata(s), trazendo à tona a necessidade de se implantar ações que (propiciem) à população dessa região, e do município em particular, uma consciência ambiental que possibilite a mesma viver em harmonia com o seu meio. Procurando formar multiplicadores da consciência ambiental, a Prefeitura Municipal de Caicó/RN em conjunto com o Laboratório de Ecologia do Semi-Árido-LABESA, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, elaboraram um curso de Educação Ambiental para os professores do ensino fundamental da rede pública de ensino desse município, com intuito de sensibilizar estes profissionais acerca da sua importância na formação de uma consciência ambiental nos seus educandos, levando-os a ter um maior cuidado com o meio ambiente e, por conseguinte, com todos os elementos que nele se inserem. Com base nessa prerrogativa, desenvolveu-se um curso de Educação Ambiental com estes profissionais durante os meses de setembro a dezembro de 2004, onde foram abordadas todas as peculiaridades ambientais da região onde o município está inserido, ressaltando-se a importância do bioma caatinga para composição do ecossistema local e quais as implicações que sua alteração pode acarretar para o meio ambiente local e regional, como também se explanaram temas referentes à problemática ambiental nessa região e no próprio município, envolvendo as questões ambientais, políticas, econômicas e culturais do Seridó Potiguar. A partir destas ações, espera-se haver ampliado a consciência ambiental nos docentes e que os conhecimentos e metodologias adquiridos durante o referido curso sejam empregados em sala de aula junto à comunidade local do município.

10: HÁBITO ALIMENTAR E PRODUÇÃO DE LIXO EM ESCOLA: UM ESTUDO DE CASO

Augusto de Souza Marinho

A pesquisa faz, atualmente, um estudo de caso com estudantes do curso médio da rede privada de ensino em Natal, buscando resposta para o seguinte problema central: Como condutas de educação alimentar refletem em condutas de preservação ambiental entre estudantes? O diagnóstico foi feito através da observação direta do comportamento alimentar apresentado pelos estudantes na escola, frente ao modelo de oferta de alimentos e a carga de resíduos sólidos ali gerada. Utilizando-se do método sistêmico, o estudo envolve a aplicação de questionários e execução de entrevistas com os estudantes, diretores, coordenadores, professores e funcionários da unidade educacional. Trabalha-se com a hipótese de que a reeducação alimentar em uma unidade educacional pode reduzir o resíduo derivado dessa atividade e aumentar o envolvimento dos adolescentes com as questões ambientais. O objetivo é apresentar a possibilidade de implantação de alternativas alimentares que contribuam para a manutenção da saúde, redução da produção de lixo e ampliação da consciência ecológica entre os escolares. Os resultados até agora btidos, apontam para uma demanda significativa, entre os estudantes, por alternativas alimentares, também os diretores das unidades educacionais vêem interesse em implantar programas de conscientização quanto à produção e destinação de lixo na escola. Assim, a intervenção envolve a exposição de painéis com tabelas nutricionais adequadas para cada fase escolar, valores calóricos dos alimentos comercializados; o delineamento de um cardápio alternativo com baixo número de produtos industrializados e preços competitivos com os do cardápio convencional; apresentação, em aulas expositivas, dos problemas ambientais locais e soluções possíveis. Por fim, a avaliação será feita através da análise comparativa dos resíduos produzidos antes e depois da intervenção, dimensionamento do grau de satisfação dos estudantes através de questionários e contabilidade direta do consumo de produtos do novo cardápio.

11: INFLUÊNCIA DA AÇÃO ANTRÓPICA NO PERFIL PAISAGÍSTICO DO BAIRRO DE FELIPE CAMARÃO – NATAL / RN

 

Sandra Maria de Lima Bezerril (Apresentadora)

Mestranda do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente PRODEMA/ UFRN

Maria Iracema Bezerra Loiola;

Profa. Dra. Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia/Centro de Biociências- UFRN

Maria do Socorro Costa Martim

Profa. Dra. Departamento de Geografia/Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes- UFRN

A rápida urbanização por qual passou o Brasil, nos últimos 50 anos, trouxe uma série de problemas relacionados principalmente com a provisão de habitações para as classes de renda baixa, assim como a qualidade dos espaços urbanos dessas habitações. Seguindo o modelo de urbanização periférica predominante no país, a cidade do Natal também apresenta áreas de expansão onde os processos de segregação social e parcelamento do solo contribuiu substancialmente para a formação de espaços de pobreza que são denunciados principalmente pelo número de loteamentos irregulares ou clandestinos. Situado na zona oeste da cidade, o bairro de Felipe Camarão encontra-se dividido em dois territórios: Camarão I que ainda abriga remanescentes da antiga comunidade peixe boi e o Camarão II que é formado pelos conjuntos habitacionais Promorar Vida Nova e Jardim América. São áreas periféricas que quando loteadas ofereceram terras mais baratas que foram ocupadas ao longo dos anos de forma desordenada, ocasionando uma série de alterações no ambiente local traduzidos principalmente pela falta de estrutura física e pela pressão sobre os recursos naturais. Entre as inúmeras alterações observadas “in loco”, a análise da cobertura vegetal sugere modos variados de interferência antrópica responsáveis por uma cadeia de impactos significativos nas dunas, no mangue e na área habitada. A dinâmica ocupacional consolidada como conseqüência de todos os fatores supracitados é um forte indicador da superexploração detectada nas áreas verdes. Os adensamentos de moradias figuram como elementos da paisagem, reduzindo o domínio das zonas de proteção ambiental e transformando-as em pressionados remanescentes que para preocupação das entidades relacionadas à preservação dos recursos ambientais não são percebidas pela comunidade como bens coletivos. Deve-se ressaltar que a implantação de estratégias para transformação do espaço implica na socialização de uma ética, até então, despercebida pela maioria das pessoas.

12: DOAÇÃO DE SANGUE: UM TRABALHO DE DESMISTIFICAÇÃO NA COMUNIDADE DE PONTA NEGRA

Suzana da Cunha Joffer

Luana Gleyce Souza da Silva

Departamento de Serviço Social/UFRN

Trata-se de um trabalho desenvolvido a partir de uma experiência de estágio curricular realizada no Hemocentro Dalton Barbosa Cunha. O trabalho tem como finalidade refletir sobre o processo de doação de sangue e sua importância para a sociedade, enfocando os aspectos culturais que permeiam essa questão. Procura-se entender os fatores que contribuem ou dificultam o processo de doação. Dessa forma, foi descrito todo o funcionamento da instituição ressaltando as suas esferas física e política, fazendo uma analise de suas diversas faces e principalmente enfatizando a inserção do profissional do Serviço Social dentro dessa realidade e sua relação com os usuários da instituição. Diante da problemática da carência de doadores, principalmente advindos dos segmentos das classes média e alta, foi desenvolvido na Comunidade de Ponta Negra o Projeto “Doação de Sangue: Um Ato de Cidadania”, que teve como objetivo à construção de uma consciência voltada para a doação sanguínea voluntária e regular, bem como a desmistificação dos mitos, medos e preconceitos contidos no imaginário popular, através de palestras educativas e uma pesquisa social, procurando assim entender a influência que a cultura exerce na sociedade e na decisão do ato da doação de sangue.

 

GT-28: SUBJETIVIDADE E DESENVOLVIMENTO HUMANO

Coordenadoras:

Elza Dutra

E-mail: dutra.e@digi.com.br

Suely Alencar

E-mail: sueholanda@digizap.com.br

Departamento de Psicologia

Local: Auditório de Psicologia (Manhã)

O Grupo de Trabalho aqui proposto tem como objetivo a apresentação e discussão de estudos que promovam uma articulação mais efetiva e sistematizada em torno da temática: subjetividade e desenvolvimento humano. Tal tema vem sendo abordado pelas pesquisadoras deste grupo por meio de duas principais perspectivas teórico-metodológicas: a fenomenológica-existencial e a psicanálise, aprofundando estudos voltados para a relação entre subjetividade, autodestrutividade e processos psicossocias, além daqueles que se debruçam sobre as aplicações do pensamento freudo-lacaniano ao campo da educação e da clínica psicológica e psicanalítica.

Primeiro dia

01. “O Médico Diante do Paciente Suicida”

Beatriz Furtado Lima-UFRN

E-mail: beatrizflima@terra.com.br

Autores: Beatriz Furtado Lima, David Emmanuel M. Ferreira, Juliana Gouveia, Luciana Fernandes Matias, Maíra Trajano Costa, Mariliz Viegas Nôga, Renata Oliveira, Vera Saraiva

Orientadora: Profa. Dra. Elza Dutra-PPGPSI/UFRN

O suicídio é um assunto complexo, multifatorial, carregado de preconceitos e causador de grande impacto psico-social. Lidar com o suicídio pode gerar sentimentos de frustração e impotência nos médicos, pois podem se sentir fracassados na sua atuação profissional. Este trabalho teve como objetivo investigar como os médicos lidam com pacientes suicidas, tendo em vista que se tratam de profissionais que lutam para salvar vidas. A pesquisa foi realizada em janeiro de 2004 com médicos de três hospitais de Natal, totalizando 54 questionários com 25 questões abertas e fechadas. As perguntas focalizaram aspectos da profissão, sentimentos em relação à morte e aos pacientes suicidas e outras questões sobre suicídio (encaminhamento, causas, sinais, prevenção). Na análise dos dados, criamos categorias para representar e correlacionar as respostas das questões abertas. Percebemos que a maioria dos médicos se sente reflexiva diante de pacientes suicidas. Encontramos uma contradição e certa resistência ao dizerem que lidar com a morte influencia de alguma forma sua vida, levando-os a valorizá-la mais, e ao relataram que lidar com pacientes que tentaram se matar não causa nenhuma influência em suas vidas. Questionados sobre o que acham que leva alguém a cometer suicídio, responderam que as principais causas são distúrbios psiquiátricos, problemas familiares, problemas amorosos ou dificuldades interpessoais. Citaram comportamentos agressivos, depressão e tristeza como os mais freqüentes sinais que poderiam indicar um possível ato suicida. Os médicos supõem ser possível a prevenção do suicídio, mostrando-se condizentes com a concepção de suicídio como uma doença, o que os levam a encaminhar tais pacientes a psiquiatras. Concluímos que a morte e o suicídio são temas difíceis e delicados, em especial para os médicos, os quais lutam pela vida constantemente, sendo assim seria interessante para eles um suporte psicológico para melhor lidarem com essas questões e com seu trabalho.

02. O FANTASMA NAS FANTASIAS DA MORTE:UM ESTUDO QUALITATIVO DOS TESTEMUNHOS DE ADEUS

Beethoven Hortencio Rodrigues da Costa- UFRN

O objetivo principal desse estudo consiste em compreender o que mais se repete nos testemunhos de adeus (cartas, bilhetes ou fitas de áudio deixados pelos suicidas) e quais fantasias se mostram nesse discurso, focalizando a enunciação. Considerando os textos contidos nestes testemunhos como mensagens a serem lidas, como lê-las? A partir da teoria (ato de ver) psicanalítica com Freud e Lacan, pode-se ter uma leitura possível destas, considerando as questões da angústia, melancolia, fantasias, pulsão de morte, etc. Não respondendo a questão, mas recolocando-a. Uma leitura se faz através da sua articulação com uma teoria, precisando que ela também seja lida, ou seja, ela também requer de nós o esforço, dedicação, atenção, amor e o tempo para lê-la adequadamente. A apresentação desta pesquisa vai na direção de demonstrar o início do caminho dessa articulação, como um relato de experiência e discussão por onde ‘melhor’ posso continuar. A morte do suicida, como bem disse Rubem Alves, pede para ser lida, “(...) no corpo do suicida encontra-se uma melodia para ser ouvida. Ele deseja ser ouvido. (...) O seu silêncio é um pedido para que ouçamos uma história cujo acorde necessário e final é aquele mesmo, um corpo sem vida”. Testemunhar essa morte consiste em escrever o texto que o suicida escreve em ato, nesse aspecto, o testemunho que ele escreve de próprio punho pode ser a maneira mais próxima de ouvir a melodia que o Sujeito vinha construindo. Por outro lado a morte nos proíbe de representá-la e como diz Lacan é outro nome para o Real – o que é impossível de ser representado – mas pode ser contornado. O silêncio pode ser a única maneira de testemunhar essa morte, mas se deve continuar mesmo que impossível, que é o que propõe a Psicanálise: Um tratamento do Real pelo simbólico.

03. Caracterização do perfil da população atendida pela CACC- Durval Paiva nos anos de 1995 a 1998

Proponentes: Cynara Ribeiro e Ana Paula Ribeiro-UFRN

Autoras: Aline Maia

Ana Paula Ribeiro

Cynara Ribeiro

Lívia Ottaviani

Juliana Santos

O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa maior, que está em andamento e que visa apresentar um perfil demográfico da população atendida pela Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva. Esta instituição atende, desde 1995, a crianças e adolescentes portadores de câncer e doenças hematológicas no intuito de proporcionar-lhes melhores condições de tratamento. E o recorte aqui apresentado abrange apenas o período de 1995 a 1998. A realização desta pesquisa é fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a instituição acima citada e se justifica por tratar-se de um primeiro levantamento do perfil da população atendida pela CACC- Durval Paiva, desde sua fundação, há 10 anos. A partir desse levantamento pode-se correlacionar os dados com os obtidos em outras pesquisas realizadas em instituições que se propõem ao mesmo fim - acolher crianças e adolescentes portadores de câncer e doenças hematológicas. Abre-se também a oportunidade de investigar as possíveis demandas da instituição que possam viabilizar a realização de projetos de intervenção, por este grupo e/ou outros grupos.

04. O DISCURSO DO PORTADOR DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, UMA FALA SOB-TENSÃO ONDE O DITO FICA NÃO DITO (NÃO EXPRESSADO), COMPLEXIDADE E SUBJETIVISMO, UMA REFLEXÃO ANALÍTICO-CRíTICA DOS ESTILOS DE VIVER, ADOECER E MORRER.

Everaldo Tõrres Barbosa-UFRN -Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFRN.

Orientação: Profa. Dra. Norma Missae Takeuti (UFRN)

A clínica ao lidar com o seu objeto, investiga um conjunto numérico de indivíduos, não os considerando sujeitos. Não olhando para os seres de cultura Descartes pensava o indivíduo como lugar da verdade; Freud o pensava como construto de cultura, fruto de “Totem e Tabu” e um eterno desamparado em seu “Mal-estar na civilização”, um sujeito caminhado sobre o fio da navalha entre os registros da pulsão e do social. É somente nos últimos anos do século XIX e nos primeiros do século XX que o império da consciência sofre uma transformação com o surgimento do conceito freudiano do inconsciente, provocando assim uma clivagem na teoria cartesiana da subjetividade. Assim, a psicanálise opera um descentramento da consciência como lugar privilegiado do conhecimento e da verdade. A partir da psicanálise que sustenta a importância da relação do homem com o seu desejo, o cogito não é mais o lugar da verdade, mas o lugar de seu desconhecimento. Considerando que o doente de hipertensão arterial não fala a sua fala, pois ela não é própria, é que ela não está sendo expressão, objetivação, problematização de sua experiência, de seus temas geradores e conseqüentemente, não tem um posicionamento em face dele que represente um desdobramento em termos de ação e de novas experiências, (FREIRE, 1980). Existe uma opressão hospedada no portador de HAS, hospedando a doença, cuja sombra o doente introjeta, são eles e ao mesmo tempo são o outro. O não-dito é um silêncio. E as novas perspectivas, aquilo que não contém, ou o que não pode ainda conter, deve indicar o espaço apropriado para o humano. Hipertensão arterial é a condição em que a força exercida pelo sangue contra as paredes dos vasos sanguíneos (pressão sanguínea) ultrapassa o padrão aceito como normal.

05. O adolescente surdo: Uma mudança silenciosa.

Lyna Maria Ferreira Malheiros-UFRN

Orientadora: Profa. Dra. Elza Dutra-PPgPsi/UFRN

O surdo vive em silêncio e não escuta nada. Seu problema não é apenas o de não poder ouvir, mas também o de ser diferente da maioria, que pode. No mundo dos ouvintes o surdo é um estrangeiro e tende sempre a se adaptar às contingências desse mundo. Como todo estrangeiro, quando em um ambiente diverso daquele de seu costume, sua comunicação com os outros é prejudicada. Sendo assim, a forma como vai lidar com os significados desse mundo é bem particular e muito diferente em significantes. O presente trabalho visa questionar esse mundo em que vive o surdo e, em especial, a maneira como o adolescente surdo vivencia esse mundo nesse período específico. Por ser uma época marcada por transformações físicas e psíquicas bastante importantes, o adolescente irá buscar uma identidade. É esse confronto da crise de identidade versus a confusão de identidade que, segundo Erick Erickson, faz com que o adolescente se torne um “adulto com um senso de identidade coerente, e um papel valorizado pela sociedade”. Como seria então para alguém, nesse momento, lidar com a sociedade sem compartilhar com essa sua linguagem? Como é, para ele, surdo, buscar uma identidade em uma sociedade de ouvintes? Procuro analisar, então, como o adolescente surdo se insere nessa sociedade, ou até mesmo fica à margem dela num momento de mudanças tão marcantes, como é a adolescência.

06. “Expressão de sentimentos: o maior segredo da arte do contar”

Nara Juscely Minervino de Carvalho Marcelino

UnP – Universidade Potiguar

Numa sala de aula, com aproximadamente trinta alunos, é difícil despertar em toda a turma o interesse pela leitura prazerosa, no entanto não é impossível. Um professor que ama a leitura, que sente alegria em contar histórias e, no uso da performance, dá vida aos personagens, certamente conseguirá trazer para a sua classe o prazer do texto ouvido e, conseqüentemente, a busca pelo livro. O trabalho “Expressão de sentimentos: o maior segredo da arte do contar” procura mostrar que uma história narrada com amor e com performance pode despertar o empenho do ouvinte em buscar, ele próprio, o livro, além de apresentar uma gama de possibilidades de que o professor dispõe quando pretende fazer uso da narrativa, dando maior especificidade à importância de se transmitir o texto com sentimento, com amor.

07. Poesias suicidas

Rafael Figueiró- UFRN

Orientadora: Profa. Dra. Elza Dutra-PPgPsi/UFRN

O presente trabalho tem a intenção de discorrer sobre dois poetas que cometeram o suicídio ( Jim Morrison e Florbela Espanca), bem como analisar suas poesias do ponto de vista da fenomenologia, atentando para os sentimentos do poeta expressos na obra, sua dor, seu sofrimento e o seu modo de estar no mundo. As poesias são, dessa forma, encaradas como textos narrativos onde podem ser percebidos como relatos de um sujeito diante do fenômeno “existir”. Sem querer testar nenhuma hipótese, o autor deste trabalho parte do pressuposto que a arte, particularmente a poesia, diz muito do autor; e, em se tratando de artistas que se suicidaram, a poesia tende a mostrar seu sofrimento e suas angústias, dando sinais de um possível suicídio futuro. A partir disso, algumas poesias são analisadas e discutidas, com o objetivo de compreender como os autores experienciam suas realidades e seus sofrimentos, tentando dessa forma perceber qual sentido a vida e a morte têm para os mesmos.

08. Bareback: Uma roleta russa na qual o vírus da Aids é a bala no tambor da armav

João Thiago de Oliveira Pinto- UFRN

Orientadora: Profa. Dra. Elza Dutra –PpgPsi-UFRN

A Aids surgiu como epidemia no início dos anos 80. Durante toda a década de 80 e boa parte de 90 ficou conhecida como uma doença que matava de forma cruel, o que acabou se tornando um estigma para quem a portasse. Durante anos pacientes soro-positivos viram amigos, parentes e cônjuges se afastarem e os deixarem na mais completa solidão. A Aids já não matava apenas fisicamente. Havia uma morte social. Foi também nos anos 90 que teve início um movimento que ia de encontro a toda uma nova forma de fazer sexo que se promoveu após a Aids. Os praticantes do bareback (prática onde há a exclusão voluntária da camisinha), pregavam o não uso de prevenção à Aids na busca de um maior prazer e contato mais profundo com o parceiro. Muitos praticantes ainda levam essa prática a outros extremos: buscam o contágio pelo vírus da Aids. Esse grupo mais extremista tem um linguajar próprio e encontros, nos quais o sexo ocorre com vários parceiros, sem o uso de preservativo, na busca do contágio pela Aids, numa verdadeira roleta russa sexual. Esse tipo de ação nos leva a refletir sobre as condutas suicidas e se esse ato suicídio não significa apenas o momento do desfecho final, com a morte física. Questionamos se os comportamentos expressos pelos praticantes do bareback podem ser entendidos como comportamentos autodestrutivos, como propõe Cassorla (1991), resultado de uma cultura autodestrutiva, uma existência tóxica. “A existência, quando é tóxica, implica um projeto de morte, ou seja: viver suicidando-se.” (Kalina & Kovadloff).

 

GT-29: MUNDO RURAL: ESTRUTURAS E DINÂMICAS SOCIAIS

Coordenadores:

Aldenor Gomes

E-mail: aldenor@ufrnet.br

Fernando Bastos

E-mail: fbastos@ufrnet.br

Departamento de Ciências Sociais

Local: Setor de Aula II, sala A2

O meio rural brasileiro sempre esteve, conceitualmente, associado ao espaço do vazio, à ausência de serviços, à pobreza generalizada. Pensado assim, enquanto espaço residual do mundo modernizado, o meio rural era visto como o espaço do atraso e, diante da sua frágil estrutura social, cultural, demográfica e econômica, seu desenvolvimento estava à mercê de políticas sociais compensatórias. Havia um preconceito tão forte quanto à fragilidade econômica do meio rural que os focos de dinamismo quando aí surgiam eram comumente relacionados aos efeitos de políticas de urbanização da região. Isto posto sem uma relativização do que venha a ser essa urbanização do rural, acaba-se por reforçar a idéia de desvalorização do rural, campo bastante propício aos interesses conservadores nacionais, principalmente em relação aos intentos do que sempre se colocam contra qualquer alteração da estruturação fundiária. Contrariamente a essa posição surge a idéia de valorização do espaço rural redefinindo o seu papel no paradigma atual de produção pós-fordista, de cuja dinâmica dependerá o surgimento de alternativas para fazer frente às seqüelas herdadas pelo esgotamento do modelo urbano de desenvolvimento, tais como: desemprego, violência urbana, depredação do meio ambiente, etc. De posse dessas análises, salvo pequenas divergências quanto às estratégias de implementação, podemos concluir que se estabelece um consenso no sentido de apontar que a ausência de condições mínimas de sociabilidade e de lazer nas localidades rurais ou em pequenas cidades do interior (dadas as dificuldades de definição no Brasil dos espaços rurais) tem contribuído para aumentar a expulsão de contingentes populacionais do campo, com ênfase nos segmentos mais jovens.Daí, porque, a adoção de políticas públicas para o meio rural precisa ser complementada por ações capazes de criar oportunidades de ocupação no campo e/ou nas pequenas e médias cidades circunvizinhas, tendo como pré-requisito básico o desenvolvimento de programas de alfabetização rural e de requalificação profissional para aquela população, além do reconhecimento e valorização das diferenças de gênero, geração raça e etnia.

Primeiro

01. O que Pensam os jovens do Campo: perspectivas atuais e futuras da juventude rural no municípios do Oeste Potiguar

Autor: João Freire Rodrigues

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Um dos desafios apresentados à sociologia rural na atualidade é justamente pensar a ruralidade enquanto categoria social, principalmente levando-se em conta as novas ruralidades, ou seja, as novas configurações por que passa o espaço e a vida rural. A questão que se coloca com maior visibilidade é a de como as populações rurais se percebem enquanto atores dentro um contexto que já não se diferencia tanto das influências urbanas, ou já não se consegue delimitar uma fronteira tanto conceitual como espacial totalmente rígida entre o rural e o urbano. Neste trabalho, pretendemos analisar as perspectivas atuais e futura da juventude rural no município de Apodi, localizado no Oeste do Rio Grande do Norte. Este município de economia essencialmente agrícola, é um dos dez municípios mais populosos do estado, contando com uma população rural superior à urbana. O que significa que a maioria dos jovens apodienses ainda vivem no meio rural. Procuraremos analisar as condições sociais e as trajetórias dos jovens rurais, e como estes se diferenciam dos jovens urbanos. Isto é, como os jovens se percebem enquanto habitantes do espaço rural, quais as suas demandas, seus projetos de futuro. Se eles têm como ideal a permanência no campo, a migração para a cidade, como pensam o mercado de trabalho, quais as oportunidades encontradas no campo, a busca de alternativas para o futuro.

02. ORGANIZAÇÃO NO MEIO RURAL: Analisando Aspectos da Ação Coletiva entre Pequenos Proprietários de Lajes, RN.

Andrea Maria Linhares da Costa

Professora Substituta do DCS/UFRN

Considerando-se a centralidade do fator organização na dinamização dos processos sociais e oportunidades econômicas, o presente trabalho busca fornecer elementos para a compreensão de alguns dos entraves e dificuldades em relação à constituição de experiências associativas entre agricultores do sertão semi-árido do Rio Grande do Norte.

03. Nova organização comunitária rural: a experiência do Seridó em seus aspectos sócio-político e econômico (1987 a 2002).

José Lucena de Medeiros

Mestrando em Ciências Sociais-UFRN

Hipoteticamente há uma mudança em construção no modo de vida do campo seridoense. A partir do momento que surge a oportunidade do homem rural iniciar uma nova forma de lidar com questões históricas do semi-árido, ele se dispõe a trilhar o caminho da organização comunitária na intenção de modificar um cenário composto de escassez de ordens diversas. A pretensão central da pesquisa é demonstrar que existe melhoria na qualidade de vida das famílias rurais que se envolvem no processo de construção da organização de suas comunidades, através de associações comunitárias, principalmente, em seus aspectos sócio-político e econômico. Compreender os (distintos) significados da organização comunitária rural no Seridó, na trajetória dos programas de desenvolvimento rural, destacando possíveis mudanças ocorridas a partir dela, é o objetivo principal do trabalho. O fenômeno de organização comunitária dos municípios seridoenses necessita ser sistematizado e analisado para, se confirmado (ou não) sua positividade, poder servir de instrumento colaborador nos estudos e planejamentos à melhoria de qualidade de vida de comunidades em situação de pobreza. A pesquisa será caracterizada pelo estudo de caso de natureza qualitativa. Para uma melhor compreensão do objeto, além do contato com a literatura que se relaciona com o tema, se faz necessário buscar fontes documentais diversas como: artigos em revistas e jornais, fotografias, vídeos, documentos de associações comunitárias, ferramentas da história oral (entrevistas), além do uso da Internet e outros instrumentos que poderão servi de apoio técnico à pesquisa.

04. ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL: UM NOVO OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO DO MEIO RURAL BRASILEIRO

Joaquim Pinheiro de Araújo

Doutorando em ciências Sociais/UFRN

Dando ênfase a uma nova concepção de atividade agrícola e no visível questionamento da experiência do que se tornou conhecida como a Revolução Verde, procura-se afirmar as possibilidades que a reforma agrária e a agricultura de base familiar pode ocupar para o desenvolvimento do meio rural brasileiro a partir de uma efetiva prioridade do poder público em colocar em prática um novo modelo de Assistência Técnica e Extensão Rural. Essa proposta está ancorada na permanência da atualidade da reforma agrária vinculada a uma política de crédito, infra-estrutura, comercialização, políticas sociais, entre outras ações para que a Agricultura Familiar ocupe seu devido espaço na agenda nacional. Por isso, a nossa abordagem sobre a possibilidade de uma nova Assistência Técnica e Extensão Rural está intimamente vinculada à contraposição do modelo tecnicista da Revolução Verde e a um olhar positivo para o meio rural brasileiro, valorizando a agroecologia, a segurança alimentar, o associativismo, a cultura camponesa, a inclusão das mulheres e jovens nas ações cotidianas e nas tomadas de decisão. O que se pretende, é analisar a importância, nesse novo contexto de aumento do número de assentamentos e maior visibilidade da Agricultura Familiar de uma assistência técnica com caráter humanista, pública, gratuita e com controle social. Uma proposta utópica, não no aspecto do irrealizável, mas no sentido necessário, possível e transformador.

05. Quais as fronteiras entre o Velho e o Novo Rural ?

Laeticia Medeiros Jalil

PET/Departamento de Ciências Sociais/UFRN

Como podemos definir o Novo Rural? Quais são conceitos que baseiam as discussões sobre este Novo Rural? Podemos dizer que é mesmo um novo espaço de relações sociais e produção econômica? E o Velho Rural, já que supomos que existe um Novo Rural, onde fica? Quem são os atores desta transformação? Onde estão, no rural ou no urbano? Quais os “olhares” que estamos dando para esta transformação?        Como falar entre o Velho e o Novo Rural, Rural e Urbano como espaços à definir fronteiras, em plena discussão da mundialização/globalização ? Devemos manter a dicotomia rural/urbano num mundo onde todas as fronteiras estão sendo questionadas, e conceitos como nacionalidade e identidade perdem sua relação com o espaço físico e passa a ocupar um espaço virtual, simbólico, que se faz em relação ao outro, na linguagem, nas trocas simbólicas?          Pretendo trazer para o grupo a discussão da construção simbólica das relações sociais, compreendendo a subjetividade como integrante destas relações e considerando o indivíduo (ou os atores) como construtores destes espaços e que dividem com outros, símbolos, que os fazem pertencem a estes grupos culturais. Como isso se dá na construção deste novo espaço social que chamamos de Novo Rural ? Nessa perspectiva, o discurso é concebido como uma prática realizada por indivíduos que, através dele, se constituem sujeitos, agindo sobre si e sobre aqueles com quem interagem, construindo a sua realidade social, que se materializa em espaços e relações políticas e econômicas. De que forma estas construções estão influenciando para a elaboração e discussão epistemológica do Novo Rural? Estamos dando ouvidos para os homens e mulheres rurais, ou nosso olhar urbano/acadêmico constrói um Novo Rural, bem como construímos e estamos desconstruindo o Velho Rural?

06. SITUAÇÃO DA (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DAS FAMÍLIAS DE UM ASSENTAMENTO RURAL NO RIO GRANDE DO NORTE.

Islandia Bezerra da Costa Teixeira

Nutricionista. Especialista em Saúde Pública\ FACISA\CBPEX. Aluna Especial do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais/UFRN.

E-mail: islandia@ufrnet.br

Análises fundamentadas apontam para um fato: as políticas públicas implementadas nas últimas décadas para promoção do desenvolvimento rural no Brasil ou foram insuficientes, ou não foram efetivamente focadas no objetivo de generalizar melhorias substanciais na qualidade de vida e nas oportunidades de prosperidade das populações que habitavam o interior brasileiro. Josué de Castro sempre mostrou, exaustivamente, a influência dos fatores sócio-econômicos sobre os próprios fatores biológicos de nossa população, através da deficiência alimentar e da primazia dos interesses privados, junto à incapacidade equilibrante das instituições políticas. E como as causas sociais são sempre correlativas essa “deficiência alimentar“, causada primacialmente por fatores políticos-sociais, veio afetar indiretamente essas estruturas políticas, sempre intimamente ligadas às subestruturas econômico-sociais. Para garantir a Segurança Alimentar e Nutricional da população, é necessário um diagnóstico que apresente os grupos mais vulneráveis, apontando para algumas alternativas de superação do problema. Assim, pode-se dizer que o diagnóstico da realidade é uma ferramenta útil para a gestão de políticas públicas e ações governamentais sendo, portanto uma etapa imprescindível no processo de transição, isto é, entre o momento atual e o futuro, também sugere índices objetivos e tecnicamente justificados a partir dos quais se poderá vir a pautar a gestão de suas políticas. O objetivo precípuo deste estudo é diagnosticar a situação alimentar e nutricional de um assentamento rural no Estado do Rio Grande do Norte, associando a este o estado nutricional de crianças e adolescentes.

Segundo dia

07. Pacto Territorial no meio rural: A proposta do PRONAF

Ivaneide Oliveira da Silva

Mestranda em Ciências Sociais/UFRN

E-mail: ivanneideoliveira@yahoo.com.br

As políticas de promoção econômica, desde os anos 90, diante da necessidade de flexibilização das ações do Estado, adotaram a participação de atores e o controle social no processo de construção do desenvolvimento local. O PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar - consiste em uma das estratégias de interferência do Estado que se propõe a ultrapassar as questões específicas do mundo rural, no intuito de abranger a dimensão territorial do desenvolvimento, enfocando ações que estimulam a prática cooperativa entre os agentes locais. A presente proposta de trabalho visa identificar os avanços e retrocessos do PRONAF, na organização de um pacto territorial, considerando seus mecanismos de administração de conflitos de interesses, entre os diferentes atores, e sua capacidade de estimular a construção de novas relações entre os governantes e governados. Compreendendo as ações do PRONAF enquanto um processo, que parte da superação de suas medidas instrumentais em busca da construção de elementos mais substanciais de intervenção no desenvolvimento local, consideramos sua trajetória de atuação no município de São Paulo do Potengi –RN, a partir da criação e implementação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, bem como das mudanças no seu arranjo institucional. Através de um estudo documental, pesquisa bibliográfica e realização de entrevistas, apontamos algumas hipóteses para a realização da análise dos avanços e retrocessos do programa na articulação dos atores locais de construção do pacto Territorial. Justifica- se a escolha do município em função de ser um dos primeiros no estado a participar do PRONAF institucional e pelo seu histórico de conquistas sociais.

08. BENEFÍCIOS SÓCIO-ECONÔMICOS E EFEITOS DA TILÁPIA DO NILO (Oreochromis niloticus) SOBRE A QUALIDADE DA ÁGUA EM AÇUDES DO SEMI-ÁRIDO NORDESTINO, BRASIL.

Proponentes: Jandeson Brasil Dias

Mestrando do PRODEMA/UFRN

José Luiz de Attayde

Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia/DBEZ/ UFRN

Autora: Ivaneide Alves Soares da Costa

Departamento de Microbiologia e Parasitologia/DMP/UFRN

Devido às adversidades climáticas do semi-árido nordestino, a população local tem na prática da açudagem o principal mecanismo para retenção de água para os longos períodos de estiagem, sendo os mesmos utilizados para diversos fins como: irrigação, dessedentação de animais, pesca e abastecimento público. A pesca é uma importante fonte nutricional e atualmente sua intensificação, como a tilapicultura, é vista como ferramenta para desenvolvimento sócio-econômico da região, porém os riscos ambientais associados a esta prática são muitos, dentre os quais podemos destacar a deteriorização da qualidade da água, que põe em conflito a atividade da pesca com o uso dos açudes para fins de abastecimento público. Com isso, os objetivos deste trabalho são: verificar os efeitos da tilápia do Nilo sobre a qualidade da água (turbidez, transparência, biomassa e densidade algal) e confrontar os benefícios sócio-econômicos da pesca da tilápia com os custos para manter o padrão de potabilidade da água dos açudes dominados por tilápias. Para avaliar o efeito da tilápia sobre a qualidade da água. foi realizado um experimento entre junho e julho de 2004 em 20 enclosures distribuídos aleatoriamente entre 5 tratamentos com diferentes densidades de tilápia. Os benefícios da pesca da tilápia, assim como os custos ambientais sobre a qualidade da água, serão mensurados para valores de comércio e posteriormente realizado uma análise de custo-benefício. Os resultados preliminares mostraram que os ‘enclosures’ com tilápia apresentaram maior turbidez, menor transparência da água e maior densidade de algas. Portanto, podemos concluir que a tilápia do Nilo afeta a qualidade da água, podendo vir a encarecer seus custos de tratamento para abastecimento público.

09. Produção agrícola e globalização da economia: o lugar da agricultura familiar na fruticultura globalizada

José Nunes da Silva

Agrônomo, Mestre em Extensão Rural/UFV, Doutorando em Sociologia/ PPGS/UFPE.

No final do século XX e início do século XXI intensificou-se uma nova fase do capitalismo mundial consolidada como um processo de globalização. Neste processo rápidas transformações refletem nos diferentes setores da economia como resultado de correlações de forças entre diferentes atores sociais em contextos específicos colocando na pauta do debate um conjunto de dualidades que se apresenta como objeto para a Sociologia Rural, tais como a relação local vs global, sociedade vs natureza e homogeneização vs resistência. Neste contexto torna-se fundamental entendermos como este processo reflete na agricultura familiar envolvida na fruticultura no nordeste brasileiro. Objetivamos entender as estratégias dos agricultores familiares para se inserirem no mercado global. Os espaços escolhido para a análise foram os Pólos Petrolina/Juazeiro (PE/BA) e Açu/Mossoró (RN), por serem áreas dinâmicas da fruticultura nacional e por contarem com significante produção científica publicada. Nesta análise conclui-se que para a agricultura familiar da região o processo de globalização apresenta-se como desafiador, à medida que requer uma inserção numa neo-modernização produtiva, tecnológica e, sobretudo, informacional, que causa dependência entre grupos. Como processo ambíguo que é, a globalização abre perspectivas para esta mesma agricultura familiar, expressas pelas oportunidades de ocupação de nichos e janelas de mercados para produtos específicos. A demanda por estes produtos específicos, “bons produtos”, “produtos saudáveis”, combinada com o savoir-faire particular dos agricultores familiares sinaliza para uma excelente oportunidade de inserção no mercado global. É essa ambigüidade da globalização que a caracteriza como um processo que longe de homogeneizar economias, culturas e sociedades, contribui para resignificação de tradições, ruralidades, modos de vida, reforçando identidades e abrindo espaço para que a categoria “agricultor familiar”, utilizando-se de modus operandi estratégico, se reproduza em conjunturas diversas em todo país, constituindo-se num dos principais atores do campo brasileiro na atualidade, convivendo com todas as dualidades colocadas pelas novas relações local vs global.

10. O AMBIENTE INSTITUCIONAL PARA FINANCIAMENTO DO PRONAF B NO RN.

Fernando Bastos Costa

Doutorando em Ciências Sociais/ UFRN

E-mail: fbastos@ufrnet.br

O PRONAF foi concebido com o propósito de corrigir as distorções no campo, decorrência da modernização. O PRONAF B, particularmente, pretende inserir um maior contingente das famílias rurais que trabalham a terra ou praticam outras atividades de maneira precária. A hipótese central deste trabalho é que apesar de todas as mudanças ocorridas nas normas de crédito no sentido de reduzir os obstáculos para acesso dos outsiders, permanece o mesmo arranjo institucional que deu apoio à modernização e cristalizou estruturas que reforçam essa exclusão. Esta pesquisa teve o propósito de estudar o ambiente institucional que faz a mediação desta política publica no RN, realizada em treze municípios, através da aplicação de 190 questionários, diretamente com esses agricultores mais pobres, beneficiários e não. Além disso, foram feitas 46 entrevistas com mediadores locais, da AT, do sindicato rural, do banco e do CMDRS. Os resultados demonstram que esta política, como outras, depende de mediações que transcendem a racionalidade dos marcos legais.

11. (RE)VISITANDO O PÓLO FRUTICULTOR IRRIGADO DO RN

Aldenor Gomes da Silva

Prof. do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/URFN

Levantamento da realidade atual de produção e exportação de frutas irrigadas no Pólo Fruticultor Açu/Mossoró, objetivando fazer uma análise do processo de exclusão/inclusão dos pequenos produtores daquela região e desvendar os meandros das recorrentes crises daquele setor, tais como: falências/substituição de grandes empresas, desemprego, desgaste da infra-estrutura, etc.

 

GT-30: ESTUDOS SOBRE MULHER E RELAÇÕES DE GÊNERO

Coordenadoras:

Vanilda Vasconcelos da Silva

e-mail: vanildadiniz@yahoo.com.br

Maria Francinete de Oliveira

E-mail: france@ufrnet.br

NEPAM (Núcleo de Estudos e Pesquisas na Área da Mulher e Relações de Gênero)

Local: Setor de Aula II, E1

O NEPAM faz parte de redes (regional, nacional e internacional) que estudam e desenvolvem ações com mulheres e relações de gênero. Com o presente GT pretende-se socializar as pesquisas, concluídas ou em andamento, que privilegiam a temática Mulher como campo de investigação, envolvendo ou não as relações de gênero. Portanto, apresenta-se como uma proposta transdisciplinar de interação do conhecimento, aceitando-se trabalhos produzidos sobre a temática, em diversos ramos do saber. Neste sentido, o GT contribuirá para a pesquisa “A mulher como objeto de investigação” na UFRN, desenvolvida pela equipe de pesquisadoras (es) do NEPAM.

Primeiro dia

01. A violência Sexual Infanto-Juvenil

Renata Rocha Leal de M. P. Pinheiro

Departamento de Serviço Social.

Orientador: Prof. Dr. João Dantas Pereira.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN

A análise da Violência Sexual sofrida por crianças e adolescentes, enquanto uma das expressões das relações econômicas, de gênero, raça e cultura que configuram a estrutura material e simbólica de uma sociedade. É abordada ao longo deste trabalho, através de uma reflexão sobre a crise sócio-econômica mundial e sua relação com a violência sexual, suas características e especificidades e, finalmente, onde a proposta metodológica foi realizada através de uma pesquisa documental em documentos oficiais e textos jornalísticos sobre a temática tendo como fonte privilegiada de dados o Programa Sentinela-Natal/RN, enquanto um Programa Federal voltado à violência sexual infanto-juvenil, que atua no município de Natal/RN. Nesse sentido, pretende-se, com essa discussão, estabelecer subsídios para melhor compreensão da Violência Sexual infanto-juvenil e seu relacionamento direto com a crise econômica, a desestruturação familiar, entre outros fatores sócio-econômicos conjunturais. Segundo o autor Vicente Faleiros estas violências sexuais contra crianças e adolescentes constituem-se um fenômeno complexo, cuja compreensão deve ser situada no contexto histórico, econômico, cultural, jurídico, político, psicossocial que configuram a estrutura da sociedade brasileira estabelecendo seus valores e suas relações de gênero, de sexualidade, de raça e de poder. Finalmente, o Brasil só estará combatendo esse tipo de crime, quando cada um dos atores social, estiver de fato fazendo a sua parte, derrubando tabus, encarando a corrupção, etc., cujo alvo são crianças e adolescentes desprotegidos e muitas vezes ignorados pela sociedade brasileira.

02. AIDS E MULHER : UMA QUESTÃO DE GÊNERO?

Rosa Cristina Pereira Paixão

Graduada em Enfermagem, Especialista em Saúde Pública, aluna especial do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (Mestrado) - UFRN

NEPAM/CCHLA/UFRN

O presente trabalho tem como objetivo relatar nossa experiência de um grupo de profissionais que trabalham em um programa de Doença Sexualmente Transmissível e HIV/AIDS da Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro-BA, assim como, relatar o sentimento expresso pelas mulheres após o recebimento do resultado da testagem sorológica positiva para HIV, analisado-os na perspectiva de gênero. Tomando como base os dados notificados no município, no período compreendido entre o ano de 1987 ao ano de 2003, com 4 casos em 1987 e 32 casos em 2003,podemos afirmar que houve um acréscimo significativo no número de casos notificados. Com relação ao trabalho da equipe ele acontece da seguinte forma: aconselhamento coletivo, aconselhamento individual pré e pós testagem sorológica, consulta médica, consulta de enfermagem, acompanhamento psicossocial, oferecimento da testagem sorológica para HIV e Sífilis, fornecimento da medicação antiretroviral, realização de palestras educativas nas escolas e comunidade, acompanhamento das pessoas que vivem com HIV/AIDS, entre outras. Observamos que, de um modo geral, a equipe “sofre” ao ter que revelar um resultado positivo. Este sofrimento é revelado em palavras e expressões faciais. Ele torna-se maior quando estão envolvidos gestantes e crianças. As mulheres demonstram seus sentimentos também com palavras, expressões e lágrimas. Observamos o sentimento de revolta com relação ao parceiro, e de culpa e preocupação com a soro positividade das crianças. Analisando nossa experiência na perspectiva de gênero podemos inferir que vários fatores contribuíram para a feminização da AIDS, quais seja a compreensão da ciência, no início da epidemia, que a vagina possuía capacidade de autodefesa, era uma doença de grupos de riscos (homossexual masculino, usuários de drogas injetáveis, prostitutas e hemofílicos) e a falta de autonomia da mulher quanto a sua sexualidade imposta pela construção das identidades de gênero.

03. TÍTULO: MULHERES PROFESSORAS DA PROVÍNCIA MARISTA DO BRASIL NORTE.

Iran de Maria Leitão Nunes

Orientadora: Profª Dra Betânia Leite Ramalho

UFRN/PPGED

O estudo tem por objetivo identificar e configurar o ingresso das mulheres professoras nos Colégios da Província Marista do Brasil Norte, através do registro da trajetória das pioneiras, ou seja, as professoras contratadas pelos Colégios Maristas em foco, no primeiro ano da presença feminina em seus corpos docentes. Em nosso objeto de estudo há convergências das questões relativas à educação e as que se referem à História da Igreja, para tanto, buscamos os aportes de Giorgio (1990) e Martina (1996). Nos apoiamos ainda nas produções da Teologia Feminista, como as de Zanlochi (2001), visto que a História precisa ser compreendida também a partir da relação entre perfis de comportamentos femininos e masculinos “construídos social, cultural e historicamente” (BOURDIEU, 1999, p.34), colocando em relevo a categoria gênero, na tentativa de “desnaturalizar as diferenças de comportamento e de estatuto social de homens e mulheres, bem como da divisão social (sexual) do trabalho” (CARVALHO, 2003, p. 58). Visto que este processo se realizou em um espaço masculino e religioso, onde a pessoa mulher era minoria e não participava das decisões: o Instituto Marista, buscamos sua história e de seu fundador em autores como: Furet (1989), Balko (1979), Emile (1988), Martins (1989) e Zind (1988). Esse percurso lento, silencioso e pouco visualizado da presença da mulher leiga em institutos religiosos masculinos, e sua decorrente atuação, nos suscita evidenciarmos este processo de exclusão partindo das contribuições de Perrot (1991; 1992) e Scott (2002). Assim, a realização dessa pesquisa histórica visa a contribuir para dar visibilidade à atuação das mulheres de forma plural, visto serem elas diferentes em sua condição social, credo religioso, etnia e história de vida, nos variados espaços e tempos históricos.

04. A MULHER NA CÃMARA MUNICIPAL DE NATAL (1984-2004)

Aluizia do Nascimento Freire

Orientadora: Profª Drª Maria Francinete de Oliveira

Instituição: NEPAM/CCHLA/UFRN

O Rio Grande do Norte é reconhecido como o primeiro Estado brasileiro a ter mulheres a frente de cargos políticos, como exemplo: a primeira prefeita eleita em 1928, Alzira Soriano; a primeira Deputada Estadual, Maria do Céu Fernandes; e a primeira eleitora Celina Guimarães. Entretanto, durante muito tempo a participação feminina na política foi sub-representada devido aos Sistemas de Gênero. Assim, somente em 1996 é que foi instituída a lei de cotas ( nº 9.504), que estabeleceu o percentual mínimo de 30% de participação política partidária para as mulheres..Portanto, traçamos como objetivo da presente pesquisa analisar a participação de Mulheres na Câmara Municipal de Natal , no período de 1985- 2004 e sua sub-representação. A pesquisa em questão é do tipo descritiva e analítica, usando-se como instrumento para analise os documentos existentes na Câmara e Tribunal Regional Eleitoral, da referida cidade A investigação feita até o momento presente revela que nestes setores não há registros atualizados, nos forçando a fazer um verdadeiro serviço de “garimpagem” entre os vários arquivos existentes nas instituições. De acordo com as informações de funcionárias e funcionários da Câmara, até o momento, só houveram sete mulheres eleitas como vereadora. Este dado revela a sub-representação feminina desvelando a cultura da mulher potiguar como pioneira dos seus direitos políticos e civis e, revelando a cultura de gênero que fortalece e determina o lugar da mulher ao espaço privado. Concluímos, afirmando que apesar do Estado ser governado, na atualidade, por uma mulher, não há nenhuma representação na Câmara Municipal do Natal.

05. “Doação de Sangue: Um trabalho de desmistificação na comunidade de Ponta Negra”

Suzana da Cunha Joffer

Luana Gleyce Souza da Silva

Departamento de Serviço Social

Trata-se de um trabalho desenvolvido a partir de uma experiência de estágio curricular realizada no Hemocentro Dalton Barbosa Cunha. O trabalho tem como finalidade refletir sobre o processo de doação de sangue e sua importância para a sociedade, enfocando os aspectos culturais que permeiam essa questão. Procura-se entender os fatores que contribuem ou dificultam o processo de doação. Dessa forma, foi descrito todo o funcionamento da instituição ressaltando as suas esferas física e política, fazendo uma analise de suas diversas faces e principalmente enfatizando a inserção do profissional do Serviço Social dentro dessa realidade e sua relação com os usuários da instituição. Diante da problemática da carência de doadores, principalmente advindos dos segmentos das classes média e alta, foi desenvolvido na Comunidade de Ponta Negra o Projeto “Doação de Sangue: Um Ato de Cidadania”, que teve como objetivo à construção de uma consciência voltada para a doação sanguínea voluntária e regular, bem como a desmistificação dos mitos, medos e preconceitos contidos no imaginário popular, através de palestras educativas e uma pesquisa social, procurando assim entender a influência que a cultura exerce na sociedade e na decisão do ato da doação de sangue.

06. A FEMINIZAÇÃO E A RELIGIÃO NOS PROGRAMAS PARA A 3ª IDADE:

Ana Paula Santos de Souza

Liana Sílvia Nunes de Carvalho

Maria Francinete de Oliveira

Departamento de Enfermagem/NEPAM/UFRN

A partir da década de 1980 surgiu no Brasil um novo paradigma sobre a velhice. Uma forma encontrada para dar visibilidade e cor a essa fase da vida foi a criação dos chamados Programas para a 3ª Idade. Assim, para conhecer os objetivo e o perfil das pessoas atendidas por esses programas, utilizamos questionários, cadastros da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (SEMTAS) e informantes chaves. Identificamos 130 Programas. Destes, 50 estão vinculados a ATIVA (Associação de Atividade de Valorização Social) e 67 ao MEIOS (Movimento de Integração e Orientação Social). Com relação a idade há uma juventude própria desses Programas promovida pelas pessoas de meia idade. Muitos nomes são escolhidos como uma forma de “negar” a velhice, por exemplos: “Melhor Idade”, “Feliz Idade”. Assim, ela se distancia cada vez mais da doença e se descobre uma nova forma de viver com prazer. Os objetivos mostram ainda que estes programas alimentam e são alimentados por uma visão de velhice dissociada da doença e da inutilidade. Entretanto, excluem as pessoas idosas com limitação física. Ou seja, apenas as pessoas saudáveis participam deles. Quanto ao sexo, as mulheres dominam. De acordo com o último Censo brasileiro as mulheres imperam, principalmente, nas últimas décadas da vida. Daí uma boa justificativa para tornar os programas mais atraentes para os homens. Encontramos um com 100% de mulheres e outro com 98%. Entendemos que a participação mais efetiva dos homens reduz a mortalidade entre eles e, conseqüentemente, o número de mulheres viúvas. A maioria dos programas é espaço para orações ( católica), limitando ou impedindo a participação de pessoas que separam essas atividades. O que foi exposto mostra a necessidade de se compreender as relações de gênero própria dessa fase da vida para que homens e mulheres possam ter uma velhice tranqüila e feliz.

07. ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE GÊNERO NAS MULHERES-ALUNAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Thalyta Mabel Nobre Barbosa (Apresentadora)

Assistente Social, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Dalenir Francisca Praxedes Izidoro – Assistente Social

Danielle de Sousa Barbosa – Assistente Social

Para as mulheres o século XX foi o século no qual organizaram-se como sujeitos políticos em contraposição as opressões e privações, visualizado a partir dos movimentos feministas e de mulheres. Alcançaram conquistas como direito de freqüentar ás escolas, ás universidades, o voto, inserção no mercado de trabalho, liberdade sexual e reprodutiva, exercício da cidadania no âmago familiar e social, enfim a igualdade de direitos. A fim de apreender essa realidade empírica tivemos uma aproximação com as mulheres da alfabetização do Centro Social Luís da Câmara Cascudo – CSLCC – localizado em Natal-RN. O CSLCC possui a tarde, turno escolhido para realizarmos as entrevistas, vinte e três (23) alunas. Realizamos a entrevista semi-estruturada com doze (12) dessas alunas o que corresponde a aproximadamente 52,17%. Para a efetivação da entrevista utilizamo-nos de categorias próprias do referencial teórico-metodológico do Assistente Social, como também do nosso projeto profissional adotado, ao tentar compreender o universo vocabular das alunas do CSLCC, os seus valores, as suas representações, o seu significado do contexto sócio-econômico e cultural. Isso aliado aos seus gestos, expressões e sentimentos, permitiu-nos elaborar um perfil sócio-econômico destas mulheres. Ou seja, a partir desses dados, foi possível perceber o que as alunas da EJA conhecem sobre o Feminismo, Patriarcado e Direitos Humanos. Percebemos que a maioria das mulheres entrevistadas compreende a educação de forma restrita como para somente a possibilidade de ler e escrever. Contudo, apesar do aumento do feminino em todos os níveis educacionais; da inserção da mulher em diversos campos profissionais; do desvendamento da sexualidade feminina; da conquista dos direitos; faltam estratégias para modificar as relações de gênero de forma a atingir um maior número de mulheres, levando as mesmas a reflexão e a compreensão do papel da mulher na sociedade machista.

08. TRAJETÓRIA E ASCENSÃO FEMININA NOS NEGÓCIOS: UM ESTUDO TEÓRICO

Kali Micheline de Oliveira

Maria Francinete de Oliveira

NEPAM/CCHLA/UFRN

O presente artigo descreve, de forma sucinta, a trajetória da mulher no mundo dos negócios; discorre também sobre a liderança na atualidade e analisa a inter-relação existente entre as diferenças na administração feminina e masculina. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cujos dados foram organizados em partes distintas mas, correlatas. Inicia-se a exposição com algumas das “ancestrais”. Seguindo o percurso da história, vem as mulheres que se dividiam, dentro da própria casa, entre o trabalho produtivo e o reprodutivo, Posteriormente apresenta-se um novo estilo de liderança exigido pelas empresas e o papel que deve desempenhar o líder para conseguir uma maior eficácia e crescimento econômico da empresa e, por último, mostra-se as diferenças entre a gestão feminina e a masculina, segundo o modelo de Marylin Loden. Com o conteúdo selecionado para a exposição teórica foi possível identificar que as mulheres sempre estiveram presentes no mundo dos negócios, sobressaindo com dignidade e destreza e sem as limitações que a cultura põe a seu sexo. Observa-se ainda que, mesmo diante de todo o desenvolvimento social e econômico e com as quedas de determinados paradigmas, as mulheres ainda caminham de modo lento na acessão profissional.

09. Notas sobre o “ideal de amor romântico” e a dominação masculina.

Vergas Vitória Andrade da Silva

Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFRN.. E-mail: vergasvitoria@yahoo.com.br

Orientadora: Norma Missae Takeuti

Departamento de Ciências Sociais – UFRN e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFRN.

O ideal de amor romântico consagrou-se como uma das marcas registradas da cultura ocidental, tornando-se uma norma de conduta emocional produtora de sentidos e comportamentos. A experiência amorosa constitui-se num valor central no imaginário social, visto que, dentre outras coisas, a expectativa romântica de realização amorosa surge como garantidora de “completude” e “felicidade”. Estudos como o do sociólogo Anthony Giddens revelaram que o surgimento do ideal de amor romântico afetaram sobremaneira as mulheres a partir do final do século XVIII. O amor romântico tornou-se essencialmente “feminilizado” em nossa cultura e muito de suas demandas levavam muitas mulheres a práticas submissas. A experiência do sofrimento amoroso feminino, por exemplo, decorrente das contradições geradas pelo ideal de amor romântico, esta envolvida com questões culturais e históricas, ou seja, com questões relativas a dimensão de gênero (“dominação masculina”) e das representações construídas pelas mulheres acerca do ideal amoroso ocidental. Neste sentido, o presente trabalho visa discutir como o sofrimento amoroso gerado em relacionamentos afetivo-sexuais estão implicados e relacionados com a “dominação masculina”.

10 -MULHERES JORNALISTAS: Das lutas iniciais ao apogeu nas redações

Cleidiane Vila Nova Santos

Rita de Cássia Machado Amaral.

Instituição:CCHLA-UFRN

Este trabalho tem como objetivo levar à tona as lutas, as barreiras e os preconceitos que foram quebrados para que a mulher tenha conquistado seu espaço na sociedade, no mercado de trabalho e sobretudo no jornalismo. Tentamos aqui desfazer o estigma atrelado ao Jornalismo realizado por mulheres, ao qual se credita a efetuação de um trabalho puramente destinado a periódicos fúteis e alienados. Essa característica tende a ser abolida à medida que se toma conhecimento da real participação da mulher nesse mercado, a qual vem desempenhando seu papel de forma cada vez mais competente e abalizada.

11. A QUESTÃO DO GÊNERO EM EMPERATRIZ PORCINA DO POETA POPULAR BALTASAR DIAS

Profª Drª MARIA FRANCINETE DE OLIVEIRA

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Natal, RN

Considerando-se o gênero segundo Teresa de Lauretis como um conjunto de efeitos produzidos pelas personagens através de seus comportamentos e suas relações sociais, verificar-se-á nessa comunicação os processos de construção ou desconstrução das personagens na obra Emperatriz Porcina, para constatar a sua posição enquanto classe ou grupo. Nessa obra, as personagens são construídas através de traços relacionados à sua conduta moral, arraigada a uma sociedade tradicional, com resíduos fortemente medievais. São, portanto, seres ficcionais que atuam com representação concreta da sociedade de sua época.

12. CENTRO DE REFERÊNCIA “MULHER CIDADÔ: um órgão em defesa da mulher vítima de violência doméstica.

Veralucia Raposo da Fonseca

Centro de Referência Mulher Cidadã – Natal/RN

O Projeto Centro de Referência “Mulher Cidadã” é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social de Natal – SEMTAS, desenvolvida pelo Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres e das Minorias - CMDMM, que se integra ao programa de Combate à Violência Contra a Mulher da esfera federal. Em Natal, a maioria da população pertencente ao sexo feminino (377.962 em 712.317 habitantes / IBGE – 2000). O perfil mais característico das natalenses segundo registros do CMDMM, indicam que a maioria estão na faixa etária entre 25 e 50 anos, mantêm união conjugal de pelo menos um ano, não concluíram o ensino fundamental, possuem renda inferior a um salário mínimo e situam-se em sua grande parte no mercado informal. Constituem, portanto, um segmento carente de acesso a direitos e em situação de vulnerabilidade social. É para responder a essa demanda que se propôs a implantação e implementação do Centro de Referência “Mulher Cidadã”, oferecendo ao Estado do Rio Grande do Norte, a partir de Natal, uma central de atendimento as mulheres, com prioridade as que se encontram em situação de violência de gênero, realizando ações de acolhimento, atendimento, encaminhamento e acompanhamento psicológico, social e jurídico a cada caso em particular, buscando assim a promoção social da mulher e conseqüentemente de sua família. Nesta perspectiva, o trabalho é desenvolvido de forma conjunta e integrada com a educação, saúde, trabalho, previdência, habitação, cultura, esporte e lazer. Há uma rede de cidadania formada por entidades governamentais e não governamentais comprometidas com a eficácia e efetividade dos serviços prestados atuando em parceria estreita e direta com o Centro de Referência. Espera-se, dessa forma, contribuir para que as mulheres possam refletir conscientemente sobre seus conflitos, bem como garantir e/ou resgatar sua cidadania, intervindo no meio familiar e social em defesa de seus direitos.

13. MULHERES QUE CUIDAM DE MULHERES

Karlanaizyl Catarina Brito de Góis ( relatora)

Maria Francinete de Oliveira

Keila Marise Lopes de Oliveira

Elisângela Bezerra de Araújo

Instituição: Departamento de Enfermagem/NEPAM/UFRN

A presente pesquisa foi planejada com o objetivo de delinear o perfil e o cotidiano de um grupo de mulheres que cuidam de mulheres idosas, em uma instituição asilar, na cidade do Natal, RN. O principal instrumento utilizado foi a observação indireta e não sistematizada. Essa observação foi registrada, por um período de três anos, em três situações: visitas a instituição, prática da disciplina Saúde do Idoso e durante a execução do Projeto de Extensão “Assistência a mulher idosa em situação asilar”. As cuidadoras observadas possuem uma baixa escolaridade, pertencem as camadas sócio-econômicas mais baixas e são chefes de família. Cuidar de mulheres tão pobres e excluídas quanto elas além de significar a falta de oportunidade para um melhor emprego, significa, mais ainda, o lado humano do cuidar. É possível, que esse cuidar humanitário e esse analfabetismo funcional sejam a causa da baixa consciência política quanto aos seus direitos enquanto trabalhadoras. Reconhecem que exercem a função de cuidadoras e de serventes; queixam-se de dores na coluna, nos braços e do excesso de trabalho. Reconhecem a importância do descanso e do alongamento após o esforço físico, mas o trabalho não permite essas atividades. Cuidar de mulheres idosas, na maioria totalmente dependente, exige delas habilidade, destreza, conhecimento sobre posturas que não afetam sua coluna, sobre agravos (doenças) e contaminações, sobre higiene e, principalmente, sobre o próprio processo do envelhecimento. Entretanto as cuidadoras observadas demonstraram ter um baixo ou nenhum conhecimento sobre estas questões.

14. DESENHANDO O CORPO, PINTANDO O FEMININO:

Elizângela Azevedo

UFRN

A partir de análises feitas in locu sobre o comportamento dos membros da Igreja Presbiteriana do Brasil – instituição evangélica de vertente calvinista – percebe-se que são criados vários discursos que moldam o “ser” feminino como seres criados para o lar e demais tarefas domésticas. A imagem de mulher do final do século XX construída pela Igreja, onde o período estudado abrange os anos de 1990-2000, é de um “ser” mulher que mantém um equilíbrio e sabe conciliar seu papel no lar, no trabalho e nas demais tarefas exercidas na sociedade, para que colabore com a manutenção da ordem social prevista desde os tempos dos personagens bíblicos. A Igreja Presbiteriana do Brasil é organizada internamente por sociedades internas, que são elas: União Presbiteriana de Homens (UPH), União Presbiteriana de Crianças (UPC), União da Mocidade Presbiteriana (UMP) e Sociedade Auxiliadora Feminina (SAF), onde a última é o nosso objeto de pesquisa. Segundo Joan Scott, pensamos gênero como uma categoria relacional construída socialmente, e nos baseamos em Susan Bordo, onde buscamos compreender o papel sutil e inconsciente desempenhado por nossos corpos na simbolização e reprodução do gênero. Como metodologia, além das fontes hemeroráficas, que sejam as revistas da SAF analisadas, realizamos também entrevistas orais.

15. Importância da Concepção Cultural nas Diferenças Entre Feminino e Masculino.

Evaneide Lúcia Pereira César de Souza

Pós Graduação em Ciências Sociais- UFRN – Nível: mestrado)

evacesar@yahoo.com.br

O presente estudo propõe discutir a questão da existência de diferenças entre os espaços sociais destinados a homens e mulheres. Busca explicitar que as justificativas para a existência de tais diferenças, na maioria das vezes recaem sobre a natureza dos corpos - feminino e masculino apenas como biológico - e que relegam a importância da cultura, bem como da diversidade cultural, na definição desse processo.

16. Estudo das razões da esterilização feminina na cidade de Natal

Lorena Lima de Moraes

Departamento de Ciências Sociais/UFRN

Segundo Perpétuo (1996), o uso da esterilização era mais priorizado nas mulheres brasileiras de renda mais alta, com alto nível de educação, nascidas em capitais, com 10 a 15 anos de vida marital e tendo 4 filhos nascidos vivos. Por volta da década de 80, as mulheres de classes menos favorecidas vão tomando espaço no índice de opção pelo método irreversível (Arruda et al, 1987; Ferraz, et al, 1992; Berquó, 1993). Perpétuo (1996) afirma também, que tem havido significativo aumento de mulheres mais jovens e com menor número de filhos propensas a esterilização. Tendo em vista a Região Nordeste, os dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS- 1996) mostram que as mulheres unidas do Rio Grande do Norte ocupam o segundo lugar na opção pela esterilização com 43,86 % dentre os outros métodos, só ficando atrás de Pernambuco que apresenta 44,86 %. Outros estados da mesma região como Ceará e Bahia, também mostram altos índices nessa opção, com 31,25 % e 40,57 % respectivamente. Portanto, tendo como base tais constatações, esta pesquisa tem como objetivo divulgar e analisar as razões que levam as mulheres natalenses unidas, em idade reprodutiva (15 a 49 anos) e pertencentes a diferentes estratos sociais a optar pelo método da esterilização.

17. DE SEDUZIDAS A SEDUTORAS: TECENDO ESTERIÓTIPOS FEMININOS NAS DÉCADAS DE 1900 - 1930.

Edivalma Cristina da Silva

Iranilson Buriti de Oliveira

Campus de Caicó: Departamento de História e Geografia - DHG

Licenciatura Plena e Bacharelado em História

A instauração do Regime Republicano no Brasil (1889) levou a reformulação dos conceitos de família, honra, feminilidade e moralidade. Emergem estes esteriótipos de mulheres disciplinadas, vigiadas e territoralizadas pelos discursos, inserindo-as em modelos femininos, ora, como honradas, pura, virgem, servidora da prática e seduzida, ora, como leviana, frívola, sedutora, burladora da ordem familiar. Neste viés, buscou-se analisar os discursos (jurídicos, médicos, literários e religiosos) a cerca do ser feminino no interstício de 1900 a 1930 a partir da análise de Processos Crimes de defloramento e crimes de sedução, bem como no Jornal das Moças. Esta análise tem como fio condutor Michel Foucault que tecendo uma rede discursiva referente ao corpo, poder, saber, disciplina e sexualidade possibilitou perceber dois esteriótipos femininos seridoense/RN nas décadas estudadas: Mulheres seduzidas e mulheres sedutoras, tecidas pelas linhas da justiça e pintadas pelas tintas dos literatos.

18. ASSENTAMENTOS RURAIS E AS RELAÇÕES SOCIAIS DE GÊNERO: INVISIBILIDADE DO TRABALHO FEMININO.

Janaína Souza Fernandes da Rocha

Iara Cristina Lima da Fonseca

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA/CCHLA/UFRN

Uma das principais características do mundo capitalista é a constante mudança que ocorre na forma de uso e ocupação dos territórios. Tais transformações são observadas em países, à medida que o intenso processo de concentração populacional se acentuou como é o caso do Brasil, onde necessariamente as formas antigas cederam seu lugar para as novas. Dependendo da intensidade de como ocorreu essa substituição muitas áreas transfiguraram-se, modificando não só a paisagem, como também a forma de interação social. A fim de visualizar essas transformações tomamos como referência as relações sociais de gênero nos assentamentos rurais brasileiros, onde a partir desse contexto o trabalho tem como objetivo analisar tais processos de mutações, á medida que se percebe certa estratificação no tocante aos gêneros, pois os aspectos sócio-culturais nos possibilitam identificar algumas características peculiares que esses atores (assentados/das) fazem do seu entorno. O trabalho justifica-se à partir de observações no que se refere às construções de novas relações entre homens e mulheres que remete ao esforço de mudança da ordem social como um todo, apontando aspectos de uma análise mais abrangente, correlacionando fatores ligados ao cotidiano dos assentados de acordo com a estrutura familiar, educação, saúde, lazer, religião, entre outros. Sendo utilizados como procedimentos metodológicos, a observação “in loco” das áreas, assim como aplicação de formulários, através dos quais foram coletadas informações da população local.

19. Uma análise da participação da mulher no jornal “A Republica”

Verônica Gomes de Miranda

Orientadora: Prof. Vanilda Vasconcelos da Silva

A presente pesquisa teve como objetivo (re) construir certos fatos nos campos, social, político, cultural, referentes a historiografia potiguar contada a partir da perspectiva dos artigos publicados pelo jornal "A República, durante seus 98 anos de atividade -1889-1987). Isto significa dizer que trata-se de uma pesquisa documental e descritiva-analítica coletada nos arquivos do referido jornal. Para análise selecionamos dados referentes a participação política da mulher , suas atividades sociais e culturais, assim como, identificar sua postura e o vestuário a partir de fotos publicadas.. A pesquisa mostra a relevância do jornal para os(as) norte-riograndeses, apresentando-se um referencial teórico construído a partir de fragmentos jornalistícos, dando as pessoas a oportunidade de, através da sua leitura, entender o imaginário de uma sociedade, num período de nove décadas de atuação.

20. Anjos & Súcubos: Ambigüidade e Ambivalência nas Representações da Mulher

Thiago Leite de Barros

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

Departamento de Ciências Sociais

Muitos âmbitos da cultura ocidental representam o feminino com o caráter de ambigüidade e ambivalência. A mulher, sendo um dos principais símbolos a encarnar o feminino, é uma personagem inconstante e contraditória. Geralmente se concebe que há, pelo menos, dois tipos ideais de mulher (que podem ser vistos nas dicotomias pura e impura, esposa e amante, mãe e meretriz, santa e puta, e mesmo na tríade hindu Parvati-Durga-Kali etc.). Esses tipos podem classificar uma hierarquia entre as mulheres, como podem ser facetas (antagônicas) que um mesmo indivíduo pode apresentar, dependendo da situação. Seja imaginando paradoxos na personalidade feminina, seja opondo tipos virtuosos e perversos, a representação do feminino e da mulher como ambíguos, ambivalentes, inconstantes e contraditórios serve para justificar o lugar inferior e submisso das mulheres e o papel controlador e de maior poder dos homens sobre elas.

21. IMPRENSA FEMININA:Da aceitação preconceituosa ao seu ápice

Ana Caroline Medeiros Lacet

Professora: Vanilda Vasconcelos da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências humanas, letras e artes – CCHLA

Departamento de Comunicação Social – Jornalismo

Este trabalho irá tratar da mulher como objeto de estudo no campo profissional. Irá abordar sobre o papel da mulher, desde a época em que se tinha a visão que ela servia apenas como “dona de casa”, para cuidar da casa e dos filhos, até os dias atuais nos quais vem se destacando e mudando o conceito conferido à mulher de “sexo frágil”. Atualmente as mulheres vêm, a cada dia mais, lutando e obtendo crescimento contínuo e considerável na área profissional, muitas até ocupando lugares de grande destaque e servindo de comentários exemplares, não só para profissionais da área, como também diante dos olhos de toda a sociedade. Entretanto, apesar da classe feminina estar cada vez mais presente nos lugares que antes só os homens poderiam ocupar, infelizmente até hoje vemos que ainda existe certo tipo de preconceito por parte de alguns em vários ramos profissionais. Por exemplo, a mulher muitas vezes possui a mesma competência que a do homem (ou até mesmo melhor), no entanto, perde de ser promovida para cargos maiores por ser vista como um “sexo frágil”, ou mesmo acontece dela ocupar o mesmo cargo que o de um homem, no entanto, por infelicidade de certos pensamentos machistas, recebe salários bastante inferiores. Ao ser apresentado, este trabalho terá como objetivo destacar a importância do papel feminino não só na imprensa, mas também em todo o campo profissional, mostrando como a mulher conseguiu conquistar esse espaço dentro de nossa sociedade atual.

22. Alguns mecanismos lingüísticos organizadores de texto publicitários.

Elis Betânia Guedes da Costa

Kaline Juliana de Souza Feitosa

CERES-UFRN

O trabalho em questão, resulta de um projeto de pesquisa desenvolvido no Campus de Currais Novos, envolvendo alunos de Letras e Administração. Neste estudo, objetivamos investigar a questão da linguagem na construção de gêneros em texto publicitários. Partindo desse pré-suposto fundamentamo-nos em vários autores entre eles: CITELLE (1990); SANT’ANNA (2002); e SILVA (2004). O “corpus” se constitui de oito propagandas coletadas aleatoriamente revistas informativas entre os anos de 1994 e 2004; já que nesta fonte, não há uma referencia explicita ao sexo do destinatário, possibilitando uma amostragem geral, que não favorece diretamente a nenhum grupo. Para tal analise, seguimos uma abordagem qualitativa de natureza interpretativista. Dessa forma, estabelecemos como hipótese que em tais textos a representação feminina será inferiorizada perante a figura masculina. Sendo assim, ao fim da analise, contatamos que a hipótese inicial foi confirmada, uma vez que a imagem da mulher apesar de não ser excluída deste universo textual é retratada como um personagem que venha complementar o contexto.

23. O POPULAR E AS REPRESENTAÇÕES DE GÊNEROS NO CONTO “O VAQUEIRO QUE NÃO SABIA MENTIR”

Ananília Meire Estevão da Silva - PIBIC/CNPQ

Márcia Tavares Silva - Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

CERES/ DCSH/ Campus de Currais Novos

amletras@yahoo.com.br

A Novelística Popular Medieval se destaca no campo literário mundial e se perpetua até os dias atuais por meio da memória popular e do registro da oralidade pela escrita. Sendo sabedores deste fato, buscaremos, através da análise do conto “O vaqueiro que não sabia mentir” - Bazar do Folclore (2001) de Ricardo Azevedo - demonstrar as possíveis similaridades e divergências entre os personagens masculinos e femininos, no concernente às representações de gêneros dos mesmos, sua caracterização, bem como sua repercussão na literatura oral e escrita. Para tal baseamo-nos em estudos de COELHO (1991), CASCUDO (1978), AYALA (1995) e AMARILHA (2002).

24. VIOLÊNCIA DE GÊNERO E SUA TRANSVERSALIDADE NO COTIDIANO INSTITUCIONAL DOS SERVIÇOS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA, NO MUNICÍPIO DE NATAL.

Carmen Oliveira Medeiros Melo (Mestranda)

ORIENTADOR: Prof. Dr.George Dantas de Azevedo

Pós-Graduação em Ciências da Saúde/ Centro de Ciências da Saúde

INSTITUIÇÕES: Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Unidade Básica de Saúde de Felipe Camarão, Unidade Mista de Saúde de Felipe Camarão, Centro de Saúde Reprodutiva Leide Morais, BEMFAM-Bem-Estar Familiar no Brasil, Maternidade Escola Januário Cicco.

OBJETIVO: analisar a ocorrência da violência de gênero no cotidiano institucional dos serviços de atenção à saúde sexual e reprodutiva, enquanto construção social e expressão das relações de poder. METODOLOGIA: foi realizada uma pesquisa piloto, através da aplicação de 52 questionários em usuárias das 5 instituições que compõem o universo pesquisado.O número de questionários aplicado em cada campo de pesquisa contemplou cerca de 10% do nº total de instrumentos a serem utilizados até a finalização da investigação, através de amostragem estratificada, de acordo com os seguintes critérios de inclusão: estar cadastrada a um dos programas das supracitadas unidades de saúde, ter demostrado capacidade cognitiva adequada para responder questões pertinentes ao instrumento utilizado e apresentar disponibilidade voluntária em participar da investigação. A pesquisa foi analisada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN (processo nº 003/ 2005).RESULTADOS: as 52 entrevistadas possuem idade entre 14 a 59 anos, sendo a média de idade de 34,5 anos. Observou-se uma prevalência de 50% de pardas e mestiças. 65,4% estão na condição de casada ou vivendo em união consensual.A média de anos de estudo foi de 7,78. Percebem 1,64 salário mínimo por família. 62,7% tiveram que comparecer mais de uma vez à unidade de saúde para conseguir atendimento. 53,8% presenciaram algum fato que as deixaram indignadas e 55,8% em algum momento, sentiram-se frustradas na sua expectativa de um bom atendimento.CONCLUSÕES: os resultados parciais permitem conceber pelos dados sócio-demográficos das envolvidas, que a discussão de gênero faz emergir outras diferenças como a raça/ etnia, classe social e geração. Quanto ao atendimento nas unidades de saúde, há sentimentos de indignação e frustração por parte das usuárias, o que leva a deduzir que há violências durante as abordagens de saúde sexual e reprodutiva, quando da interação usuária/ profissional (is) de saúde.

25. (IN)VISIBILIDADE DAS MULHERES NA ECONOMIA SOLIDÁRIA NO RIO GRANDE DO NORTE: REALIDADE E PERSPECTIVAS

Françoise Dominique Valéry

Programa de Engbenharia da Produção – PEP da UFRN / NEPAM

Sempre houve muitas dificuldades em trazer a tona as atividades desempenhadas pelas mulheres, até no setor formal da economia, mas também no setor informal ou no âmbito doméstico. Principalmente porque não havia, por parte de estudiosos e outros responsáveis, um esforço sistemâtico em tira-las da invisibilidade onde estão relegadas historicamente. No entanto, a partir dos anos 70 do século XX, a multiplicação dos estudos sobre “mulheres e trabalho” contribuiu para a construção de um vasto campo de estudo, hoje consolidado, que evidenciou as diferentes modalidades de participação das mulheres tanto na vida econômica do país como na esfera da vida privada. Nos ultimos anos, segundo pesquisas realizadas por organismos oficiais (IBGE etc), dados estatísticos mostram que, de um lado, a participação das mulheres no mercado de trabalho se consolida em todos os campos de atividades, e de outro lado que as mulheres, sendo um terço dos chefes de família no Brasil, sofrem o violento impacto da reestruturação produtiva e partem, individualmente ou coletivamente, para uma vasta gama de atividades, afim de prover a subsistência de suas famílias. A questão que se coloca é portanto a seguinte: onde estão essas mulheres? Quantos são? Que tipos de atividades desenvolvem? Em que quadro organizacional? Com que resultados? No busca de uma resposta, a Secretaria Nacional de Economia Solidária (MTE), montou um vasto projeto de investigação para tira-las da invisibilidade. No Rio Grande do Norte, os primeiros resultados evidenciam a variedade de atividades e a complexidade das questões relacionadas à trabalho, associativismo e cooperativismo, emprego e desemprego, educação e formação profissional, cidadania e direitos sociais, dentre outras reflexões sugeridas pelos resultados preliminares desta pesquisa. Ao apresentar essas reflexões, pretende-se focalizar as dimensões de cor, geração e gênero, para fazer uma análise da situação das mulheres na chamada “economia solidária”.

26. Relações de gênero na agricultura familiar: o caso do Pronaf Mulher no Assentamento Milagres (Apodi/RN)

Cleudia Bezerra Pacheco – NEPAM/CCHLA/UFRN

Maria Aparecida Ramos da Silva – NEPAM/CCHLA/UFRN

O trabalho tem como objetivo verificar as mudanças que estão ocorrendo na vida das mulheres que participam do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf, no Assentamento Milagres, em Apodi. O assentamento foi escolhido por ter sido o local onde o Pronaf Mulher foi lançado nacionalmente no dia 8 de março de 2005, como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, e contou com a presença do Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. O Pronaf Mulher tem como proposta inverter a lógica do modelo familiar tradicional – sendo o homem o chefe da família – e garante a inclusão da mulher no crédito agrário, possibilitando a realização de investimentos e o desenvolvimento de atividades econômicas. Esta pesquisa pretende identificar se o Programa vai contribuir para mudar as representações tradicionais da imagem da mulher no campo e as mudanças no imaginário da população em relação à participação feminina na renda familiar.

27. MULHER NOVA, BONITA E CARINHOSA [...]: UMA LEITURA DE GÊNERO

Otêmia Porpino Gomes

Instituição: NEPAM/CCHLA/UFRN

Entre muitas oportunidades e instrumentos para a prática da leitura, na perspectiva de gênero, escolhemos a música da autoria de Otacílio Batista e Zé Ramalho: “Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor”, que trata sobre a intervenção da mulher em três grandes momentos históricos. Compreendendo a questão de gênero como uma construção social, cristalizada pela cultura através de suas instituições dominantes, elegemos como objetivo da presente pesquisa, identificar estratégias que possam contribuir para a melhoria na qualidade do estudo de gênero, utilizando este tipo de manifestação cultural. A letra da música mostra a preocupação dos autores em associar a beleza e a juventude feminina a destemida força e poder masculino. Com isto mostra quais as tarefas que as sociedades exigem das mulheres: nas relações político-sociais, no cotidiano familiar, no trabalho e na apresentação de sua representação física. Desta forma, as tarefas de leitura crítica de músicas que costumamos ouvir estão inseridas na necessidade de uma aprendizagem. Neste entrelaçar de música, letra, história e gênero; nos apropriamos de estudos realizados por autores populares nordestinos, expressos em uma manifestação artística que é também uma prática de comunicação social, que tem um eixo comum, mas que passa por modificações de acordo como cada público a que pode ser direcionada e a cada espaço que seja apresentada. Como também pode ser usada na educação formal escolar ou na educação informal adquirida através de leituras do mundo, como este tipo de canção temática.

28. Mortalidade materna: causas e conseqüências

Giordana de Oliveira Alves.

Depto. de Serviço Social/ UFRN

A relação mulher e saúde é um dos temas alvo de estudos nas diversas especialidades, e em todas, temos que levar em consideração o aspecto social. Por tal motivo, a presente pesquisa visa uma análise inicial sobre mortalidade materna no mundo, no Brasil e no Rio Grande do Norte, enfocando as causas principais que são falta de assistência com boa qualidade, pré-natal mal-feito, hipertensão, hemorragias, infecções; logo após trataremos um pouco da AIDS no Brasil e no mundo, mostrando dados de uma realidade em que o número de casos tem diminuído, mas não igualmente para homens e mulheres, já que o meio de prevenção mais comum é a camisinha, e é um método que dá privilégio aos parceiros do sexo masculino. E por fim o aborto inseguro, onde no Caribe e América Latina associa-se 21% das mortes femininas à gravidez, parto e pós-parto, conseqüência disto sendo o aborto realizado sob condições sanitárias precárias, pois a legislação dos mesmos proíbe o aborto; No Brasil, no ano de 2000, dados do SUS calculam que de 700 mil a 1,4 milhão de abortos clandestinos ocorreram, sendo muitos destes espontâneos (não provocados), Concluindo nesta análise que, o aumento decorre de problemas sociais como a pobreza, desigualdade, exclusão, gravidez indesejada, práticas sexuais inseguras, etc. No Rio Grande do Norte, um dos quatro Estados do Nordeste que tem hospitais que realizam aborto legal em vítimas de violência sexual, em 1998, 6,3% das mortes maternas foram por causa do aborto, e em 2000, houveram 3.136 internações com este diagnóstico.

29. Crimes de sedução na cidade do Natal: honra sexual e identidade nacional no Estado Novo.

Allan da Silva Rodrigues

Departamento de História

O objetivo desta comunicação é divulgar a pesquisa, em andamento, desenvolvida no Curso de Especialização em História “Arquivo, Memória e História”, que tem como tema “Crimes de sedução na cidade do Natal: honra sexual e identidade nacional no Estado Novo”. O estudo insere-se nas relações de gênero, articulando História e Direito na discussão das idéias jurídico-penais deste período de autoritarismo no Brasil, principalmente com a imposição de uma nova legislação penal (Código Penal de 1940). Nesta comunicação compreendemos a honra sexual como sinônima à honra feminina, pois o que está em jogo tanto nos processos de defloramento como nos de sedução é a virgindade feminina. Considerando a honra feminina como contributiva para a construção da honra das famílias. A honra da família será destaque na legislação civil e criminal do Estado Novo, quando o poder de Vargas se consolida e ele vincula moral pública e valores da família à honra nacional. Sendo redefinidas as relações de gênero, família e crimes sexuais nas leis brasileiras, um processo que se inicia nas primeiras décadas do século XX. Procuraremos avaliar a honra feminina e sua contribuição para a construção de uma honra nacional adequada às mudanças políticas, econômicas e sociais advindas do Estado Novo que intervém na sociedade com a elaboração de uma legislação civil e criminal que fere individualidades defendidas pelo anterior estado liberal. E para isso, será fundamental a análise do discurso jurídico-penal dos processos de sedução em Natal: como os juízes, promotores, advogados, réus e vitimas entendiam a honra feminina e a sua relação com uma identidade nacional que busca legitimar e tornar naturais as instituições autoritárias a partir da noção de honra sexual: a formação da honra nacional e sua vinculação à honra da família, esta última sob a influência da honra feminina.

GT-31: A NATUREZA NAS CIDADES

Coordenador:

Luiz Antonio Cestaro

E-mail: cestaro@cchla.ufrn.br

Departamento de Geografia

Local: Setor de Aulas V, sala G2

A análise do ambiente urbano numa abordagem sistêmica exige o envolvimento de outros atributos, além do ser humano. Os demais seres, que voluntária ou involuntariamente fizeram das cidades seu habitat, influenciam direta, ou indiretamente, na qualidade de vida do ser humano.O Grupo de Trabalho “A Natureza nas Cidades” pretende convergir para a discussão investigadores das diversas áreas de conhecimento envolvidos com os demais habitantes urbanos, principalmente plantas e animais, e suas relações com o homem e com o ambiente urbano.

Somente terça-feira 05/07

01. INVENTARIO FLORISTICO DE PLANTAS EXÓTICAS NO CAMPUS CENTRAL DA UFRN, NATAL-RN.

Rubens Teixeira de Queiroz

Mestrando em Ciências Biológicas

Maria Iracema Bezerra Loiola

Professora do DBEZ/UFRN

Plantas exóticas são todas aquelas que foram introduzidas (intencional ou acidentalmente) pelo homem em determinada região, em ambientes adversos do seu centro de origem (Rizzini, 1997). No Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, localizado no município do Natal (5º50’25”S e 35º12’08”W), verificou-se a presença de um número considerável de espécies introduzidas em toda a sua área de abrangência. O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo sobre a flora exótica da área e através deste levantamento fazer a identificação das espécies, como subsídio para proposta, no futuro, de um plano de arborização com plantas nativas para o Campus da UFRN. Foram realizadas coletas semanalmente, durante os meses de março/2003 a junho/2004, para a aquisição de material botânico, fotografias e observação dos indivíduos. Para cada espécie foram obtidas cerca de cinco amostras com flores e/ou frutos e anotadas em caderneta de campo, informações sobre o hábito, altura e cor das partes vegetativas e reprodutivas. Após o processo de herborização e secagem das amostras botânicas (Mori et al.1989), procedeu-se a identificação através de literatura especializada e/ou por comparação com plantas já existentes no Herbário UFRN do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia/CB. A coleção resultante foi inserida no acervo do Herbário UFRN. Foram registradas 80 espécies, pertencentes a 68 gêneros e 38 famílias. As famílias que se destacaram pela riqueza de espécies foram Leguminosae (9 gêneros, 10 espécies); seguida de Euphorbiaceae (6 gêneros e 7 espécies) e Convalaricaceae (2 gêneros, 5 espécies). Os taxa com maior ocorrência em número de indivíduo foram: Senna siamea (Lam) Irwin & Barneby (Leg. Caesalpinioideae), Cocos nucifera L. (Arecaceae) e Trandescantia spathacea SW. (Commelinaceae).

02. ARBORIZAÇÃO URBANA EM NATAL

Mariluce dos Santos Santos Souza (Apresentadora)

Marcelo e Silva Monte

Kelly Stefanny Diniz de Lima

Luiz Antonio Cestaro

Departamento de Geografia – UFRN

O trabalho tem por objetivo principal analisar a atual situação da arborização existente nas ruas e canteiros centrais da cidade do Natal, mais especificamente, a arborização do Conjunto Residencial Cidade Satélite.A pesquisa foi realizada a partir de um levantamento bibliográfico e de campo onde foram observados alguns parâmetros importantes, tais como: diâmetro do tronco; altura das árvores; estado fitossanitário; existência de poda ou não; presença de cupins; sinais de vandalismo e adequabilidade aos locais onde foram plantados. Através da análise quantitativa e qualitativa, foram encontrados 796 indivíduos, desse total 29,69 % apresentaram diâmetro entre 5 e 20 cm; 76,78% das árvores apresentaram altura média variando entre 2 e 6 cm e 27,97 % possuíam o diâmetro de copa entre 5,05 e 7,14m. No que se refere ao estado fitossanitário, 65,67% das àrvores registradas apresentaram estado regular e 30,59% encontravam-se em estado saudável. Muito dos problemas encontrados, refletem um pouco a realidade da arborização urbana existente em Natal/RN, que são gerados, em sua grande maioria, pelo plantio inadequado causando danos aos equipamentos urbanos, tais como: fiação elétrica, sinalização, postes de iluminação além de vários outros.Todos os cuidados, relativos á arborização, são de grande importância na prevenção de problemas conflitantes entre as árvores e os equipamentos urbanos, que muitas vezes levam o componente arbóreo a ser sacrificado. Para que possamos reverter esta situação é preciso estabelecer parcerias entre o poder público e a comunidade, caso contrário, os possíveis benefícios da arborização não poderão ser atingidos.

03. A COBERTURA VEGETAL NO CAMPUS CENTRAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE EM NATAL

Marcelo e Silva Monte (Apresentador)

João Damasceno Filho

Luiz Antonio Cestaro

Departamento de Geografia – UFRN

prof_marcelogeo@yahoo.com.br

Este estudo objetiva apresentar um diagnóstico da arborização e analisar a distribuição espacial das árvores no Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em Natal. O trabalho foi realizado no período de novembro de 2004 a janeiro de 2005, sendo considerados todos os indivíduos arbóreos, independente da altura, plantados nas dependências do Campus. Para cada indivíduo foram estimados: diâmetro do caule, altura da árvore, estado fitossanitário e a adequação do indivíduo ao local onde foi plantado. O Campus Universitário apresentou um total de 3733 árvores distribuídas em 88 espécies, numa densidade de 30,3 indivíduos/ha. As cinco espécies mais abundantes foram: coqueiro (Coccos nucifera), com 520 indivíduos, cássia-amarela (Senna siamea) com 491 indivíduos, cajueiro (Anacardium occidentale) com 444 indivíduos, mangueira (Mangifera indica) com 306 indivíduos e eucalípto (Eucalyptus cf. citriodora) com 268 indivíduos. Mais da metade das espécies (47) ocorreu com uma população menor do que cinco indivíduos, os quais estão distribuídos esparsamente pelo Campus. Cerca de 33,4% das árvores apresentam diâmetro do tronco superior a 20cm, indicando uma população antiga, e 1,4% das árvores apresentam o diâmetro de tronco inferior a 5cm indicando um baixo índice de reposição. 86% das árvores têm altura média entre 2 e 6m, 74% dos indivíduos apresentam estado fitossanitário regular e 10% estão infestados com erva-de-passarinho e/ou por cupim. A maior parte das árvores está plantada próximo aos edifícios e nas vias de acesso, com uma deficiência de plantas nos estacionamentos e nos setores de aulas. Há necessidade de uma maior atenção para com a arborização do Campus Central da UFRN, preocupação compartilhada pela equipe que elabora o Plano Diretor do Campus.

GT-32: POLÍTICA, CULTURA E SOCIEDADE

Coordenadores:

José Antonio Spinelli

E-mail: spinellih@uol.com.br

João Emanuel Evangelista

E-mail: jemanuel@ufrnet.br

Departamento de Ciências Sociais

Local: Setor de Aula II, sala G4

Este GT tem como objetivo apresentar trabalhos que tenham como recorte as interfaces entre política, cultura e sociedade. Neste sentido acolhe temáticas variadas, abrangendo as áreas de Estado e sociedade civil, políticas públicas, poder e cultura política, educação e cultura, sociedade e práticas culturais, política e movimentos sociais, mídia e eleições, mídia e cultura, mídia e educação.

Primeiro dia

01: ILHA DOS INDIVÍDUOS: A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA FORTALEZA MODERNA DIANTE DA VIOLÊNCIA URBANA

João Batista de Menezes Bittencourt

Norma Missae Takeuti (orientadora)

‘Com a crise instaurada pela modernidade, fez-se necessário repensar a questão da violência, tanto no nível de representações, como das abordagens desenvolvidas pelas ciências sociais (Wieviorka, 1997). Pretendo através de um estudo de campo em um bairro de classe média/alta da cidade de Fortaleza, entender a construção de um pensamento baseado na exclusão e no “evitamento”, e como o mesmo acaba se tornando uma regra social partilhada entre esses moradores. Envolta numa atmosfera de medo e insegurança, a sociedade produz de forma compulsiva, discursos e práticas segregacionais, que tem colaborado diretamente para a ineficácia das políticas de segurança pública e consequentemente para a intensificação da violência urbana em níveis alarmantes. Os apelos “calorosos” da sociedade civil para que haja uma solução imediata do problema, se assenta sobre uma forte carga emocional, reflexo do clima de tensão e medo característicos das metrópoles (Simmel, 1950). Grande segmento da população acredita que a maneira mais adequada de coibir a ação dos transgressores da lei e minimizar a violência urbana, é reprimindo de forma mais agressiva possível esses indivíduos, pois segundo os mesmos, a lei é muito generosa com os “criminosos”. Os representantes do Estado, pressionados pela opinião pública, acabam assimilando o discurso da população, e também agindo “emocionalmente”, confundindo o papel de cidadão com o de autoridade. Hannah Arendt (1969), nos mostrou que o aumento da ineficiência da polícia está acompanhada do aumento da brutalidade policial, e ao que tudo indica, o uso da força violência/legítima nas sociedades contemporâneas, tem se revelado meio insuficiente e ineficaz para combater a violência urbana.

02: VIOLÊNCIA E CONSOLIDAÇÃO DEMOCRÁTICA: UM ESTUDO SOCIOLÓGICO SOBRE O PROCESSO DE TRABALHO POLICIAL

Cristiane do Socorro Loureiro Lima

Segundo o Plano Nacional de Segurança Publica a segurança e “um bem por excelência democrático, legitimamente desejado por todos os setores sociais, que constitui direito fundamental da cidadania, obrigação constitucional do Estado e responsabilidade de cada um de nós”. A constituição de 1988 reconheceu os direitos á vida, à liberdade e á integridade pessoal, e considerou a tortura e a discriminação racial como crimes. No entanto, apesar do reconhecimento formal desses direitos, a violência oficial continua a ser usada pelas elites como forma de manter a ordem social, constituindo-se como foco da repressão policial as chamadas “classes perigosas”, ou seja, os “excluídos” do trabalho, de moradia, de saúde, de educação e de outros direitos. Cabe citar episódios como Carandiru-SP (1992), Vigário Geral –RJ (1993), Corumbiara- RO (1995), Eldorado dos Carajás-PA (1996), Diadema-SP (1997), alem dos “recem-descobertos” grupos de extermínio, formados na sua maioria por policiais. Enfim, os agentes de segurança tornam-se instrumentos de insegurança da população. Neste contexto emergem propostas de maior regulação da ação policial e reforma do aparelho policial com objetivo de melhoria dos meios e métodos de atuação para exercício de suas funções, mas considera-se que um estudo sobre a ação policial deve buscar o entendimento do tema, articulando-o com a questão da ampliação dos direitos de cidadania e dos espaços de liberdade democrática. Logo, o trabalho aqui proposto objetiva analisar as relações entre processo de trabalho policial e a consolidação democrática do Estado Brasileiro, desvendando os valores presentes neste universo e sua significação na ação profissional. Utilizando um olhar privilegiado sobre as dimensões da violência, da cidadania, da democracia e dos Direitos Humanos.

03: SOBRE AS FORMAS DE DOURAR CORRENTES: TÁTICAS PARA SE LEGITIMAR A TORTURA NAS CULTURAS

David Loiola Rego

O presente trabalho tem como objetivo de mostrar o verdadeiro caráter de argumentos e/ou raciocínios concebidos com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, combater argumentações que aparentam veracidade, mas que cometem voluntária ou involuntariamente incorreções lógicas, principalmente, naquilo que se diz respeito à defesa do Artigo 5º da declaração universal dos direitos humanos ao afirmar que “ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”. Tem-se portanto como principal objetivo analisar práticas de torturas em diversas culturas, buscando denuncia-las, retirando-lhe a máscara do relativismo absoluto e, mostrando uma ideologia fatalista, imobilizante, que, com ares de pós-modernidade, insiste em convercer-nos de que nada podemos contra a realidade social que, de histórica e cultural, passa a ser ou virar “quase natural”.

04: MÍDIA, SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA E CULTURA DE VIOLÊNCIA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS PARA UMA POLÍTICA PÚBLICA DE SEGURANÇA NO RN

Marcos Baptista Mendes

Apesar das diversas pesquisas voltadas ao estudo da violência e da criminalidade apontarem o Rio Grande do Norte e, em especial, a cidade do Natal, como redutos onde se pode gozar relativa tranqüilidade, percebe-se a ocorrência de uma crescente sensação de insegurança entre a população. A partir de uma breve análise sobre as recentes transformações no sentido geral da violência, do entendimento sobre o papel socializador das emoções e sobre como os meios de comunicação utilizam-se desse poder, contribuindo na construção do imaginário popular relativo à segurança, o trabalho aponta para a ação da mídia e para a ocorrência dos pequenos delitos no cerne das comunidades, como os principais agentes promotores e difusores da insegurança subjetiva que aflige a sociedade potiguar, ao mesmo tempo em que sugere novas perspectivas teóricas para o estudo da relação entre o fenômeno da violência e a questão local, bem como, para o estabelecimento de políticas públicas de segurança que, ao exemplo da idéia de polícia comunitária, aproximem e integrem em sua elaboração e desenvolvimento os diversos segmentos e atores sociais.

05: O MOVIMENTO DE CRIAÇÃO DOS SINDICATOS RURAIS NO SERIDÓ

Maria Auxiliadora Oliveira da Silva

A partir da década de 60, vinham surgindo no Seridó os sindicatos rurais, que contavam com o apóio da Igreja Católica. As tentativas de organização dos trabalhadores do campo pela Igreja Católica, em decorrência da exploração sofrida, marcam toda a história do movimento sindical na região. Os sindicatos além de pouca aceitação por parte dos políticos, que em sua maioria eram proprietários de terra, tiveram muitas dificuldades para trabalhar, pois suas condições financeiras eram muito precárias e, quando veio o golpe militar, a situação agravou-se cada vez mais. Os sindicatos passaram por momentos muitos difíceis, pois sindicalistas foram presos, perseguidos, o que levou alguns a saírem da cidade para não serem presos. Devido a toda essa perseguição, os sindicatos “fecharam suas portas” por um longo tempo, mas reunindo-se na clandestinidade. Em Caicó dos 200 associados que faziam parte do quadro social, ficaram apenas 18. Mesmo com muitas dificuldades, essa diretoria continuou o seu trabalho em favor do trabalhador rural não só em Caicó, mas nas outras cidades do Seridó, como Jucurutu, Cruzeta, Parelhas, São João do Seridó, São João do Sabugi e outras, articulando, organizando, mobilizando, levando a mensagem aos poucos sindicalistas e aos trabalhadores, para que se unisses e criassem o seu sindicato.

06: O PARTO DOS CAMINHOS: FORMAÇÃO DOS SINDICATOS RURAIS NO RIO GRANDE DO NORTE (1960 – 1964)

Ruy Alkmim Rocha Filho

O presente trabalho procura abordar os movimentos dedicados à reivindicação por terra e direitos sociais para os trabalhadores do campo, no período que vai de 1960 a 1964. Para compreender esta problemática no Rio Grande do Norte, é necessário considerar as ligações entre a Igreja Católica e os sindicatos, bem como a atuação do Partido Comunista Brasileiro e ainda outros movimentos sociais no estado. Os contextos políticos local, nacional e internacional tiveram importância considerável para a organização dos trabalhadores rurais potiguares. Os Sindicatos Rurais Potiguares surgem no ano de 1961 – após um massivo trabalho de organização a partir do Serviço de Assistência Rural – e se expandem pelo Estado até meados de 1962. Em 1963 são observados os primeiros grandes conflitos e as maiores manifestações, aludindo a uma crescente representatividade do movimento. As correntes progressistas conquistavam maior influência nos destinos políticos do Rio Grande do Norte, diante da integração entre Sindicatos, projetos educacionais e políticos progressistas. Mas o golpe militar impediu que as esperanças se transformassem em fatos.

07: O RÁDIO E A IGREJA DE NATAL

Márcio Cézar da Silva Pinheiro

O rádio foi utilizado como instrumento de comunicação pela Igreja Católica de Natal, nas décadas de 60 e 70, através do Movimento de Educação de Base – MEB, como forma de organizar as comunidades rurais, através de seus trabalhadores e suas famílias para realização de seu trabalho de “catequese” e reforçar a doutrina da Igreja no meio rural. A Igreja despertou para a importância desse meio de comunicação em 1944 com o Papa Pio XII, mas foi em 1958 que Dom Eugênio Sales, então Bispo de Natal, conheceu uma experiência na Colômbia de escolas radiofônicas e trouxe para Natal. Com o argumento que a população brasileira tinha uma grande quantidade de analfabetos, principalmente a região nordestina e as comunidades rurais estavam completamente isoladas, a Igreja elaborou um plano de alfabetização que iniciou em Natal, mas foi encampado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –CNBB, criando o Movimento de Educação de Base - MEB, onde a Igreja Católica tornava as escolas radiofônicas um centro de uma irradiação do trabalho educativo. Com a estrutura formada a Igreja de Natal discutia a idéia de empreender, através das escolas radiofônicas que era de grande importância para seu trabalho doutrinário. Era necessário somente “plantar a semente” e criar as condições nas próprias comunidades para o desenvolvimento do trabalho e a formação de líderes rurais e o rádio seria fundamental nesse momento. A Igreja na década de 60 tinha uma atuação forte através do Movimento de Natal e começava a definir suas prioridades e assumir novos compromissos sociais. Propostas com educação, desenvolvimento econômico e mudanças estruturais, sem fugir da linha da Igreja. Além dos grupos já formados de alfabetização existia grupos de audiências que se reuniam exclusivamente para ouvir os programas de rádios – as informações passadas através da equipe técnica existente.

08: O MOVIMENTO DE LUTAS DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE: UM ESTUDO SOBRE A TRANSFORMAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES EM SINDICATO

José Maximiano dos Santos

O movimento de lutas dos trabalhadores em educação do Rio Grande do Norte que resultou na transformação da Associação de Professores em Sindicato, surgiu em 1989, em Natal, a partir das necessidades imediatas do magistério, onde se afirma que, através do qual poderia-se construir um Sindicato único para representar e defender os interesses dessa categoria de profissionais junto aos servidores públicos estaduais. É importante ressaltar que esse movimento estava inserido no contexto nacional, a partir da realização dos congressos de unificação dos trabalhadores em educação, que reivindicavam basicamente a qualidade do ensino público e a democratização das escolas públicas, frente aos sucessivos governos tradicionais. O movimento, por está inserido também no contexto do capitalismo no Brasil, em 1990, resistia com o apoio da CUT (Central Única dos Trabalhadores) às políticas neoliberais implementadas pelo governo Collor, que não correspondiam mais ás expectativas da nação brasileira, entregando, inclusive o patrimônio e as riquezas nacionais às grandes empresas nacionais e estrangeiras, que por sua vez repercutiam no contexto local. A partir das políticas autoritárias e antidemocráticas, impostas pelo governo de Geraldo Melo no RN, sendo justificadas pela repressão policial às lutas democráticas dos servidores públicos e pelos descumprimentos de acordos firmados com os trabalhadores da educação, por exemplo, o não pagamento da gratificação dos especialistas em educação e o processo de democratização da escola pública, já se percebia intensamente a ascensão desse processo de transformação da APRN – Associação de Professores do RN em Sindicato.

09: ELEIÇÕES PARA O GOVERNO DO RN 2002 – A COBERTURA DO DIÁRIO DE NATAL/O POTI: OS DISCURSOS, AS MANCHETES

Emanoel Francisco Pinto Barreto

O objetivo do trabalho é analisar a cobertura do Diário de Natal/O Poti relativo à campanha governamental no Rio Grande do Norte em 2002. A análise baseou-se no marco teórico do newsmaking, na hipótese do agenda setting e no enquadramento (framing) dos fatos, além de entrevistas com a equipe que cobriu a campanha. Constatou-se que o jornal não cumpriu com seus princípios de imparcialidade e isenção. Além de ser constatado um processo de distorção involuntária dos fatos, pela prevalência de atores econômica e politicamente poderosos, tidos previamente pela cultura jornalística como mais relevantes, o jornal publicou, sem avisar aos leitores, material das assessorias desses candidatos. Inexistiu jornalismo investigativo/interpretativo. Predominou o político como formulador primário da mensagem.

10: MÍDIA E ELEIÇÕES: UM ESTUDO SOBRE A COBERTURA DO JORNAL O MOSSOROENSE NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2004 EM MOSSORÓ/RN

Lerisson Christiam Nascimento

O presente trabalho tem por objetivo descrever a forma como o caderno Política do jornal O Mossoroense, com sede em Mossoró/RN, tratou os candidatos à Prefeitura Municipal desta cidade nas eleições de 2004. Os candidatos foram Larissa Rosado (a época no PMDB hoje PSB), Fátima Rosado (PFL), Francisco José (PSB) e Crispiniano Neto (PT). Analisamos 215 matérias veiculadas entre os dias 01 de julho e 03 de outubro de 2004, através do modelo teórico-metodológico do Enquadramento, com as subclassificações (episódico, corrida de cavalos, temático, personalista), procuramos identificar ainda a visibilidade (número de citações do nome do candidato) e a valência (positiva, negativa, neutra) com a qual o candidato foi identificado. O tipo de enquadramento mais identificado foi o episódico (88,2%), Larissa Rosado teve grande visibilidade (73,1%) e foi tratada de forma muito positiva, 94,4% das situações em que seu nome apareceu foram em situações positivas, 5,6% neutras e nenhuma negativa. Em 66% das situações em que apareceu, Fátima Rosado teve enquadramento negativo. Francisco José aparece negativamente em 42,8%. Crispiniano Neto foi poupado, 66,7% das situações em que apareceu foram neutras e 30% positivas. A cobertura foi polarizada entre Larissa Rosado, apoiada pelo grupo controlador do jornal, e por Fátima Rosado, apoiada pela então prefeita de Mossoró/RN, Rosalba Ciarlini (PFL). Larissa Rosado apareceu como candidata da oposição. O jornal contribui para a formação de uma imagem pública dos candidatos na qual Larissa Rosado estaria preparada para administrar a cidade, resolver seus problemas e promover o desenvolvimento; enquanto que Fátima Rosado não estaria preparada e daria continuidade a administração da prefeita Rosalba Ciarlini, qualificada pelo jornal como deficiente.

11: CULTURA POLÍTICA E RECEPÇÃO NO HORÁRIO GRATUITO DE PROPAGANDA ELEITORAL

Gustavo César de Macedo Ribeiro

Em seu atual estágio, a pesquisa de recepção dos Horários Gratuitos de Propaganda Eleitoral (HGPEs) precisa ser pensada frente à compreensão hegemônica de que os meios massivos, na contemporaneidade, assumem papéis que sobrepujam dinâmicas próprias à política. Desta forma, tal tipo de pesquisa assume os propósitos críticos da reposição dos sujeitos, e sua capacidade de interpretação de sentidos, formulação de discursos e símbolos. Neste sentido, compreender quais (e como) os elementos da visão de mundo dos eleitores-telespectadores orientam suas leituras dos programas do HGPE, indagando sobre a cultura política na qual estão imersos, é o nosso principal objetivo. Para tanto, lançamos mão, durante as últimas eleições municipais na cidade de Natal-RN, de uma pesquisa baseada na utilização da técnica de grupos focais. Neles, os participantes foram divididos através de diferentes critérios, tais com idade, ocupação, gênero e orientação religiosa (todos estes participantes, porém, tinham em comum a proveniência das classes populares). Ao cabo, os programas eleitorais (exibidos e comentados pelos participantes dos grupos focais) funcionaram como “temas geradores”, na acepção dada por Paulo Freire, que levaram os entrevistados a indagações mais amplas sobre política. Neste sentido, cumpriram o papel de interpeladores, no sentido que Jesus Martín-Barbero dá ao termo, à vivência cotidiana dos indivíduos e sua relação com a política (ou as representações que elaboram sobre a mesma). Para eles, são estes símbolos advindos de uma vivência específica em relação à política, e não aqueles que permeiam os programas, os elementos decisivos para a compreensão destes mesmos programas.

12: A COBERTURA DO DIÁRIO DE NATAL PARA AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2004 EM NATAL/RN

Vitória Régia Arruda Moreira

O trabalho versa sobre a cobertura das eleições para prefeito da cidade de Natal/RN em 2004, na mídia impressa. Tem como objetivo mostrar qual foi o conteúdo e o espaço concedido aos principais candidatos no primeiro turno, analisando se o discurso de neutralidade e imparcialidade corresponde à prática jornalística do jornal Diário de Natal, bem como as nuances provocadas pelas pesquisas de opinião. O método de análise adotado baseia-se no conceito de enquadramento (framing), aplicado em planilha desenvolvida por pesquisadores brasileiros que estudam as relações entre mídia e política (GEMP).

13. A identidade e a identificação partidária na modernidade tardia

Anderson Cristopher dos Santos

A convivência entre quatro tempos no mundo sociológico, a saber: o pré-moderno, o moderno, a modernidade tardia e o pós-moderno refletem a realização dialética das idéias sociais no que é material. A despeito do tempo espacializado, a discussão sobre a modernidade tardia nesse trabalho tem como interpretação vetorial (esfera + campo + interesse social) sua tônica. A passagem cada vez mais radical das relações de parentesco para as de confiança, segundo Giddens, é o cerne da reflexividade na modernidade tardia, em intimidade com o desenvolvimento capitalista atual. O político-partidário não escapa das mudanças na identidade, não há o fim dos partidos, mas reconfiguração de suas estruturas, de maneira dialógica/reflexiva com a base popular na sociedade brasileira, afetando de maneira central a “ideologia” do partido político. Como prefácio a uma necessária reflexão, o trabalho se refere à teoria em seu trato genérico, sem analisar um partido político em especial. Além de Giddens, para se referir ao caso brasileiro, a idéia de destradicionalização se apoiará na velocidade e mestiçagem vetorial, trazendo Gilberto Freyre de forma marginal, como devido cuidado à autenticidade teórica.

14: MÍDIA E POLÍTICA NO CARNAVAL FORA DE ÉPOCA DE CAMPINA GRANDE

Sebastião Faustino Pereira Filho

O trabalho sugerido tem sua base de pesquisa nas imagens midiatizadas na Micarande, carnaval fora de época de Campina Grande, Paraíba. Como elas são publicizadas ou omitidas, seu uso e abuso, e como determinados sujeitos políticos se apropriam e fazem uso delas perante os meios de comunicação e das pessoas no espaço de realização da festa. Consolidando na construção do sujeito mitiático termo que designamos para significar a criação do mito através da mídia. Considerando também, como os meios de comunicação processam a mediação das imagens, fatos e personagens de relevante importância no evento.

15: ELEIÇÃO E PESQUISA ELEITORAL

Ana Patrícia Dias

Ao longo do tempo, as campanhas eleitorais mudaram de estilo, a luta pelo voto transferiu-se para o recesso das casas, onde os meios de comunicação eletrônicos atingem massas eleitorais que praça nenhuma comportaria. Como arsenal moderno dos períodos eleitorais têm destaque as pesquisas de sondagens de opinião sobre a intenção do voto. Tal ferramenta vem tomando cada vez mais expressão com o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa. Essa tendência é facilmente identificada nos anos em que se processam os pleitos para cargos proporcionais e majoritários. Esta realidade, portanto, tem consagrado as pesquisas eleitorais como um “milagre estatísticos” que tudo pode e decide. O estudo tem sido conduzido na cidade de Natal, encontra-se em sua fase primeira, com o acompanhamento e levantamento das pesquisas divulgadas pela imprensa escrita sobre as eleições municipais do ano de 2004. Nele, pretende-se avaliar se elas podem ser consideradas um dispositivo neutro e objetivo para responder a uma interrogação eleitoral.

16: AS ESTRATÉGIAS POLÍTICAS DOS PRINCIPAIS CANDIDATOS À PREFEITURA DE NATAL RN NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2004.

Paula Domitilla da Silva Bezerra

O trabalho proposto é parte constitutiva de uma pesquisa mais ampla em desenvolvimento que vem sendo realizada pelo Grupo de Estudos Mídia e Poder vinculado à Base de Pesquisa Cultura, Política e Educação, acerca do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral brasileiro (HGPE) nas eleições municipais de Natal do Estado do Rio Grande do Norte. Seu objetivo é analisar quais foram as estratégias utilizadas pelos principais candidatos à prefeitura de Natal RN em 2004 – a candidata do PT Fátima Bezerra, o candidato do PFL Ney Lopes, o do PSDB Luiz Almir e o do PSDB Carlos Eduardo - na propaganda política veiculada no Horário Eleitoral (HGPE), durante o período do primeiro turno. Para isto, será analisado o conteúdo dos programas dos candidatos em termos dos apelos contidos nas mensagens desses programas, a partir de metodologia desenvolvida pelo pesquisador Mauro Pereira Porto (UnB) para estudo dos programas dos candidatos no HGPE nas eleições presidenciais de 2002. A aplicação desta metodologia permitirá trazer à tona as estratégias adotadas pelos candidatos, a partir dos conteúdos dos respectivos programas e dos resultados eleitorais obtidos.

17: A EMANCIPAÇÃO COMO SLOGAN. O PROTESTO COMO NOTÍCIA. O ESPETÁCULO E AS MÍDIAS COMO ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DA CAMPANHA “GREVE DO VOTO”.

Glícia Pontes

No ano de 2004, em Fortaleza, o Grupo “Crítica Radical”, composto por ex-partidários do campo da esquerda e pela ex-prefeita petista Maria Luiza Fontenelle, realizou um movimento de contraposição às eleições municipais chamado de “Greve do Voto”. Durante a campanha, a política foi classificada como uma das categorias sustentadoras do capitalismo. Para tornar pública essa interpretação, o Grupo utilizou formatos publicitários, marcas, jingles e spots; e encenou espetáculos de rua autodenominados de “circo eleitoral”. Esse trabalho analisa essas mensagens, dando enfoque às estratégias de comunicação e aos “efeitos de mídia” obtidos a partir destas. A principal proposição discutida é a utilização de mecanismos de visibilidade pelos movimentos de contestação ao sistema capitalista no contexto das transformações da política na era da comunicação de massa.

Segundo dia

18: A REFORMA DO ESTADO NO CONTEXTO DO REORDENAMENTO ECONÔMICO E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS.

Luzimar Barbalho da Silva

O trabalho consiste numa reflexão acerca da Reforma do Estado no contexto do reordenamento do sistema de produção e da redefinição das políticas educacionais. A reestruturação do processo produtivo, fruto da incorporação das novas tecnologias no processo de trabalho tem levado a uma superação gradativa do modelo Taylorista/Fordista como fator de regulação da produção, dando origem a novos modos de regulação baseado nos sistemas flexíveis de fabricação. Para Antunes (1995), os anos de 1980 constituem-se em uma década de grande salto tecnológico com a aplicação da automação, da robótica e da microeletrônica no processo de produção, de maneira que o Fordismo e o Taylorismo já não eram únicos e se mesclavam com outros processos produtivos. O cronômetro e a produção em série e em massa são substituídos pela flexibilização da produção, pela especialização flexível e pela desconcentração industrial, dando origem aos novos padrões de gestão da força de trabalho, como os Círculos de Controle de Qualidade, a gestão participativa, a Qualidade Total, presentes no diferentes países. A produção nesta tendência organizacional do trabalho é variada, diversidade e pronta para suprir o consumo, com melhor aproveitamento possível de tempo de produção. No campo da política vivia-se o Estado da social-democracia, em que o Estado agüentava a carga de um crescente descontentamento, garantindo alguma espécie de salário social adequado para todos ou engajar-se em políticas redistributivas ou ações legais que remediassem ativamente as desigualdades, combatessem o empobrecimento e a exclusão social, verificando-se a atuação do Estado do bem-estar social. Este processo aliado à globalização impõe a redefinição das funções do Estado, reduzindo seu tamanho através de programas de privatização, terceirização e publicização, emergindo o Estado Mínimo. Para Bresser Pereira (1998) o papel do Estado na área do financiamento é supletivo, criando estratégias para diminuir desigualdades e iniqüidades do sistema.

19: (RE)SIGNIFICANDO RELAÇÕES DE GÊNERO NO COTIDIANO ESCOLAR

Kátia Patrício Benevides Campos

Este estudo, objeto de pesquisa do trabalho de mestrado – UFRN, 2005, consiste em construir um quadro das concepções de gênero presentes na prática docente de profissionais da Educação que atuam no Ensino Fundamental, nas séries iniciais. Nesse contexto, apontando para uma investigação em torno da relação gênero e educação, numa perspectiva de construção social. Pretendemos analisar os modos de produção discursiva de docentes sobre o professor e a professora, bem como a mediação pedagógica desses indivíduos na construção de relações de gênero. Assim, objetivamos: identificar como são enunciados nos discursos dos (as) docentes os significados do ser professor e professora, de corpo e sexualidade; analisar como se dá a mediação pedagógica de professores (as) na produção das relações de gênero no cotidiano escolar; e, analisar o processo de problematização das concepções e práticas sociais de gênero dos sujeitos docentes a partir de uma intervenção. Desse modo, os sujeitos da pesquisa serão constituídos por professores e professoras da Rede Municipal de Campina Grande-PB com os quais utilizaremos questionários, entrevistas (individuais e coletivas) e observações do cotidiano escolar. O valor social desta pesquisa pode ser observado na importância de compreender e problematizar concepções dos docentes sobre gênero enquanto instância de formação política do educador. A intervenção nos possibilitará ainda problematizar perspectivas de gênero, podendo contribuir com a redefinição das formas como as relações sociais são construídas nos seus fazeres pedagógicos. Além disso, a explicitação da análise da trajetória de problematização destas concepções de gênero possibilita a incorporação dos resultados desta pesquisa na instância de formação de professores (ras) e na (re) orientação de propostas políticas relativas ao campo do gênero.

20: A ORDEM E O DESEJO: AS RAZÕES DOS CASOS DE “FRACASSO” DO PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO

Geraldo Magela Daniel Júnior

As ciências humanas designam de processo de socialização o amplo leque de experiências educacionais pelas quais passam todos os seres humanos que vivem em sociedade, a fim de internalizarem os padrões sociais necessários para que se tornem adultos adaptados e funcionais a seus respectivos universos culturais. O processo de socialização é levado a cabo por uma vasta gama de instituições e mecanismos educacionais através dos quais a ordem simbólica (conjunto de representações sociais) é internalizada em cada indivíduo particular. O êxito do processo de socialização é determinado pelo grau de simetria alcançado entre o mundo objetivo da sociedade e o mundo subjetivo do indivíduo. A socialização de êxito é aquela que consegue estabelecer grande semelhança entre a subjetividade e a sociedade ou, quando menos, a interiorização, pelo indivíduo, das representações sociais básicas à manutenção da ordem social. Inversamente, o “fracasso” do processo de socialização é atestado por um grau elevado de assimetria entre o indivíduo e a sociedade, principalmente aquela assimetria oriunda da rejeição das representações sociais básicas. Embora pouco expressivos em termos quantitativos, casos de “fracassos” do processo de socialização ocorrem, resultando na constituição de subjetividades culturalmente rebeldes e/ou transgressoras. Embora a teoria social admita a possibilidade desses “fracassos” da socialização, ainda não teorizou sobre suas “causas” ou “determinantes”. O objetivo deste trabalho é encontrar possíveis explicações para os casos de “fracasso” da socialização. Para tal, conjugará procedimentos teóricos (análise e síntese das perspectivas teóricas que interpretam a subjetividade como socialmente determinada) e procedimentos empíricos (entrevistas em profundidades com indivíduos classificados como rebeldes ou transgressores - militantes socialistas e anarquistas, artistas e intelectuais contestadores, prisioneiros civis, homossexuais travestis etc.).

21: ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL: UMA ANÁLISE A RESPEITO DO SEU PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E CRISE EM UMA PERSPECTIVA COMPARADA

Aline Amorim Melgaço Guimarães

O presente trabalho vem propor uma reflexão a respeito do processo de construção e crise do modelo de institucionalização de políticas sociais, principalmente pelos países de capitalismo avançado, conhecido por Estado de Bem-Estar social. Propomos apresentar uma breve discussão a respeito de duas correntes marxistas que concorrem na explicação do surgimento do Estado de Bem-Estar Social e em um segundo momento tratar a respeito da suposta crise enfrentada pelo Estado de Bem-Estar-Social tendo em vista argumentos econômicos, políticos e sociológicos. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho consiste em tomarmos conhecimento a respeito de algumas das principais discussões teóricas que buscam abarcar tais fenômenos.

22: A SOCIAL-DEMOCRACIA NO BRASIL

Raimundo França

O intuito deste trabalho consiste num esforço de compreensão teórico acerca da Social-Democracia e Welfare State, analisando suas semelhanças e diferenças, bem como tentando detectar suas possíveis inferências à realidade política brasileira. Para isso, recorremos a uma discussão da Social-Democracia a partir de Adam Przeworski, que aponta para o sentido histórico da social-democracia; em seguida, procuramos fazer uma problematização do conceito de Welfare State e Social-Democracia, partindo de um conjunto de autores que resgatam um pouco essa aproximação e, por último, analisamos até onde seria possível falar de Social-Democracia e política de Bem-Estar no Brasil.

23: SOBRE INIQUIDADE EM SAÚDE

Maria do Socorro Quirino Escoda

O artigo discute a conceituação, a natureza e a extensão das iniqüidades em saúde como extensão das extremas desigualdades sociais do processo de desenvolvimento brasileiro. Utiliza dados dos dois últimos relatórios anuais sobre o índice de desenvolvimento humano; os relatórios de avaliação da Organização Mundial de Saúde sobre a equidade nos sistemas de saúde além de avaliações de entidades e de experts em política de saúde. Das considerações gerais destacam-se que: a equidade - mesmo posta como princípio doutrinário, revolucionário e constitucional na assistência à saúde - assim como a universalidade e a integralidade constituem-se doutrina sem eficácia; as estratégias da política pública de saúde trazem o vício da focalização, reproduzem as iniqüidades, desmontam as citadas postulações jurídico-doutrinárias e a possibilidade de avanço social na assistência à saúde.

24: REFLEXÕES SOBRE A INSTITUIÇÃO FILA NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Julimar Pereira de França

A fila é uma instituição social bastante importante, pois está presente na vida de todas as pessoas. Nesse sentido, mesmo sendo um fenômeno micro social, o seu estudo pode revelar muitas contradições da nossa sociedade. Nosso objetivo consistiu na observação do funcionamento e organização de algumas filas, procurando captar nestes aspectos importantes da cultura política e organização social brasileira. Para isso, estudamos uma bibliografia que tinha como base autores como: Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Roberto da Matta e outros. Ademais, realizamos observações participantes em filas de diversos órgãos públicos e privados dentre os quais bancos, correios, casas lotéricas e postos de saúde. Assim, ficou constatado que, este é em tese um espaço eminentemente democrático, pois todos os seus participantes devem obedecer às mesmas regras, contudo, numa sociedade como a nossa em que a existência de privilégios é algo culturalmente arraigado, o princípio da igualdade que deveria existir nesse espaço é quebrado quando “supercidadãos” infringem com a cumplicidade das autoridades as normas organizadoras. Além Disso, a fila é a celebração implícita de um contrato social, todavia, como na sociedade brasileira a relação social se sobrepõe aos contratos é normal a maioria dos cidadãos está sempre procurando um conhecido nas filas para facilitar seu trabalho. Nesse sentido, quando o contrato é rompido e alguns cidadãos tentam reivindicar seus direitos numa fila, quase sempre são mal vistos, pois a cidadania é vista como uma questão negativa. Apesar de ser um aspecto micro-social a fila é uma instituição social que merece ser mais observada, pois seu estudo revela contradições seculares como: o personalismo, o patrimonialismo, a inversão público/privado e a negação da cidadania.

25: OS CRIMES ELEITORAIS NO SERIDÓ NA REPÚBLICA VELHA

João Batista Lucena de Assis

Este trabalho é o resultado final da dissertação de Mestrado sobre o tema: Os Crimes Eleitorais no Seridó na República Velha. O período ao qual a pesquisa se detém, está entre 1889 e 1930 e na especificidade da pesquisa o período entre 1894 e 1897. O aporte teórico recorre à literatura sobre a constituição e consolidação da República no Brasil, abordando temas como: sistema político, oligarquias e coronelismo, assim como a legislação eleitoral em suas partes penais. A pesquisa busca esclarecer questões pontuais como: definições de crime e fraude eleitoral, e a diferença entre crime e fraude eleitoral. O objetivo é empreender uma análise que identifica a cultura política e as relações de poder, relacionando as lideranças envolvidas nos processos crimes, apresentando os motivos de tais atos. Por ser de caráter documental e histórico, o material empírico é os processos crimes pertencentes ao acervo histórico do LABORDOC – CERES/UFRN Campus de Caicó. A justificativa é explorar um tema pouco trabalhado na história do RN e do Seridó. Sua originalidade está na análise dos processos crimes.

26: PARAHYBA,1930, A REVOLUÇÃO E O INCONSCIENTE POLÍTICO: CONFRONTOS

Dinarte Varela Bezerra

Tomando por base a proposição metodológica apresentada n’O inconsciente político: a narrativa como ato socialmente simbólico, na qual Fredric Jameson afirma que todos os textos literários ou culturais podem e devem ser lidos como resoluções simbólicas para contradições sociais insolúveis. Procuramos mostrar em nossa pesquisa a Revolução de 30 como um conflito ideológico que vem se desenrolando pela hegemonia dos acontecimentos políticos na Paraíba, desembocando em prática cultural e acirramentos na mídia, a Revolução de 30 apresenta-se como sintoma de um inconsciente político e de uma contradição social insolúvel.

27: O GOVERNO LULA À LUZ DO DEZOITO BRUMÁRIO DE LUÍS BONAPARTE

Anna Waleska Nobre Cunha de Menezes

Partindo do texto de Karl Marx, intitulado O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte este trabalho tem por tema as relações de alianças políticas no Brasil dos dias de hoje. A problemática em análise enfoca como a luta de classes pode levar a estratégia política de um grupo ou partido a um impasse. Deste modo, procura-se demonstrar a tese de que a política é um jogo de combinações cujas condições de possibilidades são limitadas. O objeto desta análise se traduz no dilema: como garantir a governabilidade de um país baseado em uma aliança realizada entre grupos políticos que representam classes opostas? Para tanto, apoiado na perspectiva histórico-dialética, este trabalho constitui um estudo de caso do governo Lula, analisado através das compreensões de Estado (República burguesa), classe, segmento de classe e da relação entre o parlamento e o executivo, contidos na obra supracitada.

28: O PAPEL DOS CONDICIONANTES HISTÓRICOS E ESTRUTURAIS NA ORGANIZAÇÃO DOS PARTIDOS MARXISTAS E DE ESQUERDA

Francisco Wellington Duarte

O fim do “socialismo real” e o surgimento de regimes – em sua maioria - com forte conotação nacionalista no antigo “bloco soviético” , trouxe à tona elementos que exigem um aprofundamento dos estudos acerca do papel dos partidos marxistas (e de esquerda), tanto quanto ao seu papel na transformação do sistema capitalista, quanto à tática e estratégia utilizadas para atingir tal objetivo. Esse artigo tem como objetivo iniciar um processo de discussão acerca da importância dos condicionantes históricos e estruturais numa determinada formação social e como estes elementos influenciam a formação e estruturação dos partidos localizados no campo da esquerda política. Tomou-se como foco de análise a Albânia, cujo partido dirigente sempre foi considerado o exemplo mais ortodoxo do stalinismo. Para possibilitar um aprofundamento do processo analítico optou-se por buscar ultrapassar a tradicional abordagem, quer na esquerda quer na direita, que o exemplo albanês não passou de uma “cópia radical do stalinismo ortodoxo”, e buscou-se identificar como o desenvolvimento das relações sociais na Albânia e como elas acabaram por influenciar o movimento comunista e – posteriormente – a constituição do partido comunista local. Concluiu-se que há elemento suficientes para colocar em discussão o papel dos condicionantes históricos e estruturais na formação da sociedade moderna albanesa e como eles determinaram, em última instância a estruturação e organização do partido comunista local, o que implica na necessidade de considerar, para efeito de pesquisa no campo da análise, todos os elementos que determinam uma formação social, a fim de compreender sua dinamicidade e, por conseguinte, qual o papel que estes aspectos têm na formação dos partidos marxistas (e de esquerda) e como, a partir daí pode-se entender a tática e estratégia de tais formações políticas no processo de transformação da sociedade capitalista.

29: TRANSPARÊNCIA ELEITORAL

Andressa Morais

Buscando revelar algumas das muitas corrupções que não se apresentam como verdadeira transparência diante da população, este trabalho foi elaborado com o desafio de apresentar uma reflexão sobre o quadro político eleitoral do Rio Grande do Norte, tendo como objeto de estudo o município de Carnaúba dos Dantas. O trabalho apresenta-se uma análise jurídica e sociológica da política eleitoral do município. Buscando imparcialidade mostrar-se-á de perto como as bandeiras dos "bicudos" e "bacuraus" predominam sobre a democracia, levando em conta questões como legitimidade, a virtú, a fortuna e o estado de natureza do homem. Havendo uma exemplificação dentro da disputa eleitoral, onde o principal objetivo é o alcance do poder. Contudo o principal objetivo deste trabalho é de alguma maneira denunciar a verdadeira realidade política brasileira, onde ainda aparece um "coronelismo" e voto de cabresto, com compra de votos, domínio e manipulação do voto. Toda a analise do trabalho vigente foi pesquisado com a ajuda de conceitos estudados em sala de aula, anexos como fita K7 tendo em seu conteúdo entrevistas, cópias de pedidos de notificação, mandados de notificação contra Zeca Pantaleão (prefeito vigente), mandato de intimação de Maria das Vitórias e fotos de propagandas eleitorais irregulares.

30: EXPANSÃO SOCIOESPACIAL DO CIBERESPAÇO NA CIDADE DE NATAL

Jaderson Gomes Pessoa (jadersongp@yahoo.com.br)

Na pesquisa Expansão Socioespacial do Ciberespaço na Cidade de Natal, em desenvolvimento, estuda-se a nova dimensão de relação social ocasionada pelo ciberespaço, tentando identificar representações culturais acarretadas aos usuários por este tipo de fenômeno. A pesquisa objetiva estudar o perfil – conjunto de valores, estilos e formas de pensar – dos usuários natalenses do ciberespaço atualmente, verificando a identificação ou representação que eles possuem com essa nova forma de dimensão social. O tempo advindo das novas tecnologias é marcado pela interatividade on-line que alteram nosso sentido cultural. O ciberespaço é uma dimensão de sociedade em rede, onde os fluxos definem novas formas de relações sociais, é também uma nova expressão material dos avanços da sociedade contemporânea. Este espaço virtual está em vias de globalização planetária e constitui um espaço social de trocas simbólicas entre pessoas dos mais diversos locais do planeta, modificando antigos valores e costumes, isto é, a cultura, que resulta da capacidade de os seres humanos se comunicarem entre si por meio de símbolos. Na rede virtual é possível uma relação de convivência de pessoas, produzindo identidades expressas nas tribos eletrônicas, temos, portanto um novo referencial do espaço vivido enquanto produto das relações humanas mediatizadas pela revolução da telemática. A metodologia usada são leituras para fundamentação teórica; entrevistas formais através de formulários a serem preenchidos pelos usuários nas diferentes zonas da cidade de Natal, além de visitas aos ambientes onde eles mais freqüentam para poder ter acesso ao ciberespaço, como por exemplo, as Lan Houses, em expansão constante na cidade de Natal.

31: BREVE ANÁLISE DO JORNALISMO CULTURAL EM NATAL, DOS ANOS 80 À ATUALIDADE

Jóis Alberto da Silva

O objetivo do trabalho é realizar uma breve análise do jornalismo cultural natalense contemporâneo, e suas relações com as ciências sociais, filosofia (a Escola de Frankfurt), literatura e artes, tendo por base a experiência desenvolvida pelo autor, jornalista Jóis Alberto, como criador do caderno “DN CULTURA”, no Diário de Natal/O POTI, em 1988. Caderno este transformado em “O POTI REVISTA”, em 1989, e que posteriormente passou por outras transformações, dando origem ao atual caderno “MUITO”, de jornalismo cultural diário dos citados jornais. O presente trabalho recupera parte do texto originalmente desenvolvido por nós em monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Jornalismo da UFRN, 1990.1, como requisito para obtenção do título de Bacharel. A arte e a cultura em Natal acompanharam, e em alguns momentos anteciparam, os rumos atuais do desenvolvimento econômico e social da cidade. Natal hoje não só consome, como também produz cultura de massa, ou indústria cultural, em escala crescente. O presente trabalho também se relaciona com a monografia acerca do ensaio A Obra de Arte na Época de Sua Reprodutibilidade Técnica, de Walter Benjamin, que estamos desenvolvendo, no ano letivo de 2005, como requisito para obtenção do título de Especialista, no Programa de Pós Graduação em Filosofia da UFRN, área Metafísica. O célebre ensaio de Benjamim tem como foco a questão da aura da obra de arte, ao se comparar as criações artísticas antes e depois do advento de modernas técnicas de reprodução e difusão cultural, como a fotografia e o cinema. Enfim, a partir do estudo da criação da editoria de cultura do DIÁRIO DE NATAL/O POTI, o trabalho apresenta um estudo do jornalismo cultural; da democratização cultural, as concepções ideológicas dos meios de comunicação de massa, as novas tecnologias de comunicação e as repercussões culturais, sociais, econômicas, e políticas na sociedade natalense.

32: A GENTE SOMOS INÚTEIS? TEMATIZAÇÕES, REPRESENTAÇÕES E IDENTIDADES NO ROCK NACIONAL DOS ANOS 80

Lázaro José de Medeiros Cunha

O presente trabalho, ainda em fase de elaboração, está sendo construído atualmente na disciplina Pesquisa histórica I, do curso de História da UFRN, que tem como meta a feitura do projeto de pesquisa que servirá de base para a monografia final do curso. Com o provável título: “A gente somos inúteis? Tematizações, Representações e Identidades no Rock nacional dos anos 80”, o projeto tem como principal objetivo refletir sobre que posicionamentos existiam nas músicas e nos artistas envolvidos com o Rock nacional nos anos 80, em relação aos problemas que o país enfrentava, identificando que imagens ou representações do Brasil eram construídas. Vinculados a esse objetivo geral, mais três objetivos específicos foram traçados; o primeiro, pretende identificar sobre o que as músicas do período falavam, e que temáticas eram mais recorrentes nas canções da época; o segundo, analisar como esses artistas se relacionavam com a industrial cultural, e como essa relação se refletia nas letras das músicas; e o terceiro e último, discutir sobre as conexões existentes entre o Rock nacional dos anos 80 e o processo de fragmentação da identidade nacional. A minha forte vinculação pessoal com o tema, à ausência de trabalhos de historiadores nessa área e a sua relevância social, me estimularam na escolha, que conta com o embasamento teórico / metodológico, de autores como Renato Ortiz, Nèstor Garcia Canclini, Homi K. Bhabha, Peter Burke, Michel Certeau, Stuart Hall e Fredric Jameson, nas questões e/ou conceitos relativos a temas essenciais a meu trabalho, como a hibridação cultural, globalização, identidades, meios de comunicação de massa, indústria cultural e pós-modernidade; e que se vinculam de forma significativa com a proposta do GT de discutir sobre política, sociedade e cultura, com seus eixos, sociedade e práticas culturais ou mídia e cultura.

33: O EPISÓDIO DE ULISSES E AS SEREIAS COMO METÁFORA PARA A SOCIOLOGIA.

Flaubert Mesquita de Oliveira

A escola de Frankfurt faz uso do mito de Ulisses escrita por Homero para mostrar de que forma o movimento do esclarecimento ainda guarda marcas fortes com os mitos. Elster, afinado com a teoria da escolha racional, procura mostrar que os procedimentos adotados pelo personagem da epopéia grega podem servir de alegoria para aqueles sociólogos que buscam as bases racionais do ator social. A astúcia de Ulisses se deve a mobilização dos recursos disponíveis para orientar sua ação e evitar o pior. Sabemos que o texto de Homero comportar vários níveis de interpretação, o que vai da literatura propriamente dita, a psicanálise, a filosofia e também as ciências sociais. Sua polissemia permite que os interpretes utilizem a figura mítica do herói, Ulisses, no seu episódio com as sereias para mostrar como o artifício utilizado por ele para se safar do canto mortal delas revela que o entendimento de “razão” comporta níveis diferenciados de interpretação. O potencial do texto também foi usado pelos filósofos frankfurtianos ilustram a dialética da razão esclarecida com oriunda do pensamento ocidental. Para a intenção do texto é analisar essas duas formas de problemas esse empreendimento de Ulisses na teoria crítica realizada por Theodor Adorno e Max Horkheimer e o sociólogo Jon Elster.

 

GT-33: METRÓPOLE, CIDADE, POLÍTICA URBANA

Coordenadoras:

Maria do Livramento Miranda Clementino

E-mail: clement@ufrnet.br

Departamento de Ciências Sociais

Rita de Cássia da Conceição Gomes

E-mail: ricassia@ufrnet.br

Departamento de Geografia

Local: Setor de Aula II, sala A1

Focaliza as cidades e as questões urbanas decorrentes das novas formas de desenvolvimento dos processos de globalização, de reestruturação dourbano edos novos modos de vida e cultura urbana. Focalizará, principalmente, a questão metropolitana onde os efeitos mais dramáticos da crise social brasileira estão localizados. O GT irá se dedicar à análise da política urbana e da dinâmica metropolitana; da expansão metropolitana e sua relação com o meio ambiente; do transporte; do saneamento; da habitação; do planejamento territorial urbano. Do mesmo modo, dará atenção à questões relacionadas a política urbana, governo urbano, relações inter-governamentais entre municípios, governança metropolitana, cultura política, atores sociais no cenário urbano atuando em conselhos, parcerias da sociedade civil organizada com o poder público. Dará atenção, ainda, às mudanças no perfil sócio-profissional e na segmentação e hierarquização dos espaços intra-metropolitanos . Tratará das tendências da estrutura sócio-espacial e das desigualdades que são acentuadas pelos processos excludentes; e, das novas tendências da dinâmica da produção do espaço urbano construído e seus efeitos sobre as desigualdades sociais nas cidades: mercado imobiliário, loteamentos, equipamentos, etc. Impactos desses processos nos deslocamentos espaciais de população, na constituição de novas territorialidades, novos sujeitos e novas identidades nas cidades.

Primeiro dia

01. Um sistema de informações geográficas para a Região Metropolitana de Natal

Profa. Dra. Cilene Gomes - UFRN/DARQ

Em vista dos objetivos de modelar a realidade da região metropolitana de Natal, na organização de um Sistema de Informações Geográficas e, assim, constituir um suporte ao permanente processo de reconstrução do conhecimento e à formulação de políticas ou planejamentos de caráter territorial, alguns direcionamentos metodológicos devem ser considerados. O primeiro deles se define pela busca constante de uma equiparação coerente entre os nossos pressupostos teóricos e de método e a organização das informações para a composição do SIG. Uma outra diretriz, a respeito do universo de informações a ser explorado, orienta-se pelo intuito de caracterizar a realidade estudada focalizando as estruturas da natureza que constituem a sua geografia física; a história de sua ocupação e do espaço construído que dela resulta; e a sociedade em suas instâncias econômica, política e cultural. Com base nesta compreensão global, será preciso o encaminhamento de uma releitura do espaço urbano-regional, de modo a destacar os principais problemas comuns e específicos aos municípios e, sobretudo, suas potencialidades ou recursos estratégicos e as situações representativas de um novo desenho social emergente. Nessa perspectiva de investigações, a questão central que se entreabre ao avanço do conhecimento e ao domínio público é a da remodelação da sociedade e do território, das mudanças de ordem estrutural e emergencial que o país tanto necessita. Re-traduzida aos termos de uma política de desenvolvimento social e urbano de caráter regional ou local, o equacionamento desta questão deveria enraizar-se, portanto, nos desígnios de um projeto de nação, onde os desafios da retificação de nossa história e do resgate de nossa cultura possam ser enfrentados graças a uma consciência cada vez maior das forças locais de organização ou mobilização da sociedade, à construção dos alicerces para uma cidadania mais autêntica e plenamente exercida, aos desenvolvimentos científicos e tecnológicos mais apropriados etc.

02. O uso do SIG-Spring na construção da base cartográfica da Região Metropolitana de Natal

Franklin Roberto da Costa

Projeto CNPq/PRONEX/FAPERN- O Mapa Social da RMNatal

A Região Metropolitana de Natal é hoje uma realidade no cenário político administrativo do nosso Estado. Problemas relacionados à saúde, educação, moradia, entre outros, não podem ser discutidos isoladamente. Pensando nisso, o presente trabalho vem construir a base cartográfica da Região Metropolitana de Natal. Foram utilizados dados do IBGE com todos os setores censitários urbanos e rurais dos municípios percententes a Região Metropolitana supracitada. Os setores censitários do IBGE foram utilizados como base para a construção das Áreas de Expansão Demográfica – AEDS, alvo principal do Projeto “O Mapa Social da Região Metropolitana de Natal”, cujo objetivo principal é realizar uma análise sócio-espacial da Região Metropolitana de Natal a partir de dados secundários, obtidos via órgãos públicos e privados, nas esferas local, estadual e federal. A ferramenta utilizada para a construção da base cartográfica da Região Metropolitana está sendo Sistema de Informações Geográficas – SIG – SPRING/INPE 4.1. Foram realizadas importações dos dados advindos do arquivo .shp* dos setores censitários urbanos e rurais, onde posteriormente foram convertidos para o arquivo .ascIIspring*. A partir de então foram criados polígonos que serviram como base para a inserção de um banco de dados referentes a questões sócio-econômicas e ambientais, e, por conseguinte, geraram-se vários mapas temáticos. Somado a isso, foram inseridos dados vetoriais e raster, para a visualização do meio físico da Região. Deste produto final, serão realizada análises sobre os principais problemas de caráter sócio-econômico e ambiental para a Região Metropolitana de Natal.

03. Vulnerabilidade Social na Região Metropolitana de Natal

Algéria Varela da Silva

Bolsista PIBIC/ Projeto CNPq/PRONEX/FAPERN- O Mapa Social da RMNatal

A globalização interliga o mundo numa grande rede de informações e intensifica as desigualdades sociais. A cada momento a pirâmide social torna-se uma “ampulheta”, ricos no alto, médios comprimidos e pobres numa grande camada de sustentação, na base da sociedade.De um lado um mundo criado para uma parte abastada financeiramente, provida de bens e de outra um mundo real recheado de inúmeros problemas e contrastes. Com a urbanização um novo paradigma é criado dentro das cidades, ao mesmo tempo em que a cidade é aproximada espacialmente, cria-se uma exclusão desses espaços. Como proposta de trabalho faremos a observação de indicadores de vulnerabilidade social na Região Metropolitana de Natal. A ocupação do espaço urbano será analisada por requisitos de educação, renda e trabalho.Essas três variáveis identificam ou não se há qualidade de vida da população.Os dados serão analisados segundo as AEDS - Área de Expansão Demográfica do Censo 2000 e do PNUD - Atlas do Desenvolvimento Social e Humano. Ao recortarmos a população entre 18 e 24 anos da Região Metropolitana de Natal, população esta em idade economicamente ativa e ao observamos os indicadores de educação, desta referida população constatamos um baixo nível de escolaridade e conseqüentemente a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho formal em função de uma educação precária.

04. Análise do perfil urbano no estudo do processo de urbanização e regionalização do Estado do Rio Grande do Norte para o embasamento da organização de um sistema de informação geográfica.

Ana Mônica de Brito Costa/UFRN/Mestranda em Geociência/Bolsista INPE

Cilene Gomes- UFRN/DARQ/Bolsista DCR/CNPq/FAPERN

O perfil das cidades segundo as classes do tamanho populacional constitui uma representação inicial da evolução do sistema urbano ao longo do período que se estende de 1940 ao ano 2000 e deverá se prestar a uma descrição geral dos contornos do processo de urbanização e regionalização do Estado do Rio Grande do Norte. A partir daí, um processo de indagação e análise deverá se estabelecer no sentido de entendermos melhor as tendências da aglomeração populacional relacionadas às distintas regiões do Estado e os significados do tamanho das cidades, no quadro de uma compreensão progressiva dos conteúdos e dinâmicas mais recentes da urbanização, em razão dos impactos da modernização sobre a organização do território nas diferentes regiões e cidades. Nesse sentido, a orientação do estudo desdobra-se para desvendarmos a realidade do espaço urbano e regional em sua unidade e diversidade, o que subentende inserirmos esta mesma realidade em uma lógica comum à formação sócio-espacial da região nordeste e, mesmo, do país e, simultaneamente, em uma lógica de demandas e respostas que se diferenciam no contexto das relações entre as cidades e seus arredores. Com este estudo, destacamos não apenas o objetivo de reconstrução teórica e empírica do conhecimento, a partir de uma averiguação dos nexos sócio-econômicos e geográficos que estão por detrás da informação estatística e seu mapeamento, mas também a perspectiva de embasarmos a construção de um SIG, no sentido de atribuir a este instrumento de aproximação do mundo real o seu devido lugar enquanto elemento potencialmente integrador e gerador de diferentes espécies de informação geográfica e, portanto, ferramenta imprescindível para a formulação eficaz de políticas públicas e processos de planejamento de caráter urbano e territorial, bem como para os distintos contextos de cooperação e produção social.

05. Estudo dos processos sócio-ambientais relacionados a expansão urbana, destacando as situações de degradação na região do Rio Doce Natal

Maria da Conceição Oliveira Américo

UFRN/Mestranda do PRODEMA

A preocupação com o meio ambiente tornou-se notável nos últimos tempos. Esta temática representa um desafio, considerando as proporções que os impactos ambientais já tomaram no decorrer da história da humanidade, especialmente a partir da sociedade moderna com o advento da Revolução Industrial. Um dos agravantes desses impactos é o crescimento desordenado nas zonas urbanas, o qual não é acompanhado pelo poder público no que se refere à manutenção da infra-estrutura básica que propicie o bem-estar da população, no que tange aos itens educação, saúde, transporte, saneamento básico e lazer. Na zona norte da cidade de Natal/RN, especificamente na região que margeia o Rio Doce, limite entre os Municípios de Natal e Extremoz, identificou-se através de levantamento documental preliminar, altos índices de doenças, podendo ser citadas esquistossomose, dengue, hepatites, câncer estomacal e intestinal. Os bairros de Lagoa Azul e Pajussara concentram cerca de 12% da população do Município. As condições de saneamento básico (esgotamento sanitário, coleta de lixo e abastecimento de água) são precárias, destacando-se que os bairros adjacentes ao Rio Doce apresentam um percentual de esgotamento sanitário em torno de 1%. Assim sendo, o presente estudo tem por objetivos: Geral – identificar/conhecer os processos sócio-ambientais relacionados à expansão urbana, destacando as situações de degradação ambiental naquela região; Específicos – observar/analisar a percepção do público alvo em relação ao ambiente que ocupa; traçar perfil sócio-econômico dos agentes antrópicos residentes na região do Rio Doce, concomitante ao levantamento das condições de saneamento básico da população local. Para tanto, será utilizado o método qualitativo de investigação através de entrevistas e formulários aplicados à população e às lideranças comunitárias, além de levantamentos bibliográfico e documental. Espera-se com este estudo fornecer elementos que contribuam, tanto para o despertar da consciência ambiental da população envolvida, quanto para subsidiar os gestores públicos na definição das políticas a serem implementadas nesta região do Natal.

06. OS Desafios da Governabilidade Sócio-espacial e AmbientaL na Região Metropolitana de NATAL

Profa. Ms.Maria Célia Fernandes- Universidade Potiguar-UNP

O presente trabalho tem a pretensão de promover uma discussão sobre a intergovernabilidade entre municípios que formam uma região metropolitana, dentro de uma emergente configuração espacial. Para tanto, esse texto constitui uma proposta de pesquisa que objetiva desvelar o modelo de governabilidade entre os municípios que compõe a região metropolitana de Natal, quanto à problemática sócio-espacial e ambiental. De modo geral, observa-se que o uso e a ocupação do território em regiões metropolitanas, tem exigido a adoção de um novo paradigma de governabilidade, que contemple à gestão da sociedade e do espaço. O planejamento alternativo e/ou participativo tem sido utilizado como um instrumento que poderá trazer desenvolvimento e sustentabilidade ao ambiente natural e construído/vivido. Nessa linha de pensamento, as novas práticas de planejamento têm considerado a espacialidade regional e sua inter-relação com o global e o local. Assim, os instrumentos de gestão como Planos de Desenvolvimento e de Zoneamento de Áreas, Planos Diretores e Projetos de Intervenção Urbanísticos, tem assumido a função de disciplinar e ordenar o consumo do espaço nas esferas sócio-cultural, política e ambiental. Em uma aproximação preliminar com o objeto de investigação, através da utilização de uma abordagem empírica sobre os veículos de gestão, e o seu diálogo com as teorias relativas a economia regional numa perspectiva interdisciplinar, visualisa-se, a título de hipótese, a existência de uma desarticulação político-administrativa entre as instituições de planejamento municipal. Além disso, a falta de estratégias que iniba a pressão dos agentes consumidores de espaço e recursos naturais, criando as condições para a deterioração da qualidade de vida nas áreas urbanas e/ou legalmente protegidas, o que imprime a necessidade de se delinear e avaliar o planejamento adotado entre os municípios da grande Natal e indicar os seus impactos do ponto de visto ambiental e sócio-espacial.

Segundo dia

07. Política Habitacional no Governo Lula: financiamento e promoção e produção cooperada de moradia

Profa. Ms. Maria Cristina de Moraes - UFRN/DARQ

A produção cooperada de habitação surge, institucionalmente no Brasil a partir de 1964, com a política habitacional implementada pelo Banco Nacional da Habitação (BNH). A extinção, em 1986, deste Banco, acarretou a redução drástica do financiamento estatal para a moradia com impacto para as cooperativas habitacionais, que deixam, em 1993, de fazer parte do corpo de agentes financeiros do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). No governo Lula da Silva, o Ministério das Cidades coloca que o fortalecimento e reestruturação das cooperativas e associações habitacionais se constituem um dos pontos centrais para a construção de um novo Sistema Nacional de Habitação. Em abril de 2004 é criado o Programa de Crédito Solidário (PCS), que tem como objetivo atender às necessidades habitacionais da população de baixa renda, organizada sob forma cooperativa ou associativa. As Regiões Metropolitanas, detentoras dos maiores percentuais do déficit habitacional brasileiro que ultrapassa sete milhões de unidades, são prioridade e os recursos para financiar o programa são do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), sendo previsto, ainda, àqueles oriundos da participação de estados, Distrito Federal e municípios. O objetivo é avaliar a capacidade e condições do PCS para a produção cooperada de moradia de interesse social no contexto da política habitacional do Ministério das Cidades. Este trabalho representa o passo inicial da pesquisa “A produção cooperada de moradia e a política habitacional do Governo Lula: Programa de Crédito Solidário (PCS)” que acompanha a implantação deste programa no Rio Grande do Norte, com ênfase na Região Metropolitana de Natal (RMN). É fundamental avaliar os resultados do PCS face às indagações, dúvidas e questionamentos existentes, principalmente em relação a: critérios de escolha das propostas; escala de produção; distribuição geográfica; capacidade das entidades implantarem o programa; limites do financiamento; (e capacidade das famílias assumirem o pagamento).

08. O Estatuto da Cidade como marco regulatório da organização do Espaço urbano

Ana Lúcia de Souza Siqueira - UFRN/Mestranda Ciências Sociais

O Estatuto da Cidade é uma Lei Federal que regulamenta o capítulo sobre política urbana aprovado pela Constituição Federal de 1988, nos seus artigos 182 e 183. Essa nova lei vai dar suporte jurídico às estratégias e aos processos de planejamento urbano, e principalmente à ação dos governos municipais que estão empenhados no enfrentamento das graves questões urbanas, sociais e ambientais. Os problemas decorrentes do crescimento urbano sempre foram relegados. A precariedade institucional tem impedido que seja feita uma divisão territo­rial de maneira regular e eficiente, assim como a política de controle do crescimento urbano sempre esteve baseada na adoção de território, mais para incentivar o capital, e menos para beneficiar a população. Até pouco tempo, não havia uma legislação que regulasse o assunto, nem tampouco que controlasse o uso do solo. O texto insculpido no Estatuto da Cidade traz a intenção de efetivação da cidade democrática de direito. Neste sentido, a Lei estabelece como princípio de gestão democrática, programas e projetos de desenvolvimento urbano, para a consecução cotidiana das conquistas sinaliza­das pelo novo marco regulatório. Tal gestão deverá ser viabilizada por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos. Faz-se mister tais considerações, para que se possa compreender que as normas do Estatuto da Cidade devem-se impor aos interesses privados, pois são de obrigatório cumprimento e acatamento por seus destinatários que, no caso, são todos os indivíduos, todas as esferas de governo (União, Estados e Municípios) e seus respectivos Poderes, incluindo-se, aí, o Judiciário que não mais poderá omitir-se na aplicação da legislação urbanística. Portanto, o Estatuto da Cidade constitui-se um importante suporte jurídico que busca alternativas para a solução dos graves problemas urbanos sociais e ambientais que atingem enormes parcelas da população brasileira. Necessário se faz, porém, que suas diretrizes-princípios, sejam efetivamente aplicadas.

09. Reivindicações pela posse da terra: a importância do “papel passado”

Gleiciane Maria de Oliveira Fernandes - UFC/Graduanda em Ciências Sociais

Esta proposta de pesquisa tem como objetivo entender o movimento que busca a regularização fundiária empreendido pelos moradores do bairro Parque Presidente Vargas em Fortaleza e os sentidos, significados e valores dados ao título de propriedade pelos referidos moradores. Volto o meu olhar para as “novas” formas reivindicativas presentes nos movimentos sociais em prol da habitação na cidade de Fortaleza. Tendo como base teórica os autores que buscam entender a problemática da moradia urbana questiono: por que as reivindicações relacionadas à questão habitacional, apresentam diferenças entre o direito à posse e o direito à propriedade? Qual a função desempenhada pelas associações de moradores do bairro no movimento? Quem são os atores que protagonizam e dão sentidos e significados à “luta” pela regularização da terra? A estratégia metodológica consistirá em entrevistas com moradores, entidades públicas e privadas que participaram e/ou participam desta reivindicação, levantamento de dados nas associações de moradores do referido bairro, pesquisa bibliográfica e de dados históricos da cidade de Fortaleza. Os dados até agora obtidos revelam que: 1- a posse da terra funciona como garantia de herança; 2- O “papel passado” é visto como forma de valorização das negociações de compra e venda de imóveis no bairro Parque Presidente Vargas.

10. “Viver entre muros”: o privado como produtor de novas relações sociais

Marina Rebeca de Oliveira Saraiva - UFC/Graduanda em Ciências Sociais

“Viver entre muros”: o privado como produtor de novas relações sociais A presente proposta de pesquisa busca entender como se constituem os laços sociais em condomínios urbanos, na cidade de Fortaleza, tendo como fenômeno de estudo essa nova forma de moradia: os chamados “condomínios fechados”. Lanço meu olhar sobre as “novas” formas de sociabilidade mais voltadas para o espaço privado que são típicas de um padrão mais recente de estruturação urbana. Tomarei como foco de investigação empírica o Alphaville, condomínio de casas de “luxo” localizado na área metropolitana de Fortaleza. Sob a luz teórica de DaMatta que diz que os espaços são invenções sociais (DaMatta,1997) questiono: quais seriam os valores ou até mesmo, a “regra social” partilhada por esses indivíduos, que fundam essa “nova configuração” sócio-espacial da cidade? Como a modernidade, pensada do ponto de vista das interações sociais e transformações nos estilos de vida de grupos sociais, influencia nesse processo de “encantamento” por uma nova concepção de moradia, que tem como fundamento a “vida entre muros”? Pretendo, por meio desse estudo, compreender como a configuração espaço PRIVADO x espaço PÚBLICO traz consigo novas redes de relações sociais urbanas, e também um novo cenário para a cidade. A busca pelo espaço privado produz também um novo padrão de uso do espaço público da cidade e de seus equipamentos coletivos. A estratégia metodológica da pesquisa consistirá em entrevistas com moradores e com construtores do condomínio, incluindo conversas informais a partir de visitas ao condomínio, além de levantamento bibliográfico e de dados históricos da cidade de Fortaleza.

11. Refletindo sobre o mundo Pós-Moderno: alguns conceitos e considerações

Adriana Carla de Azevedo Borba - UFRN/Mestranda PPGAU/Bolsista CAPES

Vivemos atualmente num mundo em constante e acelerada transformação; num esforço para compreender estas transformações e qual tem sido seu rebatimento no espaço humano geográfico, foi produzido este artigo (baseado em pesquisa bibliográfica) no qual foi pontuada uma série de temáticas, abordadas especialmente por geógrafos ou estudiosos da geografia. Este artigo se propõe a trazer à tona o entendimento de geógrafos acerca do atual debate sobre espaço e território, e identificar como estes elementos vêm se articulando nos estudos científicos visando à compreensão da realidade globalizante e fragmentada que vivenciamos atualmente. Foram levantadas questões relativas aos debates conceituais de espaço e território; um breve histórico do processo de transformação do termo “espaço” assim como os diversos enfoques do estudo geográfico desde seu surgimento oficial como área de conhecimento passível de estudo científico até os dias de hoje; algumas das transformações atuais mais identificadas no material bibliográfico pesquisado (globalização x fragmentação; interferências no cotidiano; as redes; os novos papéis do Estado) e algumas considerações. Observa-se os processos de Globalização e Fragmentação do território e suas conseqüências, as interferências no cotidiano das pessoas, os novos papéis do Estado, dentre outras questões significativas. Alguns destes problemas, que estiveram presentes em outros períodos históricos, não só não foram sanados como foram acentuados e dispersos por todo o mundo; as questões de cunho econômico foram expandidas e se encontram entrelaçadas (assim como as questões ambientais, políticas, sociais) exigindo dos governantes a adoção de agendas comuns para solucionar problemas globais. Neste sentido, as revisões de conceito se propõem a construir as novas realidades que vão surgindo, possibilitando também o diálogo e discussão entre os diversos campos disciplinares, cada um com sua contribuição e sua visão do problema, num esforço por apreender os fenômenos sociais e espaciais.

12. A galera da Pump, uma tribo urbana

Gilson José Rodrigues Júnior/ UFRN/Graduando em Ciências Sociais

O presente trabalho tem como principal objetivo dar continuidade a pesquisa realizada no primeiro semestre de 2003, durante disciplina ministrada pela professora Lisabeti Coradini (Introdução a teoria antropológica), quando divididos em grupos, os alunos deveriam escolher um determinado grupo social (comunidade) para a realização de uma pesquisa de campo, na qual seriam colocados em prática o conhecimento teórico, introdutório, adquirido durante as aulas em sala de aula. Tal pesquisa nos permitiu perceber, através da observação participativa, que os fatos do cotidiano (como jovens dançando e/ou reunidos ao redor de uma maquina de dança num Shoping), geralmente ignorados pelo senso comum, podem ter muitos aspectos antropológicos e sociológicos. Como exemplo disto pode-se citar que este grupo, “A galera da Pump”, possui uma linguagem própria (gírias específicas), gostos afins, intercâmbios interestaduais com outros “pumpeiros”, festas, fórum na internet, se comunicam cotidianamente por meio desta. Também classificam aqueles que fazem parte da tribo, baseada na experiência e desenvoltura na máquina. Chegamos a conclusão de que eles formam uma verdadeira tribo urbana. Os próprios pumpeiros concordaram com isso, quando levados a tal reflexão. Uma das principais observações que pudemos realizar durante a pesquisa é que apesar de todos os integrantes desse grupo gostarem de jogar/dançar, a máquina é muitas vezes o motivo aparente da reunião, pois o objetivo principal é o “estar-junto”, pois muitos vão ao encontro, ficam conversando, mas não jogam/dançam, estão ali para interagirem uns com os outros,utilizar a máquina torna-se muitas um motivo secundário. A imagem, na contemporaneidade, apresenta-se não como um instrumento auxiliar na pesquisa de campo, mas como uma nova linguagem antropológica, baseada nas imagens, formando através destas um texto imagético, que deve formar um sistema lógico e ordenado, permitindo ao observador apreender a intenção do pesquisador ao retratar determinados momentos. Baseado nisto, foram, neste trabalho, selecionadas 15 fotos, entre as cinqüenta batidas, que tem como principal objetivo mostrar a ação dos “pumpeiros” durante o jogo/dança, momentos de interação e a atitude de outras pessoas que param no local para observar. Obviamente não existe, aqui, a pretensão de apresentar uma pesquisa aprofundada, mas uma visão panorâmica, devido a pequena quantidade de fotos e o pouco tempo em campo.

GT-34: CIDADE E QUALIDADE DE VIDA

Coordenador:

Ademir Araújo da Costa

E-mail: Ademir@ufrnet.br

Departamento de Geografia

A urbanização que vem ocorrendo no mundo, nas últimas décadas, associada ao desenvolvimento do capitalismo, tem-se caracterizado pelo rápido crescimento dos grandes centros e pelo surgimento de problemas sócio-espaciais dos mais diversos no seu interior, tais como: saúde, educação, infra-estrutura, transporte, habitação, ambiente, etc.,favorecendo com isto o comprometimento da qualidade de vida. Esse crescimento acelerado das cidades e as transformações que as mesmas vêm passando originam uma nova forma de ação social, na qual o ordenamento urbano é considerado como um exercício de controle desses espaços. Entretanto, o poder público, como agente regulador e minimizador desses problemas, não tem dado, muitas vezes, a devida atenção no sentido de dotar esses centros de melhor infra-estrutura, equipamentos e serviços adequados, proporcionando assim melhores condições de vida a população residente. O GT ora proposto visa discutir questões, tanto de natureza teórica quanto empírica, relativa aos problemas urbanos dos mais diversos. Serão consideradas propostas de trabalho sobre os diversos aspectos relativos ao crescimento das cidades, principalmente as que abordarem questões atinentes a:

1. Os problemas do crescimento urbano;

2. Desigualdade, exclusão e segregação sócio-espacial;

3. Qualidade vida urbana;

4. Políticas públicas e planejamento urbano;

5. Mercado imobiliário;

6. (des)organização espacial das cidades;

7. Infra-estrutura urbana.

Primeiro dia

01: QUALIDADE DE VIDA X PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS:O CASO DE NATAL

Ana Carolina da Silva

PET/DGE/UFRN

A qualidade de vida e os problemas ambientais urbanos estão correlacionados, porque a urbanização é um fato que traz consigo problemas que tem afetado a vida da população na cidade. Hoje já se sabe que qualquer alteração no ambiente, reflete numa cadeia de conseqüências. Essas alterações influenciam na qualidade do meio urbano e conseqüentemente na qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido a pesquisa em desenvolvimento tem como objetivo analisar a qualidade de vida da população natalense e a influência dos problemas ambientais urbanos que vem crescendo de forma acelerada e comprometendo a qualidade de vida da sociedade. Para realizar essa análise se faz necessário uma pesquisa documental, através de levantamento bibliográfico, a leitura de jornais, pertinente ao tema e, posteriormente, a aplicação de questionários que avaliem em que nível os problemas ambientais urbanos de Natal afetam a qualidade de vida da população. Essa pesquisa é de grande importância, uma vez que trata de problemas que vem agredindo não somente o meio natural, como a qualidade de vida da sociedade natalense.

02: PAÇOS CULTURAIS DA CIDADE DO SOL: RELAÇÕES URBANISMO-LAZER

Juliana Dantas Rocha

Maísa Carvalho de Souza

Comunicação Social/Jornalismo/UFRN

O estudo que segue objetiva apontar espaços culturais de lazer urbanos da esfera pública e privada da Cidade do Natal, localizada no Estado do Rio Grande do Norte, conhecida turisticamente por Cidade do Sol. Para tanto, busca-se entender o papel da urbanização no mundo moderno e a ocorrência de uma procura por qualidade de vida. Nesse meio, enfocando as relações da modernidade, de mercado capitalista, bem como a importância de áreas livres, utiliza-se de uma metodologia de característica exploratória-explicativa, resultando numa fundamentação teórica composta pelos respectivos tópicos: Lazer: um direito; Urbanização: um fato; Cidade: turbilhão de complexidades; Natal: Cidade do Sol; Paços Culturais e Qualidade de Vida. A pesquisa vem a suscitar, no universo contemporâneo, uma necessidade de se aproveitar de forma multifacetada e eficaz os espaços destinados ao prazer, produzindo sujeitos críticos, concebedores do elemento lazer enquanto expoente ímpar à qualidade de vida. Assim, o lazer desponta reclamando uma prática atrelada à atuação profissional responsável, livre iniciativa e gratuidade, expoente de espaços compreendidos como ambientes de relações humanas, nos quais se resguardam riquezas inestimáveis à história de um povo, pois que remetem formação de sistemas e modo de viver em sociedade.

03: O LIXO: UMA PROBLEMATICA URBANA AMBIENTAL DE NATAL

Diego Bezerra Cavalcante     

Manassés Silva de Moura

DGE/UFRN

A exemplo das grandes metrópoles e centros regionais, Natal sofre com graves problemas urbanos ambientais, fruto de uma expansão urbana rápida que teve seu ápice na década de 40, com o engajamento do Brasil na segunda guerra mundial, tendo Natal a função de base aérea americana, abrigando um grande contingente de soldados. Diante desta situação houve a expansão de bairros (Petrópolis e Tirol) para comportar tal crescimento populacional, a dinamização da economia natalense e como resultado um maior consumismo. A partir deste momento a cidade de Natal e sua região metropolitana vêm crescendo cada vez mais juntamente com a sua população, tendo esta um aumento considerável, levando em conta o crescimento vegetativo da mesma, a imigração de estrangeiros e a migração de pessoas de outros estados do Brasil que optam por morar em Natal e o ciclo turístico que faz com que esta cidade abarque um grande numero de pessoas na alta estação. Atrelado a este crescimento populacional, está o aumento desenfreado dos problemas ambientais, sendo os principais: desmatamento; degradação de áreas verdes e o aumento da concentração asfaltica e de concreto, culminando com o surgimento de micro climas; poluição atmosférica; poluição sonora e visual; poluição de mananciais e lençóis freáticos e o aumento da produção de lixo. Este último desperta relativa preocupação por estar interligado com a poluição dos mananciais e lençóis freáticos e pelo seu destino final. O nosso trabalho se propõe a trazer esta problemática a tona, no que concerne a seu destino final (lixão de Cidade Nova e aterro sanitário de Ceará-Mirim), as mazelas sociais (com relação as pessoas que trabalham ou trabalharam no antigo lixão) e apresentação de possíveis soluções.

04: MEIO AMBIENTE, INTERESSE SOCIAL E PATRIMÔNIO HISTÓRICO NUMA FRAÇÃO URBANA EM NATAL/ RN

Adriana Carla de Azevedo Borba

PPGAU/UFRN

A pesquisa estuda uma fração do bairro de Cidade Alta (dentro de área de Preservação Histórica, Proteção Ambiental e Interesse Social), analisando-a sob o ponto de vista ambiental, confrontando parâmetros legislativos e a realidade local. Verificou-se se os parâmetros permitiam análise ambiental e se estavam sendo atendidos. Os parâmetros utilizados foram o Plano Diretor de Natal, O Código do Meio Ambiente e a Organização Mundial de Saúde. Na questão de proteção ambiental e de operação urbana, faltam legislações específicas. O bairro deve seguir as prescrições: área mínima do lote (125m²); área mínima frente do lote (6m); recuos (frontal: sem; lateral: 1,5m e fundo: 3,0m), gabarito máximo 2 pavimentos; taxa de ocupação máxima (70%), taxa de impermeabilização máxima (80%). Na fração urbana, temos área total de 27.724.9m², com 15.576,55m² área construída (56,18%) e 12.148,35 m² área livre (43,82%). Os lotes têm em média 74,88m²; a maioria possui só recuos de fundo, e as casas são geminadas; toda a fração possui no máximo 2 pavimentos. Não é permitido o lançamento de esgoto “in natura”; contudo a rede de esgoto não atende a demanda; e muitas edificações não possuem instalações sanitárias. É proibida a incineração e a disposição final de lixo a céu aberto, e seu lançamento em água de superfície ou subterrânea, etc; na prática, o lixo tem outros destinos. A OMS estabelece 16m² de área verde por habitante. Na fração estima-se 16,21m² de área verde por pessoa. Um dos principais problemas identificados para a realização de um diagnóstico preciso é a ausência de legislações específicas. Há de se registrar o problema do saneamento básico (69%) no bairro da Cidade Alta, numa área próxima ao rio, mangue, mar, onde fossas e outros sistemas de descarte de lixo comprometem o subsolo, danificando fundações do sítio histórico, acelerando a contaminação do lençol freático.

05: O PROCESSO DE SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL E QUALIDADE DE VIDA: UM OLHAR SOBRE AS FAVELAS DE NATAL-RN.

Fábio Daniel Pereira Marinho

CNPq/DGE/UFRN

O Processo de industrialização brasileiro, além de provocar um expressivo crescimento populacional ocasionado pelas migrações campo-cidade, provoca também importantes mudanças estruturais nos centros urbanos. Tais mudanças têm contribuído para o desenvolvimento das comunicações e dos transportes, fato que tem favorecido o fortalecimento da articulação entre as diversas partes da cidade. Entretanto, essas mudanças não tiveram um alcance esperado uma vez que se observa problemas de infra-estrutura no interior das médias e grandes cidades do país. Associado a isso, se percebe uma elevada especulação imobiliária, tornando o solo urbano uma mercadoria valiosa, fato que vem resultar na restrição do acesso da classe trabalhadora as áreas dotadas de equipamentos urbanos. Impedidos de possuir uma moradia digna, a população de baixa renda tem como saída à moradia em vilas ou favelas desprovidas quase ou totalmente de infra-estrutura básica. Em Natal a realidade não é diferente. Assim, a expansão urbana que se verificou no pós Segunda Guerra e vem se consolidando até o presente, criou espaços vazios para a especulação imobiliária e a instalação de equipamentos urbanos que beneficiaram apenas uma certa parcela da população. O resultado foi o surgimento e a expansão do número de loteamentos clandestinos e de favelas no interior da cidade. Nesse sentido, por volta de 1975, Natal apresentava cerca de 30 favelas e atualmente, de acordo com dados da prefeitura, chega a 70, com uma população de aproximadamente 65.122 pessoas. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico em órgãos oficiais e uma pesquisa de campo com aplicação de questionários, apresentando como resultado uma releitura do surgimento deste grave problema habitacional na cidade, além da amostra de dados sobre a situação sócio-econômica de seus moradores. revelando um espaço urbano que se tornou através dos anos um palco segregado onde diversos atores sociais procuram delimitar seus espaços.

06: (RE) ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL DO PASSO DA PÁTRIA: “DE UM ESPAÇO SEGREGADO A UM ESPAÇO URBANIZADO”

João Henrique Gomes da Silva

PET/DGE/UFRN

O Trabalho de pesquisa intitulado: Reestruturação espacial do Passo da Pátria – Natal/RN: “de um espaço segregado a um espaço urbanizado”, que encontra-se em andamento, tem como objetivo principal analisar as modificações que a favela Passo da Pátria – Natal/RN vem passando, a partir da implementação, através do poder público de um projeto dito de urbanização, portanto transformando-a “de um espaço segregado para um espaço urbanizado”. Os problemas socioespaciais de Natal são produtos do acelerado crescimento urbano que a cidade vem sofrendo nos últimos anos fruto de um sistema econômico que cada vez mais impõe suas normas sobre o espaço urbano, gerando espaços ditos urbanizados e segregados. Essa pesquisa pretende verificar que transformações são essas, se realmente a população está sendo atendida e se essas novas estruturas estão contribuindo para que a favela se torne urbanizada. Dessa forma o espaço urbano se torna cada vez mais objeto de contradição, conseqüência de uma sociedade desigual, no qual nem todos têm direito a um pedaço de terra na cidade.

07: A GEO-HISTÓRIA DO BAIRRO: O CASO DO ALECRIM NA CIDADE DE NATAL-RN

Josué Alencar Becerra

PPGe/UFRN

Neste trabalho, pretendemos analisar o presente através do processo histórico vivenciado pelo bairro do Alecrim, tomando por mérito a sua forma e conteúdo socioespaciais. Seu objetivo é, especificamente, demonstrar a importância do bairro, localizado em uma área tradicionalmente popular de Natal, dentro do contexto de sua evolução urbana, identificando sua dinâmica socioespacial juntamente com as funções exercidas ao longo da sua história. A investigação teórica e empírica de sua estratificação na atualidade tentará explicar o processo de (re)produção socioespacial, tendo por base a recuperação de alguns processos geo-históricos. Torna-se necessário passearmos em diversas literaturas que tratem da definição do que seria um bairro, afim também de obtermos um embasamento teórico suficiente para o estudo que desenvolvemos em nosso objeto. Alguns elementos constitutivos do bairro Alecrim impulsionaram a dinâmica do mesmo no decorrer da sua existência como, por exemplo, a concentração de grandes feiras populares e a instalação da Base Naval de Natal. Algumas características peculiares ao Alecrim colocam-no com um espaço diferente dos demais bairros da capital potiguar. A predominância de algumas características residenciais como a incidência de vilas e a concentração de um grande e confuso comércio popular distribuído pelas suas ruas, o colocam como um “hiato” na cidade, cujas características fazem dele um espaço geograficamente e economicamente importante para a configuração atual da cidade de Natal. Entendemos que um trabalho que vise analisar o processo de evolução de qualquer cidade, bairro ou mesmo rua, a partir de sua organização atual é, por definição, um estudo dinâmico de estrutura urbana, devendo-se atentar para que o mesmo não se volte para o empirismo de uma mera descrição geográfica, algo que não pretendemos realizar nesta pesquisa. Esta discussão está sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

08: IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELO CEMITÉRIO DO ALECRIM - NATAL/RN.

Iron de Medeiros Bezerra

PET/DGE/UFRN

A pesquisa em desenvolvimento, impactos ambientais provocados pelo cemitério do Alecrim, Natal/RN, estuda os impactos aos recursos naturais, e a qualidade de vida da população urbana. Partindo do contexto, que os cemitérios podem ser uma fonte geradora de impactos ambientais. Podendo haver a contaminação tanto de águas subterrâneas como de águas superficiais, e também dos solos. Esta contaminação é ocasionada pela infiltração das águas pluviais, como um agente de transporte, que em contato com os líquidos da decomposição dos cadáveres, contaminam os aqüíferos. O cemitério do Alecrim, um dos 8 cemitérios públicos da cidade do Natal, está localizado no Bairro do Alecrim, um dos bairros mais antigos da cidade, com uma população, segundo o IBGE (2000), de 32.568 habitantes e uma densidade demográfica de 104,58 habitantes por quilômetro quadrado. A seguinte pesquisa tem como problema verificar como esse cemitério afeta o nível de qualidade de vida da população urbana, estudando a estrutura do cemitério e os impactos ambientais por este provocado. Para isto será feito uma análise das formas de sepultamento e um diagnóstico dos impactos ambientais e suas conseqüências na qualidade de vida de população do bairro, como também da cidade do Natal. Para isso realizar-se-á uma pesquisa documental, através de levantamento bibliográfico e de leitura de dissertações, teses, livros, periódicos, jornais e outros, para a compreensão do tema. Será utilizado entrevistas com os moradores residentes próximos a área de estudo, com intuito de apreender, através de suas falas, como este afeta a qualidade de vida da população.

09: INTERVENÇÃO URBANA EM ÁREAS DEGRADADAS OCUPADAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

Carolina Cavalcante

Dulce Bentes

PPGAU/UFRN

O crescente processo de urbanização de nossas cidades aliado aos elevados preços praticados no mercado de terras e imobiliário favoreceu a ocupação, geralmente por parte da população de menor renda, de áreas ambientalmente frágeis e/ou de proteção ambiental, como dunas, mangues e leitos de rios, degradando-as. Nesse contexto é que se insere a Comunidade Novo Horizonte, antiga Favela do Japão, localizada no bairro Quintas (Natal-RN). A Comunidade ocupa a área correspondente ao vale do Riacho das Quintas e é considerada Especial de Interesse Social (AEIS) segundo o Plano Diretor de Natal. Atualmente o Riacho encontra-se canalizado, recebendo esgoto proveniente de fábricas e hospitais, sendo a água que por ele corre extremamente poluída, afetando diretamente a saúde da população ribeirinha. Este quadro somado à presença de residências bem próximas às margens do curso d’água (algumas distam apenas 3 metros) constitui-se, em linhas gerais, nos principais limites colocados na elaboração de uma proposta de intervenção urbanística para área. O trabalho visa, desta maneira, apresentar a Análise Espacial (de morfologia urbana e parcelamento do solo), o Levantamento de Usos do local pela população, o estudo da relação entre a comunidade e seu entorno e as Consultas Públicas como procedimentos metodológicos bem sucedidos na elaboração deste tipo de proposta, aja visto que o projeto de intervenção a que nos referimos foi contratado pela Companhia de Águas e Esgotos do Estado do Rio Grande do Norte (CAERN), que pleiteia sua implantação junto ao Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA).

10: A ATUAÇÃO POLÍTICA NOS EQUIPAMENTOS E ESPAÇOS PÚBLICOS DE LAZER: O BAIRRO DE LAGOA NOVA EM QUESTÃO

Gabriela Dalila Bezerra Raulino

DECOM/UFRN

Sara Rebeca Cruz

CEFET-RN

Avaliar a situação do lazer dentro das demais responsabilidades das políticas públicas sociais foi um dos principais objetivos do presente trabalho. Para tanto, foram analisados, em de estudo de caso, os equipamentos e espaços públicos de lazer do bairro de Lagoa Nova, Natal –RN, considerando aspectos como caracterização, condições e modo de utilização dos mesmos. A pesquisa, de caráter exploratório e descritivo foi executada através de consultas bibliográficas, registros fotográficos e aplicação de entrevistas semi-estruturadas com cerca de 10 atores representantes do bairro. Os resultados, em dados gerais, mostram que os equipamentos e espaços se encontram, em sua maioria, em estado “ruim” e “mediano”, e apenas dois em estado “ótimo”. O que mais chama a atenção é a ausência do poder público nesses ambientes para implementação de políticas de animação cultural ou conservação. Dessa forma, há uma tendência à progressiva deteriorização e desvalorização da “função” e da importância que os equipamentos e espaços públicos de lazer devem exercer perante um grupo, um conjunto, um bairro, uma cidade, uma sociedade em geral. Esse é um quadro que deveria ser resolvido, considerando que o lazer gratuito, “livre” e junto à natureza, quando bem orientado, poderia proporcionar significativas melhorias na qualidade de vida e tempo livre da população, principalmente nas áreas mais residenciais por favorecer à maior interação social. Para isso fazem-se necessárias ações que revitalizem os espaços e equipamentos públicos de lazer do bairro de Lagoa Nova, incluindo ainda políticas de animação cultural e, principalmente, o convite à população para que possa participar desde a elaboração ate a execução e/ou manutenção do projeto. Planos talvez a longo prazo, mas possíveis de realização.

11: INFLUÊNCIA DA AÇÃO ANTRÓPICA NO PERFIL PAISAGÍSTICO DO BAIRRO DE FELIPE CAMARÃO – NATAL / RN.

 Sandra Maria de Lima Bezerril

PRODEMA/UFRN

Profª Dra. Maria Iracema Bezerra Loiola

CB/UFRN

Profª Dra. Maria do Socorro Costa Martim

DGE/UFRN

A rápida urbanização por qual passou o Brasil, nos últimos 50 anos, trouxe uma série de problemas relacionados principalmente com a provisão de habitações para as classes de renda baixa, assim como a qualidade dos espaços urbanos dessas habitações. Seguindo o modelo de urbanização periférica predominante no país, a cidade do Natal também apresenta áreas de expansão onde os processos de segregação social e parcelamento do solo contribuiu substancialmente para a formação de espaços de pobreza que são denunciados principalmente pelo número de loteamentos irregulares ou clandestinos. Situado na zona oeste da cidade, o bairro de Felipe Camarão encontra-se dividido em dois territórios: Camarão I que ainda abriga remanescentes da antiga comunidade peixe boi e o Camarão II que é formado pelos conjuntos habitacionais Promorar Vida Nova e Jardim América. São áreas periféricas que quando loteadas ofereceram terras mais baratas que foram ocupadas ao longo dos anos de forma desordenada, ocasionando uma série de alterações no ambiente local traduzidos principalmente pela falta de estrutura física e pela pressão sobre os recursos naturais. Entre as inúmeras alterações observadas “in loco”, a análise da cobertura vegetal sugere modos variados de interferência antrópica responsáveis por uma cadeia de impactos significativos nas dunas, no mangue e na área habitada. A dinâmica ocupacional consolidada como conseqüência de todos os fatores supracitados é um forte indicador da superexploração detectada nas áreas verdes. Os adensamentos de moradias figuram como elementos da paisagem, reduzindo o domínio das zonas de proteção ambiental e transformando-as em pressionados remanescentes que para preocupação das entidades relacionadas à preservação dos recursos ambientais não são percebidas pela comunidade como bens coletivos. Deve-se ressaltar que a implantação de estratégias para transformação do espaço implica na socialização de uma ética, até então, despercebida pela maioria das pessoas.

12: CRESCIMENTO DESORDENADO DA ZONA NORTE DE NATAL

 Laélio Jorge da Costa Ferreira de Melo

DGE/UFRN

 Maria Lúcia da Costa

DGE/UFRN

A zona norte é a maior e a mais populosa das quatro regiões administrativas que formam a capital potiguar. Se fosse desmembrada, desbancaria o município de Mossoró do título de segunda maior cidade do estado, devido ao enorme contingente populacional que apresenta. Atualmente, o número de habitantes da área é estimado em 244.743 habitantes, distribuídos pelos sete bairros que a compõe: Lagoa Azul, Pajuçara, Potengi, Nossa Senhora da Apresentação, Redinha, Igapó e Salinas. O território, situado na margem esquerda do Rio Potengi, equivale a 1/3 da área total do município, concentra 40 % da população total e abriga 33,59 % dos domicílios da cidade. No espaço compreendido entre 1980 e 2000, a população da zona norte cresceu 500 %, ou seja, foi multiplicada por cinco durante o período. Localizam-se nessa zona, os três bairros mais populosos da cidade: Nossa Senhora da Apresentação, Potengi e Lagoa Azul, sendo este último também, o mais extenso, com uma superfície de 1300 hectares. Os problemas que essa explosão demográfica trouxe para a região são enormes. A infra-estrutura na grande maioria das localidades é nitidamente deficitária, os problemas multiplicam-se pelos bairros, sobretudo naqueles onde o processo predatório de ocupação, ainda é bastante acentuado e as ações empreendidas pelo poder público estão muito aquém das reais necessidades da população. Nenhuma outra região da cidade apresenta uma quantidade tão significativa de loteamentos clandestinos. Estes são compostos por migrantes oriundos de outras zonas periféricas da cidade e do interior do estado. Surgem repentinos, ocupando áreas verdes ou de dunas, em locais de difícil acesso, totalmente desprovidos de infra-estrutura. A ocupação desses espaços e a conseqüente transformação dos mesmos em ambientes subnormais, são fruto de uma ocupação que acontece de forma não-planejada e predatória em decorrência da ineficácia das políticas públicas habitacionais.

Segundo dia

13: O BNH NA ENCRUZILHADA:SOBRE O PAPEL NÃO REALIZADO DA POLÍTICA HABITACIONAL BRASILEIRA.

Rosaltiva Pereira Dantas

CNPq/DGE/UFRN

As políticas públicas habitacionais, em princípio, teriam o papel de diminuir o impacto das desigualdades urbanas sobre a vida da população, por meio de programas e controle de especulação imobiliária, da melhoria da infra-estrutura e dos serviços urbanos e da provisão de habitações. A literatura nos mostra que a política habitacional brasileira nunca desempenhou seu papel adequadamente. Durante o período do BNH (Banco Nacional da Habitação), de 1964 a 1986, quando mais de 5 milhões de habitações foram produzidas, muito embora no seu formato original objetivasse apoiar o atendimento às famílias com renda mensal até 3 salários mínimos, devido aos vários desvios de seu objetivo original ao longo dos anos, essa política não obteve o êxito esperado. Segundo Azevedo e Andrade (1982), nos seus primeiros 17 anos de atuação, apenas 35% das unidades financiadas destinaram-se às famílias com rendimento mensal abaixo de cinco salários mínimos, que era a faixa de abrangência legal das COHAB’s. Este trabalho tem o objetivo de analisar a forma de atuação do BNH, com o intuito de explicar os motivos que o levaram a se desviar de seu formato original.

14: A MORADIA COMO UM FENÔMENO DA EXCLUSÃO SOCIAL

Geovane de Souza Almeida

CNPq/DGE/UFRN

Quando pensamos em exclusão social e suas manifestações concretas, inevitavelmente nos remetemos à questão da segregação espacial, em particular no campo da moradia. A moradia serve indubitavelmente como figura emblemática e ferramenta de identificação das diferentes classes sociais que nelas vivem. O acesso à moradia reflete a estrutura econômica e social, constituindo-se assim, em uma forma fenomenológica da exclusão social. Para um cidadão ter acesso à moradia, com um mínimo necessário de qualidade, tem, muitas vezes, de enfrentar barreiras tanto econômicas quanto políticas e sociais que dificultam ou até mesmo impendem esse acesso. O preço e a valorização da terra e do imóvel, frutos inclusive da especulação e da ação do Estado, são fatores determinantes da exclusão social, principalmente no que tange a moradia. O trabalho tem por objetivo compreender melhor os fatos que potencializam a exclusão social em função da aquisição da moradia, buscando detectar no processo de segregação e exclusão habitacional fortes traços da produção, transformação e valorização do espaço urbano.

15: O ESTATUTO DA CIDADE E CONTRADIÇÕES NO ESPAÇO URBANO

 Autores: Carlos Henrique de Araújo

DGE/UFRN

Carlos Eduardo de Araújo

DCS/UFRN

Procurando demonstrar os entraves da aplicabilidade de leis públicas, mais precisamente do Estatuto da Cidade, sobre a realidade espacial urbana brasileira, este Grupo de trabalho enfatizará o processo de urbanização que vem ocorrendo de forma desordenada impulsionada pelo desenvolvimento do capital e a especulação imobiliária acelerada, assim como, os mais diversos meios de segregação espacial na sociedade urbana no tocante à qualidade de vida, condições de moradia e de infra-estrutura oferecidas à população. O Estatuto da Cidade, que entrou em vigor em 2001, propunha através de leis constitucionais regulamentar a política urbana, delegando aos municípios e seus Planos Diretores as condições de cumprimento da função administrativa e social da propriedade e da própria cidade. No entanto, com a produção e reprodução de aglomerações urbanas proporcionadas pela mundialização da economia brasileira atual, estas transformaram-se em pólos de atração de enormes investimentos e, ao mesmo tempo, fez surgir pólos de multiplicação de pobreza e de graves problemas sociais. Com isso, tornando, de certa forma, inviável a concretização e aplicação do referido Estatuto e a solução destes problemas urbanos.

16: CONFLITOS SÓCIO-AMBIENTAIS

Luana Cruz

CNPq/DGE/UFRN

A expansão urbana, não só da cidade de Natal, mais em quase todo o Brasil, se dá cada vez mais de forma acelerada e desordenada, agravando a degradação do meio ambiente, a exclusão social e, conseqüentemente, diminuindo a qualidade de vida nas cidades. O estilo de desenvolvimento do sistema capitalista faz com que se estabeleça uma relação de exploração do homem pelo homem e da natureza pelo homem. O acelerado crescimento urbano do município de Natal é regido pelos interesses imobiliários privados e não pelos interesses coletivos, marcando historicamente o processo de ocupação do uso do solo em nossa cidade através da especulação imobiliária. Todavia, o Plano Diretor do município de Natal, em vigor desde 1994, adota dentre os princípios norteadores a democratização do acesso à terra e a preservação do patrimônio ambiental como pontos determinantes. Entretanto, nessas últimas gestões, a prática urbanística esteve longe das diretrizes do plano. A ineficiência dos dispositivos de controle do uso e ocupação do solo e a prática de exclusão do mercado de terras urbanas, contribuem ainda mais para os problemas sócio-ambientais. O Parque das Dunas, caracterizado pelo Plano Diretor de Natal como patrimônio comum de todos os riograndenses do norte, se apresenta como palco de conflitos sócio-ambientais decorrentes de processos de ocupação do solo do tipo favelas e loteamentos irregulares. Na área do Parque das Dunas que faz divisa com o bairro de Mãe Luíza existe um conflito histórico quanto à ocupação do solo. Muitas casas estão em situação irregular, pois foram construídas dentro da área do parque.Vale salientar que o Plano Diretor da cidade considera o bairro de Mãe Luíza como Área Especial de Interesse Social (AEIS), que são terrenos públicos ou privados ocupados por favelas, vilas ou loteamentos irregulares, onde há o interesse público em se promover a urbanização e regularização jurídica com normas próprias de uso e ocupação do solo. Está caracterizado o conflito: de um lado o Parque das Dunas, reserva da biosfera da Mata Atlântica brasileira e patrimônio ambiental, e do outro a comunidade de Mãe Luíza, Área Especial de Interesse Social.

17: SQUAT: “UMA CASA OCUPADA, UMA CASA ENCANTADA”

(a ocupação de casas abandonadas e transformadas em centros culturais)

Renato Maia

DCS/UFRN

O presente trabalho aborda a polêmica questão das casas abandonadas que são invadidas e transformadas em centros de cultura alternativa, os chamados squats. Para isso é focalizada a problemática da moradia e da especulação imobiliária nos centros urbanos, enfatizando a falta de planejamento, a expansão capitalista do mercado imobiliário e a conseqüente exclusão/segregação social. Contrariando essa lógica de desintegração social surge esse movimento de ocupação urbana. Dentro desse contexto há uma diferenciação do já tradicional movimento dos sem teto, pois, ao invés de priorizar a moradia, tráz uma proposta de transformar os espaços abandonados e “mortos” em casas de cultura, onde a produção realizada tenciona a ser não elitista, anti-capitalista, libertária, descentralizada e culturalmente educativa. Nos Squats são realizados diversos tipos de trabalhos e eventos culturais, tais como: oficinas com temáticas amplas, capacitação profissional/artística de pessoas carentes da comunidade, conscientização ambiental, realização de shows, palestras, debates, exibição de filmes e diversas outras atividades de caráter educativo e de utilidade pública. É exposto também o surgimento do movimento squat, desde as suas dificuldades iniciais até a intensificação e a transformação desses espaços em organizados centros culturais. Ao Pesquisar a atualidade da cena Squatter constata-se que esse movimento tem sido um referencial para toda uma comunidade de jovens e também para alguns setores de movimentos sociais, principalmente na Europa. Pode-se tomar como exemplo a Espanha, onde existem diversos segmentos sociais envolvidos como ongs, sindicatos, grupos artísticos e até bandas alternativas compondo temas que enaltecem e incentivam as ocupações. A partir de um confrontamento com a realidade do Brasil –ainda que a legislação não seja tão complacente com a invasão de prédios abandonados- foram verificados alguns registros de ocupações, que ainda resistem como centros de referência cultural em algumas capitais do país situando-se, principalmente, nas regiões sudeste e sul. Os squats representam mais do que uma simples ação de atentado à propriedade privada. Como dizem os próprios squatters “os centros sociais ocupados, significam uma alternativa de vida e de produção fora dos tentáculos do capitalismo”. Num contexto de crescimento desordenado das grandes cidades e da falta de condições dignas de moradia, a presente pesquisa emerge como uma busca de respostas para a questão que vem se evidenciando como um dos grandes problemas da sociedade moderna.

18: AS CONSEQUÊNCIAS DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DE BAYEUX –PB

Luís Gustavo de Lima Sales

MCS/UFRN

Ricélia Maria Marinho da Silva

PPGe/UFRN

Este trabalho tem como objeto de estudo a transformação da natureza e suas conseqüências sociais em um espaço cada vez mais artificial, fruto da própria história de uma ruptura progressiva que envolve o homem e seu ambiente. Os problemas causados por essa transformação chegaram a tal ponto que fizeram com que essa relação entre o homem e a natureza chamasse a atenção para o uso sustentável dos recursos naturais e para o estabelecimento de formas não destrutivas ao meio ambiente. O estudo empírico teve como referência dez aglomerados urbanos, localizados na área de mangue do município de Bayeux –PB, que surgiram através do processo de urbanização, vivenciado a partir dos anos 70 pela “Grande João Pessoa” que, nos países do mundo capitalista subdesenvolvido, como o Brasil, traz no seu bojo uma série de complicadores sociais e ambientais. O crescimento de assentamentos subnormais, carentes de infra-estrutura básica; a redução dos ecossistemas pela expansão do tecido urbano e a subseqüente intensificação do êxodo rural; os desmatamentos e; a poluição dos mananciais são apenas alguns desses complicadores. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi estudar a relação sociedade-natureza, particularizando as comunidades que vivem na área de mangue de Bayeux-PB.

19: LEGISLAÇÃO X REALIDADE UM ESTUDO DE CASO DA ZONA DE GRANDES EQUIPAMENTOS DA CIDADE DE JOÃO PESSOA

Mariana Fialho Bonates

PPGAU/UFRN

Uma das conseqüências da especulação imobiliária nas cidades brasileiras foi o deslocamento dos seus moradores dos centros urbanos, resultando no abandono da função habitacional, assim como a degradação desses espaços. A cidade de João Pessoa-PB não se diferenciou do panorama nacional, embora uma pesquisa realizada em 2002, sobre a qualidade de vida no centro urbano desse município, constatou que o percentual de satisfação declarada é igual a 91% para a alta renda e 100% para os setores de baixa renda. Nesta área central, mais especificamente no bairro das Trincheiras, percebe-se uma transformação no uso do solo na área denominada de Zona de Grandes Equipamentos (ZGE) através do estabelecimento, pelo próprio poder público, de habitações multifamiliares destinadas as populações de baixa renda, que contraditoriamente “desrespeita” o Código de Urbanismo de João Pessoa (1976). Diante do exposto, o principal objetivo dessa pesquisa consistiu em compreender e identificar essas transformações e seus fatores causais, contribuindo para a discussão das normas urbanísticas. A realização deste trabalho foi baseada em uma pesquisa documental, que utilizou o Código de Urbanismo do município e seu respectivo Mapa de Zoneamento, integrada com uma pesquisa de campo, que compreendeu um levantamento fotográfico e observações in loco. Tal procedimento resultou na caracterização da ZGE e, sobretudo, do vazio urbano inserido nessa localidade. Assim, evidenciaram-se dois aspectos essenciais relacionados com a transformação da área estudada e a consolidação de seu caráter residencial: a nova consciência de habitar os centros urbanos e as qualidades do seu entorno, como a acessibilidade e infra-estrutura, favorecendo a habitabilidade daquele espaço urbano. Além disso, a pesquisa contribuiu em denunciar a utilização inadequada do vazio urbano, que não cumpre sua função social, apesar de estar situado em uma região privilegiada, contrariando o que rege o Estatuto da Cidade.

20: A PAISAGEM URBANA NA ÁREA CENTRAL DE MOSSORÓ – RN: MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS

Jamilson Azevedo Soares

DGE/UFRN

A centralidade exercida por uma cidade no contexto regional em que se situa, torna-se um aspecto fundamental para o seu crescimento a afirmação do seu papel como núcleo urbano multifuncional. Consoante com essa realidade, algumas cidades de porte médio da rede urbana brasileira, vêm passando por processos de mudanças em seu espaço interno, nos últimos tempos, noatadamente, como reflexo do desenvolvimento de suas economias e da conseqüente atração de investimentos, recursos e população. Este trabalho objetiva analisar a dinâmica espacial interna da cidade de Mossoró (RN), a partir de uma leitura atual da paisagem de sua área central, considerando que esse espaço da cidade concentra a maior parte dos elementos modernos – produtos e serviços – introduzidos em seu tecido urbano e que aí passaram a coexistir, contraditoriamente, com algumas das persistentes rugosidades denunciadoras do atraso e da exclusão urbana; elementos não contemplados com os benefícios da economia local em processo de modernização. A pesquisa foi realizada através de observação da área objeto de estudo e de informações obtidas por meio de leituras específicas e de entrevistas com pessoas que moram ou trabalham nesse espaço. Assim, infere-se que a cidade de Mossoró impulsionada por setores da economia moderna e por algumas realizações do setor público, abriga um conjunto de atividades terciárias que busca a sintonia com a complexa modernidade imposta pela economia globalizada, tendo sua área central como lócus privilegiado de mudanças, mas também de algumas permanências que revelam essa paisagem como expressão da dinâmica espacial, marcada, sobretudo, pela existência do moderno e do arcaico.

21: DINÂMICA SOCIOESPACIAL DA FEIRA LIVRE DE MACAÍBA/RN

Geovany Pachelly Galdino Dantas

PPGe/UFRN

O presente trabalho objetiva estudar a dinâmica sócio-espacial da feira livre de Macaíba (pertencente a Região Metropolitana de Natal) destacando a importância desta atividade comercial para a dinâmica da cidade e para os diferentes agentes nela inseridos. Realizada semanalmente, sempre aos sábados, a feira de Macaíba localiza-se nas principais avenidas da área central da cidade coexistindo com os principais estabelecimentos comerciais, permitindo, assim, uma maior integração entre os diferentes segmentos do setor de comércio varejista da cidade. Através de visitas e observações sistemáticas, constatamos as diferentes formas de uso deste espaço, sua importância como centro de abastecimento para a população não só da cidade e da zona rural de Macaíba, mas também, de municípios vizinhos, e como principal fonte de renda para as centenas de feirantes que semanalmente se dirigem à cidade para comercializarem seus produtos. Constatamos, também, que a modernização do setor de comércio e de serviços da cidade tem rebatido na dinâmica da feira, gerando alguns conflitos entre os feirantes e determinados segmentos do comércio local, principalmente os supermercados, na medida em que estes se aproveitam do grande fluxo de pessoas gerado pela feira para realizarem melhores vendas, “tirando”, assim, a grande maioria dos compradores da feira.

22: PERFIL SÓCIO-OCUPACIONAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL

Thiago Tito de Araújo

DGE/UFRN

Maria do Livramento Miranda Clementino

DCS/UFRN

Flávio Henrique Miranda de Araújo Freire

DEST/UFRN

Na década de 70, o elevado crescimento da economia brasileira, espacialmente concentrado, fez “explodir” as metrópoles nacionais e ensejou a metropolização de outros importantes centros urbanos. Segundo KNOX e AGNEW (1994), a área metropolitana corresponde à mancha de ocupação contínua ou descontínua diretamente polarizada por uma metrópole, onde se realizam as maiores intensidades de fluxos e as maiores densidades de população e atividades. O presente trabalho é desenvolvido no âmbito do projeto de pesquisa, “O Mapa Social da Região Metropolitana de Natal: Desigualdade Social e Governança Urbana, apoiado pela UFRN/FAPERN/CNPq – Pronex, que se justifica pela necessidade de um conhecimento científico mais amplo dos impactos da reestruturação produtiva no contexto da globalização, sobre médias cidades brasileiras. Estudos realizados sobre o tema, indicam que o processo de mudanças associado à globalização da economia e à reestruturação produtiva tende a agudizar diferenciações e desigualdades sociais nas cidades. Desta forma, este trabalho tem como objetivo estudar a configuração sócio-ocupacional da RM de Natal e analisar as diferenças sócio-demográficas a partir das tipologias sócio-ocupacionais. Utilizando os dados censitários de 2000 referentes à ocupação, instrução e renda, foram criadas nove tipologias sócio-ocupacionais, através de análises de correspondência e cluster, tendo como base territorial as áreas de expansão demográfica. O espaço metropolitano, desta forma, foi classificado em áreas caracterizadas por: elite dirigente; ocupações técnicas administrativas; ocupações manufatureiras e artísticas; ocupações de escritórios; ocupações rurais; prestação de serviços sociais, segurança pública e comerciários; trabalhadores domésticos; trabalhadores da Indústria tradicional e prestadores de serviços; e trabalhadores de atividades inerentes a Indústria moderna e serviços auxiliares.

23: QUALIDADE DE VIDA E INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA RMNATAL

Zoraide Souza Pessoa

DEST/UFRN e UERN

Este trabalho, parte do pressuposto que a RMNATAL (Região Metropolitana de Natal) criada em 1997, composta por oito municípios apresenta diferentes estruturas de população embutidos em territórios com níveis de desenvolvimento distintos. Polarizada pelo município do Natal (RN), principal aglomeração urbana do estado, a RMNatal se diferencia do modelo clássico de metrópole instituídas nos anos 70 no Brasil, mas como estas apresenta territórios marcados por desigualdades sociais que vem configurando espaços cada vez mais distintos de morar, trabalhar e estudar, interferindo assim na dinâmica populacional e no meio ambiente do território metropolitano. Nesse sentido, o objetivo do trabalho será observar como se configura espacialmente o território, o meio ambiente e a população da RMNatal a partir da análise de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. Uma vez que a dinâmica metropolitana vem interferindo diretamente na constituição de novas territorialidades marcadas pelas segmentação, segregação e diferenciação social comprometendo a qualidade de vida da sua população.

24: A “METRÓPOLE” INDÓCIL: DINÂMICAS DE CRESCIMENTO NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL

Alexsandro Ferreira Cardoso da Silva

GEPUG/UFRN

Angela Lúcia de Araújo Ferreira

PPGAU/UFRN

A urbanização no Brasil, nas últimas décadas, tem consolidado redes urbanas que se manifestam não somente pelo aumento do número de Regiões Metropolitanas como também pelas novas formas de espacialização do processo. Tais processos, portanto, não podem ser entendidos desvinculados das dinâmicas não apenas econômicas, mas também sócio-espaciais. Estas dinâmicas metropolitanas estão diretamente relacionadas com a produção e reprodução do espaço urbano, atrelado a um ambiente competitivo e marcado pelo afastamento da regulação do Estado. A atividade turística que se impôs ao Nordeste brasileiro como um “campo de atração” acabou por direcionar essa produção seja nos aspectos da formalidade ou informalidade espacial, seja no (re)direcionamento de políticas públicas. Nesse sentido, alguns questionamentos se impõem: Qual o impacto desse crescimento metropolitano na estrutura social das cidades? Quais estruturas físicas e sociais são conformadas? Como se dá relação centro-periferia nesta última década? Que estruturas econômicas dão suporte a este processo nas cidades nordestinas? Este trabalho pretende discutir tais questões, observando e analisando a formação e configuração da Região Metropolitana de Natal, composta hoje por 08 municípios. Serão objeto de análise as desigualdades sócio-espaciais sobre os ângulos da organização interna, dinâmica metropolitana, diferenciações espaciais e segregação sócio-espacial. O aprofundamento deste estudo se justifica visto que aborda aspectos relevantes que podem subsidiar o monitoramento das políticas públicas de âmbito regional.

 

GT-35: ABORDAGEM COLABORATIVA NAS CIÊNCIAS HUMANAS

Coordenadora:

Liomar Costa de Queiroz

E-mail: liomar_costa@hotmail.com

Departamento de Letras

Local: Setor de Aula II, sala A5

Aborda a distinção da pesquisa que envolve o cotidiano da escola e de outras instituições, considerando a qualificação de pessoal e visando a maior competência em suas ações e intervenções. O objetivo é discutir e analisar trabalhos que investigam as práticas sociais que se efetivam nas instituições educacionais ou não, numa abordagem colaborativa.

Primeiro dia

01. PESQUISAR EM COLABORAÇÃO: POR QUE? PARA QUE?

Profª Drª Maria Salonilde Ferreira

Departamento de Educação/UFRN

O nosso interesse pela pesquisa colaborativa surgiu em 1998 quando iniciamos um estudo acerca da formação e desenvolvimento de conceitos numa escola da rede estadual de ensino com a qual o Departamento de Educação (DEPED) da UFRN mantém uma parceria desde 1987. O projeto, no qual se engajaram, além de professores do DEPED, professores de outros Departamentos, alunos da graduação, da pós-graduação, professores, equipe técnica e alunos da escola, objetivava elaborar e executar um currículo centrado na elaboração conceptual. Na busca de abordagens adequadas ao referencial teórico-metodológico adotado, nos deparamos com a investigação colaborativa. Esta numa concepção mais abrangente se desenvolve em torno da idéia de pesquisar “com”, em vez de pesquisar “sobre”, o que implica na proposição de modificar as relações entre pesquisador e sujeitos pesquisados, particularmente, quando se trata de investigar a prática pedagógica. Assim, o professor deixa de ser objeto de investigação e sua prática algo a ser avaliado, para tornar-se partícipe com quem se passa a analisar reflexivamente a ação pedagógica, sendo sua participação considerada uma contribuição essencial tanto ao desenvolvimento de conhecimentos ligados à prática, como à própria prática. Isso fez com que se evidenciassem dois ângulos a partir dos quais se justifica a pertinência dessa modalidade de pesquisa em educação. Por um lado, propiciar o desenvolvimento profissional à medida que encoraja o professor a refletir de forma colaborativa num processo de reflexão-ação-relfexão; por outro lado, possibilitar a construção de saberes tornando-se, ao mesmo tempo, uma atividade de produção de conhecimento e de formação profissional.

02. CÍRCULOS REFLEXIVOS DE ESTUDO: uma construção colaborativa.

Ms Jacy Cavalcanti das Neves

Departamento de Educação/UFRN

O trabalho aqui apresentado analisa a prática de sessões de estudo aqui denominada “Ciclos Reflexivos de Estudo”, enquanto estratégia de fundamentação teórico-metodológica. Nesse caso específico, dos professores que se constituem colaboradores do projeto de pesquisa “Conhecendo e Construindo a Prática Pedagógica”, que se insere na base de pesquisa Currículos, Saberes e Práticas Educacionais do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ensino e Formação Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN. O Projeto tem como orientação teórico-metodológica os fundamentos do materialismo histórico-dialético, enquanto método lógico de análise dos fenômenos. Como abordagem de pesquisa, optamos pela investigação colaborativa por considerá-la mais apropriada à consecução dos objetivos que nos propomos atingir, em particular, a apreensão do significado científico dos conceitos que compõem os conhecimentos curriculares; compreender os processo psíquicos implicados na elaboração e internalização de conceitos; ter domínio de procedimentos pedagógicos que favoreçam sua elaboração e internalização mediando-as, de forma consciente e planejada, assim como dos processos psíquicos e habilidades intelectuais e sócio-afetivas com vistas à formação de atitudes inerentes ao exercício da cidadania. Assim, o projeto de pesquisa se desenvolve sob um duplo caráter: investigação da mediação pedagógica e a construção do conhecimento. Os Ciclos analisam, nessa etapa do trabalho, os atributos essenciais dos conceitos que compõem a teoria, segundo a qual uma investigação pode ser considerada colaborativa, a partir do desenvolvimento do conceito de investigação colaborativa, colaboração e reflexibilidade.

03. OFICINAS PEDAGÓGICAS NA PESQUISA COLABORATIVA

Profª Drª Liomar Costa de Queiroz

Departamento de Letras/UFRN

A Pesquisa Colaborativa tem como uma de suas estratégias metodológicas as Oficinas Pedagógicas que significam “Fabricar conhecimentos a partir de situações vivenciadas pelos participantes individualmente. Produzir coletivamente conhecimentos que possibilitem aprofundar a reflexão sobre a educação, a escola e a prática que nela se efetiva.” (FERREIRA, 2001, p. 9). Essas Oficinas têm como objetivo refletir, de maneira teórico-prática, a produção de conhecimentos. No contexto da nossa Base de Pesquisa: Currículos, Saberes e Práticas Educacionais e do nosso Projeto de Pesquisa: A formação lingüística das professoras do Ciclo Básico do Ensino Fundamental, desenvolveremos a Oficina Seqüências Textuais: narrativas e descritivas, por intermédio da associação da prática de produção e compreensão de textos nessas seqüências, no intuito de subsidiar o relato de experiências nas outras Oficinas do nosso grupo de pesquisa. A clientela será formada por professores de 1º a 4º níveis da Rede Pública Estadual e/ou Municipal, com sessões reflexivas no Campus Universitário/UFRN/Natal para que possamos reunir os professores de mais de um estabelecimento. Como Situação Motivadora, teremos a narrativa de um fato qualquer, a critério de cada professor e, posteriormente, um diagnóstico escrito sobre dados de identificação sobre as suas práticas pedagógicas e conceitos de textos, entre eles os de narração e descrição. Já a Situação de Sistematização corresponderá à leitura e discussão de textos teóricos que darão embasamento quanto ao tema proposto. A Situação Avaliativa constará da análise, pelos próprios professores e pela professora, da produção textual realizada, após nova aplicação do diagnóstico inicial para posterior análise comparativa.

04. O ATO DE CONTAR HISTÓRIAS – POR QUE O ALUNO SE DISPERSA QUANDO SEU OUVINTE É O PAPEL?

Leonardo Mendes Álvares

Bolsista de Iniciação científica/PIBIC/CNPq

Orientadora: Profª Drª Liomar da Costa Queiroz

Departamento de Letras/UFRN

Este estudo inscreve-se numa pesquisa mais ampla – A formação lingüística dos professores do ciclo básico do ensino fundamental – que objetiva estudar a produção escrita das seqüências textuais descritiva e narrativa; identificar as relações entre o domínio, pelos professores, de conceitos e caracterização adequados quanto às referidas seqüências textuais e a produção textual dos alunos, e; desenvolver, juntamente com os professores, estratégias pedagógicas que possibilitem a elaboração mais efetiva dessas seqüências, como também analisar a interferência da atenção na produção desses textos e a postura dos professores no processo dialógico da sala de aula. O interesse centra-se nos problemas do ensino-aprendizagem dessas seqüências nos ciclos iniciais do ensino fundamental e na relação deles com os componentes psíquicos imbricados no ato de aprender, principalmente a atenção. Enfoque escolhido pelo fato de serem esses os textos mais usados nesse nível de escolaridade e pela observação das dificuldades apresentadas pelos professores no ensino sistemático da produção textual. O suporte teórico do trabalho privilegia a Lingüística textual e a abordagem sócio-histórica, dos estudos relativos à aprendizagem, para desenvolver o psico-social do indivíduo. A abordagem metodológica segue a orientação da base de pesquisa em seu conjunto. Uma pesquisa colaborativa em que são utilizados processos interativos de reflexão e colaboração, o que caracteriza o estudo como processo colaborativo de ação/reflexão/ação, no qual as ações individuais e grupais se intercambiam num movimento contínuo de construção/desconstrução/reconstrução de saberes, de habilidades e práticas, envolvendo professores e alunos, implicando observações em sala de aula, durante as quais serão feitos registros em fitas de áudio e de vídeo, anotações num caderno de campo, além de narrativas orais e escritas. A análise se efetivará via sessões de reflexão, que se orientarão por categorias elaboradas, a partir das necessidades apontadas pelos integrantes do trabalho, bem como pelo referencial teórico-metodológico que sustenta a investigação.

05. CONSTRUINDO EM GRUPO: A busca de teorização das práticas pedagógicas

Maria de Lourdes Gabriel Ferreira Soares

E.E. Berilo Wanderley- Natal/RN

Este trabalho surgiu da descoberta dos saberes e não saberes dos processos ensino-aprendizagem dos professores. A questão geral desta pesquisa é a formação do professor, como profissional consciente do seu papel de mediador e autônomo de suas práticas pedagógicas em suas intervenções de forma significativas no processo de ensino-aprendizagem para a construção de conceitos escolares, atitudes, procedimentos e valores na criança dos anos iniciais. A formação de conceitos escolares é dificultada, na maioria das vezes, porque professores(as) desconhecem como se dá o processo de apropriação de conceitos na mente da criança e que um dos meios de tal apropriação é o desenvolvimento dos procedimentos do pensamento lógico para desenvolver as funções mentais para que possam ampliar os processos psíquicos da volição, da análise, da abstração e da generalização. Os partícipes desta pesquisa são cinco professores de uma escola pública estadual do Ensino Fundamental, especificamente, o primeiro e segundo ciclo do município de Natal. O referencial teórico é o sócio-histórico, em especial as pesquisas de Vygotsky e continuadores. A metodologia está respaldada nas pesquisas de Arnal et al. com a investigação colaborativa. Sendo assim, esta pesquisa tem como concretude o planejamento, a elaboração do plano, tendo como norteador a proposta curricular da escola, as experiências, os registros dos resultados desenvolvidos em sala de aula, as análises da prática pedagógica e as análises realizadas pelos integrantes da Base de Pesquisa Currículos, Saberes e Práticas Educacionais do Departamento de Educação/UFRN.

Segundo dia

06. O ENSINO DA GEOGRAFIA E A INVESTIGAÇÃO COLABORATIVA

Prof. Dr. Francisco Cláudio Soares Júnior

Departamento de Educação/UFRN

A pesquisa tem como objeto de estudo a formação continuada do professor da rede pública que exerce ofício docente nas séries iniciais da escola fundamental. Objetivamos refletir sobre a conexão entre Geografia escolar, Currículo e Memória, no contexto das experiências de formação como subjacentes às orientações teórico-metodológicas que o professor produz no lugar sala de aula e fora dela. Utilizamo-nos da investigação qualitativa do tipo colaborativa através da investigação autobiográfica como técnica de abordagem que favorece o redimensionamento da trajetória de vida escolar, profissional e pessoal do professor, possibilitando-o articular sua história passada com sua história presente, ao produzir descrições e reflexões sobre suas memórias. Assim, o presente estudo permite o estabelecimento de novas leituras acerca dos horizontes de ensino e de aprender os conhecimentos geográficos e a construção de práticas curriculares progressistas, à luz da concepção sócio-histórica e da concepção crítico-reflexiva da Geografia.

07. A PESQUISA COLABORATIVA: instituindo espaços colaborativos na ressignificação do conceito de território com os professores do ensino fundamental.

Francisco Vitorino de Andrade Júnior

Mestrando do PPGED/UFRN

Apoio CAPES

Prof. Dr. Francisco Cláudio Soares Júnior

Departamento de Educação/UFRN

Este trabalho objetivou apreender o grau de conceitualização dos professores acerca do conceito de território e intervir com situações de reflexões críticas para acompanhar e analisar o processo de elaboração do conceito de território dos professores das 3ª e 4ª séries do ensino fundamental. Para tanto, propusemos uma intervenção com os professores no intuito de possibilitar a ressignificação dos seus conhecimentos e construção do referido conceito na área da Geografia. A pesquisa foi realizada em uma escola pública municipal de Ceará Mirim/RN, com a colaboração de seis (6) professores, os quais lecionavam nas 3ª e 4ª séries do ensino fundamental. Os aportes teórico-metodológicos que norteiam este trabalho de pesquisa são os estudos de Vigotski sobre o processo de formação e desenvolvimento de conceitos, a metodologia qualitativa do tipo colaborativa e a concepção crítica da Geografia. As análises dos “extrait” dos conhecimentos prévios dos professores evidenciaram que se encontravam em grau de conceitualização dos pseudoconceitos atrelados a dimensões do campo perceptível e norteados pelas concepções tradicional, humanística e cultural da Geografia (positivismo e fenomenologia) restringindo o significado de território ao Estado-Nação ou ao lugar de moradia dos homens. Isso explicitou a necessidade de desencadear um processo de intervenção através de situações sociais e deliberadas de aprendizagem que se constituiu através das sessões reflexivas realizadas com os professores-colaboradores. Diante da nossa intervenção no processo de elaboração conceptual, que se efetivou através das sessões reflexivas, ficou evidente, a cada momento, que os significados de território dos professores adquiriram graus mais elevados de generalidades. Assim, eles passaram a elaborar abstrações por meio de análises e sínteses que permitiram identificar aspectos (conceitos-atributo – relações sociais, relações de poder e delimitação física) essenciais a apreensão do conceito em foco.

08. A INVESTIGAÇÃO COLABORATIVA E O USO DO VÍDEO TAPE

Olivette Rufino Birges Prado Aguiar

Doutoranda do PPGED/UFRN

Apoio CAPES

Profª Drª Maria Salonilde Ferreira

Departamento de Educação/UFRN

A investigação colaborativa que orienta o presente estudo tem como finalidade mais importante a criação de situações propiciadoras de reflexão sistemática sobre a prática pedagógica desenvolvida por um grupo de professoras da Educação Infantil do município de Ipiranga-PI, no sentido de ressignificá-la. O grupo formado por treze professoras, dentre as quais me incluo, partiu do entendimento de que refletir em colaboração é um meio privilegiado de aprendizagem, na medida em que utilizamos a crítica para orientar as ações, de forma que estas se convertam em práxis consciente, transformada e ressignificada subjetivamente, a partir de situações objetivas. Para isso, nos respaldamos nos pressupostos teórico-metodológicos da abordagem sócio-histórica e nos argumentos de Magalhães (2002) e Altet (2001), que nos esclarecem, por meio de suas pesquisas, que a utilização do vídeo tape nos processos formativos possibilita analisar com maior profundidade as próprias práticas, na medida em que fornece uma maior quantidade de informações sobre as ações desenvolvidas. Nessa perspectiva, a gravação do ato de ensinar, em situações de "aula propriamente dita" ou parte dela, nos processos de investigação educativa, tem constituído, principalmente nas últimas décadas uma ferramenta bastante importante. Estamos compreendendo como Ibiapina (2004), que a maneira como o professor desenvolve a ação educativa, devidamente registrada, pode constituir, uma ferramenta possibilitadora de questionamentos e esclarecimentos, na medida em que sugere e contrapõe o professor face-a- face com a maneira pela qual ele desenvolve seu ofício.

09. A OBSERVAÇÃO COLABORATIVA NA PESQUISA

Neide Cavalcante Guedes

Doutoranda do PPGED/UFRN

Apoio CAPES

Profª Drª Márcia Maria Gurgel Ribeiro

Departamento de Educação/UFRN

O presente recorte é parte da tese de doutorado, em andamento, intitulada "O Saber e o Fazer do professor formador com base na reflexão de sua prática cotidiana". Nele busca-se reconstruir a atividade docente na Universidade, enquanto prática formativa, com vistas a torná-la mais eficiente. O estudo está fundamentado nos pressupostos teórico-metodológicos da teoria sócio-histórica e da pesquisa-ação por considerar-se ser esta a maneira mais adequada para analisar a prática cotidiana dos professore. O grupo participante é composto de seis professores formadores do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Piauí. A relevância conferida ao estudo está em oferecer elementos para se refletir criticamente com os participantes, tendo como suporte a observação de suas práticas cotidianas, além da possibilidade que estes terão, a partir das discussões, de redimensionar essas mesmas práticas. A observação participante neste estudo, torna-se um procedimento eficaz na condução da pesquisa devido a oportunidade de descrever o contexto observado no qual o observador procura interpretar os resultados com ajuda do observado, que é solicitado a retomar os momentos vividos pelo observador, tendo a oportunidade de manifestar-se por meio da reflexão longe do contexto observado. De acordo com Paiva (2002), este modelo de observação se constitui em um ciclo composto de três fases: pré-intervenção, intervenção e pós-intervenção. O estudo aponta para a possibilidade de confrontar, de forma sistemática e organizada, o saber prático dos professores amparado no saber teórico por eles construído ao longo do processo de formação.

10. A ABORDAGEM COLABORATIVA E O PROCESSO DE (RE)CONSTRUÇÃO IMAGÉTICA DA CRIANÇA

Evanir de Oliveira Pinheiro

Mestranda do PPGED/UFRN

Orientadora Profª. Drª Márcia Maria Gurgel Ribeiro

Departamento de Educação/UFRN

Co-orientador: Profº Drº Jefferson Fernandes Alves

Departamento de Educação/UFRN

Este trabalho enfoca a adoção metodológica da pesquisa colaborativa como norteadora da investigação de mestrado (PPGED/UFRN) “A dimensão social do desenho: um estudo das interações no processo de construção imagética da criança no Ensino Fundamental”, realizada em uma turma de crianças de 8 a 9 anos da Escola Municipal Emília Ramos (Natal/RN). A proposta de estudar as interações no processo de produção do desenho das crianças, dentro de um contexto real de ensino-aprendizagem, direcionou a pesquisa a partir dos pressupostos da investigação colaborativa, permitindo um processo de construção conjunto e democrático, e do diálogo com os interlocutores, considerando-os partícipes da pesquisa em questão. A metodologia colaborativa por configurar-se em um espaço compartilhado, entra em consonância com os postulados da teoria sócio-histórica, uma vez que as interações colaborativas possibilitam uma construção reflexiva e conjunta do conhecimento. Um dos procedimentos utilizados para a efetivação dessa reflexividade foi a sessão reflexiva em que as atividades de aprendizagem, gravadas em áudio e em vídeo, mediavam as sessões reflexivas envolvendo as professoras e as crianças, convertendo-se, simultaneamente, em uma instância metodológica da pesquisa e um contexto pedagógico da prática docente. Nesse sentido, realçaremos esse caráter dúplice da sessão reflexiva no processo de (re)significação do desenho escolar das crianças.

GT-36: MÍDIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE

Coordenadores:

Maria das Graças Pinto Coelho

Departamento de Comunicação

E-mail: gpcoelho@ufrnet.br

Kênia Beatriz Ferreira Maia

Departamento de Comunicação

E-mail: keniamaia@cchla.ufrn.br

Local: Setor de Aula V, sala G1

Trabalhos em que se articulam análises de processos e produtos culturais e midiáticos. Mídia, formas simbólicas, produção de sentido e relações de poder e vínculos sociais nas sociedades contemporâneas. Escolas teóricas, tendências, aparatos conceituais e elementos epistemológicos da Comunicação Social. Formação da cultura tecnológica e representações sociais no campo midiático.

01: Comunicação, Novas Tecnologias e Televisão

Daniela Costa Ribeiro

Atualmente, as formas de comunicação de massa estão baseadas principalmente em tecnologias digitais. Isso se deve as facilidades de operação e uso desse padrão de processamento de informação, bem como a redução dos custos das tecnologias digitais ao longo das últimas décadas. Com o aumento dos usuários da Internet, bem como a melhoria da qualidade da sua infra-estrutura de comunicação, novas aplicações foram possibilitadas nessa rede. Verifica-se assim que a infra-estrutura Internet encontra-se em um novo estágio de desenvolvimento, onde a integração de mídias de voz, vídeo e dados fundamenta novos serviços de comunicação aos seus usuários. Dessa forma, comunicações interativas e em tempo real implicam em novos padrões de comunicação de massa, alterando a forma como as informações são obtidas e processadas pela sociedade. A exemplo da obra de F. CAPRA, estudos anteriores já abordaram o impacto dessas novas tecnologias à partir da análise dos aspectos econômicos, políticos, sócio-culturais e ecológicos, levantada Porém, encontramos um número reduzido de estudos que tratam especificamente dos impactos causados por essas novas tecnologias de comunicação interativa no modo de se fazer televisão atualmente. Em emissoras de televisão tradicionais, soluções interativas e sob demanda podem ser utilizadas, fornecendo serviços inovadores a esse setor de comunicação. É exatamente sobre esse aspecto que este artigo argumenta. As novas tecnologias de comunicação multimídia não só agregam serviços inovadores ao modo de ser fazer televisão atualmente, como também fortalecem pequenas emissoras de TV, com a redução de custos de operação e a possibilidade de fornecimento de novos serviços aos seus usuários. O artigo está organizado em quatro seções que contém a explanação teórica sobre o assunto e descreve as perspectivas do emprego do novo paradigma de comunicação abordado na televisão. Por fim, são apresentadas as conclusões deste artigo.

02: Reflexões sobre os estudos de recepção: a relação da mídia dentro da sociedade contemporânea

Denise Cortez da Silva Accioly

Trata-se de uma reflexão sobre os estudos os estudos de recepção, tendo como foco os produtos midiáticos inseridos na sociedade atual. O estudo da recepção busca construir uma análise integral do consumo entendido como o conjunto dos processos sociais de apropriação dos produtos, inclusive os simbólicos. O espaço para reflexão sobre o consumo desloca-se para a área das práticas cotidianas. Daí decorre uma nova concepção de leitura que oferece um espaço de negociação de sentidos entre o emissor e o receptor. A recepção é um conceito fundamental na obra de Martín-Barbero. Com ele inaugura-se uma linha teórica que vai constituir a mais original contribuição latino-americana para o estudo da comunicação. O receptor não é um sujeito passivo que recebe as informações de maneira estática, mas é um sujeito dinâmico, questionador e criativo, cuja iniciativa está marcada pela complexidade da vida cotidiana, que vai proporcionar-lhe a produção de sentidos na relação com os meios. Enquanto as teorias críticas destacam o caráter despolitizado e sem significação da vida cotidiana, por não estar inscrito diretamente na estrutura de produção, Martín-Barbero enfatiza a importância da vida cotidiana como possibilidade de uma nova leitura dos meios.

03: Ler televisão em Sergipe: um estudo das contribuições do curso TV na escola e os desafios de hoje na fundamentação das formas de uso e leitura da televisão

Florisvaldo Silva Rocha

Poder fazer uma leitura crítica da televisão, conhecendo as suas estratégias de ação e (re)produção é urgente no mundo de hoje. Nesse sentido, várias iniciativas vem sendo operacionalizadas no Brasil, dentre elas o Curso TV na Escola e os Desafios de Hoje, que surge em outubro de 2000 na tentativa de cumprir a tarefa, específica, de capacitar os profissionais de educação das instituições públicas de ensino do Brasil, a uma leitura crítica da televisão e, conseqüentemente, contribuir para a formação de consciência crítica da sociedade sobre as novas tecnologias e sua relação com a educação. Passados quase 5 (cinco) anos de sua implantação, esta pesquisa, com base na abordagem qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas, tem como objetivo geral, conhecer e analisar as contribuições deste curso, na fundamentação das atuais formas de uso e de leitura da televisão dos professores do ensino fundamental e médio das escolas públicas do estado de Sergipe, onde ele foi desenvolvido até o ano de 2004 e envolveu, nas 4 (quatro) edições, um total de 1099 (mil e noventa e nove) cursistas. Apoio financeiro CAPES.

04: Redes de Educação Ambiental: Uma proposta pedagógica para um mundo entrelaçado

Néri Andréia Olabarriaga Carvalho

As Redes de Educação Ambiental - EA, especialmente as eletrônicas, apesar de ainda virgens em nossa cultura, têm se multiplicado e causado impactos significativos na mobilização e na difusão de informações. Quando se fala em Rede, se pode ter um amplo conjunto de símbolos, imagens e conceitos em uma enorme teia que perpassa os movimentos sociais, pautados em princípios que contribuem para a emergência do indivíduo cidadão. Elas cristalizam narrativas da nação, origens e tradições, com o objetivo de trazer reflexões que levem o indivíduo, singular ou coletivo, ao enriquecimento cultural, à qualidade de vida e à preocupação com o equilíbrio ambiental. Educam para a diversidade, para a sustentabilidade e lançam sobre o indivíduo uma visão de mundo melhor. Com este pano de fundo, o presente trabalho tem como núcleo central investigar as narrativas que sustentam, estruturam e conectam o diálogo dos grupos pertencentes à Rede de EA e com a Rede (Internet), sob a mediação organizacional das Redes de EA. Abordaremos as relações sociais e individuais durante encontros presenciais e virtuais, objetivando verificar a dimensão pedagógica dessas Redes. A estratégia metodológica adotada reflete e recorta o objeto em: 1) REARN- Rede de EA do Rio Grande do Norte, por estar em fase de implementação; 2) REA/PB – Rede de EA da Paraíba, por obter resultados e experiências significativa; 3) REBEA – Rede Brasileira de EA, por ser a mais antiga em formação. Como referencial teórico-metodológico, de forma a validar os referidos dados e consolidar o estudo, utilizaremos inicialmente a análise documental das principais fontes que norteiam o interesse das problemáticas ambientais, a pesquisa é exploratória e se apóia na Teoria da Comunicação e das Representações Sociais e em uma releitura de Paulo Freire.

05: Mídia-Alerta: Um monitoramento da mídia impressa local quanto à cobertura diária em Educação e Saúde

Márcia Cristina Ferreira de Azevedo Silva

O trabalho em questão é resultado dos estudos realizados dentro da linha de pesquisa Processos Socioculturais e de Significação, do projeto Mídia-Alerta, desenvolvido na base de pesquisa Grupos de Estudo de Mídia, do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O objetivo de sua elaboração é a demonstração da apuração jornalística impressa local realizada sobre os temas relacionados às políticas públicas na área de Educação. A pesquisa tem como foco o monitoramento dos processos que compõem a notícia, desde a escolha dos assuntos abordados, passando pela eleição das fontes existentes na construção do discurso, as características de edição, bem como o desdobramento dos fatos ao longo dos periódicos. Todo esse processo se justifica à medida que o jornalismo, considerado uma prática de interesse e importância social, deve atender às necessidades e expectativas da sociedade, que tem como direito a informação de qualidade. O material que serve como suporte de análise vem sendo extraído diariamente dos periódicos Diário de Natal e Tribuna do Norte, de setembro de 2004 a junho de 2005, através de clipping. Análises de caráter quantitativo são executadas, levando-se em consideração o espaço concedido pelos meios impressos à área da Educação. Esse material dará respaldo à análise qualitativa, no qual se inclui a análise de discurso. Linha editorial, posicionamento dos meios em questão mediante os fatos abordados, encadeamento dos fatos ao decorrer do texto, vozes do discurso e desdobramento dos acontecimentos expostos são os elementos que norteiam essa fase do trabalho. A partir dos dados obtidos, que serão trabalhados por meio de investigação e embasamento teórico, será possível estabelecer a relação entre a ação da mídia impressa local e a importância destinada por ela ao tema tratado neste trabalho.

06: Representações sociais na Televisão Ponta Negra: Uma amostra do jornalismo tendencioso.

Vinícius Felipe da Silva

No jornalismo, mesmo quando se espera alcançar a objetividade, estamos vinculados a experiências pessoais e assim não podemos ser totalmente imparciais. Porém, uma premissa do jornalismo é exatamente essa pretensa objetividade. Mas o que deve ser feito para evitar que os profissionais, que deveriam fiscalizar os erros recorrentes da sociedade, se deixem levar pelo interesse político dos donos das concessões de TV? Longe de ser uma solução concreta para esta pergunta, espera-se desenvolver com este trabalho uma análise crítica sobre o conteúdo jornalístico da Televisão Ponta Negra. Acredita-se que a partir do momento que a sociedade reflete a respeito dos bens simbólicos que consume, uma mudança em sua relação com os meios eletrônicos se aproxima. A intenção é levantar como é feito o discurso a favor da Vice-prefeita de Natal, a jornalista Micarla de Sousa, presidente do sistema Ponta Negra de Comunicação, nos telejornais Patrulha Policial, 60 Minutos e Jornal do dia (1ª edição). O olhar semiótico sobre as imagens das reportagens, bem como sobre as expressões lingüísticas e visuais dos repórteres e apresentadores dos principais jornais da emissora, foi levado, em consideração. Particularmente as Representações Sociais da Psicologia Social foram as mais notáveis formas de posicionamento político-partidário adotados pela TV Ponta Negra. Por meio dessas, foi possível perceber como os aliados de Micarla eram apresentados de modo a convencer os eleitores que eles são os heróis contra os maus políticos. Enquanto a oposição era caracterizada como confusa, ou mesmo desorientada. Provavelmente esse painel foi construído uma vez que o governo estadual é aliado político da jornalista e o maior anunciante da emissora. No trabalho se explica conceitos de comunicação, jornalismo e representações sociais, antes de serem revelados a forma e os resultados da pesquisa.

07: Imagem das pessoas e divulgação de informações falsas no jornalismo local

Lady Dayana Silva de Oliveira

A cobertura da imprensa em todas as notícias, sejam as que tratem de fatos cotidianos ou que tomam grandes proporções e envolvem personalidades, pressupõe a apuração detalhada das informações. Essa é uma etapa necessária e muito importante do trabalho jornalístico que evita o desencadeamento de escândalos que comprometam a imagem das pessoas envolvidas. O trabalho proposto pretende produzir um estudo do caso ocorrido em 2004 sobre algumas conseqüências da divulgação de informações incorretas ou falsas no jornalismo local a partir da análise do jornal impresso Jornal de Natal, sobre os fatores contribuem para essa falha e como contribuem, e propor uma reflexão sobre o uso da ética no jornalismo. Alguns exemplos nacionais, como o caso da Escola Base que arruinou a vida dos seus proprietários ou, mais recentemente, a polêmica que envolveu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, causada por uma matéria publicada em 2004 no jornal The New York Times, sobre a relação do presidente com a bebida alcoólica, são resultados de uma prática jornalística que deixa de lado a pesquisa e a apuração, por interesse ou mesmo falta de organização.

08: LINGUAGEM MÍDIÁTICA E EDUCAÇÃO INFANTIL: ACENANDO POSSIBILIDADES

Sandro da Silva Cordeiro

Maria das Graças Pinto Coelho

Nas últimas décadas tornou-se evidente no âmbito da Educação Infantil a necessidade do contato infantil com as várias linguagens desenvolvidas pela espécie humana, com vistas a propiciar um desenvolvimento integral desses indivíduos. Essa medida serviria para compreender com maior acuidade a realidade circundante e ampliar o leque de conhecimentos e experiências infantis, conforme as novas demandas impostas pelo mundo contemporâneo.Tais linguagens são evidenciadas a partir de diversas modalidades que não estão limitadas apenas as tradicionais fala e escrita. Gestos, pinturas, músicas, desenhos, mídias são apenas alguns exemplos de portadores de linguagens utilizados com diversas finalidades. Dentre as demonstrações levantadas convém destacar as mídias e, em especial, a televisual, pois agregam em sua constituição diversos elementos que estabelecem a comunicação. O contato e a compreensão dessas várias expressões da comunicação humana permitirá a criança ampliar suas formas de atuação em seu contexto sócio-cultural, com possibilidades de transformação desse lócus, mediante a edificação de significados para suas experiências. Dentro desta ampla discussão, podemos levar em consideração o fato deste contato com o conteúdo televisivo ocorrer desde cedo. Segundo estudos realizados por Pfromm Netto (1998), as crianças têm interesse pela televisão a partir dos seis meses de vida, passando a assistir com maior regularidade a programação por volta dos dois ou três anos de idade. Considerando a urgência no desenvolvimento dessas habilidades pela criança, contemplaremos neste trabalho a linguagem televisual e suas infinitas possibilidades de acesso à informação com perspectivas para a construção do conhecimento em solo educativo, vislumbrando a proposição de um trabalho pedagógico no interior da Educação Infantil. Situaremos esta perspectiva de intervenção nos meandros da cidadania cultural, instância capaz de fornecer as respostas para uma educação que entenda as necessidades do sujeito em sua totalidade, primando pelo contato consciente com os agentes promotores de cultura.

09. Sujeitos Ocultos: O (não)aparecimento do prefeito Carlos Eduardo Alves e colaboradores no noticiário do jornal Tribuna do Norte sobre o acidente na Escola Municipal Marise Paiva

Enoleide Farias

O grau de noticiabilidade de um fato pode ser a garantia de sua divulgação na mídia, ou, senão, uma manipulação dos fatos objetivando influenciar a audiência. O papel da mídia em influenciar pessoas sobre aquilo que pensam e conversam é apontado por teóricos da comunicação e, cientes dessa possibilidade é que, os editores decidem suas pautas diárias, nessa ou naquela intenção. O trabalho analisa a cobertura do jornal Tribuna do Norte acerca do acidente da Escola Municipal Marise Paiva, um dos mais graves (talvez o mais grave) ocorridos em Natal e noticiados na mídia em 2004. Com base nos pressupostos teóricos de Henn e Traquina, e na análise de textos, fotos e ilustrações, através de um recorte temporal da cobertura no período imediatamente posterior ao acidente, o trabalho aponta uma ocultação dos sujeitos da matéria no que diz respeito às imagens publicadas no jornal.

10. Cinematografando o consumo: quando o público de videolocadoras de Natal – RN cria suas próprias narrativas dos filmes que assistem

Jochen Mass Xavier Gomes

Nossa pesquisa visa compreender as percepções do público de cinema no universo das locadoras de filmes na cidade de Natal-RN, através das narrativas elaboradas sobre os filmes que assistem. Nesse sentido, buscamos apreender como o público cria, classifica e interpreta as suas próprias narrativas a partir dos filmes mais alugados no período entre 2003 a 2004. Na pesquisa de campo observou-se que o público que freqüenta as locadoras dá sentidos diversos as suas escolhas fílmicas quando narram seus significados sobre os filmes. Orientando-se na perspectiva teórica de Anthony Giddens, Pierre Bourdieu, Garcia Canclini e outros, enfatizamos a necessidade de tomar os consumidores de filmes como atores cognoscitivos e criativos, pois eles não são meros receptáculos, mas sujeitos imaginantes e reflexivos, quando solicitados a falar sobre os filmes. Todavia, a partir dos filmes eles criam outras histórias, não no sentido de uma nova criação, mas contam de uma outra maneira, de uma forma instigante, perceptiva, reflexiva, emotiva e explicativa. Por essa forma, podemos também, pensar os filmes como aportes para compreender nosso mundo real.

 

GT-37: O FAZER TEATRAL : PEDAGOGIAS E PRÁTICAS

Coordenadores:

José Sávio Oliveira de Araújo

E-mail: gtteatro@digizap.com.br

Departamento de Artes

Sônia Maria de Oliveira Othon

Departamento de Artes

Local: Teatro do Departamento de Artes/UFRN

Em seu terceiro ano consecutivo, este GT pretende dar continuidade ao debate acerca de produções e sistematizações do fazer teatral enquanto prática educativa. É também um espaço de divulgação e discussão de experiências em teatro, realizadas por alunos do curso de licenciatura em Educação Artística do DEART/UFRN, trabalhos de pesquisa desenvolvidos na Especialização em Ensino de Teatro DEART/UFRN, bem como de outros trabalhos e experiências fora do nosso âmbito acadêmico, mas que compõem um panorama de nossa produção na área.

Serão consideradas propostas de trabalhos que discutam:

1. Sistematizações de práticas teatrais e suas referências teóricos metodológicas

2. Pedagogias do fazer teatral

3. Aspetos históricos do fazer teatral no RN

4. Experiências de ensino de teatro na educação formal (na escola em geral e em espaços alternativos para formação teatral)

5. Outros temas correlatos.

Somente na terça-feira, 05/07

01. O lugar do teatro na sociedade contemporânea: entre o riso e o risco (?)

Carlos Henrique Lisboa Fontes

Aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/UFRN.

henriquefontes75@yahoo.com

Orientadora: Profa. Dra. Maria da Conceição de Almeida (DEPED/UFRN)

A dissertação intitulada: “O lugar do teatro na sociedade contemporânea: entre o riso e o risco (?)” tem por objetivo investigar o papel e o lugar do teatro na sociedade contemporânea ocidentalizada do ponto de vista do ator que pensa, cria e difunde os seus espetáculos, ou seja, o que nós definimos como atores-artistas. A pesquisa está sendo feita através de interlocução com autores de várias áreas do conhecimento como Edgar Morin, Henri Bérgson, Denis Guénoun, Werner Heisenberg, Levy-Strauss, Maria da Conceição Almeida, Verena Albertti, entre outros, e usará como método/metodologia de trabalho a montagem de um espetáculo de teatro, que será condutor e conduzido da investigação acerca do lugar do teatro. Partindo de uma arqueologia do riso e da expressão teatral temos por hipótese o lugar do riso e do risco como criador de um novo paradigma da relação ator – espectador. Uma vez que o riso seja o “não-lugar” que provoca uma pausa na prosa do cotidiano, surge a hipótese: será que os atores-artistas devem fazer uso do cômico como um abre-alas para comunicação de sua arte? O lugar do teatro é o lugar do Riso? Do Risco? Entre os dois? Fazendo esse recorte do teatro cômico, supomos a comédia como o lugar que agrega e a tragédia o lugar que separa os que assistem dos que representam. Suposição aberta a refutação e caminho que pode ganhar outras direções a partir do nosso método como estratégia: A Ciência como Montagem e a montagem como ciência. Método esse que será (re)construído durante todo o processo de ensaios, elaboração e reflexão da peça e do texto científico.

02. Artes da história: leituras e apropriações no teatro em sala de aula

Ana Paula de Araújo Ribeiro - CERES

anapaula-sv@bol.com.br

Ana Nery Silva de Oliveira - CERES

nanery17@bol.com.br

Ms. Joel Carlos de Souza Andrade - Orientador

A relação entre história e artes cênicas tem sido retomada como um dos importantes espaços para reflexão do conhecimento histórico no âmbito da multifacetada História Cultural. Partindo desta idéia, desenvolvemos junto à disciplina Cultura Brasileira, numa atividade articulada com o projeto de monitoria “O Saber Histórico: ciência e/ou arte?, um trabalho de analise e adaptação da peça o Auto da Compadecida do escritor Ariano Suassuna no sentido de articular as temáticas enfocadas sobre culturas populares na disciplina e os personagens da obra. A tentativa de se fazer a peça e as leituras que estão sendo realizadas não nos induz a uma reprodução, mas a uma produção e compreensão da vastidão de momentos históricos num mesmo terreno que de local e popular atinge o universal e o erudito e nos possibilita novos recortes, novas leituras e diferentes abordagens sociais, históricas e culturais em novas praticas na relação entre docentes e discentes. Por isso, ao historiador atento, trabalhar com o teatro pode ser bastante inspirador aguçando nos alunos o interesse pela leitura e pela compreensão das diferentes experiências de mundo.

03. A CONSTRUÇÃO DO ESPETÁCULO COM TEXTOS NÃO DRAMÁTICOS: Caminhos para uma pedagogia teatral

Prof. Ms. Jonas de Lima Sales

Centro de Educação Integrada - CEI

jm_sales@ig.com.br

A seguinte exposição traça as características da metodologia desenvolvida nos trabalhos realizados no grupo de teatro do CEI – Centro de Educação Integrada – com textos não dramáticos em seus recitais poéticos que vem sendo trabalhados ao longo das atividades pedagógicas da instituição. Desta forma, busca-se com estas práticas, construir um fazer teatral na escola de modo que venha favorecer o desenvolvimento artístico e intelectual dos proponentes envolvidos nestas atividades. No processo, os espetáculos foram construídos de maneira em que os poemas (textos não dramáticos) viessem a se tornar viáveis para a produção teatral. Estar-se-á destacando os trabalhos desenvolvidos a partir dos poemas de Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto e Jessier Quirino, autores contemplados para estudos pela instituição, que resultou em três espetáculos que correspondem respectivamente; "Ariano em sonetos” , “Da água ao pó” e “ lembranças do Interior”.

04. ENCENAÇÕES TEATRAIS EM NATAL (1914)

Profa. Ms. Sônia Maria de Oliveira Othon

DEART-CCHLA-UFRN

smothon@digizap.com.br

Este trabalho tem por objeto encenações teatrais (quinze ao todo) apresentadas em Natal, capital do Rio Grande do Norte, durante o ano de 1914, por artistas locais e companhias nacionais e estrangeiras. Utiliza-se a noção de pedagogia do teatro como entendida por Othon (2003) para interpretar o papel instrutivo, formativo e recreativo da arte teatral. Para proceder à interpretação foram pesquisados as companhias, os elencos, repertórios e a crítica teatral no jornal A República. Assim, a pedagogia do teatro, expressa na dramaturgia e nos espetáculos, atuou para instruir o natalense acerca de temas políticos, econômicos e sociais sobre os quais a escola regular ordinariamente silenciava.

05. Ato inerente ao processo de ensino-aprendizagem na construção do saber teatro.

Prof. Ms. Ricardo Canella - DEART-CCHLA-UFRN

ricanella@digizap.com.br

Um dos campos de pesquisa sobre o teatro que vem se redimensionado cada vez mais é o que diz respeito ao seu processo de ensino-aprendizagem. Muitas têm sido as abordagens pedagógicas que procuram permitir ao professor/facilitador ensinar e fazer manifestar no outro, aluno/aprendiz o entendimento e a compreensão do fazer teatral. Pensamos que, para se estar empreendendo um verdadeiro ato cognitivo é preciso cultivar, na prática educativa, a postura do pesquisador, enfim, empreender a pesquisa, entendendo esta como uma forma de se estar a todo instante produzindo conhecimento crítico, ou seja, permitindo ao aluno, ao ser conduzido aos caminhos do conhecer verdadeiramente algo, se emancipar, sendo esta portanto uma ação primordial na formação educacional de uma pessoa. Nesse contexto a pesquisa é um caminho que deve ser percorrido no ato de despertar no educando uma verdadeira aprendizagem sobre as especificidades da área do conhecimento teatral. A investigação como parte da formação, pode introduzir uma maior adequação entre a teoria e a prática possibilitando o fazer criativo e consciente. Percebemos que facilita levar o aluno a entender as partes constitutivas dessa arte pelo caminho da pesquisa, parte essencial no processo da criação artística e que na maioria das vezes está sendo esquecido e deixado de lado no procedimento da construção desse conhecimento.

06. Teatralizando a Vigilância

Profa. Vanuza Souza Silva

CERES-UFRN/DHG

vanuzaz@yahoo.com.br

Esse texto trata da experiência do fazer teatral realizado com os apenados da Penitenciária Estadual do Seridó-Caicó/RN a partir da qual foi possível fazer dos dramas e tramas desses sujeitos o personagem central do próprio espetáculo no evento Natal dos Apenados, o qual era aberto para os próprios presidiários e familiares. O espetáculo foi importante também para os que assistiam por que viam contadas naquele espetáculo suas histórias, histórias de crimes os mais diversos e de mortes. O dia do espetáculo lembrou a teoria aristotélica da catarse, a qual discute que o teatro é feito para expurgar feridas. A peça foi sendo elaborada a partir do primeiro encontro que tivemos e com base em um fato que marcou e/ou marcava a vida dos presidiários que participavam da peça., dentre eles, dois homens e três mulheres e uma agente policial. A peça intitulada Historias de vida contou um fato de cada preso, como exemplo, saudade da mãe, as crises de depressão nas celas, a vontade de matar o companheiro da cadeia e tantas outras. O maior espetáculo não foi a peça em si, mas os olhares de admiração dos presos que assistiam ao teatro, a sociabilidade que fora causada e a satisfação dos próprios presos, personagens que naquele momento pareciam acreditar que fora dos muros a vida poderia ser outra, convidando a todos que lhe assistiam a enxergá-los de forma sensivelmente humana. O teatro naquele momento conseguiu mostrar em minutos que a vida entre quatro paredes, vigiada e punida é um caminho árduo a se seguir, como o é o caminho do crime, e que tal punição não é necessariamente a construção de sujeitos mais conscientes, a não ser que práticas como a arte e a educação sejam partes desse processo de fazer ver que as “falhas” cometidas podem ser aliviadas, modificadas. O teatro foi um desses momentos.

07. A CENA ENSINA: uma proposta pedagógica para formação de professores de teatro

Prof. Dr. José Sávio Oliveira de Araújo

DEART-CCHLA-UFRN

savarau@digizap.com.br

A finalidade última deste trabalho é apresentar alternativas para novos processos de formação de professores de teatro, discutindo diferentes aspectos que possibilitem uma capacitação profissional desta natureza e abordando a compreensão do campo artístico de forma indissociável do campo pedagógico. Partindo do pressuposto que ensinar e aprender são atos de construção de conhecimentos, essa proposta pedagógica tem como objetivo o desenvolvimento de práticas teatrais educativas nas quais a produção de representações teatrais sejam atos pedagógicos sistematizados. Enquanto prática cultural espetacular organizada, o teatro é abordado como um sistema de representação, cujos elementos são construções de diferentes atos de conhecimento, gerando diversos campos de atuação teatral, articulados de modo policêntrico através do conceito de encenação e problematizados segundo questões de natureza textual, corporal e espacial. Os referenciais teóricos e metodológicos desta tese situam-se no pensamento do educador Paulo Freire acerca da organização dialógica de processos de ensino, na produção do GEPEM – Grupo de Estudos de Práticas Educativas em Movimento (PPGEd/UFRN) e em diferentes contribuições na área da Pedagogia Teatral, particularmente aquelas que privilegiam uma compreensão do fenômeno teatral como uma prática coletiva e em processo, dialogando com diferentes formas teatrais presentes tanto nas contribuições já incorporadas às tradições do teatro ocidental, como também, com sínteses e reflexões produzidas por pesquisadores e pensadores contemporâneos do teatro. A proposta pedagógica aqui apresentada consiste de três eixos básicos: a) concepção de área; b) organização curricular; c) produção de materiais para alunos e professores.

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GT-38: ESPAÇO, POLÍTICA PÚBLICA E DESENVOLVIMENTO

Coordenador:

Aldo Aloísio Dantas da Silva

E-mail: aldodantas@ufrnet.br

Departamento de Geografia

João Bosco Araújo da Costa

E-mail: joaobac@uol.com.br

Departamento de Serviço Social

Local: Consecão

Numa perspectiva multidisciplinar articulara a reflexão sobre a produção dos espaços com a discussão dos novos papeis desempenhados pelo poder público local, tanto em relação às possibilidades de novos padrões de relacionamentos entre o poder público e os atores/agentes sociais e políticos, públicos e privados localmente ancorados, como em relação à condição de protagonista do desenvolvimento sustentável local, através da implementação de políticas publicas, construção de governança e mobilização de capital social.

Somente quarta-feira 06/07

01. ANÁLISE SOBRE OS CONSELHOS DE POLITICAS PUBLICAS NA PERSPECTIVA DA IMPLANTAÇÃO DA GESTAO CONSTITUCIONAL PARTICIPATIVA.

Diego Vale de Medeiros (autor)

Aluno do Curso de Bacharelado em Direito. Departamento de Direito da UFRN.

Os novos paradigmas norteadores do exercício político-constitucional do Estado democrático de direito obedecem a uma visão incontestável de gestão participativa, democrática e transparente. A luta pela cidadania está intimamente associada à construção de novas formas de regulação democrática de nossa sociedade. Bem verdade se faz destacar sobre as diversas lutas e conquistas, que esparsas ou sistemáticas, contribuíram para a compreensão irrefutável de que a gestão administrativa deve permear e satisfazer as demandas da sociedade, em prol da tão ensejada justiça social. Em face aos novos paradigmas expostos, far-se-á necessário elencar como prioridades do governo e da sociedade civil ações que incluam, nos programas de políticas públicas, o compromisso constitucional com a participação cidadã sob no âmago do empoderamento da gestão democrática. Fixando-se em eixos estruturantes, ações que garantam a partilha efetiva de poder entre o Estado e a Sociedade, direcionadas à promoção da justiça social, combate à desigualdade e promoção da eqüidade, promovendo a negociação entre os setores sociais e a efetiva construção do interesse público. É preciso constatar que existe uma rica e diversificada experiência de participação, que indubitavelmente se demonstram na possível efetivação constitucional que busca o real exercício da cidadania, mas imersa em enorme bolha de alienação e indiferença da população em geral. Sendo fundamental o desenvolvimento de programas e ações voltados para confrontar os limites e bloqueios da nossa dinâmica democrática. Buscando-se contextualizar na seara local, tal projeto também se propõe a contemplar uma abordagem no que toca a implantação das alusivas instancias de participação social, ressaltando-se a conjuntura atual, os avanços e desafios em face a necessidade da mudança de paradigma da gestão publica descentralizada e participativa.

02. ESPAÇOS PÚBLICOS DE LAZER NO BAIRRO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ

Gustavo André Pereira de Brito (autor) – CEFET/RN

Veruska de Araújo Vasconcelos Granja (autora) – CEFET/RN

Discutir os espaços públicos de lazer é um dos pontos relevantes na análise da importância que o poder público emprega ou não na melhoria da qualidade de vida da população em geral. Nesta perspectiva, identificou-se a necessidade de se fazer um levantamento dos espaços públicos de lazer do bairro Nossa Senhora de Nazaré – Natal/RN, analisando assim a importância que esses espaços têm para a comunidade local, já que propiciam não só o sentimento lúdico, como também desenvolvimento pessoal. Para realizar esta pesquisa aplicou-se questionário a uma parcela pequena da comunidade local com o intuito de verificar qual a importância dada ao lazer, além de questionar sobre o conhecimento das possibilidades e a utilização dos espaços públicos de lazer do bairro. Constatou-se que é quase inexistente política pública de lazer no Bairro de Nazaré e em decorrência disso os moradores, em sua maioria, saem do bairro para usufruírem o seu tempo livre. Desta Forma a população se encontra carente de políticas de lazer que promovam democraticamente o acesso ao lazer se utilizando dos espaços de lazer que existem na comunidade e que se encontram em mal estado de conservação, mas que podem mudar a partir de uma visão crítica e de uma mudança de postura da população.

03. JUVENTUDE E VOLUNTARIADO: UM ESTUDO DA PARTICIPAÇÃO DE JOVENS EM AÇÕES VOLUNTÁRIAS

Ana Paula Lima do Nascimento (autora)

Aluna do Curso de Serviço Social-UFRN

Orientador: Prof. Dr. João Bosco Araújo da Costa

A representação da noção de juventude, a partir da participação dos jovens nos movimentos estudantis, revolucionários e de contestação político-cultural, permitiu se criar no imaginário social uma “essência” da condição jovem, como fase de rebeldia e das contestações. Discute-se contemporaneamente essa representação do jovem rebelde, devido a multiplicidade de situações e perfis da juventude que revelam formas próprias de sociabilidade e especificidades de cada categoria juvenil. A pesquisa “Juventude e voluntariado: um estudo da participação dos jovens do ensino médio no município de Natal em ações voluntárias” objetiva investigar a participação dos jovens do ensino médio do município de Natal/RN em programas de voluntariado. Especificamente procura identificar as formas de participação em ações de voluntariado dos alunos do ensino médio no município de Natal/RN; verificar a motivação dos jovens em participar de ações de voluntariado; investigar quais as instituições e programas de voluntariado que estes jovens participam. Os procedimentos metodológicos consistirão de: revisão da Literatura sobre Participação Política, Juventude, Voluntariado e Terceiro Setor; Pesquisa documental em instituições públicas e Ong’s sobre projetos ligados a estimular a participação da juventude no voluntariado e aplicação de questionário com os jovens do ensino médio em Natal.

04. UMA DISCUSSÃO SOBRE O MODELO POTIGUAR DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EXPRESSO NAS POLÍTICAS DE TURISMO

Maria Aparecida Pontes da Fonseca (autora)

Professora do Departamento de Geografia –UFRN

Mariapontes@cchla.ufrn.br

A proposta desta comunicação é abordar a relevância das políticas públicas para que os destinos turísticos sejam competitivos na Nova Era do Turismo. Analisaremos como as políticas públicas de turismo foram fundamentais para o surgimento e expansão do turismo potiguar, bem como suas repercussões espaciais. O objetivo consiste em identificar como o desenvolvimento turístico vem produzindo um novo tipo de organização e interação espacial no litoral oriental potiguar. A metodologia de investigação consistiu em: realização de entrevistas com representantes do poder público local e estadual, levantamento de dados em instituições públicas, análise de documentos pertinentes ao objeto de estudo. Santos (1996) aborda a racionalidade existente no espaço, manifestada nos objetos e nas ações. Para ele, existe uma racionalidade nas formas espaciais, que é a materialidade de uma ordem abstrata e racional. A racionalidade mencionada por este autor pode ser visualizada no espaço turístico potiguar. Procurando criar um entorno mais satisfatório e que pudesse imprimir maior competitividade ao produto turístico potiguar, o poder público estadual elege o município de Natal para centralizar e comandar a atividade turística estadual. Devido às condições mais satisfatórias em termos de infra-estrutura e serviços urbanos, Natal apresentava também um ambiente mais adequado para a expansão inicial da atividade turística, o que ocorreu com a implantação do PD/VC em meados dos anos oitenta. A implantação do PRODETUR/RN, dez anos depois, vem reforçar a centralidade já exercida por Natal, na medida em que os locais prioritários dos investimentos são efetuados nesse município. Portanto, as políticas públicas de turismo implementadas no estado potiguar reforçam a hegemonia de Natal no espaço turístico estadual. Na organização do espaço turístico, Natal exerce uma preponderância sobre os demais municípios, pois se constitui no principal produto turístico, enquanto os outros municípios constituem subprodutos de Natal. Dada a centralidade de Natal, os demais espaços turísticos encontram dificuldades em constituírem seus próprios espaços produtivos para atividade turística.

05. DESENVOVIMENTO E MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMAZÔNIA

José Reinaldo a. Picanço (autor)

Aluno do Doutorado em Ciências Sociais da UFRN

O modelo de integração da Amazônia à economia brasileira, promoveu profundas modificações na estrutura produtiva regional, com grande repercussão sobre a população nativa. Partindo do pressuposto de tratar-se de um “espaço vazio”, rico em recursos naturais a serem explorados, o Estado brasileiro desencadeou uma série de iniciativas no sentido de garantir sua ocupação. Para tanto, investiu, principalmente, na abertura de vias de acesso e na atração de investimentos produtivos a base de pesados instrumentos de incentivos fiscais. Como impactos desse modelo, destacam-se os danos ambientais e os conflitos criados com diversos grupos sociais locais, que se viram expropriados e expulsos de suas terras, levando grande número de famílias a viver nas cidades. Por outro lado, no decorrer desse processo, ocorreu uma forte politização dos movimentos sociais que transformaram os problemas em bandeiras de luta, principalmente a luta pela terra. Como resultado da reação dos chamados “povos da floresta”, foram criadas várias áreas de reservas, destinadas ao usufruto de diferentes grupos, com destaque para as Reservas Extrativistas conquistadas pelos seringueiros e castanheiros.

06. A GOVERNANÇA NA RENOVAÇÃO DE CIDADES PORTUÁRIAS

Jennifer dos Santos Borges (autora)

Aluna do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco

jenniferborges@hotmail.com

Este trabalho reúne considerações preliminares de uma pesquisa centrada na caracterização dos arranjos de governança que permeiam processos de requalificação de áreas portuárias. Partindo da concepção de cidade portuária, que se define pela integração entre porto e cidade como estratégia de inserção destes no processo de globalização, destacamos entre as experiências que consolidam essa proposta os projetos pautados no modelo de planejamento urbano estratégico. Sabemos que esse modelo caracteriza-se fundamentalmente pela mudança no perfil de articulação entre os agentes públicos e privados e a população envolvida. Nesse sentido, a análise do conceito de governança parece ser relevante ao permitir a interpretação dos condicionantes sociais, políticos e administrativos inerentes a realidades específicas em que se desenvolvem processos semelhantes. No caso das renovações portuárias, a estrutura de governança tem definido diferenças marcantes entre as experiências implementadas. Da condução do processo pelo setor privado nos Estados Unidos, em Boston e Baltimore, à personificação da iniciativa em torno da autoridade municipal, em Barcelona, cada “nova cidade portuária” definiu sua forma de implementar os respectivos planos estratégicos. Na América Latina, onde as condições de governança adquirem conotação peculiar frente aos problemas políticos característicos, o modelo é incorporado de forma adaptada guardando determinadas particularidades. No Brasil, essa discussão envolve, por exemplo, as articulações que se formaram em torno dos projetos de revitalização das áreas portuárias de Belém e do Rio de Janeiro. E em Natal, especificamente, apesar de haver projetos que já apontam para uma possível integração da área portuária com a cidade, percebe-se que a falta de articulação entre os agentes envolvidos tem atrasado a condução de um processo nesse sentido e, entre as hipóteses que explicariam essa falta de articulação, discuti-se a da ausência de um interesse estratégico sobre essa fração da cidade em relação a outras.

07. JUVENTUDE E POLÍTICAS PÚBLICAS: UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS JOVENS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO, SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS IMPLEMENTADAS NO MUNICÍPIO DE NATAL

Jussara Keilla B. do Nascimento (autora)

Aluna do Departamento de serviço Social -UFRN

Orientador: Prof. Dr. João Bosco Araújo da Costa do Departamento de serviço Social –UFRN

sarasocial@uol.com.br

O termo juventude, em linhas gerais, compreende o período de vida entre 15 e 24 anos. Estudos sobre o tema explicitam a diversidade de características que podem perpassá-lo. Um período de busca e definição da identidade, que pode contemplar a inserção do indivíduo na esfera pública. Em um resgate sobre as primeiras políticas públicas para a juventude, aponta que estas se deram entre as décadas de 70 e 80, com um caráter funcionalista que visava a adequação do jovem à sociedade. A partir do aumento e evolução das políticas públicas para juventude pela participação desta em movimentos que demandavam e reivindicavam tais melhorias, identifica na atualidade, um leque de projetos e programas direcionados a esse público, a serem implementados nas três esferas do governo – União, Estados e Municípios. Utiliza como metodologia a pesquisa documental e a pesquisa quantitativa, através de questionários a serem aplicados aos jovens de escolas privadas, municipais, estaduais e federal do município de Natal. Além da apreensão e percepção dos jovens matriculados no ensino médio da cidade de Natal acerca dos diversos programas e projetos para a juventude, objetiva também: 1) Identificar os programas e projetos que são oferecidos para a juventude na cidade de Natal; 2) Verificar o grau de conhecimento dos jovens acerca dos programas e projetos para a juventude disponíveis no município; 3) Analisar o nível de confiança desse segmento jovem nos programas e projetos para a juventude, no sentido de identificar também possíveis transformações e efetivações em suas vidas e 4) No caso dos jovens que participam de algum programa ou projeto para a juventude em Natal, apreender a avaliação que fazem destas políticas públicas. Podendo desta forma, traçar um mapa sobre o conhecimento e participação dos jovens quanto às políticas para a juventude oferecidas no município de Natal.

08. BOSQUE DAS MANGUEIRAS: UMA PARCERIA ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO

Driele Cendon Trindade (autora) – CEFET-RN

Sormânia Pereira Trindade (autora) – CEFET-RN

Orientador: Prof. Marcus Vinícius de Faria Oliveira

drieleee@yahoo.com.br

sormaniapereir@hotmail.com

Este estudo foi realizado no ano de 2004, a partir de uma análise sobre as políticas públicas de lazer nos bairros do município de Natal e relata uma parceria entre a Prefeitura do Município e a Universidade Potiguar (UnP) no espaço do Bosque das Mangueiras, localizado na região administrativa oeste do município, no bairro de Lagoa Nova. A metodologia utilizada para a realização da pesquisa foi baseada na observação direta, colhendo informações no próprio local e participando de algumas atividades; e através de leituras de documentos (contrato) desta parceria entre o público e privado. Esta pesquisa mostra como tem sido importante este espaço na vida dos indivíduos da comunidade que participam das atividades oferecidas no local, que em seu programa desenvolve práticas de yoga e de ginástica, comprovando com isso que o bem estar físico e psicológico promove a melhoria da qualidade de vida e a interação entre os indivíduos da comunidade. As práticas realizadas são adaptadas tanto aos espaços quanto a idade daqueles que as praticam. É muito importante para os atores sociais, que lhes seja disponibilizado o lazer como atividade que lhes dê prazer, tendo em vista que o mesmo está vinculado aos valores ligados ao descanso, ao divertimento e ao desenvolvimento, sendo por este motivo deixado de lado pelas camadas economicamente menos favorecidas; assim, transformar o esporte e lazer em política pública de estado capaz de promover o desenvolvimento humano e social é uma solução, para em termos de políticas públicas aumentar a demanda de atividades que atendam a todos os gostos da população, e, com a participação da sociedade deve-se consolidar uma política nacional de esporte e lazer, promovendo o ordenamento institucional do setor, melhoria de sua gestão e garantindo acesso a todos os brasileiros a atividades esportivas e de lazer.


Minicursos e Oficinas

Minicursos e Oficinas: quinta-feira, 07 de julho, de 14h às 18h, nos auditórios do CCHLA e nas salas do Setor de Aulas II.

. Os Minicursos (de natureza teórica) e as Oficinas (de natureza prática) terão a duração de aproximadamente 4h/a.

. Poderão se inscrever nos Minicursos/Oficinas todos os interessados. As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas na sala 119, do CCHLA, durante o período de 11 de maio a 24 de junho. É necessário fornecer as seguintes informações: nome completo, e-mail e/ou telefone para contato, Departamento e/ou instituição de origem. O aluno poderá se inscrever em apenas UM minicurso ou oficina.


 

MC-01: HISTÓRIA ORAL

Professora:

Maria da Conceição Fraga

Departamento de História

Nº de vagas: 20

Local: Setor II, sala A1

O curso tem como objetivo informar aos alunos a importância da História Oral na Histografia contemporânea. Trata do surgimento da História Oral; situa a História Oral no Brasil e apresenta caminhos teórico-metodológicos para o uso da História Oral.

MC-02: DON QUIJOTE BAJO EL SIGNO DEL BARROCO: CUATROCIENTOS AÑOS DE CABALLERÍA

Professor:

Francisco Ivan da Silva

Departamento de Letras

Número de Vagas: 30

Local: Setor II, sala A2

Al presentar al público/estudiante universitario este curso sobre Don Quijote, queremos dejar presente en la Universidad Federal do Rio G. do Norte el IV Centenario del más ilustre escritor castellano conmemorado en el mundo en este año, 2005. Pero debo aclarar que el tan justificado curso me ha objetivado a llevar a término una empresa tan arriesgada como el tener delante de los ojos la antiquísima tradición quijotesca de los libros de caballerías. Es lógico, pues, no se me oculta que lo vasto de la materia tratada sobre semejante obra reclama en realidad toda una vida consagrada a su estudio y exige en el que aspire a su comprensión una lucidez de entendimiento nada común, además, cualidades de las que evidentemente carezco. El mundo todo celebra los hechos de tan ilustre caballero. Por tanto, el recuerdo de esto libro, en este momento de la XIII Semana de Humanidades sólo sirve para acrecentar entre los que se cuentan verdaderos lectores de obras maestras. Este curso es fruto de una vasta lectura que hicimos a lo largo de los anos y cuyo objetivo es ampliar el horizonte de pesquisas en el campo de la literatura hispanoamericana junto al departamento de letras. En una palabra, este curso objetiva, aspira a ser un análisis, es decir, un examen crítico aplicado a la novela de Cervantes tiendo como punto de mira el estudiante de literatura y cultura hispánica. Creo sinceramente que el lector del Quijote, interesado en este curso, antes de ingresar en esta caballería, sabrá la orientación del pensamiento teórico que ha presidido y guiado nuestras clases de literatura Ibero-Americana e cultura hispanoamericana. ¿Cómo leer Don Quijote, hoy, cómo oír lo que nos dice, cómo seguir el camino del caballero andante? Para lograr este resultado he sistematizado en el campo de los estudios de esa Obra algunos puntos que considero importantes para su Historia y conocimiento del moderno lector.

MC-03: WILLIAM SHAKESPEARE: VIDA E OBRA

Professora:

Clotilde Santa Cruz Tavares

Departamento de Artes

Número de vagas: 160

Local: Auditório da BCZM

O objetivo é fornecer ao público em geral informações básicas sobre a biografia e a obra de William Shakespeare (1564-1616), poeta e dramaturgo inglês, considerado um dos maiores autores teatrais de todos os tempos e o maior poeta da língua inglesa. Os temas abordados serão: A Inglaterra no século XVI; O teatro elisabetano: como era?; Shakespeare em Londres, e o Teatro Globo; Tragédias, comédias e sonetos; O que W. Shakespeare significa no plano da Literatura.

MC-04: PLANEJAMENTO URBANO: O USO DO SOLO URBANO E SEU PLANEJAMENTO

Professora:

Beatriz Maria Soares Pontes

Departamento de Geografia

Número de Vagas: 30

Local: Setor II, sala B4

O nosso propósito será de veicular de maneira objetiva e didática, a complexa questão do uso do solo urbano e as alternativas para o seu planejamento privilegiando, sobretudo, o enfoque geográfico. Os itens a serem abordados serão os seguintes: instrumentos de operacionalização das diretrizes; o Plano de Uso de Solo; conceitos e definições; etapas básicas de trabalho; levantamento da informação; política de ocupação do solo; elaboração do plano de Uso do Solo; aprovação e divulgação; instrumentação Legal; o Plano de Zoneamento; os textos legais; lei Municipal de Zoneamento; lei Municipal de Parcelamento do Solo; implantação do Plano; acompanhamento e atualização.

MC-05: “POESIA FILOSÓFICO-MÍSTICO DO ISLÔ

Professor:

Edrisi Fernandes

Departamento de Filosofia

Número de Vagas: 15

Local: Setor II, Sala A5

A partir da leitura de poemas filosóficos-místicos representativos da corrente sufi do Islã, notadamente de autores como Rumi, Shabistari, Khayyam e Jami, o ministrante apresenta alguns aspectos do simbolismo sufi, especialmente aquele relativo ao “vinho” e a “embriagues e ao amante” e a “amada”, mostrando sua vinculação com o pensamento da Escola Filosófica de Muhy’iddin ibn Arabi, “o maior dos mestres” do sufismo.

MC-06: “POSSIBILIDADES DA RECEPÇÃO CINEMATOGRÁFICA

Professora:

Josimey Costa da Silva

Departamento de Comunicação Social

Número de Vagas: 50

Local: Setor II, sala C4

A recepção cinematográfica é parte da significação do filme. A presença corporal e coletiva potencializa a participação afetiva e a criação de vínculos sociais. A recepção crítica requer conhecimento das especificidades do cinema e reflexão sobre os processos da comunicação social. Objetiva possibilitar o desenvolvimento de uma capacidade crítica em relação ao cinema com a explicitação das estruturas de produção e distribuição cinematográfica e da participação do espectador no processo de significação / recepção fílmica.

MC-07: HISTÓRIA VISUAL: ALGUMAS REFLEXÕES INICIAIS

Professora:

Flávia de Sá Pedreira

Departamento de História

Número de Vagas: 35

Local: Consequinho

O reconhecimento das fontes visuais como documentos históricos privilegiados, a partir dos anos 1960, merece uma atenção especial por parte dos historiadores da atualidade. O presente Mini-curso terá por objetivo introduzir a discussão (até agora inexistente no curso de História desta Universidade) sobre os pressupostos teórico-metodológicos da História Visual, e as suas diversas possibilidades de aplicação em sala de aula.

MC-08: PESQUISA E FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Coordenador:

Maria do Socorro Oliveira

Departamento de Letras

Local: Setor II, sala B1

Dentro de um quadro de discussão que prevê a figura do professor como um pesquisador, este minicurso objetiva discutir a função da pesquisa na graduação e fornecer instrumentos metodológicos para que o futuro professor possa não só refletir sobre a sua própria prática, mas também traduzir essa ação reflexiva em conhecimento.

MC-09: CLARICE LISPECTOR CRONISTA

Professora:

Mona Lisa Bezerra Teixeira

Departamento de Letras

Número de vagas: 40

Local: Setor II, sala B2

As crônicas de Clarice Lispector constituem parte significativa de sua produção literária, revelando uma observação sensível e atenta à condição humana e à sua relação com o mundo, tão forte quanto em seus contos e romances. Discutir aspectos presentes nas suas crônicas como a presença da infância, a violência nas relações sociais, o medo do desconhecido, a reflexão constante sobre o ato de escrever, entre outras temáticas recorrentes em sua narrativa de um modo geral, é a intenção do minicurso.

MC-10: A POESIA E A POÉTICA DE ARISTÓTELES

Professor:

Glenn W. Erickson

Departamento de Filosofia

Número de Vagas: 25

Local: Setor II, sala D5

O objetivo desse minicurso é discustir a natureza da poesia sob a ótica na metafísica clássica grega, com referência especial à Poética de Aristóteles. O participante deve estar familiarizado com A poética de Aristóteles.

MC-11: "LITERATURA FOLCLÓRICA"

Coordenadora:

Paula Pires Ferreira

Departamento de Letras

Número de vagas: 30

Local: Setor II, sala D4

Alguns manifestações simples e espontâneas de perceber o mundo encontram-se fixadas na memória coletiva. Presentes no cotidiano, fazem parte dos meios utilizados para expressar a realidade de um universo próprio, tendo por base e modo de expansão o senso comum. Tratam, em geral, de problemas universais nos quais qualquer ser humano pode se reconhecer. No entanto, algumas dessas formas populares de expressão, mesmo sem ter qualquer compromisso com a literatura em sua origem, despertam, de algum modo, o sentimento anacrônico de uma certa identificação quanto a raízes e origens, mas também certa discriminação social e intelectual por parte das esferas detentoras de informação e ou educação formal. Este curso se propõe a fazer um estudo básico e introdutório de algumas das chamadas formas simples de expressão popular: trava-línguas, adivinhas, provérbios, romance, poesia tradicional, entre outros.

MC-12: ANTROPOLOGIA DA SAÚDE

Professora:

Liliane Cunha de Souza

Departamento de Antropologia

Local: Setor II, sala D1

O presente minicurso tem como objetivo promover um diálogo relativizador entre as Ciências da Saúde e a Antropologia, a partir da compreensão dos processos de saúde, doença e cura não apenas como resultado de eventos biológicos, mas também enraizados em fatores sociais, culturais e psicológicos. Esse minicurso pretende fornecer uma introdução a fundamentos teórico-metodológicos presentes na Antropologia da Saúde que possibilitem a compreensão do processo saúde/doença como uma construção cultural e a biomedicina como um sistema médico entre outros.

MC-13: CIÊNCIA E COMPLEXIDADE

Professora:

Maria da Conceição Almeida

Pós-Graduação em Ciências Sociais

Número de Vagas: 20

Local: Setor II, sala D3

A partir de meados do século passado, a idéia de complexidade aporta no seio da Ciência Moderna (nascida no séc. XVII) e começa a produzir uma nova organização do conhecimento. Oriundo de diversas áreas da ciência (física, teoria da informação, etc), o conceito de complexidade sugere uma compreensão multidimensional dos fenômenos, contempla a incerteza e promove o intercâmbio entre domínios distintos das especialidades. Ilya Prigogine, Henri Atlan, Werner Heisenberg, entre outros, são alguns dos cientistas que figuram entre os construtores desse novo patamar da ciência. Do ponto de vista do Método, coube a Edgar Morin construir e propor princípios gerais capazes de articular saberes e disciplinas com vistas a fazer com que a ciência retome o seu papel de compreender o mundo. O minicurso tem por objetivo sintetizar o panorama das ciências da complexidade expondo um conjunto de argumentos e conceitos concernentes a essa nova organização do conhecimento científico.

MC-14: DA RETÓRICA À TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO

Professor:

Alzir Oliveira

Departamento de Letras

Número de Vagas: 40

Local: Setor II, sala G4

A retórica se liga estreitamente à instituição da polis grega, desenvolvendo-se plenamente com a consolidação da democracia ateniense. Essencialmente, recorre à palavra para obter a adesão de um auditório através da argumentação. Floresceu na Grécia e em Roma, mas com o fim da Antiguidade, seja pela ênfase em seu aspecto formal, seja pela influência do racionalismo dos tempos modernos, perdeu prestígio ao ponto de tornar-se sinônimo de discurso empolado, vazio. No século XX, os estudos de filosofia da linguagem redescobrem a retórica, encarando-a na perspectiva de uma teoria da argumentação. De Platão a Perelman é o caminho que pretendemos sucintamente percorrer, com o intuito de apontar a importância da visão da natureza argumentativa da língua para os diferentes ramos das Ciências Humanas.

MC-15: RENASCIMENTO: a viagem da alma através do ar

Professor:

José Ramos Coelho

Departamento de Filosofia.

Número de Vagas: 15

Local: Setor II, sala E3

Viver é um processo contínuo de expansão e recolhimento, crises e superações, condicionamentos e liberdade, limites e ultrapassagens. Viajando através destes extremos, é importante não se perder de vista o próprio eixo, o contato norteador com a essência, a fim de que o percurso, em todas as suas etapas, seja enriquecedor. O objetivo deste mini-curso vivencial é experienciar o viver como um rito de passagem, preparando-nos para atravessar o portal de nossos sonhos.

MC-16: ARQUEOLOGIA, HISTÓRIA E CULTURA MATERIAL

Professor:

Roberto Airon Silva

Departamento de História

Total de vagas: 25

Local: Setor II, sala G2

No âmbito dos novos desafios na formação profissional em História e de outras áreas correlatas das ciências humanas e sociais, têm destaque hoje o interesse no conhecimento da cultura material, item relacionado à caracterização das sociedades do passado. Em especial, sua importância está na dimensão complexa do entendimento das raízes históricas específicas do Rio Grande do Norte. Pensando em divulgar um trabalho feito de maneira responsável e de forma sistemática, este minicurso visa apresentar uma visão rápida mas aprofundada das possibilidades e das responsabilidades de tal conhecimento nas mãos dos futuros profissionais dessas áreas correlatas à História. Além disso, valorizar também o trabalho científico e profissional na área de conhecimento da Arqueologia no Brasil.

MC-17: "LITORAL VERSUS SERTÃO: PARA UM DIÁLOGO ENTRE AS FRONTEIRAS DA HISTÓRIA E DA ANTROPOLOGIA"

Professor:

Luiz Antonio de Oliveira

Departamento de Antropologia

Muirakytan K. de Macedo

Departamento de História / CERES

Local: Setor II, sala D2

Estudados por vezes como espaços separados, o sertão e o litoral do que hoje se configura como Nordeste brasileiro, apresentam diferenças culturais que se constituíram ao longo de processo histórico de sua ocupação. Este mini-curso propõe, a partir de exemplos de pesquisas históricas e antropológicas, desenvolvidas no RN, problematizar outras formas de apreensão do sertão-mar. Antropólogos e historiadores têm, portanto, refletido conjuntamente sobre o assunto, evidenciando as dificuldades de se pensar as especificidades histórico-culturais de tais áreas geográficas. Associa-se a isto a emergência de várias temporalidades permeando a nossa percepção cotidiana de um mundo globalizado no qual (re)surgem velhas e novas identidades e são ressiginificadas relações de territorialidade.

MC-18: UTILIZAÇÃO DE FEIÇÕES GEOLÓGICAS/GEOMORFOLÓFICAS COMO ATRATIVO TURÍSTICO

Professora:

Zuleide Maria Carvalho Lima

Departamento de Geografia

Marcos Antonio L. do Nascimento

Terra & Mar Soluções – Empresa de Consultoria

Local: Auditório da Geografia

O Rio Grande do Norte (RN) possui uma grande diversidade de feições geológicas/geomorfológicas, seja no interior como no litoral, apresentando exemplos dos mais didáticos e completos, indo desde rochas do complexo cristalino (embasamento de idade pré-cambriana, com 570 a 3500 milhões de anos) até às coberturas de dunas (de idade mais recente, com < 1,7 milhões de anos). Muitos desses exemplos constituem potenciais sítios/monumentos, que vêm atualmente despertando também interesse histórico e cultural em visitas espontâneas ou guiadas por operadores de turismo. Dentre diversos exemplos de atrativo geológico/geomorfológico encontrado no RN podemos destacar as falésias litorâneas da Formação Barreiras, as dunas, praias e beach-rocks expostos em praias como Tabatinga, Tibau do Sul, Pipa, Galinhos, Ponta do Mel; as serras, picos e afloramentos, no interior do Estado, como destaque para as serras de Martins, Portalegre, Santana e Feiticeiro, o Pico Vulcânico do Cabugi (Pedro Avelino/Angicos), o Lajedo de Soledade (Apodi). Têm-se ainda as cavernas do Roncador (Felipe Guerra) e a Casa de Pedra (Martins), e as diversas morfologias esculpidas em rochas granitóides em Acari e Monte das Gameleiras, juntamente com a existência das rochas mais antigas da América do Sul (Bom Jesus/Serra Caiada) com idade de 3,45 bilhões de anos. Isto acima mencionado é apenas um pouco do que o RN possui de atrativo geológico/geomorfológico, todavia, para a utilização das feições anteriormente citadas faz-se necessário realizar diagnósticos das áreas com potencial turístico visando a compreensão do ambiente, bem como propor o uso sustentável para região.

MC-19: ANÁLISE COMPARATIVA OMBUDSMAN DE IMPRENSA: A FUNÇÃO NOS JORNAIS FOLHA DE S. PAULO E LE MONDE

Professora:

Kênia Beatriz Ferreira Maia

Departamento de Comunicação

Número de vagas: 40

Local: Setor II, sala G5

Por meio de análise comparativa do ombudsman da Folha de S. Paulo e do médiateur do Le Monde, será avaliada a temática e as práticas profissionais discutidas e os espaços ocupados pelos leitores nas suas colunas. O curso discutirá também as circunstâncias de introdução da função, a definição e as atribuições do cargo que incidem sobre o conteúdo das colunas e participam da formação dos modelos de ombudsman da imprensa. Para tanto, foram examinados os textos sobre a morte da princesa Diana em 1997, e a Copa do Mundo de Futebol em 1998. Conclui-se que o ombudsman da Folha de S. Paulo se apresenta mais como uma instância de crítica do noticiário, enquanto o médiateur do Le Monde se constitui prioritariamente como um mecanismo de relação entre os leitores e o jornal. O curso ainda vai examinar a função de ombudsman de imprensa à luz da sociologia das profissões e a analisar a ouvidoria de imprensa como um agrupamento profissional em formação, que, para se afirmar, precisa desenvolver um importante trabalho de convicção sobre o interesse do agrupamento, no qual a enumeração e a caracterização de dispositivos de autonomia do ombudsman fundam a representação paradigmática do ombudsman. A retórica de legitimação e de justificação da função de ombudsman de imprensa se centra no modelo paradigmático, na representação ideal, e na divergência entre o discurso voltado para o público interno e o discurso voltado para o público externo.

MC-20: FITOGEOGRAFIA BRASILEIRA

Professor:

Luiz Antonio Cestaro

Departamento de Geografia

Número de vagas: 30

Local: Setor II, sala C3

O curso envolverá um breve histórico da análise da vegetação do Brasil e seus principais investigadores. Será apresentado o Sistema Fitogeográfico Brasileiro aceito atualmente, com breves descrições dos principais tipos de vegetação e sua dinâmica desde a última era glacial.

MC-21: OS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA

Professores:

Eleonora Bezerra de Melo Tinoco Beaugrand

Departamento de Ciências Sociais - CCHLA

Rizoneide Souza Amorim

Base de Pesquisa UNITRABALHO/UFRN

Número de Vagas: 30

Local: Setor II, sala G6

O mini-curso discutirá o significado da Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável no contexto atual objetivando divulgar a temática no meio acadêmico. A metodologia utilizada será através de aula expositiva e trabalhos em grupo.

OF-01: SENSIBILIZAÇÃO DOS SENTIDOS

Autores:

Norma Takeuti

Membro da Base de pesquisa: POIESIS – Estudos de Cultura e Subjetividade- (De Fil)

Everaldo Tôrres Barbosa

Membro da base de pesquisa: POIESIS- Estudos de Cultura e Subjetividade-doutorando do programa de Pós-graduação em Ciências Sociais/CCHLA/UFRN

Número de Vagas 30

Local: Setor II, sala E6

Considerando que os sentidos são os elementos primevos de relacionamentos do bebê com o mundo externo, e que as dobras desses elementos circunscreverão a identificação relacional deste indivíduo, nosso propósito nesta oficina é focalizar uma sensibilização dos sentidos, para que, cada indivíduo envolvido na oficina, possa dimensionar nos dias de hoje, qual o sentido e atenção de presença que cada um possui/tem. Por outro lado, vivemos momentos na pós-modernidade onde a imagem que se tem de si é de um outro, portanto, introjeto a imagem que o outro tem de mim. Vivendo ao mesmo tempo, num tempo onde os espetáculos substituem os acontecimentos, isto quer dizer que, vivendo num eterno presente da imagem introjetada e, vivenciando a imagem que o outro tem de mim, mergulhamos num abismo do distanciamento dos sentidos íntimos, portanto, do sujeito em si. Neste sentido vivenciar os sentidos, buscando resgatar o sentimento do toque, a emoção da fala, as sensações do degustamento, os enebriamentos do olfato, e o tempo da escuta, iremos promover um banquete, donde todos serão sujeitos ativos de si mesmo, focalizando o resgate do sentido, do significado e do significante dos sentidos como elementos constitutivos da consciência ( primeiro nível da escala evolutiva).

OF-02: SER LOCAL E UNIVERSAL: UMA VIVÊNCIA COM AS DANÇAS CIRCULARES E POPULARES

Professoras:

Teodora de Araújo Alves

Telma Romão de Albuquerque

Departamento de Artes

Número de vagas: 20

Local: Departamento de Artes, sala 18

Ter consciência de seus saberes, valorizá-los e considerá-los pode ser um dos significativos passos em direção a uma sociedade que respeite a diversidade, as semelhanças, a identidade e o diálogo entre suas várias culturas e seus vários grupos étnicos. A cultura é como uma grande rede que identifica e orienta os indivíduos dentro de um grupo. Constituindo essa rede, esses mesmos indivíduos são capazes de puxar outros fios de outras redes culturais, adaptando-os a sua própria tessitura. Desse modo, culturanão é apenas local, mas ao mesmo tempo universal; identidade cultural não é apenas individual, mas carrega em si elementos de coletividade (Alves, 2003). Na relação corpo-cultura, consideramos que o corpo traz em si as marcas de sua cultura e portanto, a dança pode ser uma expressão desses registros. É nesse contexto, que a oficina “Ser local e universal: uma vivência com as danças circulares e populares” tem o propósito de evidenciar e vivenciartais questões. As danças circulares ou sagradas são danças tradicionais/populares de diferentes nações que visam celebrar a comunhão entre os povos e entre os seus saberes étnico-culturais.

OF-03: O LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DA GEOGRAFIA FÍSICA NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Professora:

Tásia Hortêncio de Lima Medeiros

Departamento de Geografia-UFRN

Número de participantes: 30 vagas

Local: Setor II, sala E1

O ensino da Geografia Física apresentados nos materiais didáticos destinados aos níveis fundamental e médio não atinge o objetivo, uma vez que o professor não se sente capaz de produzir conhecimentos por isso mesmo não consegue transmitir os conteúdos. O resultado é a impossibilidade de ocorrer o processo ensino-aprendizagem do qual professor e aluno deveriam ser sujeitos em busca do saber. Entende-seque, a problemática não se restringe somente ao conteúdo relacionado à geografia física, mas passa pelo ensino como um todo, refletindo no material didático, na metodologia, nos conceitos, etc, fazendo do sumário, do livro didático, muitas vezes imposto pela escola, um programa rígido a ser seguido. Avaliando os livros didáticos, constata-seque os conteúdos da geografia física ocorrem independentes, abrangendo temas como Estrutura da Terra, Minerais e Rochas, Deriva Continental/Tectônica de Placas, Dinâmica Externa e Recursos Energéticos. As figuras, quase sempre, trazem informações que não correspondem ao enunciado. O livro didático, ao invés de auxiliar na construção do conhecimento, destrói conceitos, definições e estabelecem modelos equivocados, inexistentes ou inadequados. Assim, entende-se que, é necessário cautela na escolha e como trabalhar o livro didático.

OF-04: PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO: Estratégias de Ação Articulada entre os Municípios da Região Metropolitana de Natal

Professoras:

Livramento Clementino

Departamento de Ciências Sociais

Dulce Bentes

Programa de Pós-graduação em Arquitetura/UFRN

Local: Consecão

De acordo com o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), 1.740 municípios brasileiros se incluem entre aqueles que têm obrigatoriedade quanto à elaboração de Planos Diretores até 2006, com destaque para os municípios integrantes das Regiões Metropolitanas.No Rio Grande do Norte, dos oito municípios que formam a Região Metropolitana de Natal, cinco devem desenvolver o processo de revisão / elaboração dos Planos Diretores e três apontam para a elaboração de tal instrumento.Uma das questões centrais colocadas no âmbito dessa demanda por Planos Diretores é o caráter participativo de sua elaboração. Esta é uma preocupação que perpassa os mais diferentes segmentos sociais e que tem merecido ações específicas do Ministério das Cidades. Uma delas é a Campanha NacionalPlanos Diretores Participativos - Cidade de Todos, visando mobilizar e envolver a sociedade no processo de gestão da cidade. No âmbito da referida campanha, e a exemplo dos demais estados brasileiros, encontra-se em processo deformação no Rio Grande do Norte o Núcleo Estadual do RN - Planos Diretores Participativos, do qual a Universidade Federal do Rio Grande do Norte é instituição integrante.Um dos objetivos deste Núcleo é desenvolver atividades de formação, treinamento e capacitação dos segmentos sociais identificados com o processo de revisão / elaboração dos Planos Diretores. Nessa perspectiva, propomos a Oficina PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO: Estratégias de Ação Articulada entre os Municípios da Região Metropolitana de Natal, com o objetivo de construir estratégias de ação conjunta com as representações dos municípios que integram a Região Metropolitana de Natal (RMN), visando o acompanhamento do processo de revisão /elaboração dos Planos Diretores, na ótica da gestão participativa. O público alvo desta Oficina compreende os seguintes segmentos sociais prioritários: gestores, participantes de entidades acadêmicas, profissionais e de pesquisa, igrejas, movimentos populares, sindicatos e ONGs.

OF-05: APRESENTAÇÃO DE TEXTOS JORNALÍSTICOS NO RÁDIO E NA TV.

Professor:

Adriano Charles da Silva Cruz

Departamento de Comunicação Social

Número de Vagas:15 no máximo

Local: Auditório de Comunicação Social

A oficina pretende oferecer as principais técnicas de locução e leitura dos textos notíciosos. Para tanto, serão utilizados exercícios de respiração, dicção e articulação de vogais e consoantes, além da gravação e analise dos textos trabalhados. Ainda serão enfocados os aspectos corporais e faciais envolvidos na locução. A oficina é destinada preferencialmente aos alunos do curso de comunicação social.

OF-06: A REPRESENTAÇÃO TRIDIMENSIONAL ANALÓGICA DO RELEVO – TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO

Professor:

Edilson Alves de Carvalho

Departamento de Geografia

Número de Vagas: 20

Local: Setor II, sala E4

A representação do relevo terrestre constitui uma das mais importantes funções da Cartografia Sistemática, pelo significado que esse componente essencial da paisagem tem no que se refere à compreensão dos diferentes processos a eles relacionados. No ensino da Geografia essas representações exercem um papel significativo, em virtude da semelhança conseguida, o que possibilita estudos e análises referentes à geomorfologia, hidrografia, uso e ocupação do espaço, dentre outros. As técnicas de elaboração de bloco-diagramas ou maquetes serão discutidas e aplicadas de forma prática junto aos alunos, com a intenção especial de melhorarmos o nível de compreensão dos processos de elaboração das curvas de nível e dos mecanismos da passagem das isípsas desenhadas em uma representação plana, para o formato tri-dimensional. O público alvo será preferencialmente constituído por alunos de graduação e pós-graduação em geografia, que se interessem pelo uso dessa técnica de representação espacial.

OF-07: CARTA DE DECLIVIDADE PELO MÉTODO ANALÓGICO

Professora:

Maria Francisca de Jesus Lírio Ramalho

Departamento de Geografia

Número de Vagas: 10

Local: Laboratório de Geografia Física, sala 516

Permite sintetizar a representação espacial para se compreender mais amplamente características do relevo, que se individualizam, conforme a natureza climática e litológica, além de representar elementos fundamentais para avaliar às condições de riscos ambientais. O objetivo é orientar a percepção das declividades do terreno em escala reduzida e mostrar a importância de sua utilização para análise ambiental. Em termos de criatividade se destaca como um trabalho que pode mostrar e comparar aspectos do relevo em um contexto espacial e em três dimensões, onde a representação imaginária está implícita.

OF-08: PAPEL RECICLADO

Professora:

Maria do Socorro de Oliveira Evangelista

Departamento de Artes

Local: Oficina de artes plásticas do DEARTE

A oficina se propõe em fazer o exercício prático, utilizando sobras de papel para transformar em papel novo. Este trabalho esta direcionado a toda clientela estudantil e em geral interessada na confecção artesanal. É uma proposta de Educação Ambiental e Desenvolvimento Criativo. Reaproveitar o lixo que não é lixo para a produção de papel reciclado.

OF-09: ENSEIGNEMENT-APPRENTISSAGE D'UNE LANGUE ÉTRANGÈRE: CADRES THÉORIQUESET ACTIVITÉS PRATIQUES

Professoras:

Selma Alas Martins

Renata Archanjo

Departamento de Letras

Número de vagas: 25

Local: Setor IV, sala H5

Se por um lado, a formação didática nos permite adquirir certos princípios teóricos, por outro os professores têm que aplicá-los e avalar seus resultados em sua prática docente. Com base nesta afirmação procuraremos trabalhar alguns conceitos sobre "papel do aprendiz", "papel do professor" e "autonomia na aprendizagem" com o objetivo de fazer uma reflexão sobre os caminhos a serem percorridos com vistas a melhoria do ensino- aprendizagem de língua estrangeira- foco na língua francesa. Além das reflexões teóricas proporemos técnicas metodológicas a fim de que os futuros professores possam vivenciar a prática docente, assim como exercitar sua produção oral e escrita em língua francesa.

 


Estatísticas da XIII Semana de Humanidades

Este ano, a XIII Semana de Humanidades contou com a participação de aproximadamente 2400 pessoas em seus diversos eventos (incluindo mostras, exposições fotográficas, colóquios, mesas redondas, concursos de painéis etc). Confira alguns números do evento.

Grupos de Trabalhos – GT

 

 

Exposição de Painéis

 

Eventos na XIII Semana de Humanidades